Colégio Santa Dorotéia

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1 Colégio Santa Dorotéia Área de Códigos e Linguagens Disciplina: Língua Portuguesa Ano: 1 o Ensino Médio Professora: Nathália Greco Língua Portuguesa Atividades para Estudos Autônomos Data: 5 / 6 / 2017 Aluno(a): N o : Turma: TEXTO I LEIA o texto abaixo com atenção para responder às questões que seguem. O PLÁSTICO ESSENCIAL Em sua Ode triunfal, Álvaro de Campos heterônimo modernista de Fernando Pessoa, faz um elogio maravilhado da beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. No clima de êxtase com o progresso, o poeta se referia à beleza das máquinas: motores, guindaste, luzes elétricas, correias de transmissão, rodas dentadas, chumaceiras, engenhos, calor mecânico, eletricidade. Antecipando em seu êxtase os prazeres da interação do seu próprio corpo com esse universo, o poeta expressava a beleza dos maquinismos em fúria por meio de nexos entre a terminologia própria do mundo das máquinas e termos corporais e sexuais. A Ode triunfal fez sentido em um tempo analógico em que as máquinas e o corpo humano viviam em tensão. O corpo ainda estava presente nesse, mas foi descartado em nossa época virtualdigital. Em seu lugar, o plástico surgiu como uma nova matéria capaz de substituí-lo. Materialidade artificial que se torna universal no tempo e no espaço, o plástico é a substância de nossa época. Se um dia o foi homem-máquina, hoje o homem-plástico. A relação do corpo com as máquinas perdeu-se de vista, porque nossos corpos tornaram-se íntimos do plástico. Mimetizaram-no. Fora de nós há o plástico na forma das coisas, do mesmo modo que dentro de nós, na forma de cirurgias, implantes, próteses. Nossa carne é moldada nas academias como se fosse de plástico. Nossa pele deve ser lisa como ele. Materialidade morta, o plástico usurpa o lugar da natureza perecível e promete o imperecível. Nascido em laboratório, o plástico serve à produção de todos os aparatos de nossa época. Aparelhos como máquinas de fotografar, televisores, celulares, são feitos de materiais plásticos. O plástico não é apenas matéria, mas o fundamento e o principio que reorganizam a condição da materialidade as coisas que usamos, o mundo que nos cerca na direção de uma contraditória vida artificial. Nossas emoções, compreensões e ações modificam-se no confronto com o vasto universo da materialidade, cuja história está por ser escrita. Ela precisa incluir o plástico e sua pré-história. De certo modo, todo o desejo é plástico, todo desejo é plástico de completude. Podemos falar de um desejo falso. Mas em nossa época conhecemos o desejo pelo plástico que nos completa artificialmente. Nesse caso, não falamos do desejo com busca de prótese como metáfora da completude inalcançável, mas literalmente como que se tem à mão um prazer imediato, nada tenso com a desproporção com as máquinas. Perna mecânica, olho de vidro, peito de silicone têm estatuto semelhante ao da tela, da máquina de fotografar, do computador portátil, do aparelho celular. Próteses físicas, afetivas, cognitivas que nem sempre nos servem, mas às quais servimos. O corpo torna-se sobra [...]. rapidamente substituído no tempo do culto ao plástico, submetido ao prazer da completude do plástico, o corpo descobre que silicone é o destino. Siliconados, plastificados, aparelhados, somos felizes portadores de próteses. O telefone celular, concentrado de tantos aparelhos, é a prótese de todas as próteses. Ao alcance das mãos, como um fetiche certo: ele o porta, ele o exibe, ele o toca. Plástico essencial que combina com a vida artificial. (TIBURI, Márcia. Disponível em: Revista Cult n.198, edição de fevereiro de 2015, adaptado.) Colégio Santa Dorotéia 1

2 QUESTÃO 1 EXPLIQUE o título atribuído ao texto de Márcia Tiburi. Língua Portuguesa QUESTÃO 2 Após a leitura do texto, seria possível afirmar que o vocábulo plástico, do título, poderia ser substituído, principalmente, pela palavra. QUESTÃO 3 Segundo se depreende do texto lido, há uma oposição entre o homem-máquina e o homem-plástico no que se refere à sua relação com os aparatos. EXPLICITE essa oposição. QUESTÃO 4 O texto de Márcia Tiburi apresenta clara postura subjetiva da autora, ou seja, um posicionamento crítico frente um assunto, uma ideia. ARGUMENTE a favor dessa afirmação, tendo em vista a tipologia textual predominante do texto. 2 Colégio Santa Dorotéia

3 TEXTO II Língua Portuguesa LEIA o fragmento abaixo de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus ( ) para responder as questões que se seguem. Escritora brasileira que se tornou conhecida quando, em 1960, publicou o livro Quarto de despejo, diário de uma favelada. Moradora da favela de Canindé, na cidade de São Paulo, a autora registra em um diário o cotidiano cruel do qual é testemunha. São histórias vividas por essa mulher negra de origem humilde, que estudou apenas até o segundo ano do ensino fundamental, mas fez da escrita um instrumento para refletir sobre a sua condição. Carolina superou todos os estigmas e tornou-se referência para as discussões sobre o preconceito social e racial no Brasil. Seu livro já foi obra indicada para concursos de vestibulares importantes no país, como a UFMG e a Unicamp. 21 DE MAIO Passei uma noite horrível. Sonhei que eu residia numa casa residível, tinha banheiro, cozinha copa e até quarto de criada. Eu ia festejar o aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu ia comprar-lhe umas panelinhas que há muito ela vive pedindo. Porque eu estava em condições de comprar. Sentei-me na mesa para comer. A toalha era alva ao lírio. Eu comia bife, pão com manteiga, batata frita e salada. Quando fui pegar outro bife despertei. Que realidade amarga! Eu não residia na cidade. Eu estava na favela. Na lama, as margens do Tietê. E com 9 cruzeiros apenas. Não tenho açucar porque ontem eu saí e os meninos comeram o pouco que eu tinha. - Quem deve dirigir é quem tem capacidade. Quem tem dó e amisade ao povo. Quem governa o nosso paiz é quem tem dinheiro, quem não sabe o que é fome, a dor, e a aflição de ser pobre. Se a maioria revoltar-se, o que pode fazer a minoria? Eu estou ao lado do pobre, que é o braço. Braço desnutrido. Precisamos livrar o paiz dos políticos açambanhadores. (JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 8 ed. São Paulo: Ática, 1999, p.35. fragmento.) QUESTÃO 5 Leia com atenção a Nota dos Editores de Quarto de despejo: Esta edição respeita fielmente a linguagem da autora, que muitas vezes contraria a gramática, mas que por isso mesmo traduz com realismo a forma de o povo enxergar e expressar seu mundo. ELABORE uma hipótese para explicar por que Carolina de Jesus grafou a palavra amisade (início do segundo parágrafo) dessa maneira. Colégio Santa Dorotéia 3

4 Língua Portuguesa QUESTÃO 6 Em que momentos é possível perceber por que a autora teve a intenção de adequar o seu texto ao padrão culto da língua usando vocabulário e estruturas mais sofisticadas? JUSTIFIQUE com elementos do texto. Para responder às questões 7 e 8, analise a tirinha abaixo de Angeli. TEXTO III Disponível em: QUESTÃO 7 ASSINALE a alternativa que compara corretamente a charge de Angeli com os relatos de Carolina Maria de Jesus: a) A charge de Angeli faz uma crítica àqueles que têm privilégios, como o acesso abundante a bens supérfluos, bem como o diário de Carolina de Jesus, quando ela menciona o episódio do açúcar. b) Assim como o diário de Carolina, a charge é um retrato da realidade dos brasileiros que enfrentam a pobreza e não têm muitas de suas necessidades básicas atendidas. c) Carolina de Jesus e Angeli, com suas obras, descrevem o cotidiano dos catadores de papel na região metropolitana de São Paulo. d) Ambos os textos mostram pais ou mães de crianças pobres tentando conscientizar seus filhos sobre problemas sociais do país. e) Toda charge e todo diário são gêneros específicos para denunciar situações sociais e levar o leitor a refletir sobre determinada situação da atualidade. Como podemos observar com a charge de Angeli e o trecho do diário de Carolina de Jesus. 4 Colégio Santa Dorotéia

5 Língua Portuguesa QUESTÃO 8 Ainda comparando o diário de Carolina de Jesus com a charge de Angeli, JULGUE as afirmativas como verdadeiras ou falsas. ( ) Embora a charge tenha sido publicada 40 anos após o livro Quarto de despejo, a comparação entre os textos mostra que pouco mudou a realidade da população que vive sem acesso a moradia digna nas grandes cidades brasileiras. ( ) O problema da fome decorrente da pobreza é abordado na charge e no trecho do diário: Eu comia bife, pão com manteiga, batata frita e salada. Quando fui pegar outro bife despertei. Que realidade amarga! Eu não residia na cidade. Eu estava na favela. ( ) Carolina Maria de Jesus não chega a fazer críticas à realidade que a cerca e se limita a descrevê-la, assim como os personagens desenhados por Angeli. QUESTÃO 9 (SANTA CASA) As palavras após e órgãos são acentuadas por serem respectivamente a) Paroxítona terminada em s e proparoxítona b) Oxítona terminada em O e paroxítona terminada em ditongo c) Proparoxítona e paroxítona terminada em S d) Monossílabo tônico e oxítona terminada em O e) Proparoxítona e proparoxítona QUESTÃO 10 ASSINALE a opção em que as palavras, quanto à acentuação gráfica, estejam agrupadas pelo mesmo motivo gramatical: a) Problemáticos, fácil, álcool b) Também, último, análises c) Porém, detém, experiência d) País, atribuíram, saúde e) Já, até, só QUESTÃO 11 ASSINALE a opção em que todos os vocábulos deveriam estar acentuados graficamente: a) Perdoo, balaustre, bambu b) Itens, assembleia, gratuito c) Tuneis, juri, pessoa d) Fumodromo, estrategica, nectar e) Arabe, apoio, nuvens Colégio Santa Dorotéia 5

6 Língua Portuguesa QUESTÃO 1 GABARITO O título O plástico essencial evidencia a discussão que a autora pretende abordar em seu texto. Como se trata da estreita relação entre o material plástico e a vida moderna, o título demonstra, principalmente pelo adjetivo essencial, como essa matéria prima tem se tornado importante na vida do ser humano, através dos aparelhos eletrônicos como o celular - e próteses corporais. QUESTÃO 2 Resp.: celular QUESTÃO 3 Segundo Márcia Tiburi, na contemporaneidade, ocorreu uma troca de homem-máquina para homemplástico, devido à importância que se tem dado a esse material. Como é discutido no texto, anteriormente havia uma relação entre o corpo com as máquinas industriais, porém, atualmente, há uma forte relação com o plástico, seja através dos aparelhos eletrônicos, seja pelas próteses, ou até mesmo o corpo trabalhado na academia. Sendo possível, assim, a troca de homem-máquina, de antes, por homem-plástico, de agora. QUESTÃO 4 Pode-se afirmar que o texto O plástico essencial, de Márcia Tiburi, apresenta como tipologia textual o dissertativo-argumentativo. Os gêneros que fazem parte dessa classificação apresentam, em sua estrutura, marcas de subjetividade, como o uso da 1 a pessoa do singular e, principalmente, a forte intenção de expor o seu ponto de vista e a tentativa de persuadir o leitor. Assim, a autora deixa claro sobre o seu posicionamento frente a relação entre o homem e os celulares. QUESTÃO 5 Segundo a norma-padrão culta da língua portuguesa, há uma regra de ortografia que prevê que o s entre duas vogais possui o mesmo som do z, como no caso da palavra casa. Acredita-se que a autora, ao grafar a palavra amizade, com s e não com z, se valeu dessa convenção. Porém, de acordo com a gramática normativa, substantivos abstratos derivados de adjetivo, como no caso em questão, são grafados com z. QUESTÃO 6 Há uma clara mistura entre o registro da norma-padrão e uma variante social nesse trecho do diário. Observa-se que a escritora faz uso da norma culta da língua portuguesa quando ela relata o seu sonho. Por se tratar de um sonho em que se tem elementos de uma classe social mais favorecida, a autora aciona a variante padrão, como a correta colocação pronominal, Sentei-me na mesa para comer e comprei-lhe umas panelinhas. Evidencia, assim, que no sonho, quando ela se aproxima de uma classe social elevada, ela utiliza a norma-padrão culta da língua. QUESTÃO 7 Resp.: b QUESTÃO 8 Resp.: V V F QUESTÃO 9 Resp.: b QUESTÃO 10 Resp.: d QUESTÃO 11 Resp.: d 6 Colégio Santa Dorotéia