O LUGAR E O OBJETIVO DO FICHAMETO NA ESFERA ACADÊMICA DÉBORA AZEVEDO MALENTACHI

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1 O LUGAR E O OBJETIVO DO FICHAMETO NA ESFERA ACADÊMICA DÉBORA AZEVEDO MALENTACHI METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA MODALIDADE EAD CURSOS DE GRADUAÇÃO Pró-Reitoria de Ensino ORGANIZADORAS: Aparecida Cristina Cardoso Cristina Herold Constantino Fabiana Sanches Noiriel Leal (Liel) MARINGÁ PR 2014

2 Reitor: Wilson de Matos Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Ensino: Valdecir Antônio Simão Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi NÚCLEO DE FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E METODOLOGIA DA PESQUISA Gestora da disciplina: Cristina Herold Constantino Professoras mediadoras da disciplina: Aparecida Cristina Cardoso, Fabiana Sanches e Noiriel Leal (Liel)

3 INTRODUÇÃO O fichamento é um gênero textual que consiste em um método de investigação que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar) todo o material necessário para a compreensão de um texto ou tema. Trata-se de um recurso indispensável para o arquivo de ideias, citações, referências, pensamentos etc. para consultas futuras, sobretudo, nos momentos de pesquisa e produções científicas. Trata-se, também, de uma técnica muito apropriada de estudo e, portanto, ferramenta essencial de todo acadêmico e pesquisador. Assim como o resumo e a resenha, o FICHAMENTO também requer certas habilidades de leitura, principalmente a habilidade seletiva, ou seja, são necessários critérios bem definidos para selecionar apenas o conteúdo realmente necessário e, assim, produzir excelentes fichamentos. Em suma, atente para alguns dos objetivos do fichamento: facilitar a organização e o desenvolvimento das leituras e atividades acadêmicas; sistematizar o conteúdo essencial de uma obra, bem como articular o conteúdo com nossa reflexão pessoal; contribuir para o estudo, para a assimilação de conteúdos, para a pesquisa e, também, para a construção do conhecimento científico. Há vários modelos de fichamentos apresentados por autores especializados no assunto. Porém, todos eles, bem como os que apresentamos neste material, servem apenas como sugestões. Importa que cada acadêmico, a partir dos modelos sugeridos, decida qual melhor se encaixa aos seus interesses. 1 TIPOS DE FICHAMENTOS De modo geral, a estrutura ou modelo padrão de uma ficha apresenta as seguintes partes: - cabeçalho: espaço para o registro de título genérico (Exemplo: redação) e título específico (Exemplo: forma de desenvolvimento do parágrafo); - referência bibliográfica; - texto ou fichamento; - local onde se encontra a obra.

4 Observe o modelo padrão: Título genérico Título específico Cabeçalho Referência bibliográfica A Reservado para o caso de as fichas serem muitas. Você pode usar letras maiúsculas. Texto Reservado para tópicos que demarquem o plano de ideias. Local onde se encontra a obra. (MEDEIROS, 2011) Existem, basicamente, dois tipos de ficha: a ficha bibliográfica e a ficha de leitura. A bibliográfica apresenta apenas as informações bibliográficas, necessárias para localizar um livro. A ficha de leitura contém informações bibliográficas completas, anotações sobre tópicos da obra, citações diretas, resumo do texto e comentários. As fichas bibliográficas podem ser: ficha de assunto e ficha de título de obra. Essas fichas não apresentam citações. Elas servem como registro de referências bibliográficas que, em algum momento de sua vida acadêmica, você deverá consultar novamente. A ficha de assunto, por exemplo, é bastante útil para que você não perca o nome do livro onde encontrou conteúdo relevante sobre determinado assunto. As fichas de leitura podem ser: Ficha por autor, citação ou transcrição: neste tipo de fichamento você deve anotar o nome do autor na chamada ou cabeçalho da ficha, também o título da obra, a edição, o local de publicação, a editora, o ano da publicação, o número do volume, se houver mais de um, e número de páginas; em seguida, deve registrar as citações literais, entre aspas, e o número da página de onde foram retiradas.

5 Exemplo: HÜHNE, L. M.(org.) Metodologia científica: caderno de textos e técnicas. 7 ed. Rio de Janeiro: Agir, Primeira Parte: As formas de conhecimento 1. Sobre o conhecimento No dia-a-dia, o ato de conhecer se manifesta tão natural que nós nem damos conta da sua complexidade (p.27) 2. Sobre o senso comum [...] o senso comum enquanto conhecimento apreendido à luz das experiências e observações imediatas do mundo circundante [...] (p.51) ( (arquivo da professora) Ficha de resumo: você pode utilizar esse tipo de ficha para expor, abreviadamente, as principais ideias do autor ou, também, para sintetizar as ideias principais de um texto ou de uma aula. A ficha de resumo deve ser breve e redigida com as próprias palavras. Exemplo: Título: Metodologia Científica Título do texto: Ciência e conhecimento Científico Subtítulo: Conhecimento científico Referência: MARCONI, M.A; LACKATOS, E.M. Metodologia do trabalho científico. 4. ed. São Paulo: Atlas, O conhecimento científico se caracteriza pela possibilidade de se comprovar os dados obtidos nas investigações acerca dos objetos. (p. 10). Ideação: Após a leitura da obra em referência chega-se ao posicionamento... (arquivo da professora) Ficha temática: esse tipo de fichamento é bastante estratégico e adequado para você arquivar várias citações e argumentos de autoridade que abordem determinados temas de seu interesse.

6 Neste caso, no cabeçalho da ficha deve aparecer o tema, em seguida as citações e, por fim, as referências. Exemplo: EPISTEMOLOGIA Segundo Lalande (1989) é essencialmente o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, destinado a determinar sua origem lógica (não psicológica) (p.293). Para Japiassu (1992) Por epistemologia podemos considerar o estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais (p.16). REFERÊNCIAS JAPIASSÚ, H. Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de Janeiro: Martins Fontes, (arquivo da professora) 1.1 REGRAS DE TRANSCRIÇÃO É importante que você siga determinadas normas na elaboração das fichas, sobretudo com relação às regras de transcrição das citações. Para a transcrição direta de até três linhas, por exemplo, utilize as aspas duplas. Exemplo: nas palavras de Medeiros, O arquivo de leitura consiste no registro de resumos, opiniões, citações, enfim tudo o que possa servir como embasamento para a tese, ou ideias que defenderá por ocasião da redação do texto que tem em vista. As aspas simples servem para indicar citação no interior de citação. Ou seja, se o autor faz citação de outro autor. Veja um exemplo: Medeiros afirma que Para Eco (1989, p. 87), a situação ideal seria dispor em casa de todos os livros de que se tem necessidade, mas reconhece que essa condição ideal é muito rara mesmo para um estudioso profissional. O armazenamento de informações em fichas é, de fato, útil. Se houver erros de grafia ou gramaticais, copie como está no original e escreva entre parênteses a expressão (sic). Por exemplo, se o autor deixou passar algum problema de concordância faça como no exemplo:

7 Os alunos deve (sic) conhecer... Use a expressão sic logo após o termo empregado de modo inadequado. Quando você suprimir palavras ou frases, é preciso indicar essa supressão com três pontos ou reticências entre colchetes. As supressões iniciais e finais não precisam ser indicadas. Veja um exemplo: Completude, referência, tematização, coesão, unidade são conceitos que definem o texto como tal. [...] Assim, o autor apresenta critérios que orientam o processo da escrita. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vale ressaltar que, inicialmente, a prática de fichamentos pode parecer entediante. Segundo Medeiros (2011, p. 102), sua prática contínua, no entanto, poderá levá-lo a alterar ponto de vista e julgamento, fazendo-o perceber que o pequeno trabalho inicial reverte-se em ganho de tempo futuro, quando precisar escrever sobre determinado assunto. Os gêneros: fichamento, resumo e resenha, certamente, são bastante úteis para a construção do conhecimento científico, pois desafia a capacidade cognitiva de seus produtores, viabilizando-lhes organização, aprendizagem e superação de dificuldades comuns nas etapas que antecedem sua elaboração, bem como no processo de sua produção propriamente dita. A prática de tais gêneros proporciona, sobretudo, o aprimoramento de várias habilidades pertinentes à escrita e à leitura, o que, sem dúvida, fará a diferença na sua vida acadêmica, profissional e pessoal! REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. São Paulo: Atlas, MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, MOLINA, Olga. Ler para aprender: desenvolvimento de habilidades de estudo. São Paulo: EPU, ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 2. ed. Campinas: Pontes, 1987.