Gráfico 1 Nível do PIB: série antiga e série revista. Série antiga Série nova. através do site
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- Maria do Mar Lacerda Carneiro
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1 2/mar/ 27 A Revisão do PIB Affonso Celso Pasore pasore@acpasore.com Maria Crisina Pinoi crisina@acpasore.com Leonardo Poro de Almeida leonardo@acpasore.com Terence de Almeida Pagano erence@acpasore.com Magda Holan Yu Chang magda.holan@acpasore.com Bruno Di Giorgi Haddad bruno@acpasore.com O IBGE divulgou a nova série do PIB e de seus componenes, consruída a parir de nova ponderação e ouras mudanças, com o objeivo de melhor capar a realidade da economia brasileira. Foram divulgados os dados de 995 a 25 apenas na freqüência anual, ficando para o próximo dia 28 a divulgação dos dados rimesrais e do resulado para 26. Veremos nessa noa as principais mudanças ocorridas. A primeira aleração imporane é a elevação do PIB em valores correnes, conforme pode ser viso no gráfico. Gráfico Nível do PIB: série aniga e série revisa 2 2 R$ milhões 6 Série aniga Série nova 2 Ese Informe uilizou informações disponíveis aé 2/3/7 e se desina, exclusivamene, aos clienes da A.C. Pasore & Associados, sendo proibida a reprodução oal ou parcial do coneúdo, bem como a disribuição para não clienes A comparação enre as séries nova e aniga mosra que: a) em 998 e 2, o PIB reviso esá em orno de 7% acima do PIB Para maiores dealhes ver Sisema de Conas Nacionais Brasil Referência 2, obida aravés do sie Tel Fax R Alves Guimarães 62 cj 2 5 Pinheiros São Paulo SP Brasil
2 2 anigo; b) nos rês anos enre 995 e 997, o PIB reviso esá enre 8 e 9% acima do PIB anigo, aproximadamene; e c) as maiores correções ocorreram no período de 23 a 25, com o PIB sendo reviso a cada ano em uma proporção maior com relação à série aniga. Em 22 e 23, a correção foi de aproximadamene 9,5%; em 2 ela ficou um pouco abaixo de %; e em 25 ela elevou-se para quase %. Eses dados sugerem que os erros da série aniga nos úlimos anos foram cada vez maiores, e se esa endência persisir, possivelmene a correção em 26 será grande. A implicação é clara: como veremos abaixo as axas de crescimeno dos úlimos anos são um pouco maiores do que era indicado pela série aniga. Uma primeira implicação é que odos os indicadores econômicos avaliados relaivamene ao PIB, ais como a relação dívida líquida/pib, superávi primário/pib, saldo em cona correne/pib, ec, serão alerados. O que iso significa? Será que com a queda da relação dívida/pib ficamos mais próximos de um invesmen grade? A parir dese pono é preciso proceder com cauela, anes de udo porque não podemos prescindir da análise econômica a ser feia a parir dos dados. Há um raciocínio simples que não pode ser ignorado. A fórmula que mosra a variação absolua da relação dívida/pib do ano para o ano é dada por: r g b b = s + b + g onde b é o quociene da dívida líquida com relação ao PIB, s é o superávi primário ambém medido em relação ao PIB, e r e g são respecivamene a axa real de juros e a axa de crescimeno econômico. Suponhamos agora que não ivesse ocorrido nenhuma mudança em g, e que o PIB em e em fosse muliplicado
3 3 por,, que é o que aproximadamene ocorreu com esa revisão no úlimo ano. A relação dívida/pib que anes da revisão era de 5% do PIB, agora caiu para 5% do PIB (,5/,),5. Mas se naquele ano o superávi primário com relação ao PIB fosse de 3,75% do PIB, ele ambém seria reviso para 3,% do PIB (.375/.).3. Ocorre que como a aleração foi feia na dívida e no superávi primário, a dinâmica da dívida ficaria inalerada. Por que? Denominemos as novas relações dívida/pib em e em por b = b /, e b /, = b, respecivamene, e o superávi primário corrigido por s = s /,. Subsiuindo na fórmula da dinâmica da dívida obemos r g b b s r g b b b = s + b = = + + g,,, + g, e se muliplicarmos membro a membro por, ficamos com a mesma equação de dinâmica da dívida anerior. O que iso significa? Há duas conseqüências. A primeira é que a relação dívida/pib de fao ficou mais baixa. A segunda é que, ignorando-se o aumeno na axa de crescimeno do PIB, a velocidade de queda da relação dívida/pib ficou exaamene a mesma anerior. Na realidade a velocidade de queda cresce um pouco, devido ao aumeno marginal na axa de crescimeno do PIB, mas é fácil simular os resulados para verificar que nos níveis (corrigidos) do superávi primário em relação ao PIB, e da nova axa de crescimeno do PIB, a queda da relação dívida/pib persise sendo baixa. Se as agências de classificação de risco olharem apenas para o amanho da relação dívida/pib, que agora é menor, poderão ser enadas a promover o Brasil. Mas se olharem para a dinâmica da dívida, concenrando-se na sua velocidade de queda, e em paricular no fao de que os gasos públicos
4 coninuam crescendo aceleradamene, essa decisão poderá não ser omada ão rapidamene. Onde ocorreram as revisões? As revisões nos dados do PIB nominal mosradas no gráfico foram produzidas ano por alerações dos preços (deflaor do PIB) quano por alerações de quanidades. Vamos olhar as alerações de quanidade que são mais relevanes para a análise qualiaiva da economia. A comparação enre as axas de variação do PIB da nova série com a aniga revela que ocorreram revisões para baixo em alguns anos (996 e 999, por exemplo) e para cima a parir de 22 (gráfico 2). Gráfico 2 Taxas de Variação do PIB série aniga e revisada 6 5 Série aniga Série nova A razão para isso reside no fao de que enquano na série aniga o consumo das insiuições sem fins lucraivos era compuado na rubrica consumo das famílias, na nova série aquela passou a ser considerada separadamene. Desagregando os componenes do PIB pelo lado da demanda noa-se que: a) praicamene não ocorreram revisões na formação brua de capial fixo (FBCF) e nas imporações; b) ocorreram pequenas revisões nas exporações e no consumo das famílias, sendo que nesse úlimo caso a comparação não pode ser feia de forma ão direa 2 ; e c) a principal revisão se deu sobre o consumo do governo, que apresenou axas de variação menores em 96, 97, 99 e 2 e axas subsancialmene maiores em 2, 22, 2 e 25 (gráficos 3A a 3E).
5 5 Gráfico 3 A Formação Brua de Capial Fixo FBCF - série aniga FBCF - série nova B Consumo das Famílias 8 6 Consumo - série aniga Consumo - série nova C Consumo do Governo Governo - série aniga Governo - série nova D - Exporações 2 6 Exporações - série aniga Exporações - série nova
6 6 E Imporações Imporação - série aniga Imporação - série nova Como o PIB foi reviso para cima e a FBCF praicamene não se alerou, ocorreu uma queda na axa de invesimeno da economia nos úlimos anos relaivamene às esimaivas das séries aneriores. Não se pode afirmar que iso reduziu o crescimeno do PIB poencial, porque em que ocorrer uma profunda revisão em odas as esimaivas de produividade oal dos faores. A divulgação dos dados rimesrais ajudará a esclarecer ese problema. 3 O gráfico esá represenado em 2 eixos sendo o de maior ampliude o que mede a diferença enre as axas do consumo do governo. Como o consumo do governo represena uma parcela do PIB, alerações de x% nas axas de variação do consumo do governo produzirão variações menores do que x% no PIB. A segunda conclusão é a de que as recenes revisões para cima na axa de variação do PIB foram produzidas essencialmene por variações maiores no consumo do governo. No gráfico esão comparadas as diferenças enre os dados anigos e os novos ano do consumo do governo (série vermelha) como do PIB (série cinza) e fica claro que a aleração na variação do consumo do governo é a principal responsável pela aleração da variação do PIB 3. Gráfico Comparação enre as Taxas de Variação Revisas do PIB e do Consumo do Governo Revisão Taxa Variação PIB (E) Revisão Taxa Variação Consumo Governo (D)
7 7 Uma regressão enre as duas séries do gráfico (abela ) mosra que a revisão na axa de variação do consumo do governo explica cerca de 5% a revisão na axa de variação do PIB. Além disso, o coeficiene da variável explicaiva (,7) ficou, conforme esperado, muio próximo da paricipação do governo no PIB (cerca de 9%). Eses úlimos dados colocam um pouco de água fria no oimismo. Por que? É difícil fesejarmos o aumeno da axa de crescimeno do PIB, quando em grande pare ele derivou de uma nova esimaiva do consumo do governo, que vinha crescendo bem mais rapidamene do que se julgava aneriormene, sem que a formação brua de capial fixo ivesse se alerado. Tabela Regressão enre as Taxas (revisas) de Variação do PIB e do Consumo do Governo Coeficiene Desvio-Padrão Esaísica Consane...5 Variação Consumo do Governo R 2 =.52 DW=.6 F= 8.5 Ainda há muio a ser invesigado a parir dos novos dados. É crucial, por exemplo, que seja feia uma avaliação das alerações na produividade oal dos faores. São ambém ainda inceras as suspeias de que há implícia, neses dados, uma razão para a redução na velocidade de queda da axa SELIC. Como a aceleração do crescimeno do PIB vem da aceleração no crescimeno no consumo do governo, ou seja, da demanda agregada, e como formação brua de capial fixo permaneceu consane, a menos que os dados mais desagregados mosrem um aumeno compensaório na produividade oal dos faores, fica a suspeia de que o grau de ociosidade da economia se esreiou, iso é, que a demanda agregada elevou-se relaivamene ao PIB poencial. Essa conclusão somene poderá ser confirmada (ou não)
8 8 compleando-se a esimaiva do crescimeno do PIB poencial, o que depende da esimaiva da nova medida da produividade oal dos faores, que ainda não esá disponível.
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