GEOMORFOLOGIA AMBIENTAL APLICADA AO ESTUDO DOS MOVIMENTOS DE MASSA DA SERRA DO ESPINHO, PILÕES PB
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- Ana Beatriz Benevides Taveira
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1 GEOMORFOLOGIA AMBIENTAL APLICADA AO ESTUDO DOS MOVIMENTOS DE MASSA DA SERRA DO ESPINHO, PILÕES PB Joab Ítalo da Silva Ferreira - PIBIC/UEPB joabgba@yahoo.com.br Filipe Mendes Henrique- PIBIC/UEPB filipehenriquebr@hotmail.com Orientador Profº Dr. Lanusse Salim Rocha Tuma UEPB/DGH lanussetuma@yahoo.com.br RESUMO A geomorfologia é a ciência que estuda o relevo e os processos atuantes no seu modelado, o objetivo desta pesquisa de iniciação cientifica é analisar a dinâmica geomorfológica da Serra do Espinho enfatizando os movimentos de massa e os processos que ocorrem nas encostas (escorregamentos, desmoronamento do regolito, queda de blocos, etc). A área de pesquisa localizase na mesorregião do agreste e microrregião do brejo paraibano inserida no Planalto da Borborema e pertence à Unidade Geoambiental do Planalto da Borborema, com um relevo movimentado e vales profundos estreitos e bastante dissecados que influencia importantemente a dinâmica geomorfológica local e toda rede de drenagem dos rios Araçagi-Mirim e Araçagi, todos pertencentes à Bacia Hidrográfica do Mamanguape. Através desta pesquisa podemos aprofundar os conhecimentos a cerca da geomorfologia regional no âmbito da região geotectônica do Planalto da Borborema e também identificar os riscos de desmoronamento de encostas, bem como outros processos de vertentes que interferem diretamente os moradores das áreas de encosta. Para a inicialização deste estudo foi adotado os procedimentos propostos por Ab Saber (1969), que são: compartimentação topográfica, estrutura superficial, fisiologia da paisagem com o intuito de se realizar uma melhor análise da dinâmica geomorfológica de nossa área em estudo. Para tanto, fez-se necessária uma vasta pesquisa bibliográfica a cerca da metodologia aplicada, geomorfologia ambiental, além de várias pesquisas in loco que nos pautou melhor sobre a área. Utilizou-se também de mapa geomorfológico elaborado pela AESA (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba). Como a nossa pesquisa está em fase inicial, dizemos previamente que A Serra do Espinho apresenta um forte controle tectônico que pode ser constatado nos vários sistemas de falhas e fraturas dispostos no substrato rochoso e nas formas de relevo local. Palavras- chave: Geomorfologia, encosta, ambiente. INTRODUÇÃO Os estudos na área da Geomorfologia remontam desde o final do século XVIII, quando na época Hutton ( ) em seus trabalhos já abordava a natureza de uma maneira sistematizada, coerente e racional. A necessidade crescente da comunidade científica para entender os processos que atuam na superfície terrestre conduziu à Geomorfologia uma nova abordagem teórico-metodológica marcada pelo aspecto interdisciplinar, visto que os estudos para serem respaldados teoricamente obrigaram os cientistas à utilização de outras ciências naturais e da terra, dentre elas a Geologia, Pedologia, Botânica, Sedimentologia, Climatologia, e demais ciências afins. Sendo dessa forma a ciência que permite estudar de forma integrada a complexa relação entre o homem e o meio ambiente. A combinação infinita e aleatória destes fatores torna a estrutura, o estudo e o encaminhamento de soluções, tarefas para uma abordagem não mais entre disciplinas isoladas, mas, sim, transdiciplinar (GUERRA; MARÇAL, 2006).
2 Dessa forma a Geomorfologia atua em conjunto com os anseios da sociedade contemporânea, pois está a cada instante buscando diagnosticar os problemas ambientais que o homem sofre em decorrência do mau uso dos recursos naturais bem como planejar para preservar o meio e para usar racionalmente os recursos naturais sem romper o equilíbrio do ecossistema (PENTEADO, 1980). A geomorfologia ambiental é o ramo da ciência que dá suporte teórico e conceitual para o levantamento de questões relacionadas ao uso dos recursos naturais análise das propriedades do terreno, como também aponta medidas a serem tomadas para amenizar a ação impactante das ações humanas sobre o ambiente. A principal unidade de relevo a nível regional é o Planalto da Borborema, onde a Serra do Espinho se faz presente como um contraforte desta sobrepujante unidade geomorfológica. Trata-se de uma extensa unidade integrante do Ciclo Brasiliano com núcleos arqueados de embasamento cristalino, configurando-se na paisagem como uma extensa e complexa formação dobrada onde já aconteceram importantes eventos tectônicos no decorrer do Pré-Cambriano. OBJETIVOS Como o objetivo geral desta pesquisa pretende analisar a Geomorfologia Ambiental voltada ao planejamento em áreas rurais na Serra do Espinho, na região paraibana de Pilões, este estudo apresenta enfoques dos eventos geomorfológicos em escala regional e local. MATERIAIS E MÉTODOS O direcionamento metodológico utilizado nesta pesquisa é baseado nos preceitos indicados por Ab Sáber (1969 apud JATOBÁ; LINS, 2003) para sistematização da pesquisa geomorfológica, no qual analisa o relevo considerando não somente o uso e os fenômenos locais, mas observa também as grandes formações regionais responsáveis por sua esculturação. O professor Ab Saber em seus estudos considerou o relevo em três níveis de tratamento: compartimentação topográfica, estrutura superficial, e fisiologia da paisagem. Para compartimentar o relevo é preciso entender as características específicas de cada domínio morfológico e entender de maneira individual cada domínio. Dessa forma não pode deixar de ser considerado o processo evolutivo, estrutural, e sua ligação aos processos morfogenéticos que aconteceram ao longo do tempo. Através da estruturação superficial é possível compreender os processos morfogenéticos que nos dias atuais resultam na camada superficial de uma determinada forma de relevo, considerando a morfodinâmica local e sua associação às propriedades de um terreno.
3 O terceiro nível de abordagem estuda a funcionalidade atual do relevo inserindo o homem nesse processo na perspectiva de agente modificador e modelador dos ambientes naturais. Para subsidiar esse estudo foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica em fontes confiáveis e ligadas ao tema, para fundamentar o arcabouço teórico e metodológico do tema em questão. As referências bibliográficas obtidas serviram para um melhor aprofundamento e interpretação das questões e dos problemas aqui abordados. Foi realizado também um amplo registro cartográfico da área através de mapa geológico e geomorfológico, cartas topográficas, imagens de satélite. Na etapa de campo através de ajudas de outros pesquisadores, foi realizada uma série de análise e classificações geomorfológicas em diversos pontos da Serra do Espinho, proporcionando uma visão holística do geo-ambiente à nível local e regional. RESULTADOS E DISCUSSÕES A área da pesquisa, de acordo com a carta topográfica elaborada pela SUDENE, possui cotas altimétricas que variam em torno de 200 a 500 metros de altitude. Apresenta também um relevo escarpado com vales encaixados em formato de V adaptado à morfologia local. Os maciços e esporões marcam a paisagem geomorfológica ora com feições bastante arredondadas resultado da ação erosiva, ora de forma abrupta. O rio Araçagi, principal afluente da região, atua como principal agente de dissecação do relevo local, com um canal fluvial encaixado nas partes mais altas da encosta e aberto no fundo do vale. A partir do enfoque conceitual pode-se dizer que o processo evolutivo natural da encosta oriental da Borborema começa a sofrer o que Casseti (1991) ressalta em seus estudos, onde reafirma o papel das ações humanas e suas relações com a morfodinâmica local. A multiplicidade das ações humanas nas vertentes da Serra do Espinho além de modificar a paisagem acelera o processo de desmoronamentos de blocos rochosos em alguns trechos, bem como é visível os pontos onde a erosão hídrica é evidente e bastante acelerada, causando um maior desprendimento de sedimentos que consequentemente chegam ao leito do rio principal. Percebe-se também que a intensidade da chuva sobre o solo desnudo em alguns pontos acentua a erosão em sulcos, desprendendo as partículas do material rochoso. Portanto, como relata Brasil (2003), a ocorrência de chuvas mais intensas e concentradas, intensifica também o poder erosivo causado. Nas áreas onde a topografia é bastante íngreme o poder de descarga dos materiais sólidos é acentuado pela força gravitacional, ou seja, as partículas do solo desprendem-se com facilidade, este é o processo natural. Porém na Serra do Espinho a retirada da cobertura vegetal e a agricultura de
4 subsistência sem planejamento adequado são fatores que em conjunto alteram a dinâmica dos elementos físicos e os tornam resultados de ações humanas negativas ao sistema natural. Além do mau uso dos recursos naturais, atualmente existem várias áreas de empréstimo, onde foram retirados materiais para a construção de uma rodovia estadual cujo trajeto acompanha o leito maior do rio Araçagi Figura 1 Área de empréstimo. Fonte: Arquivo pessoal do autor, Figura 2 Processo de ravinamento Fonte: Arquivo pessoal do autor, Além dos processos erosivos naturais, esses dois pontos são locais onde a erosão hídrica é evidente e bastante acelerada pela ação do homem. O que causa um maior desprendimento de materiais sólidos que conseqüentemente chegarão ao leito do rio principal. Esses sedimentos formam uma capa sedimentar sobre o embasamento cristalino que aflora no Planalto da Borborema. Casseti (1991) complementa o fato quando afirma que além do fator declividade incluem-se ainda o comprimento de rampa e a forma geométrica da vertente, como intensificadores dos processos morfogenéticos ou diferenciadores da intensidade do fluxo por terra. A esculturação das formas do embasamento cristalino aflorante nesse rebordo do Planalto da Borborema é resultante do processo de esfoliação esferoidal juntamente à termoclastia que age de forma intensa sobre os maciços rochosos modelando os matacões situados na base das encostas e próximos dos canais fluviais. Matacões Figura 03- Movimentação de material rochoso
5 A perda da cobertura vegetal é outro fator de desequilíbrio do sistema natural da vertente, uma vez que ao ser retirada a cobertura vegetal, o solo fica exposto e suscetível a uma ocorrência de movimentos de massa acentuados. Podendo aumentar o assoreamento dos rios que estão sob o domínio da bacia do Rio Mamanguape. As cavernas, paredões, engenhos, estão presentes também na Serra do Espinho configurando que essa área possui também um alto potencial turístico que precisa ser planejado para que a utilização seja sustentável e economicamente viável. Ressalta-se, também, que os hábitos culturais adotados para o manejo agrícola pelos que residem no entorno interfere diretamente na morfodinâmica local, uma vez que os produtos agrícolas são cultivados as obedecendo as curvas de nível em áreas com declive acentuado. CONCLUSÕES Com os levantamentos desta pesquisa envolvendo as etapas de gabinete, campo, e pós-campo, foi possível tecer algumas conclusões parciais que despertaram certa atenção, cujos diagnósticos precisam melhor trabalhados no futuro. Através do estudo da Geomorfologia Ambiental na Serra do Espinho em Pilões PB percebese que a área é responsável pelo escoamento agrícola do Brejo e parte do Agreste paraibano, visto que além de ser um barlavento favorecido pelas condições do micro-clima que ali ocorre. Os agricultores constroem suas residências em áreas próximas ao cultivo agrícola, ou seja, na própria vertente sem considerar os riscos dessas obras civis para o próprio homem e o ambiente. A respeito do turismo que pode ser explorado na Serra do Espinho, detectou-se o desinteresse por parte dos gestores públicos em potencializar e divulgar as áreas que despertam algum potencial. Doravante, é necessário repensar a maneira em que as áreas de encostas vêm sendo ocupadas e o uso e apropriação dos recursos naturais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Manual de Desastres. Vol. I. Brasília: CASSETI, V. Ambiente e apropriação do relevo. São Paulo: Contexto, GUERRA, A. J. T.; MARÇAL, M. dos S. Geomorfologia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
6 JATOBÁ, L.; LINS, R. C. Introdução à Geomorfologia. 4ª ed. revisada e ampliada. Recife: Bagaço, PENTEADO, M. M. Fundamentos de Geomorfologia. 3ª ed. Brasília: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1980.
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