Max Weber e Karl Marx: Questão social, História e Marxismo 1.

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1 Max Weber e Karl Marx: Questão social, História e Marxismo 1. Daniela Oliveira Ramos do Passos 2 Introdução O campo de investigação tanto de Karl Marx quanto de Max Weber é o mesmo, ou seja, ambos estudam o caráter capitalista da moderna economia e sociedade, isto é, o capitalismo industrial e os desenvolvimentos sociais advindos deste. Para Marx, um dos fatores que acarretaria no processo de transformação da história seria aquele decorrente de uma sucessão de determinadas formações sociais que se caracterizariam principalmente pelas diferentes formas de reprodução econômica que seriam impulsionados por conflitos de classe. Para Weber as instituições capitalistas não se desenvolveram de uma forma mecanicista a partir do sistema feudal. Um dos motivos que levou ao surgimento do capitalismo moderno foi o banimento da magia (ou desencantamento do mundo) transmitido ao cristianismo através do judaísmo e praticado pelo protestantismo ascético calvinista que procedeu ao desenvolvimento de uma técnica econômica racional; sendo que para ele o capitalismo somente pôde se transformar na força determinante da vida humana por desenvolver-se no âmbito de um modo racional de vida (LÖWITH, 1997: 19). Weber via o surgimento do capitalismo moderno de forma gradual e a influência do protestantismo ascético é para ele apenas um episódio desse longo processo. Quanto ao materialismo histórico, proposto por Marx, este somente é válido, para Weber, como tipo-ideal podendo servir apenas como parâmetro para precisar a realidade social, perdendo assim, sua potencialidade revolucionária, concebendo-o somente como um método entre outros, destinado a conhecer apenas cientificamente a realidade. Como obra heurística, Weber reconhece que os trabalhos de Marx são fundamentais e que o mundo acadêmico não poderia realizar parte de seu próprio trabalho sem eles; e afirma que o mundo dentro do qual nós mesmos existimos intelectualmente é um mundo criado em parte por Marx e por Nietzsche (MOMMSEN, 1997: 148). Assim, sua análise sobre o capitalismo moderno não está afastada dos trabalhos de Marx: ambos tentam 1 A primeira versão deste texto foi originalmente escrita como trabalho final para o curso Max Weber: História, Teoria e Sociedade, ministrado no segundo semestre de 2008 pelo Prof. Dr. Sérgio da Mata no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto/MG. 2 Mestranda em História pela Universidade Federal de Ouro Preto - M.G. 1

2 explicar o desenvolvimento de um sistema econômico na Europa Ocidental e concordam que esta nova estrutura econômica o capitalismo representou um novo tipo de sociedade com enorme produtividade tanto em níveis culturais quanto materiais. Por fim, existem em ambos preocupações quanto às condições sociais produzidas pelo sistema capitalista e como pode ser possível preservar a dignidade humana frente à exploração do trabalho. Porém, suas análises conclusivas são diferenciadas e, porque não, opostas. Marx via a ideologia como uma variável dependente no processo de transformação social. Weber, ao contrário, procurou mostrar que o caráter ideológico não deriva automaticamente da posição social, mas constitui um meio para explicar esta posição. Assim, conforme o exposto, o objetivo deste ensaio é o de tentar explicar os principais aspectos dos estudos de Karl Marx e Max Weber um possível diálogo entre eles e suas principais diferenças - além de procurar entender a questão social nas obras de ambos. Este trabalho deseja ainda suscitar uma discussão historiográfica ao analisar parte das obras dos pensadores em questão e textos de autores que trabalham os escritos destes de forma pormenorizada, a fim de sublinhar um traço de continuidade entre Weber e Marx a que muitos não estão acostumados, na medida em que nosso ponto de vista esta mais habituado a perceber a descontinuidade entre a social democracia de Weber e o socialismo de Marx. Weber e Marx: Interpretações opostas ou um possível diálogo? Nas obras de Marx podemos perceber o modelo dialético de pensar a história da humanidade. Um dos fios condutores desta perspectiva seria a de que a história de todas as sociedades é a história da luta de classes. O modo de produção capitalista consistiria no resultado da sucessão de modos de produções anteriores e a ponte para um modo de produção mais evoluído: o comunista. Este modelo de sociedade colocaria um fim nesta luta entre os homens e inauguraria uma nova fase na história humana. Enfim, este processo histórico possuiria uma ordem evolutiva, onde as fases sucessivas engendrariam uma às outras em direção a uma utopia comunista. Tal teoria é baseada na concepção materialista da história. O materialismo histórico seria algo analisável, observável e quantificável, que avalia as expressões de estruturas econômico-sociais como sendo a raiz de toda representação, simbolismo e sentido de uma sociedade (REIS, 1996, 40). Weber encarava esta interpretação marxista, do processo histórico como sucessão 2

3 de diferentes formas de produção e a utilização do materialismo histórico para explicar a mudança social, apenas como teorias que no máximo se podem construir com a ajuda de tipos ideais, e nunca como uma descoberta cientifica com validade objetiva. Em a Objetividade do conhecimento nas ciências sociais ele afirma que: Quanto à chamada concepção materialista da história é preciso repeli-la com a maior firmeza enquanto concepção de mundo, ou quando encarada como denominador comum da explicação causal da realidade histórica (WEBER, 1991: 84). Weber combate ainda o engajamento político da teoria de Marx, onde através da ação da burguesia surgiu o capitalismo e através da ação revolucionária dos proletários pode vir a surgir uma sociedade comunista. Para ele a posição marxista somente poderia ser aceita como Uma sistematização de brilhantes hipóteses típico-ideais, que como tais merecem a maior atenção por parte de todos os cientistas sociais e que conseguem aumentar em muito a nosso conhecimento sobre a essência das sociedades modernas (MOMMSEN, 1997: 152). E ainda, em seu texto O socialismo (conferência pronunciada para os oficiais austríacos no ano de 1918) ele afirma que o Manifesto Comunista é um documento que no seu gênero é uma realização cientifica de primeira grandeza, mesmo que se negue (como ele o fazia) suas teses centrais. Porém o Manifesto, segundo Weber, é um documento profético por proferir o desaparecimento da organização capitalista da sociedade, sendo esta substituída pela forma transitória da ditadura do proletariado que para ele levaria a servidão do mesmo, sem acabar com o domínio do homem sobre o homem (WEBER, 1997). Assim, o Manifesto Comunista como obra cientifica é tido como frutífero, mas no campo político o mesmo tem conseqüências profundas e desagradáveis. Um outro ponto do desacordo de Weber quanto à teoria marxista era, sobretudo, no que tange a simplificação da explicação dos fenômenos sociais com base exclusivamente econômica. Ainda segundo Weber a realidade histórica não pode ser reduzida unicamente a causas econômicas, mesmo no caso específico dos fenômenos econômicos. Fatores como a política, a religião, o clima, entre outros não econômicos, não podem ser tratados como fatores acidentais, onde os motivos econômicos atuam como causa primeira. Estes fatores seguem também suas próprias leis, sendo que as condições econômicas são tão historicamente acidentais quanto os fatores citados (WEBER, 1991: 86). Neste caso, a evolução histórica não é determinada exclusivamente por interesses materiais, pois ao lado destes existem os interesses ideais/culturais, que podem produzir mudanças sociais de considerável alcance. 3

4 Contudo, Weber sabia que os escritos de Marx não se restringiam apenas a um determinismo econômico no sentido de que pensasse os motivos econômicos como decisivos na ação social dos indivíduos. Ele estava consciente de que as interpretações de Marx e o Marx original não eram exatamente a mesma coisa (ZANDER, 1997: 73). A crítica de Weber é direcionada ao marxismo de tipo vulgar, que considera a teoria de Marx, apenas pelo lado do determinismo econômico, sendo que para estes autores a interpretação econômica da história é o fator fundamental do qual dependem os demais. Segundo Hobsbawm, no livro Sobre História, para Marx o processo real de produção não era simplesmente a produção material da vida em si mesma, mas algo mais amplo, um conjunto complexo de relações mutuamente dependentes entre natureza, trabalho, trabalho social e organização social, sendo que os seres humanos produzem tanto com a mão quanto com a cabeça (HOBSBAWM, 1998: ). E isto é observável numa passagem do livro a Ideologia Alemã onde Marx e Engels afirmam que: A concepção materialista da história, portanto, baseia-se na exposição do processo real de produção começando da produção material da vida em si mesmo e abrangendo a forma de relações associadas com e criadas por este modo de produção, isto é, a sociedade civil em suas várias etapas, enquanto base de toda história; descrevendo-a em sua ação enquanto Estado, e também explicando como todos os diferentes produtos teóricos e forma de consciência, religião, filosofia, moralidade, etc., etc., dela derivam, e acompanhando o processo de sua formação a partir desta base; dessa forma, a coisa toda pode, é claro, ser descrita em sua totalidade (e consequentemente, também, a ação recíproca desses vários aspectos entre si.). (MARX e ENGELS. apud, HOBSBAWM, 1991, p ). 3 Assim, percebemos que para Marx a concepção materialista da história é a base da explicação histórica, mas não a explicação histórica em si. Coube a Engels, numa longa carta a Joseph Bloch (diretor da revista Sozialistiche Monatsheftc) esclarecer alguns equívocos que se anunciavam então a respeito da relação entre estrutura e superestrutura: Segundo a concepção materialista da história, o fator que em última instância determina a história é a produção e a reprodução da vida real. Nem Marx nem eu nunca afirmamos mais do que isso. Se alguém o modifica, afirmando que o fator econômico é o único determinante, converte aquela tese numa frase vazia, abstrata, absurda. A situação econômica é a base, mas os diversos fatores da superestrutura as formas políticas da luta de classes e seus resultados, as Constituições que, uma vez ganha uma batalha, são regidas pelas classes vitoriosas etc., as formas jurídicas, e mesmo os reflexos de todas estas lutas reais no cérebro dos participantes, as teorias políticas, jurídicas, filosóficas, as idéias religiosas e os seu desenvolvimento ulterior até serem convertidas em sistemas dogmáticos exercem igualmente a sua ação sobre o curso das lutas históricas e, em muitos casos, determinam predominantemente sua forma (...). Somos nós mesmos que fazemos à história, mas, nós a fazemos, em primeiro lugar, segundo premissas e condições muito concretas. 3 FRIEDERICH, Engels; MARX, Karl. The german ideology. Londres: Collected works, p.53 (tradução modificada). 4

5 Entre elas são as econômicas as que, em última instância, decidem. Mas também desempenham um papel, ainda que não seja decisivo, as condições políticas e até as tradições que rondam como um duende nas cabeças dos homens (...). O fato de que os discípulos destaquem mais que o devido o aspecto econômico é coisa que, em parte, temos a culpa Marx e eu mesmo. Frente aos adversários, tínhamos que sublinhar este princípio cardinal que era negado, e nem sempre dispúnhamos de tempo, espaço e ocasião para dar a devida importância aos demais fatores que intervêm no jogo das ações e reações. Infelizmente, ocorre com freqüência que se crê a ver entendido totalmente e que se pode manusear sem dificuldades uma nova teoria pelo simples fato de se haver assimilado, e nem sempre exatamente suas teses fundamentais. Desta crítica não estão isentos muitos dos novos marxistas e assim se explicam muitas das coisas inexpressivas com que contribuíram. (Engels, Carta a Bloch, ). Quando Engels afirma que precisava sublinhar o materialismo histórico como princípio cardinal, isto é uma tentativa de impor uma nova concepção de fazer/estudar/escrever história, é uma tentativa de explicar o processo em exame de acordo com a realidade material vivida, frente às interpretações idealistas de então. Desta forma, o marxismo se baseia numa teoria de formação social concreta e não apenas do espírito ; ele não separa faire l histoire do faire de l histoire. Mas isto não quer dizer que esta corrente histórica simplifique as questões sociais a um determinismo econômico. Como explicitado na carta, Marx sabia que o fator ideal/cultural é fundamental para se pensar a sociedade. Segundo Eduard Bernstein, um dos grandes teóricos da social democracia e crítico das teses centrais do marxismo (tido como o fundador do revisionismo), em sua obra Socialismo Evolucionário, o materialismo histórico de modo algum nega a inteira autonomia das forças políticas e ideológicas sobre o desenvolvimento da vida social, mesmo que as condições de produção e evolução das classes exerçam no seu final uma influência mais forte. Mas isto não quer dizer que as causas puramente econômicas se sobressaiam sozinhas no decorrer da história humana, pois os fatores econômicos dependem de uma série de outros elementos, mesmo que estes tenham influências menores, o que não significa que a concepção materialista da história tenha um caráter de simples determinismo econômico. O materialismo filosófico, ou o materialismo da ciência natural, é determinista, num sentido mecânico. A concepção marxista da história não o é. Atribui ao fundamento econômico da vida das nações uma influência determinante, mas condicionada, sobre as formas que essa vida adquire (BERNSTEIN, 1997: 40-41). Portanto, nos escritos de Marx, é impossível distinguir relações sociais de produção das idéias e conceitos, ou seja, base de superestrutura, isto porque tais relações são moldadas pelas ideologias que não são reduzidas apenas ao fator econômico. Para Weber, isto estava bem claro na obra de Marx, mas não para os marxistas de tipo vulgares que segundo ele obscureceram o total sentido do termo materialismo histórico, reduzindo-o a um 5

6 determinismo econômico. Quanto ao principal objeto de estudo dos pensadores em questão o capitalismo e suas conseqüência na sociedade moderna - existe em Weber e Marx a preocupação com as condições da sociedade e sua existência digna diante do sistema capitalista. Porém as análises conclusivas de Weber se diferenciam das teses de Marx. Para este, o sistema capitalista desenvolveria, no que se refere à diferenciação social, inevitavelmente uma polarização entre a burguesia de um lado e o proletário de outro, havendo assim, a eliminação de todas as outras camadas da sociedade. No entanto, para Weber, a evolução social tenderia antes para uma diferenciação crescente tanto na área do operariado quanto na área das camadas médias. Ele acreditava que a estrutura estratificada da moderna sociedade levaria a existência de muitas divisões de interesses e status. Em seu livro A sociologia do trabalho industrial 4 (obra de investigação empírica escrita no início do século XX sobre o trabalho industrial em uma fábrica têxtil alemã) Weber faz uma análise sobre o real efeito que as fábricas exerciam em torno do trabalho operário. Como as indústrias influenciariam no estilo de vida extra-profissional dos trabalhadores, no que tange às suas tradições, cultura e vida social. Neste trabalho, Weber está interessado na dimensão qualitativa do comportamento humano perante o serviço laborial nas indústrias, investigando, para tanto, as exigências do tipo intelectual, psíquicas e físicas que as fábricas modernas impunham aos operários, bem como as transformações que os obreiros industriais estariam experimentando em sua personalidade. Desta forma, A sociologia do trabalho industrial, se comparado com A situação da classe trabalhadora na Inglaterra 5 - de Friedrich Engels (escrito entre os anos de ), que traz uma profunda análise da situação dos obreiros dos diversos ramos industriais e as misérias operárias advindas do trabalho neste setor - procura ir além dos resultados, apresentados por Engels. Weber se propõe aliar, aos fatores dos estudos de Engels (o excessivo uso do álcool e dos prazeres sexuais - formas de diversões tidas como únicas por esta classe - o trabalho feminino e a desagregação familiar como resultado deste, a alta taxa de mortalidade principalmente infantil - pouca instrução moral, trabalho excessivo, péssimas condições de 4 Max Weber. Introducción metodologica. In:. Sociologia del trabajo industrial. Madri: Trotta, Friedrich Engels. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Global,

7 moradia e distância da mesma ao local de trabalho, entre outros) uma análise técnica dos efeitos negativos nos rendimentos laborais. Dados como o processo de divisão dos trabalhos (especializado ou não), fracionamento do trabalho, introdução de sistemas salariais dirigidos a premiar rendimentos quantitativos e qualitativos, estado de ânimo que oscila durante os dias semanais, idade, estado civil, sexo e outras condições gerais; significariam, de acordo com Weber, uma transformação do sistema psicofísico do trabalhador. Ou seja, além de uma análise dos efeitos trágicos da indústria na vida dos operários, Weber propõe uma investigação das condições técnicas do trabalho nas fábricas, que igualmente podem produzir mudanças significativas na vida social/cultural dos trabalhadores. Weber, dentro desta obra, ainda se pergunta até que ponto há um intercâmbio entre os trabalhadores dos diversos setores internos das indústrias, e chega à conclusão de que existem diferenças sociais, culturais, étnicas e mesmo geográficas, entre os operários de unidades distintas o que proporciona interesses diferenciados, levando, assim, a uma divisão dos interesses classistas dentro da classe trabalhadora como um todo. Portanto, para Weber um único modelo de estratificação de classes onde os trabalhadores estão de um lado e a burguesia de outro não seria suficiente para responder à rede complexa de interesses rivalizantes dentro de uma sociedade capitalista. Logo, o modelo típico ideal de uma estratificação social de classes elaborado por Weber distingue a sociedade em quatro classes: a) classe trabalhadora; b) a pequena burguesia; c) a intelligentsia (na medida em que não possui propriedade em grande escala) bem como especialistas altamente qualificados e funcionários, sendo que para as massas conseguirem chegar a se unir e rebelar-se é necessário à liderança de homens que pertençam a esta classe; e por fim d) a classe dos possuidores e privilegiados pela educação (MOMMSEN, 1997: 162). Dentro desta perspectiva, Weber avalia como reduzidas as chances de uma revolução socialista sob a condição de extremos sociais (burgueses x proletários) pregada por Marx e Engels. Mas, vale lembrar, que Marx e Engels escreveram em um período de eminência revolucionária. As condições histórico-sociais, nos quais eles trabalharam, estavam fortemente marcadas; a era Vitoriana ( ) é balizada pela atuação das organizações trabalhistas (as trade unions) que venceram a resistência do empresariado e conquistaram sucessivas melhorias nas condições de trabalho (legislação trabalhista, redução da jornada de 7

8 trabalho, melhores salários). A greve geral Cartista de 1842 é um bom exemplo deste período conturbado. Assim, não é de se estranhar que para Marx e Engels (e muitos teóricos deste período) o colapso do capitalismo era algo imediato e a revolução proletária (gerada pela revolta dos trabalhadores com o sistema laborial de então) era algo certo e vindouro. Contudo, esta revolução social, almejada pelos teóricos socialistas, para Weber, não era tida como sendo a melhor no que tange à situação das massas trabalhadoras. De acordo com Wolfgang Mommsen, no texto Capitalismo e socialismo: o confronto com Karl Marx, Weber acreditava que a apropriação privada dos meios de produção ou a divisão injusta da propriedade como tais não podem ser vistas como a causa básica da alienação e do privilégio negativo das massas trabalhadoras, sendo que a verdadeira fonte da alienação não estava nas condições de propriedade, mas na onipotência de estruturas do poder burocrático; através de uma socialização dos meios de produção os trabalhadores não ficariam mais livres, haveria apenas um deslocamento de interesses dentro do sistema social e não melhoraria de forma alguma a situação dos trabalhadores como tais, nem eliminaria o domínio do homem sobre o homem. Os trabalhadores só se confrontariam com uma nova e ainda mais poderosa camada burocrática que seria mais difícil de controlar. Pois mesmo não assentindo à socialização da economia, Weber era a favor da emancipação e da igualdade para o proletariado dentro do sistema capitalista vigente (MOMMSEN, 1997: 157). Ele acreditava que mesmo havendo a racionalidade formal esta estaria acompanhada da irracionalidade material ocorrendo, por exemplo, a subordinação dos trabalhadores aos empresários. Os desvios da racionalidade formal (já que está sempre em confronto com a racionalidade material ) diminuem a eficácia do sistema capitalista. Ele sabia que toda problemática social se dava justamente pela inevitável separação entre racionalidade formal e material ; e que para se chegar a uma solução digna para a humanidade teria que haver o compromisso constante entre ambas (ao invés de embate ou de sobrepujança de uma sobre a outra). Desta forma, o capitalismo para Weber significava a organização do trabalho formalmente livre numa forma metódica, racional e disciplinada de organizar o mercado, onde um Estado racional legal representaria a estrutura que permitiria esta calculabilidade na atividade econômica. Portanto, segundo Weber a simples abolição da propriedade privada dos meios de produção pode eventualmente representar o caminho para uma solução satisfatória dos 8

9 problemas mais urgentes, mas da mesma forma ela pode complicar ainda mais as coisas, principalmente se cair em mãos de burocracias que não decidem ou de novas elites autoritárias. Contudo, Weber sabia que tanto o modelo de sistema econômico proposto por ele, quanto o de uma socialização dos meios de produção apoiado por Marx, são impossíveis de serem colocados em prática sem afetar, a realização de ao menos alguns dos objetivos e das concepções de valor a que nas intenções estavam destinados (MOMMSEN, 1997: 173). Por fim, tentar apresentar receitas fáceis sobre como as sociedades capitalistas devem ser reestruturadas, a fim de acabar com a exploração dos trabalhadores, não é fácil. Mas ao menos ambos (Marx e Weber) pensaram e estudaram os problemas decisivos desta sociedade, penetrando profundamente na problemática do capitalismo industrial, que mesmo não trazendo respostas prontas e acabadas, pelo menos trouxeram este assunto à baila e o colocou em discussão. Considerações finais Mesmo com todas as diferenças entre Max Weber e Karl Marx, concluímos que a análise de Weber sobre a economia moderna não estava totalmente afastada das obras de Marx, podendo-se assim afirmar que existe a possibilidade de um diálogo entre eles, havendo questões muito mais em comum em ambos do que entre Marx e muitos dos autores ditos seus discípulos. Haja vista a obra de Weber intitulada As causas sociais do declínio da cultura antiga, onde ele afirma que a queda do Império Romano não se deu apenas por causas externas, mas também devem ser procuradas causas em seu interior; e faz tal análise tomando emprestado termos cunhados por Marx, como infra-estrutura e superestrutura, enfatizando ainda a importância de fatores econômicos/ materiais para explicar o processo em exame (WEBER, 1995). É claro que existem divergências entre Marx e Weber, principalmente no que tange a rígida separação entre fato e valor proposto por Weber para os trabalhos científicos. Para este a obra de Marx possui méritos científicos significativos, porém a mesma envolve questões de ética e valores de fins últimos, sendo que para Weber a ciência não pode responder a questão sobre qual dos deuses em luta ela servirá. Cabe a mesma apenas o papel heurístico e nunca como sendo válida objetivamente. Mas entre ambos há um parentesco de interrogações e perspectivas que não podem ser subestimadas. Desta forma, é importante salientar que a relação de Weber com Marx e o 9

10 pensamento marxista não pode ser tida apenas como uma simples dimensão de confirmação e refutação. Os estudos históricos de Weber complementam e corrigem a obra teórica de Marx, ao mesmo tempo em que abalam as interpretações grosseiras do marxismo quanto ao desenvolvimento histórico/social da humanidade. E, a meu ver, investigar o processo de evolução social humana significa fazer o tipo de perguntas ao estilo de Marx, mesmo que não aceitemos todas as suas respostas. Referências bibliográficas: BERNSTEIN, Eduard. Socialismo Evolucionário. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.: Instituto Teotônio Vilela, Primeira Parte: As doutrinas fundamentais do socialismo marxista. p COHN, Gabriel (org.). Weber. São Paulo: Ática, Introdução: p COLLIOT-THÉLÈNE, Catherine. Max Weber e a história. São Paulo: Brasiliense, Cap. 2: Max Weber e o Marxismo. p ENGELS, Friedrich. Carta a Bloch, 21/09/1890. In: MARX, Karl.; ENGELS, Friedrich. Obras escolhidas de Marx e Engels. São Paulo: Alfa-Ômega V. ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Global, GERTZ, René (org.). Marx Weber e Karl Marx. 2.ed. São Paulo: Hucitec, HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Cia das Letras, Cap. 10: O que os historiadores devem a Karl Marx? Cap. 11: Marx e a história. p LÖWITH, Karl. Max Weber e Karl Marx. In: GERTZ, René (org.). Marx Weber e Karl Marx. 2.ed. São Paulo: Hucitec, p MOMMSEN, Wolfgang. Capitalismo e socialismo: o confronto com Karl Marx. In: GERTZ, René (org.). Marx Weber e Karl Marx. 2.ed. São Paulo: Hucitec, p REIS, José Carlos. A história entre a filosofia e a ciência. São Paulo: Ática, Cap. 3: O marxismo. p SWEDBERG, Richard. Max Weber e a idéia de sociologia econômica. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; São Paulo: Beca Produções Culturais,

11 WEBER, Max. Introducción metodologica. In:. Sociologia del trabajo industrial. Madri: Trotta, As causas sociais do declínio da cultura antiga. In: COHN, Gabriel (org.). Weber. São Paulo: Ática, p A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. In: COHN, Gabriel (org.). Weber. São Paulo: Ática, p Socialismo. In: GERTZ, René (org.). Marx Weber e Karl Marx. 2.ed. São Paulo: Hucitec, ZANDER, Jürgen. O problema do relacionamento de Max Weber com Karl Marx. In: GERTZ, René (org.). Marx Weber e Karl Marx. 2.ed. São Paulo: Hucitec, p

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