As Américas podem ser o primeiro continente
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- Isabela Ramires Duarte
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1 As Américas podem ser o primeiro continente no mundo, livre de aftosa sem vacinação Por: Sebastião Costa Guedes - Vice-Presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte - CNPC. Presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa - GIEFA. Esta foi a conclusão da recente reunião da COSALFA - Comissão Sul-Americana de Luta contra a Febre Aftosa, realizada em Quito, Equador. Nesta, setores oficiais e privados discutiram aspectos epidemiológicos dos diferentes países e as perspectivas para eliminar a vacinação. A participação das delegações foi muito intensa, sendo a Venezuela o único país sem representação de seu setor agropecuário privado. O Brasil foi representado no setor público por Guilherme Henrique Figueiredo Marques, diretor de sanidade animal do MAPA e no setor privado por Luis Alberto Pitta Pinheiro, indicado pela CNA. O CNPC foi representado pelos vice-presidentes Sebastião Costa Guedes (GIEFA/ABRAMVET) e Francisco Everton da Sil- va (UNICARNES), pelo conselheiro Josaphat Paranhos de Azevedo Filho (FAEP/SBMV). Ficou caracterizado que o continente fez notáveis progressos tanto na área andina como também no cone Sul e região amazônica na luta contra a aftosa. Peru Nos países andinos, o Peru está com mais de 98% de seu território livre sem vacinação. Vacina apenas na área fronteiriça com o Equador. O Equador teve uma evolução excelente, com a eliminação total dos focos e com exitoso programa de erradicação da doença delineado com o PANAFTOSA. Equador O Equador na última assembleia geral da OIE, Organização Mundial de Saúde Animal, foi certificado como país livre com vacinação. O Equador já tem o arquipélago Galápagos como área livre sem vacinação. Colômbia A Colômbia continua com seu eficiente programa, embora tenha um ônus substancial 32_Animal Business-Brasil
2 Sebastião Costa Guedes Guiana Francesa A Guiana Francesa abriu-se para o diálogo continental, embora não tenha a doença há décadas. O Suriname também trabalha para ser certificado como país livre sem vacinação e tem estreita cooperação com o PANAFTOSA. Seu rebanho, da ordem de cabeças, segundo o PANAFTOSA, já não tem a doença há décadas, mas estão confirmando os dados com provas sorológicas. Guiana Inglesa A Guiana Inglesa, embora não presente na última COSALFA, já é livre e sempre teve como preocupação maior sua fronteira com a Venezuela, onde até hoje não tiveram problemas. para manter a vigilância na sua área fronteiriça com a Venezuela. Venezuela A Venezuela é hoje o país mais atrasado na erradicação da doença em nosso continente. O setor privado venezuelano nem compareceu na COSALFA e o representante governamental apenas prometeu melhorias para o futuro. No ano passado, a Venezuela não aceitou missões internacionais para verificar a situação da enfermidade no país. Ao final da COSALFA, a Venezuela disse autorizar uma missão do PANAFTOSA para visitar o país e discutir o programa de erradicação. O presidente do GIEFA em uma de suas apresentações sugeriu que o país se desligasse do MERCOSUL se persistisse com a conduta de isolamento e falta de colaboração. Agora, durante a Assembleia Geral da OIE, foi confirmado que a missão do PANAFTOSA já ocorreu e segundo o Dr. José Arnaldo Ayala Pares, delegado do governo venezuelano, haverá prosseguimento do diálogo para dinamizar o programa. Enfim, uma boa notícia para o continente, pois a integração da Venezuela ao Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa-PHEFA permitirá a possível erradicação continental até Bolívia A Bolívia melhorou bastante sua transparência nos fóruns internacionais, mas sua situação exige um aprofundamento de auditoria principalmente nas províncias de Santa Cruz de la Sierra e no Beni, que fazem fronteira com o Brasil e são importantes para a prevenção de focos desde o Mato Grosso do Sul até o Acre. Paraguai O Paraguai tem sido muito profissional com seu programa e apresenta ótima integração entre seus setores público e privado. Exporta carne para cerca de meia centena de países e tem sido junto com o Brasil um parceiro forte no apoio ao programa equatoriano. Argentina A Argentina mostrou uma pequena evolução de sua área livre sem vacinação com a incorporação da chamada Patagônia Norte. Uruguai O Uruguai continua com o total de seu rebanho livre com vacinação e não deseja retirar a mesma a não ser que esta medida seja tomada concomitantemente por todos os países do Cone Sul, consenso difícil no momento. O Uruguai, altamente dependente de sua exportação pecuária, Animal Business-Brasil_33
3 não se esquece dos focos de 2000/2001, originários da Argentina, quando o país amargou prejuízos da ordem de US$ 720 milhões, conforme relatado pelo seu então ministro da agricultura na Conferência de Houston de e o tempo decorrido entre esta época até o mês de maio deste ano. Resumo das Últimas Ocorrências e Tempos decorridos até Maio de 2015 Brasil O Brasil mostra com orgulho o recente avanço de seu PNEFA englobando os estados nordestinos e parte do Pará como livres com vacinação e os trabalhos atuais de sorologia que estão ocorrendo no Amapá, Roraima e Amazonas para possivelmente serem considerados livres com vacinação até No Brasil, o estado do Paraná deseja retirar a vacinação ainda em 2015, medida pleiteada pela ADAPAR e Secretaria da Agricultura com forte apoio da Federação da Agricultura e Pecuária daquele estado. Este avanço permitirá que sua suinocultura desfrute dos mercados mais remuneradores em escala global, iniciando pelo Japão, a exemplo do que já ocorre com Santa Catarina. Este desejo paranaense já foi aceito pelo Governador Richa, que autorizou o contrato de 169 técnicos para a ADAPAR e pediu uma auditoria do governo federal para retirar a vacinação até novembro próximo, pois assim terá condições de ser certificado internacionalmente pela Organização Mundial de Saúde Animal, OIE em francês até O Paraná deverá nesta auditoria comprovar que atende aos pré-requisitos da mesma OIE e aproveitará o esforço para também ser declarado livre da peste suína clássica, status já alcançado pelo RS e SC na recente assembleia da OIE. Como as barreiras para controle do trânsito de animais poderão ser aproveitadas tanto para aftosa como para peste suína clássica, o estado deseja usar estes recursos de maneira conjugada. O desejo paranaense tem total apoio de SC e começa a influenciar setores produtivos do RS e de SP, que iniciam debates sobre as vantagens e riscos de se retirar a vacinação. Eventual retirada em S.Paulo provocará discussão sobre idêntica medida em MG, GO, DF, TO, BA, SE, ES e RJ, podendo reduzir em 155 milhões de doses anuais a demanda da vacina contra aftosa. O quadro ao lado mostra a ocorrência dos últimos focos nos estados brasileiros UF Distrito Federal Santa Catarina Acre Goiás Sergipe Mato Grosso São Paulo Espírito Santo Minas Gerais Piauí Rio de Janeiro Ceará Bahia Tocantins Pernambuco Rondônia Alagoas Amapá Paraíba Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Roraima Maranhão Pará Amazonas Paraná Mato Grosso do Sul Fonte: PANAFTOSA TEMPO DECORRIDO Maio anos e 11 meses Dezembro anos e 4 meses Junho anos e 10 meses Agosto anos e 8 meses Setembro anos e 7 meses Janeiro anos e 3 meses Março anos e 1 mês Abril anos Maio anos e 11 meses Fevereiro anos e 3 meses Março anos e 2 meses Abril anos e 1 mês Maio anos Maio anos Fevereiro anos e 3 meses Fevereiro anos e 3 meses Setembro anos e 8 meses Outubro anos e 7 meses Fevereiro anos e 3 meses Agosto anos e 9 meses Maio anos Junho anos e 11 meses Agosto anos e 9 meses Junho anos e 11 meses Setembro anos e 8 meses Fevereiro anos e 3 meses Abril anos e 1 mês 34_Animal Business-Brasil
4 Mapa - Status de Aftosa RR AP Rebanho Total: ,000 Bovinos e Bubalinos AM PA MA CE RN PI PB PE AL AC RO TO BA SE MT Área sem vacinação GO De 10 a 15 anos com vacinação MG Acima de 18 anos com vacinação MS ES De 15 a 18 anos com vacinação SP RJ Mais de 9 anos com vacinação PR Percentual do Rebanho 2% SC 21,4% RS 45,5% 17,3% 13,8% Animal Business-Brasil_35
5 Estamos nos aproximando de 2020, prazo final para erradicar a Aftosa na América do Sul. Defesa Animal No Encontro de Defesa Animal - ENDESAocorrido no fim de 2013 em Foz do Iguaçu, pela primeira vez um veterinário da SDA do MAPA externou a possibilidade de acelerar a retirada da vacinação nos estados nordestinos. Se tal vier a ocorrer, teremos uma redução da demanda de vacina da ordem de mais 75 milhões de doses anuais. Desta forma, o Brasil deverá consumir apenas 104 milhões de doses anuais na fase final do programa para serem usadas nas fronteiras centro-oeste e norte do país, ou seja, nos estados de MS, MT, RO, AC, AM, RR e AP, embora o Amazonas e o Amapá possam eliminar logo a vacinação em seus estados. COSALFA Na COSALFA de Quito, ficou claro que líderes dos setores privados brasileiros, principalmente do Sul, desejam retirar a vacinação, mas representantes públicos estão em dúvida, o que demonstra insegurança. O Uruguai que não tem laboratório e depende de importação da vacina é contrário à retirada da vacina, desejando que esta medida deva envolver todos os estados e países do Cone Sul. Em Quito reestruturamos o GIEFA, que agora tem em sua nova composição especialistas em banco de reserva de vacina, de antígenos e também de Biosseguranca de laboratórios. As questões como banco de reserva de vacinas e a manipulação de cepas não prevalentes na região são temas que precisam ser melhor definidos nesta fase final da vacinação. São itens que exigem especialistas e não autodidatas. O Dr.Hernando Duque, diretor do Laboratório americano de Plum Island, já faz parte do novo GIEFA e será importante fonte de conhecimento para o grupo. Aliás, sobre banco de reserva, devemos levar em conta que já temos dois no continente e talvez possamos nos associar a eles principalmente para evitar a manipulação de cepas não prevalentes. Prazo final Estamos nos aproximando de 2020, prazo final para erradicar a aftosa na América do Sul, prazo estabelecido pelo Plano Hemisférico, portanto já está na hora de discutir e planejar a evolução do PNEFA dentro da realidade epidemiológica de cada estado ou região. Entre as prioridades para retirar a vacinação, a adequada estrutura de vigilância sanitária é a mais preocupante para que se tenha uma resposta rápida em caso de emergência com a recidiva da doença. E a necessidade de uma estrutura boa ou ótima pode ser o principal problema no momento, pois a realidade econômica com cortes de investimentos públicos que o governo terá que fazer, vai nos deixar mais vulneráveis. A vacina ajuda a encobrir outras carências de estrutura e, além disso, é paga pelo produtor. Com a retirada da vacina as despesas do governo aumentarão. Devemos colocar em discussão com lideranças privadas e autoridades de defesa as premissas de um plano para a criteriosa retirada da vacina, pois levantamentos mostram que a circulação viral não está ocorrendo, mas definir e planejar a evolução do status já está passando da hora. 36_Animal Business-Brasil
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