Animações e vídeos como meio educacional: uma perspectiva do design da informação
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- Maria Clara Caldeira Canejo
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1 Animações e vídeos como meio educacional: uma perspectiva do design da informação Animations and videos as educational medium: a perspective from information design Miranda, Fabiano de; Graduado; Universidade Federal do Paraná fabiano_1986@yahoo.com.br Waiss, Carlos Leonardo; Graduado; Universidade Federal do Paraná leowaiss@gmail.com Resumo Através da revisão de literatura, a respeito do ensino por meio de animações e vídeos, constatou-se que os estudos disponíveis apontam resultados inconclusivos e até mesmo contraditórios. Por outro lado é nítida a proliferação desses dispositivos de comunicação como novos, atrativos e estimulantes meios educacionais. Este artigo discute alguns aspectos relevantes para a produção desse tipo de material pela perspectiva do design da informação. Busca, dessa maneira, contribuir para construção do conhecimento e de práticas do design no contexto educacional. Palavras Chave: animação; meio educacional; design da informação. Abstract Through literature review about teaching through animations and videos it was found that the available studies show inconclusive and even contradictory results. On the other hand, it is clear the proliferation of these communication devices as "new, attractive and exciting" educational media. This paper discusses some relevant aspects for the production of such kind of material from the information design perspective. It aims, in this sense, to contribute to build knowledge and design practices in the educational context. Keywords: animation; educational medium; information design.
2 Estudos provindos da literatura apontam resultados inconclusivos e até mesmo contraditórios entre si com relação à utilização de animações e vídeos para fins educacionais (TVERSKY et al, 2002; PLAISANT & SCHNEIDERMAN, 2005; HARDT, 2007; HÖFFLER & LEUTNER, 2007; SOUZA & DYSON, 2008). De fato, em sua essência, quase todos esses estudos se concentram em analisar produções relativas à realização de procedimentos específicos. Não estavam ligados, necessariamente, à concepção da palavra educacional aqui adotada como forma de construção do conhecimento na infância e juventude para a formação do sujeito adulto. Assim, restringiu-se a comentar apenas alguns aspectos relatados pela bibliografia levantada. Eles são considerados relevantes de maneira geral aos presentes estudos por fornecerem pistas a respeito da utilização da animação (e do vídeo) no contexto do design da informação. 1 Uso de imagens na comunicação Um consenso entre os estudos parece estar nas vantagens da utilização de imagens ou grafismos para comunicar ou expressar conceitos. Essa prática é antiga e está presente em diversas civilizações, como exemplificam os petroglifos e linguagens pictóricas encontradas em sítios arqueológicos ao redor do mundo (TVERSKY et al, 2002). Por outro lado, também é claro que alguns conteúdos são mais bem expressos pela linguagem textual (ou oral) e outros por imagens. Ainda, a combinação coordenada de ambos pode ser benéfica para comunicação (HÖFFLER & LEUTNER, 2007). Conceitos abstratos são normalmente retratados de maneira mais precisa pela linguagem oral ou escrita, enquanto a descrição de situações ou procedimentos é mais bem compreendida pela utilização da linguagem visual. Através disso pode-se concluir que nem todos os gráficos [ou representações gráficas] são efetivos em todas as situações (TVERSKY et al, 2002). Ainda assim, ainda segundo Tversky et al (2002): com os recentes e rápidos avanços na tecnologia e com o aumento de contato entre culturas que não dividem as mesmas línguas faladas, os dispositivos gráficos proliferaram. 2 O uso de animações e vídeos como meio de aprendizagem Um dos meios possíveis de representação de imagens é através de animações. Convencionadas como novos, atrativos e estimulantes dispositivos comunicacionais, não há nenhum estudo realmente conclusivo a respeito. Para discutir um pouco mais sobre o tema, primeiro é necessário colocar o que entendemos por animação (ou vídeos animados). Em um conceito amplo e tradicional, as animações são consideradas uma série de telas as quais mudam rapidamente sugerindo movimento ao expectador (HÖFFLER & LEUTNER, 2007). Outra definição diz: [animação é a] criação da ilusão de movimento através da exibição de uma série de imagens levemente diferentes uma da outra [...] [onde] as imagens são exibidas rapidamente, dando um efeito de movimento suave (MICHAELIS, 2009). Para estes estudos, considerou-se o termo animação nesse sentido, podendo compreender não somente desenhos animados, stop motion, animações 3D (entendidos como técnicas de animação) como forma de linguagem, mas todo o tipo de vídeos que apresentem essa ilusão de movimento de alguma forma. É certo que o chamado Motion Design, ou design de vídeos animados, representa uma importante ferramenta de um design que acompanhe a evolução tecnológica (HARDT, 2007). Como instrumento de apoio à educação, seguindo novas tendências tecnológicas, essa forma
3 de representação de informações tem se mostrado atrativa para audiência de um modo geral muito embora também não existam estudos concretos apontando qual tipo de mídia conduz a um melhor aprendizado. Souza e Dyson (2008) concluem, a partir de dados empíricos de seu estudo, que animações são percebidas como sendo a melhor e mais confortável [forma de mídia] para transmitir determinados tipos de conteúdos. Dessa forma, seguindo preceitos de apreciabilidade do material gráfico informacional (MIRANDA, 2007; WRIGHT, 2003) os quais preveem uma predisposição dos usuários a visualização de um material que lhes agrade ocorre, por consequência, a melhor apreensão da informação transmitida. Mesmo se o material possa ser usado facilmente, o esforço de design estará perdido se as pessoas não gostarem de sua aparência e então se recusarem a ler [ou ver] (WRIGHT, 2003). Uma ressalva é feita por Plaisant & Schneiderman (2005), ao ponderarem sobre outros estudos a respeito. Uma revisão dos usos instrucionais da animação sugere que a efetividade da animação parece ser confinada a aprendizes mais jovens (WETZEL, RADTKE, & STERN, 1994 apud PLAISANT & SCHNEIDERMAN, 2005) [Grifo meu]. O contexto, o público a que se destinam, assim como a informação demonstrada pela animação podem ser determinantes para a efetividade do seu uso (como também indicam HÖFFLER & LEUTNER, 2007). Por isso, a adequação do material possibilitando a sua utilização pelo educador e pelos alunos como meio de aprendizado é muito importante. Isso possibilita, em tese, que pontos relativos às deficiências inerentes do material videográfico na tarefa educacional possam ser supridos. Frascara (1984) reforça a importância dessa relação entre o material e os educadores: A participação ativa dos professores e educandos é então essencial para o sucesso dos auxiliadores de aprendizado [teaching aids]. Nós devemos manter sempre nosso principal objetivo em mente: o receptor deve adquirir a informação, e não nós temos que fazer um cartaz ou uma série de slides, ou qualquer outro auxiliador de aprendizado que possa ser citado (FRASCARA, 1984, p. 477). 3 Aspectos gerais de representação dos vídeos Supondo serem os vídeos animados uma forma confortável de representação, dependendo da audiência pretendida (em especial o público infanto-juvenil) e do seu contexto de uso, ainda devem ser considerados diversos aspectos que os envolvem. Pontos relativos à representação e apresentação imagética, seu timing, aspectos técnicos (como o roteiro, utilização de diferentes técnicas de produção) os quais interferem na carga cognitiva exigida também podem determinar a apreensão final da informação pela audiência. Alguns desses pontos são abordados no estudo desenvolvido por Plaisant e Shneiderman (2005). Eles apresentam uma lista de linhas-guia passíveis de serem seguidas para a produção de um vídeo que seja coerente no que diz respeito à organização e transmissão de conteúdos do ponto de vista do design da informação. Embora a lista tenha sido elaborada especificamente para animações do tipo demonstre-me (tutoriais para o aprendizado de programas de computador), alguns dos itens apontados podem ser úteis na produção de qualquer vídeo. Aqueles mais pertinentes para os propósitos destes estudos são aqui descritos: Alterne entre diferentes materiais de aprendizado, não deixando a tarefa educacional exclusivamente para o vídeo; Use narração falada. Ela mantém os expectadores envolvidos; Caso use narração ou textos, faça uso de uma fala simples, direta e clara;
4 Utilize ênfase para guiar a atenção. A narração pode ajudar nesse sentido, mas prover elementos gráficos adicionais também irá ajudar; O som também pode ser utilizado para enfatizar conteúdos. Há vários motivos para utilizá-lo: para atrair a atenção e o interesse, melhorar a noção de qualidade [do material], [...] ajudar a memória, preservar a continuidade, e assim por diante (PLAISANT & SHNEIDERMAN, 2005); No caso de arquivos veiculados na internet, manter o seu tamanho pequeno; Preocupar-se com a acessibilidade universal. É necessário atentar para os tipos de tecnologia disponíveis para reprodução em escolas, por exemplo. Tornar fácil e principalmente possível o acesso ao vídeo. Conclusões Concluímos esses breves apontamentos ressaltando a importância para os designers de um vídeo (ou animação) considerarem como prioridades não somente a compreensão de aspectos técnicos, teóricos e históricos, mas também aqueles relativos ao contexto de aplicação e o público a que se destina esse material. Ficou constatado que o uso de vídeos não é indicado a todas as situações educacionais. Cada situação de aprendizado requer abordagens diferentes, as quais devem ser devidamente compreendidas e estudadas pelos designers e educadores que as propõem. Compreendendo os processos educacionais e de produção como um todo, tem-se por fim atingir com maior efetividade seus objetivos comunicacionais. Referências FRASCARA, Jorge. Design principles for instructional materials. In R. Easterby and H. Zwaga (eds.). Information Design: the design and evaluation of signs and printed material. Chichester: Wiley, pp , HARDT, Carlon. O Domínio Popular do Ditado Público Animação Educacional Infantil. Trabalho de Conclusão de Curso (Desenho Industrial Habilitação em Programação Visual) Universidade Federal do Paraná, Curitiba, HÖFFLER, T. N., & LEUTNER, D. Instructional animation versus static pictures: A metaanalysis. Learning and instruction, 17(6), pp MIRANDA, Fabiano. Design participativo: uma perspectiva para o desenvolvimento de bulas de medicamentos para pacientes no Brasil. In: Congresso Nacional de Iniciação Científica em Design da Informação, Anais. Curitiba, MICHAELIS UOL. Dicionário virtual Disponível em: < Acesso em: 18 de junho de PLAISANT, C.; SHNEIDERMAN, B. Show me! Guidelines for producing recorded demonstrations. University of Maryland: SOUZA, José Marconi B. ; DYSON, Mary. Are animated demonstrations the clearest and most comfortable way to communicate on-screen instructions?. In: Information Design Journal, v. 16, p , 2008.
5 TVERSKY, B. BAUER-MORRISON, J., & BÉTRANCOURT, M. Animation: Can it facilitate?. In: International Journal of Human-Computer Studies, 57, WRIGHT, Patricia. Criteria and ingredients for successful patient information. In: Journal of Audiovisual Media in Medicine. vol. 26, no 1. pp London, Taylor & Francis, 2003.
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