EUCARISTIA PÃO DE VIDA NOVA

Transcrição

1 HORA SANTA EUCARÍSTICA EUCARISTIA PÃO DE VIDA NOVA O texto inspira-se no da Comissão Pastoral-Missionária do Grande Jubileu do Ano 2000, editado entre nós com o título Eu sou a vida do mundo (Paulinas, Lisboa, 1999, 19-56). De facto, «no sacramento da Eucaristia, o Salvador, que incarnou no seio de Maria há vinte séculos, continua a oferecer-se à humanidade como fonte de vida divina» (TMA 55). Sugestões de utilização Uma Hora de Adoração Eucarística na noite de Quinta-Feira Santa. Hora Santa Eucarística, na da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo. Catequese sobre a Eucaristia em contexto de celebração. I. AMBIENTAÇÃO Esmerar-se no arranjo do espaço. Pode fazer-se um cartaz com o título. Todas as pessoas o mais próximo possível da zona da celebração. Música de fundo: Ave verum. MONITOR: Irmãos, estamos aqui para viver juntos uma Hora Santa Eucarística. Vamos escutar com fé a Palavra de Deus, cantar, reflectir em silêncio, adorar O Senhor, louvá-lo e dar-lhe graças pelo dom, o mistério e o sacramento da Eucaristia. De joelhos. Os ministros e intervenientes entram em silêncio e ficam algum tempo ajoelhados, em adoração. Depois, canta-se: CÂNTICO DE INTERIORIZAÇÃO 1. Pai do céu, eu Te adoro. 2. Jesus Cristo, eu Te adoro. Eu Te ofereço a minha vida. Eu Te ofereço a minha vida. 3. Espírito Santo, eu Te adoro. 4. Trindade Santa, eu Te adoro. Eu Te ofereço a minha vida. Eu Te ofereço a minha vida. Depois disso, os Ministros levantam-se e sentam-se, tal como a Assembleia. II. CELEBRAÇÃO Admonição à Palavra. A Eucaristia é um mistério, uma realidade salvífica. As suas riquezas somente são acessíveis a quem acolher palavra reveladora de Jesus. Escutemos, então, o próprio Jesus, que quis revelar a verdade e a beleza deste mistério da fé. LEITURA DO EVANGELHO DE S. JOÃO Leitura do santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João: (Jo 6, )

2 Estava a aproximar-se a Páscoa, a festa dos judeus. No dia seguinte à multiplicação dos pães, ao ver a multidão que foi para Cafarnaúm à sua procura, Jesus disse-lhes: «Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará; pois a esse é que Deus, o Pai, confirma com o seu selo.» Disseram-lhe então: «Senhor, dá-nos sempre desse pão!» Respondeu-lhes Jesus: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome e quem crê em mim jamais terá sede. Mas já vo-lo disse: vós vistes-me e não credes.» Os judeus puseram-se, então, a murmurar contra Ele por ter dito: Eu sou o pão que desceu do Céu ; e diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José, de quem nós conhecemos o pai e a mãe? Como se atreve a dizer agora: Eu desci do Céu?» Jesus disse-lhes, em resposta: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair; e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia. [...] Em verdade em verdade vos digo: aquele que crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto, mas morreram. Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.» Então, os judeus, exaltados, puseram-se a discutir entre si, dizendo: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?!» Disse-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia, porque a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue, uma verdadeira bebida. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo Pai, também quem de verdade me come viverá por mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os antepassados comeram, pois eles morreram; quem come mesmo deste pão viverá eternamente.» Depois de o ouvirem, muitos dos seus discípulos disseram: «Que palavras insuportáveis! Quem pode entender isto?» Mas Jesus, sabendo no seu íntimo que os discípulos murmuravam a respeito disto, disse-lhes: «Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? É o Espírito quem dá a vida; a carne não serve de nada: as palavras que vos

3 disse são espírito e são vida. Mas há alguns de vós que não crêem.» A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram para trás e já não andavam com Ele. Então, Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» Respondeu-lhe Simão Pedro: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus.» Palavra do Senhor. CÂNTICO (frei Acílio) não sabendo o cântico, proclamar o texto. 1. Ó Senhor, nós temos fome! O pão da terra, sustento E partilha com o irmão. (Jo 6,4-13) R/ Senhor, dá-nos sempre deste pão! 2. Ó Senhor, nós temos fome! O pão da tua Palavra, Mensagem de Salvação. (Am 8,11) 3. Ó Senhor, nós temos fome! O pão da Eucaristia Na Ceia da Comunhão. (Jo 6,54-58) 4. Ó Senhor, nós temos fome! O pão da vida, que é Cristo, Fonte de Libertação. (Jo 6,35-40) 5. Ó Senhor, nós temos fome! O pão do Espírito Santo, Dinamismo da Missão. (Lc 11,9-13) REFLEXÃO 1 No capítulo sexto do Evangelho de João ecoa a revelação do Pão da vida em várias modulações progressivas. Na Eucaristia, Jesus revela-se como dom do Pai, ou melhor, como pão do Pai: «É o meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do Céu, pois o pão de Deus é aquele que veio do Céu e dá vida aos homens» (Jo 6,32-33); define-se a si próprio como Pão da vida que é necessário comer mediante a fé: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome e quem crê em mim jamais terá sede» (Jo 6,35); reafirma com insistência a sua identidade como pão da vida oferecido para ser comido, não obstante a murmuração dos judeus perante as suas palavras. De facto, Ele afirma: «Eu sou o pão que desceu do Céu» (Jo 6,41) e explicita o significado desta expressão quando explicita o que ele é: «Eu sou o pão que dá vida... Este é o pão que desceu do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu» (Jo 6, ); identifica-se a si mesmo projectando no futuro o dom que fará de si num misterioso pão, cuja identidade somente se revelará

4 na última Ceia: «E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo» (Jo 6,51); reassume a sua mensagem antes do final do capítulo com estas palavras: «Este é o pão que desceu do Céu... Quem come mesmo deste pão viverá eternamente» (Jo 6,58). 2 A revelação da Eucaristia como pão da vida que é Jesus, e que Ele dará no momento oportuno, como continuidade da sua presença na Igreja, está expressa numa típica teologia joanina. Leitor 1: Na expressão «Eu sou» percebe-se a revelação de Jesus como Deus (Ex 14); mas também como um Deus presente e cheio de condescendência, que desce e se abaixa por amor para acompanhar a humanidade no seu caminho. Leitor 2: Ele é o Deus no meio de nós que nos alimenta espiritualmente com o maná da sua palavra. Jesus é o Pão-Palavra que nutre os fiéis que dele se aproximam com fé, atraídos pelo Pai (Jo 6,44). Leitor 1: O simbolismo do Pão da vida manifesta o próprio carácter da pessoa de Jesus: é um dom do Pai, e a sua presença viva entre nós comunica a vida, suscita a comunhão. 3 Também é importante apreender nesta revelação as ressonâncias entre o mistério da Encarnação e a Eucaristia. Jesus desceu do Pai. É a Palavra definitiva de Deus que desce do Céu para dar fruto (Is 55,10-11). A referência ao pão que é a sua carne pela vida do mundo evoca o mistério da Palavra feita carne (Jo 1,14). É na Encarnação que Cristo se torna pão da vida. Quem quiser encontrar Jesus, depois do seu regresso ao Pai, poderá fazê-lo no pão da vida que Ele dará na Ceia, e que é a sua carne, a sua pessoa de Verbo incarnado, que continua o mistério da presença e da condescendência na sua Igreja. Assim o pode exprimir João na experiência concreta da sua comunidade cristã, à qual dedica o seu Evangelho. De facto, parece que João põe em relevo a relação que existe entre a verdade da Encarnação e a verdade da Eucaristia. A Encarnação do Verbo não é uma aparência, como afirmavam os «docetas» (Jo 4,2-3; 2 Jo 7), mas uma realidade viva, tal como a Eucaristia não é uma aparência mas sim a verdadeira carne de Jesus. 4 No contexto destes ensinamentos iniciais de João emergem também exigências da revelação eucarística. Leitor 1: Assim como Jesus descido do Céu e feito carne habitou no meio de nós (Jo 1,14) como o Emanuel, o Deus connosco, assim também a sua futura presença no pão da Eucaristia será uma presença próxima na Igreja, no meio de nós. Leitor 2: Assim como Jesus está agora diante dos apóstolos e dos judeus como pão da vida descido do Céu, assim também estará presente depois da sua Ascensão na comunidade dos discípulos, como pão da vida, mediante a Eucaristia. Leitor 1: Assim como ninguém pode aproximar-se de Cristo sem a fé, dom de Deus Pai, assim também ninguém poderá entrar em comunhão com o pão da vida se não acolher mediante a fé o dom que Ele faz aos seus discípulos.

5 4 Na evocação da carne doada pela vida do mundo é sugerido também todo o mistério daquele dom que é a Encarnação redentora que atinge o seu vértice na hora suprema da sua morte, quando Ele dá a vida pelos seus amigos (Jo 15,13). Jesus é o pão da vida, porque n Ele estava presente a vida no seio do Pai, porque a vida se manifestou na Encarnação, porque foi oferecida ao Pai e derramada sobre nós com a sua morte e com o dom do seu Espírito (Jo 19,30.34; 20,22). Não falta sequer um aceno à realidade de Jesus no vértice supremo da sua glorificação, para a qual tende toda a vida do Filho: a ressurreição. O pão que Ele dá contém em si mesmo a vitalidade da ressurreição: «e Eu o ressuscitarei... Quem comer deste pão vive para sempre» (Jo 6,54.58). Somente a carne ressuscitada pode dar a ressurreição. A Eucaristia é a carne de Cristo que dá a vida eterna e promete a ressurreição final. O cristão nutre-se de Jesus, Verbo incarnado, que morreu por nós e ressuscitou. TEMPO DE SILÊNCIO PARA ORAÇÃO INDIVIDUAL Diante da Eucaristia, cada fiel e as comunidades cristãs manifestam o rosto da Igreja Esposa em adoração, oração e contemplação. ADORAÇÃO: o mistério ultrapassa a nossa compreensão, e o amor do Deus da vida tão próximo de nós pede a nossa acção de graças. ORAÇÃO sintonizada com os sentimentos de Jesus diante do Pai: adoração, louvor, bênção, invocação e memória; oferta de si ao Pai com Cristo no Espírito Santo; intercessão pela salvação de todos. CONTEMPLAÇÃO: silenciosa mas cheia de fé e de amor, em íntima familiaridade e amizade com Cristo. ORAÇÃO UNIVERSAL PRESIDENTE: Na situação actual do mundo, em que a celebração do Grande Jubileu lembra a vinda à terra do Filho de Deus feito homem, a Eucaristia, Pão vivo descido do céu para a vida de toda a humanidade, leva a pôr em prática a palavra do Evangelho universal da salvação. Peçamos a Jesus Cristo, Pão da vida, que nos leve a trabalhar para que não falte a nenhuma pessoa e a nenhum povo aquele pão que ainda falta a muitos: 1. Falta o pão da paz e da justiça, onde há guerra e não são respeitados os direitos da pessoa humana, da família e dos povos: R/ Senhor, dá-nos sempre desse pão! (música: frei Acílio) 2. Falta o pão da palavra de Deus, onde Cristo, Pão da vida, ainda não foi anunciado e as pessoas carecem do alimento e da bebida para a fome e a sede do espírito: R/ 3. Falta o pão da verdadeira liberdade, onde não se pode professar abertamente a própria religião: R/

6 4. Falta o pão da fraternidade, onde não é reconhecido e actuado o sentido da comunhão universal na paz e na concórdia: R/ 5. Falta o pão da unidade entre os cristãos, divididos na partilha do mesmo pão e do mesmo cálice, sem darem o testemunho necessário para que o mundo acredite: R/ (pp ) PAI NOSSO... (cantado) PRESIDENTE: Senhor Jesus, Tu és o único Salvador do mundo. És o pão descido do céu. És o pão da vida nova. És o mesmo ontem, hoje e sempre Ao celebrarmos o Jubileu da tua Encarnação, concede-nos viver as exigências da Eucaristia, através de um novo estilo de vida filial para com Deus e fraterna para com todos, incluindo uma vida social expressa no dom de si, na paz, na comunhão de bens e na caridade, segundo a medida do teu amor entregue por nós. Tu, que és Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. R/ Ámen. III. CONCLUSÃO CÂNTICO (música de frei Acílio) R/ Jesus Cristo, Pão da vida, Jesus Cristo, Pão do Amor, Flor de trigo repartida, Nossa Festa és tu, Senhor! 1. Felizes os convidados Para a Ceia do Senhor! Caminhamos irmanados Ao encontro do Amor. Na comunhão recebemos Corpo e Sangue de Jesus. Tudo o que somos e temos Se transforma pela Cruz. 2. Quem comunga o Pão dos fortes, Faz da vida uma missão; E entre os homens, seus consortes, Anuncia a salvação. Instrumentos de alegria, Repartindo vinho e pão, Vamos ser no dia a dia Povo santo em comunhão. DESPEDIDA Prolongando na vida o que foi celebrado no mistério, os fiéis e a comunidade aprendem a tornar eucarística também a própria existência. De facto, assim como Jesus é Eucaristia para o Pai e para a Igreja, assim também a Igreja que vive de acordo com a fé professada e celebrada, fazendo da sua própria existência um culto espiritual agradável a Deus, pode tornar-se, em cada expressão do seu agir e do seu sofrer, eucaristia para o Pai e para o mundo. Deste modo, o povo de Deus, peregrino no mundo, encontra no pão eucarístico, alimento dos viajantes, o maná para o seu caminho, o pão para a sua peregrinação, com a certeza de chegar à meta. (p. 56) Comprometidos com isto, vamos em paz e que o Senhor nos acompanhe. DESPEDIDA Cântico final, a critério, ou saída em silêncio, conforme as circunstâncias.