Palavras-chave: Cordéis; Reciclagem; Educação
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- Geraldo Arruda Weber
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1 JORNADA PEDAGÓGICA: uma experiência realizada na turma do PROJOVEM CAMPO, com alunos do sítio Campinote no interior da Paraíba Luana Patrícia Costa Silva 1, Albertina Maria Ribeiro Brito de Araujo 2, Germana Guimarães Gomes 3, Marileuza Gois Monteiro 4, Luiza Lúcia Ferreira 5, Maria Denise Pereira da Silva 6 Resumo Essa pesquisa tem como objetivo mostrar uma experiência pedagógica realizada pelas educadoras do Projovem Campo- Saberes da Terra no município de Lagoa Seca, mais precisamente no sítio Campinote. Denominada de jornada pedagógica, esta nasceu com o intuito de capacitar alunos e a comunidade em geral, através de mini cursos, palestras e amostra de saberes popular. Com o tema Roda de Saberes: Historia cultura e arte, buscamos trabalhar a história da comunidade, assim também como fazer com que esta tenha noções de reciclagem. Nesse sentido, utilizamos como recursos a literatura de cordel, a metodologia da história oral e materiais recicláveis. Para tanto, o objetivo principal do nosso trabalho foi o de integralizar os principais atores do projeto, que é professor/aluno/comunidade, em um único momento na comunidade, trabalhando a cultura, a arte e história local de uma forma diferenciada do modelo de aula tradicional, proporcionando, portanto, um novo olhar em torno do saber. Palavras-chave: Cordéis; Reciclagem; Educação Introdução Essa pesquisa tem como objetivo mostrar uma experiência pedagógica realizada pelas educadoras do Projovem Campo- Saberes da Terra no município de Lagoa Seca, 1 Educadora de Ciências Agrárias do PROJOVEM Campo - Paraíba 2 Professora Doutora da Universidade Federal da Paraíba 3 Educadora de história e geografia do PROJOVEM Campo Paraíba 4 Educadora de Ciências naturais e matemática do PROJOVEM Campo Paraíba 5 Educadora de Linguagens do PROJOVEM Campo Paraíba 6 Coordenadora do pólo Campina Grande do PROJOVEM Campo Paraíba
2 mais precisamente no sítio Campinote. Denominada de jornada pedagógica, esta nasceu com o intuito de capacitar alunos e a comunidade em geral, através de mini cursos, palestras e amostra de saberes popular. Com o tema Roda de Saberes: Historia cultura e arte, buscamos trabalhar a história da comunidade, assim também como fazer com que esta tenha noções de reciclagem. Nesse sentido, utilizamos como recursos a literatura de cordel, a metodologia da história oral e materiais recicláveis. Para tanto, o objetivo principal do nosso trabalho foi o de integralizar os principais atores do projeto, que é professor/aluno/comunidade, em um único momento na comunidade, trabalhando a cultura, a arte e história local de uma forma diferenciada do modelo de aula tradicional, proporcionando, portanto, um novo olhar em torno do saber. Como já exposto, trabalhamos com a comunidade e os alunos com os recursos da literatura de cordel, da história oral e das técnicas de reciclagem, destacando para esse último a proposta da coleta seletiva. A utilização desses meios foi de suma relevância para o entendimento do tema, uma vez que buscamos focar nessa jornada a interdisciplinaridade entre as disciplinas estudadas no Projovem Campo, ou seja, as Ciências Humanas, as Ciências Naturais e Ciências Agrárias. Buscando evidenciar a história do distrito a partir da Literatura de Cordel, iniciamos o estudo a partir de uma breve análise do que seria essa literatura. Nesse sentido, destacamos o surgimento desta e o seu caráter informativo. Surgida na Europa Feudal por volta do século XII, essa modalidade cultural destacou-se a partir dos registros de poetas andarilhos que anotavam de uma forma sutil os acontecimentos passados e vividos da época. Associada nesse momento inicial a um contexto oral, os folhetos de cordel carregados de uma forte ideologia engajada no meio social, político e cultural, transmitiam através desses poetas as histórias de bravuras, aventuras, histórias conservadas pela memória popular. Logo após começou a aparecer no mesmo tipo de poesia a discrição de fatos recentes, de acontecimentos sociais que prendiam de certa forma a atenção popular. A partir desse contexto a Literatura de Cordel passa não somente a trazer histórias e fatos de bravuras, aventuras, fatos já acontecidos, mas passa a trazer também histórias do real, possuindo tanto um caráter informativo, como jornalístico e até mesmo denunciativo. Presa em barbantes ou cordel essa literatura recebe essa denominação pela sua forma de venda. Esses folhetos de impressão rudimentar eram vendidos nas feiras, nas romarias, nas praças, registrando fatos históricos ou transcrevendo poesia
3 erudita. A sua presença no Brasil terá raízes lusitanas devido ao fato deste ter sido colonizado por portugueses. Porém esse romanceiro que veio de Portugal não era exclusivamente lusitano. A Literatura de Cordel já se encontrava em outras nações européias apesar destas terem uma denominação diferente, como nos coloca a autora:... já que se encontram publicações similares em quase todos os países europeus basta que se pense nos chapbook ingleses, na littérature de colportage francesa, nos pieglos sueltos espanhóis etc. (ABREU, 1999, p.23). Dada a sua simplicidade de confecção, esse tipo de literatura possui um custo mínimo passando a se colocar como uma excelente alternativa para o acesso a leitura. É construindo um espaço de representação e de ampliação das manifestações populares, que o cordel se torna uma memória viva, no qual o poeta como sua habilidade acaba transformando notícia em história, em narrativa, em fábula. Foi com esse caráter informativo que buscamos destacar a história da comunidade na qual lecionamos. Através de uma forma poética, os alunos narraram os acontecimento e fatos de sua comunidade, possibilitando um conhecimento mesmo que parcial de sua região e de seu povo. O seguinte verso foi produzido por nosso aluno Rildomar no qual este destacou as belezas do seu município e o orgulho em morar no distrito desta, ou seja, em Campinote. Lagoa Seca é linda Campinote é simples Mais tenho orgulho de morar nele Faz vinte e quatro anos E eu prefiro morrer nele. ** Com A escrevo amor Com B escrevo beleza Com C escrevo Campinote Com toda delicadeza (Aluno do Projovem Campo, Rildomar,24 anos) Como já enfatizado, a construção dessa história escrita por nossos alunos e realizado na própria comunidade, contou com a utilização do método da história oral através de entrevistas com os membros mais antigos daquele distrito. O que podemos
4 perceber dentro do que foi coletado, é que estas pessoas, ou seja, os membros mais antigos carregam uma bagagem cultural bastante abrangente dentro da comunidade, uma vez que conhecem os principais fatos ocorridos naquela região. A partir dessa exposição, problematizamos os referenciais trazidos por nossos alunos a partir de suas consultas com os habitantes mais antigos daquela região. Estes utilizaram o método da história oral que segundo Tompson (1992, p.44): A história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo. Estimula professores e alunos a se tornarem companheiros de trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. Ajuda os menos privilegiados, e especialmente os idosos, a conquistar dignidade e autoconfiança. Propicia o contato e, pois, a compreensão entre classes sociais e entre gerações. E para cada um dos historiadores e outros que partilhem das mesmas intenções, ela pode dar um sentimento de pertencer a determinado lugar e a determinada época. Em suma, contribui para formar seres humanos mais completos. Paralelamente, a história oral propõe um desafio aos mitos consagrados da história, ao juízo autoritário inerente a sua tradição. E oferece os meios para uma transformação radical no sentido social da história. (THOMPSON, 1992, p.44) Diante disso, percebemos a relevância desse primeiro momento da nossa jornada, uma vez que nossos alunos se colocaram como sujeitos formadores de seus espaços sociais. No que concerne a reciclagem, esta foi abordada como forma de conscientizar os alunos de questões ambientais simples que podem ser realizadas dentro da comunidade, assim nesse contexto, segundo Reigota (1998), a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. E foi assim que buscamos promover nos educando esta reflexão ambiental que de acordo com Vicentine (s/a) é: A realidade atual exige uma reflexão cada vez menos linear, e isto se produz na inter-relação dos saberes e das práticas coletivas que criam identidades e valores comuns e ações solidárias diante da reapropriação da natureza, numa perspectiva que privilegia o diálogo entre saberes.
5 O que se pode destacar é que as práticas coletivas de saberes estimuladas em nossos alunos no decorrer da Jornada e que foram pré-avaliadas, promoveram bases fundamentais no dia-a-dia de cada ator na comunidade. Nesse sentido, o objetivo principal do nosso trabalho foi o de integralizar os principais atores do projeto, em um único momento na comunidade trabalhando a cultura, a arte e historia local de uma forma diferenciada do modelo de aula tradicional, através da literatura de cordel e práticas de reciclagem. Metodologia A jornada pedagógica foi realizada no sábado do dia 11 de setembro de 2010, na abertura iniciaremos com uma dinâmica de acolhida e mensagem de reflexão, tendo inicio das 08h00min às 12h00min na parte da manhã, nesse primeiro momento as educadoras de português e literatura junto a educadora de historia e geografia trabalharam a historia da comunidade em forma de literatura de cordel, ao final os alunos produziram cordéis como forma de aprendizagem. Na parte da tarde das 13h00min às 16h00min, ocorreu a segunda parte da jornada onde as educadoras da educação profissional e de ciências e matemática trabalharam com os alunos introduzindo o tema reciclagem e coleta seletiva de forma teórica, com apresentação em slides mostrando formas de reciclagem, logo após com práticas educativas de reciclagem, estes produziram trabalhos com material reutilizados. Resultados e discussões A jornada aconteceu no dia 13 de setembro de 2010, no município de Lagoa Seca, Sitio Campinote, da turma de vinte nove alunos apenas 10 participaram da Jornada, o numero baixo de alunos é justificado pelo fato de muitos desses alunos não terem condições de deixarem seus afazeres para se deslocarem durando o dia para participarem. Uma das atividades da Jornada foi à produção de cordéis que objetivou o resgate da historia cultural da comunidade local, em forma de Literatura de cordel os alunos aprenderam como produzi-los e assim o fizeram, versos em prosa falando de sua comunidade.
6 Figura I: Imagens da criação dos cordéis sendo realizada pelos alunos Pedimos para que os alunos colassem no papel fatos históricos do município, fatos que chamaram atenção, pessoas que fazem historia dentro da comunidade bordadeiras, catadores de viola assim mostramos a importância desses atores dentro da comunidade, e assim foram construídos os cordéis pelos próprios alunos, um dos cordéis retratou a afeição pelo projeto Projovem Campo: O programa Projovem Em Campinote chegou Quando ficaram sabendo A comunidade aprovou (Aluno do Projovem Campo, Elias) Nós cordéis os alunos colocam-se de uma forma singular, suas expressões ficam mais nítidas, pois ele se envolve com o que escreve e tenta colocar tudo que quer, neste sentido enfatiza Silva (2007), que a preferência pelo gênero popular visa, também, à aproximação do aluno com expressões de sentimentos, julgamentos e valores presentes na realidade de habitantes de uma certa região do país, especificamente o Nordeste. Na parte da tarde trabalhamos com noções de reciclagem e coleta seletiva com os alunos dando um embasamento teórico e noções de práticas de reciclagem no dia-adia. Foi pedido que os alunos trouxessem de casa alguns materiais como garrafas pet, potes de vidros usados, retalhos, entre outros, assim construímos potes decorados, portas panos de pratos e etc. Os alunos ficaram fascinados com a reciclagem se envolveram de uma forma magnífica nas atividades, criaram, inventaram e manipularam de forma que com isso ao final da atividade tivemos resultados de uma arte produzida que ficou magnífica por eles próprios, que ao termino se indagaram de que foram capazes de tal produção.
7 Figura II: Imagens os alunos trabalhando com reciclagem com ajuda da educadora Eles encontraram na arte da reciclagem uma forma de transformar os materiais inutilizados em suas casas e com a consciência que assim estariam ajudando o meio ambiente dessa forma, Jacobi (2003) enfatiza que: A preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades. Conclusão Com a Jornada pedagógica realizada em Campinote podemos perceber que nossos alunos ficam mais atentos e interligados com a aula, percebe-se que por ser um momento diferente dos quais eles estão acostumados no dia-a-dia eles ficam mais estigados no decorrer das atividades. É notável que as aulas práticas prendem mais a atenção dos alunos, e que assim eles se envolvem se entrosam durante a aula tornando assim a aula mais prazerosa tanto para o educando como para o educador.
8 Referencias Bibliográficas ABREU, Márcia. História de cordéis e folhetos. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de leitura do Brasil, JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP. Cadernos de Pesquisa, n. 118, mp. a1rç8o9/ ,3 março/ 2003 REIGOTA, M. Desafios à educação ambiental escolar. In: JACOBI, P. et al. (orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA, p SILVA, Mara Cláudia de Oliveira. A leitura do cordel nas aulas de língua portuguesa no ensino médio. Colégio Estadual República Italiana Porto Real / RJ. UNITAU - Barra Mansa / RJ THOMPSON, Paul. A voz do passado - História Oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p VICENTINE, Maria Eunice Pitanga. De repente em repente: Histórias da nossa gente. UFRN/DEPED - PROEX/PAS
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