RANKINGS ACADÊMICOS DO SETOR PRIVADO: AS REVISTAS SEMANAIS DE INFORMAÇÃO GERAL EM QUESTÃO.

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1 RANKINGS ACADÊMICOS DO SETOR PRIVADO: AS REVISTAS SEMANAIS DE INFORMAÇÃO GERAL EM QUESTÃO. Mariana Pfister Faculdade de Ciências Sociais Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas mariana.p1@puccamp.edu.br Prof. Dr. Adolfo Ignacio Calderón Programa de Mestrado em Educação Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas adolfo.ignacio@puc-campinas.edu.br Resumo: O artigo e analisa as matérias relacionadas a rankings universitários, publicadas nas cinco principais revistas de informações geral brasileiras: Veja, Isto É, Época, Exame e Carta Capital, entre os anos de 2013 a A seleção das matérias foram feitas a partir da busca nos portais das revistas com o descritor ranking, além de uma busca manual em algumas revistas. Após um levantamento das matérias estudou- se o perfil das revistas, suas missões, valores, além da publicação média de cada uma. Elaborou-se gráficos que apresentam o percentual de publicações sobre o tema de cada revista, além dos rankings principais que cada uma delas publicou. A queda da USP em 2013 e 2014 também foi analisada, de maneira que percebeu-se a grande importante das revistas como veículo formador de opinião pública. Palavras-chave: Educação superior, rankings, revistas semanais. Área do Conhecimento: Grande Área do Conhecimento Sub-Área do Conhecimento CNPq. INTRODUÇÃO Este artigo pretende analisar a forma como as principais revistas brasileiras, na modalidade revistas semanais de informação, tem abordado os rankings acadêmicos ou rankings universitários, no período de 2013 a 2014, com foco na queda de posições da USP na edição de 2014 do QS World University Ranking. Conforme Scalzo (2003), as revistas de informação geral são um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento. Foram pesquisadas as matérias divulgadas nas principais revistas de informação geral no Brasil na atualidade: Carta Capital, Época, Exame, Isto é, Veja, sendo quatro delas (Veja, IstoÉ, Época e Carta Capital) consideradas as mais importantes revistas semanais de informação geral no Brasil da atualidade; segundo os autores Luiz Antônio Araujo e Virginia Pradelina da Silveira Fonseca (ARAÚJO; FONSECA,2014), essas publicações constituem os mais influentes veículos jornalísticos no Brasil, com periodicidade fixa, abrangência e circulação nacional, ampla rede de sucursais no país e correspondentes no Exterior, são responsáveis pela circulação média semanal de 1,9 milhão de exemplares no Brasil. Estimativamente, são 7,5 milhões de leitores. Somadas, elas detêm 52% dos leitores de revistas semanais. Tabela 1: Maior circulação (média de janeiro a setembro de 2014, em número de exemplares) POSIÇÃO REVISTA EDITORA CIRCULAÇÃO PARTICIPAÇÃO NO MERCADO 1º VEJA ABRIL ,21% 2º ÉPOCA GLOBO ,54% 3º ISTO É TRÊS ,50% 18º CARTA CAPITAL CONFIANÇA ,88% Fonte: ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas) SOBRE AS REVISTAS: A missão de Veja é ser a maior e mais respeitada revista do Brasil. Ser a principal publicação brasileira em todos os sentidos. Não apenas em circulação, faturamento publicitário, assinantes, qualidade, competência jornalística, mas também em sua insistência na necessidade de consertar, reformular, repensar e reformar o Brasil. Da Editora Abril é: A Abril está empenhada em contribuir para a difusão de informação, cultura e entretenimento, para o progresso da educação, a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento da livre iniciativa e o fortalecimento das instituições democráticas do país. No site da revista, diz: o editorial de VEJA é baseado em independência, confiabilidade e compromisso com o leitor. Essa independência não diz respeito a

2 uma cobertura plural dos fatos; independência, para a Veja, é defender o sistema favorável aos interesses comerciais da Abril. (BENETTI; HAGEN,2010). A missão da Revista Época: Nossa missão é investigar e ajudar a entender o complexo mundo contemporâneo. É antecipar as tendências e captar o espírito do nosso tempo. É perseguir, toda semana, as principais notícias para delas extrair uma agenda de construção do amanhã. É aliar a força investigativa à capacidade analítica. É jogar luz no que há de mais relevante na atualidade, converter informação em conhecimento, transformar a confusão em clareza. Segundo Benetti e Hagen (2010) a representação de si da Veja e Época está relacionada ao poder econômico e político da Abril e da Globo. Essas editoras, que fazem parte de grandes grupos de comunicação, defendem o sistema capitalista, a livre iniciativa, a competitividade e o lucro. Evidentemente, esse posicionamento se manifestará na política editorial das revistas. A Revista Época não fica atrás e também se coloca como parte do poder político do país. Em sua missão institucional, afirma: Em nossas páginas e em nosso site, irrigamos os debates com pessoas, ideias e práticas inspiradoras de todos os lugares. É nosso dever ter uma visão crítica dos problemas do Brasil e do mundo, mas também propor uma agenda de soluções para eles. Nota-se que as duas revistas associam a democracia a visão da livre iniciativa do Neoliberalismo. IstoÉ e Carta Capital, por outro lado, não são publicadas por empresas de grande expressão econômica e não se posicionam, oficialmente, como revistas que devam indicar soluções para o país. (BENETTI; HAGEN,2010). A IstoÉ, é publicada pela Editora Três, uma empresa notoriamente conhecida por sua estratégia de buscar a excelência para seus produtos e a liderança nos segmentos em que atua. Modelo que fez da Editora Três a terceira maior editora de revistas do país. A apresentação, da IstoÉ reafirma-se na defesa da democracia: [A revista] Foi protagonista dos mais importantes fatos políticos e sociais das últimas décadas e teve participação de destaque na redemocratização do Brasil aliás, um dos pilares básicos de ISTOÉ é a defesa intransigente do Estado Democrático de Direito. A Carta Capital publicada pela Editora Confiança diz em seu site, Carta Capital se apresenta como Alternativa ao pensamento único da imprensa brasileira e presente em todas as plataformas digitais, Carta Capital nasceu calçada no tripé do bom jornalismo, aquele baseado na fidelidade à verdade factual, no exercício do espírito crítico e na fiscalização do poder onde quer que se manifeste. O diretor de redação, Mino Carta, reitera: O que se deve pedir ao jornalista é honestidade, ele tem que ser preciso ao relatar o que viu, o que sentiu, tentar ouvir todos os lados. Desde a sua origem, a publicação tornou-se uma das principais referências de formadores de opinião e leitura obrigatória da elite econômica e intelectual do País, afirma o texto de apresentação de Carta Capital. Em novembro de 2006 seu editor-chefe Mino Carta recebeu o prêmio de Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano, da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE). Esta revista, ao contrário das citadas anteriormente, possui uma equipe de apenas 11 jornalistas. A Revista Exame de periodicidade quinzenal, possui uma circulação de cerca de exemplares, sendo aproximadamente assinaturas. A cada 15 dias, EXAME chega a aproximadamente 700 mil de leitores. Sua missão é levar à comunidade de negócios informação e análises aprofundadas sobre temas como estratégia, marketing, gestão, consumo, finanças, recursos humanos e tecnologia. Segundo uma pesquisa do instituto Ipsos-Marplan, EXAME é lida por 91% dos presidentes das 500 maiores empresas instaladas no Brasil. Sua missão é: A Exame é a Revista da Abril que seleciona e organiza todas as informações que você precisa saber para se atualizar e acompanhar o mercado de negócios. Assinar a Revista Exame significa estar sempre informado sobre as últimas estratégias de negócios, economia, marketing, finanças, gestão e tecnologia. METODOLOGIA Em termos de método de pesquisa, utilizou-se os procedimentos próprios das pesquisas documentais, sendo as revistas nas quais foram publicados as matérias sobre os rankings acadêmicos ou rankings universitários nos anos de 2013 a 2014, a principal fonte de informação e análise. Seguindo orientações de Alves-Mazzoti e Gewandsznajder (1999), adotaremos a pesquisa documental como uma técnica de pesquisa exploratória, uma vez que não existem estudos sobre Rankings nas Revistas Carta Capital, Época, Exame, Isto é, Veja. Trata-se de uma pesquisa digital, ou seja, realizou-se um minucioso levantamento nos portais da web de todas revistas citadas. Todas elas contam com acervo digital, no qual é possível acessar edições anteriores na íntegra. Salvo as Revistas Carta Capital (Editora Confiança) que não possui em seu acervo algumas edições integralmente digitalizadas e a Revista Época (Editora Globo) que disponibiliza apenas edições de abril de 2012 pra trás, sendo assim, esta é a única revista analisada manualmente.

3 Além da procura feita edição por edição, foi feita uma busca no chamado buscador das revistas com o descritor rankings: em cada busca apareciam em média 720 resultados encontrados Carta Capital, 271 Revista Época, Exame, 1043 Isto É e 1342 Revista Veja. Já as edições impressas analisadas foram: Revista Carta Capital no ano de 2013 analisamos as edições 730 a 780, em 2014 edições de 781 a 831. Após o levantamento chegou-se a um total de 91 matérias, entre os anos de 2013 a 2014, tendo como descritor de busca a palavra rankings nas cinco principais revistas de informações brasileiras (Anexo I). De posse das matérias elaboramos uma Ficha de Coleta de Dados de cada matéria; nesta ficha havia primeiramente o nome da revista, em seguida, data da matéria, autor da matéria, referência completa segundo as Normas ABNT, link, um sumário contendo o título da matéria e o chapéu (um subtítulo), se as matérias traziam gráficos, tabelas ou quadros havia um campo para um pequeno resumo destes dados, assunto principal de que tratava a matéria, um espaço para algumas transcrições literais relevantes das matérias, qual ranking era mencionado, se a matéria abordava ou a metodologia do ranking mencionado, os tipos de universidades nacionais e/ou estrangeiras, o tipo de matéria: informativa, nota ou entrevista, a caracterização do enfoque da matéria: triunfalista, proativo, informativo, crítico, se havia algum posicionamento da revista, se sim qual seria e por fim as impressões do pesquisador. Foram portanto, elaboradas 91 dessas fichas de coletas de dados, além de um quadro síntese o qual nos permitiu enxergar com maior clareza os dados quantitativos das Revistas Semanais. RESULTADOS: Conforme a Tabela 2, é possível concluirmos diante dos dados identificados que Exame, Isto É, e Veja são, nesta ordem, as revistas que mais apresentam matérias relacionadas aos Rankings Universitários: Exame 57,77%, Isto É 18,88% e Veja 15,55%. Exame e Veja fazem parte da mesma editora Abril, a qual se autodeclara alinhada a valores Liberais: A Abril está empenhada em contribuir para a difusão de informação, cultura e entretenimento, para o progresso da educação, a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento da livre iniciativa e o fortalecimento das instituições democráticas do país. Justifica-se desta maneira, maior publicações relacionadas aos rankings nesta Editora, uma vez que, contextualizados os rankings na cultura da performatividade (BALL, 2002, p. 4) apresentam-se com inúmeras funções que lhes permite ganhar certa legitimidade, atuando na condição de: a) instrumentos de utilidade pública que auxiliam a tomada de decisões dos cidadãos no momento de escolher os serviços educacionais que pretendem adquirir, b) instrumento de identificação de prestigio e diferenciação institucional no mercado educacional, c) instrumentos concretos para a distribuição dos recursos públicos, regulação e controle da qualidade dos sistemas educativos por parte do governo, d) instrumentos que munem a imprensa e os meios de comunicação de informações disseminadas na opinião pública sobre a performance das IES. Já a revista Isto É, da Editora Três, sendo umas das revistas mais competitivas na atualidade, situa-se em segundo lugar das revistas que mais publicaram sobre Rankings entre 2013 e 2014: Pioneira na integração digital de seus conteúdos, a Editora Três estreou em 1996 o site ISTOÉ Online, conquistando a marca de primeira revista semanal de informação online. A Editora Três também foi a primeira editora brasileira a disponibilizar integralmente o conteúdo de suas revistas na internet. Seguindo a ordem de publicações sobre rankings em quarto lugar está a Revista Época, e em último Carta Capital. Sobre a Época, embora seja da editora Globo, que juntamente da Abril fazem parte de grandes grupos de comunicação, no qual defendem o sistema capitalista, a livre iniciativa, a competitividade e o lucro, o tema ranking foi pouco explorado por ela, embora não tenha deixado de publicar sobre a queda da USP no ranking THE. Por fim Carta Capital apresenta-se como a única revista mais de esquerda, das poucas matérias que trouxe sobre o tema todas foram totalmente críticas. ANALISE DA LINHA DO TEMPO Embora a divulgação de resultados dos rankings seja homogêneo ao longo do período estudado, percebe-se alguns picos da Revista Exame em outubro de 2013, dezembro de 2013 e novamente dezembro de Em outubro de 2013 a Revista apresenta aos seus leitores matérias referentes aos resultados do ENADE, são títulos de tais matérias: Como os 78 cursos de Relações Internacionais se saíram no ENADE, Os cursos de Direito com as melhores notas no ENADE, Os cursos de Ciências Contábeis com as piores notas no ENADE, Os cursos de Publicidade que passaram e reprovaram no ENADE e As notas de 185 cursos de Economia no ENADE. Todas essas matérias possuíam tabelas com a colocação e o Conceito Preliminar do Curso (CPC) que

4 mede a qualidade dos cursos e as condições de funcionamento das instituições de ensino superior. Também se classificam por matérias de informação uma vez que, apenas informam os dados sem qualquer questionamento ou críticas. Outro momento de grande relevância ainda com a Revista Exame é em dezembro de 2013, quando a revista publica os resultados de importantes e renomados rankings mundiais THE e QS. Sobre o ranking THE as matérias são intituladas como: País tem 4 universidades no top 10 dos emergentes e As 100 melhores universidades entre os países emergentes, sobre o QS há uma matéria: USP e Unicamp estão no top 10 em ranking do Brics. Observa-se que essas três matérias tratam do mesmo assunto a qualificação das universidades dos países emergentes, no entanto o ranking britânico THE aponta a USP como a universidade mais bem posicionada do Brasil na 11ª colocação em uma lista de 100 universidades, a Unicamp em 24ª, UFRJ em 60ª e a Unesp em 87ª, já o ranking QS apresenta a USP na 8ª posição como a melhor colocada brasileira, Unicamp em 10ª. Os rankings diferem no método para a captação desses resultados, o QS por exemplo, inclui mais de entrevistados acadêmicos e empregados que operam dentro desses países para opinarem. As outras matérias de Exame em dezembro de 2013 referem-se a outros tipos de ranking como Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) com as matérias Os melhores cursos de Administração do Brasil e Os melhores cursos de Direito do Brasil, segundo INEP. Também há uma matéria do MEC com base no Índice Geral de Cursos (IGC): As universidades tidas como insatisfatória pelo MEC, e, por fim, o ranking elaborado pela América Economía sobre as escolas de negócios que oferecem os melhores programas de educação executiva, o título da matéria foi: Fundação Dom Cabral é a 2ª em ranking de educação executiva. Por último, o pico de dezembro de 2014 da Revista Exame refere-se ao resultado do ENADE 2014, a revista elenca alguns cursos como Medicina, Odontologia, Enfermagem para anunciar as universidades que tiveram as melhores e piores notas no ENADE. Além desses cursos específicos a Revista também publicou matérias com a listagem geral do ENADE, com as melhores universidades do Brasil e aquelas que tiveram notas insuficientes. OS PRINCIPAIS RANKINS DIVULGADOS PELAS REVISTAS BRASILEIRAS Estudo realizado por Calderon e Lourenço (2015) apontam que os rankings considerados de prestígio são os seguintes: Academic Ranking of World Universities (ARWU), mais conhecido como ranking da Universidade de Shangai, assim como no World University Rankings, produzido pelo suplemento Times Higher Education Suplemente (THEs) do influente jornal inglês The Times.Rankings acadêmicos na educação superior. Ainda segundo esses autores, nas últimas décadas surgiram e se consolidaram certos rankings acadêmicos que também contam com elevado prestígio, regionais ou mesmo nacionais, e que acabam por mensurar a qualidade das instituições universitárias que raramente seriam contempladas nos grandes rankings internacionais. Observa-se que a Revista Exame utiliza com mais frequência em suas matérias os Rankings THE e QS, Veja também publica mais matérias sobre o THE - rankings apontados por Calderón e Lourenço (2015) como aqueles de maior prestígio. Diante deste dado, pode-se afirmar que tanto Exame como Veja, ambas da Editora Abril, acentuam em suas matérias a cultura da performatividade. A performatividade corresponde a uma tecnologia, a uma cultura e a uma forma de regulação que se serve de críticas, comparações e demonstrações como meio de controle, pressões e mudanças. Trata-se, portanto, de uma luta por visibilidade, que pode ser vista como um verdadeiro "sistema de terror" (BALL, 2002), segundo o qual os desempenhos (de sujeitos individuais ou organizações) servem como medidas de produtividade e rendimento, ou como demonstrações de "qualidade" ou ainda como "momentos" de promoção ou inspeção. Esses desempenhos expressam, em outras palavras, o valor de um indivíduo ou de uma organização no interior de dado âmbito de avaliação (BALL, 2002). Junta-se a cultura da performativa, o caráter neoliberal da editora Abril, do incentivo a competição, a exploração. Observa-se que o ranking QS também é bastante mencionado pela Revista Isto É, que se insere assim como Exame e Veja na cultura da performatividade, uma vez que ela gravita pelos mesmo valores neoliberais da Editora Abril. O DISCURSO DAS TRÊS PRINCIPAIS REVISTAS Das 52 matérias encontradas na revista Exame, todas são caracterizadas como matérias informativas, ou seja, apenas apresentam informações sem maiores ressalvas, críticas, questionamentos. São matérias que muitas vezes se repetem de maneiras variadas, por exemplo uma matéria de fevereiro de 2013 intitula-se As 12 universidades brasileiras mais influentes na internet, no mesmo mês, alguns dias após: 12 Universidades brasileiras estão entre as melhores do mundo, o que difere uma da outra é que a primeira tem uma tabela do ranking Webome-

5 trics e a segunda não. Assim ocorre com a maioria das matérias selecionadas, de uma única matriz de informação a revista chega a render até quatro, cinco matérias, como ocorre com o ranking do ENADE. Para cursos relevantes como Medicina, a revista chega a publicar: Os piores cursos de Medicina, segundo MEC do dia 18 de dezembro de 2014, Os melhores cursos de Medicina do Brasil, segundo MEC, no dia 22 de dezembro de 2014, e assim com outros cursos. O discurso de Exame é bastante técnico, a maioria das matérias traz tabelas, listas dos rankings, é um discurso carregado de valores como melhor e pior. Todos os títulos de Exame apresentam ares de disputa com palavras no top 10, as melhores, mais influentes, melhor reputação, etc. Seu discurso condiz com o perfil da revista: levar informação à comunidade dos negócios, ou seja, a um público ligado ao mercado, a valores a perdas e ganhos. A revista Isto É das 18 matérias selecionadas, 3 foram classificadas como críticas, as restantes como informativas. A primeira matéria crítica é de maio de 2013 refere-se a um professor da Universidade de Chicago que questiona o ranking QS de melhores universidades, a outra matéria crítica de setembro de 2014 interroga o que é necessário para uma universidade estar entre as melhores, como esses rankings são feitos; e a última crítica também de setembro de 2014 comenta a plena expansão da educação superior na América Latina com algumas ressalvas. O discurso de Isto É, é bastante interessante porque ora traz matérias muito parecidas com a revista Exame, técnicas, bastante óbvias, meramente informativas, e ora traz excelente matérias, na qual explica-se claramente a metodologia dos rankings, muitas trazem uma retrospectiva sobre aquele ranking com determinada universidade, de maneira que o leitor possa fazer comparações, como a matéria de dezembro de 2014 Ranking Melhores Universidades Já a revista Veja embora da mesma editora que Exame apresenta suas matérias com mais escritas, mais elaboradas e explicativas, não bombardeiam o leitor com várias matérias sobre um mesmo tema, com informações rápidas como faz a Exame. Das 14 matérias de Veja, apenas 1 se caracteriza como crítica: é uma entrevista de um especialista que critica a queda da USP dizendo ser um revés para a imagem do Brasil. Observa-se que Veja se concentra mais em publicar notícias referentes a USP, principalmente, e depois Unicamp; a maioria dessas matérias a revista aborda a metodologia do ranking em questão, dado este, que facilita a compreensão do leito sobre o tema. A QUEDA DA USP NOS RANKINGS As Revistas do grupo Abril, Veja e Exame foram as que mais publicaram sobre a queda da Universidade de São Paulo nos rankings Webometrics, THE e QS. A Revista Veja publicou a queda da USP em fevereiro de 2013 no ranking Webometrics, em outubro do mesmo ano no ranking THE, nesta matéria a revista adverte que a China tem evoluído o que se pode aos esforços para aumentar os fundos para educação superior e pesquisa, particularmente dirigidos para instituições específicas de alto nível. Na matéria de janeiro de 2014 a revista publica a entrevista com o reitor da USP - Marco Antônio Zago, ele comenta a queda da universidade do Ranking THE; embora ache que este e outros rankings são importantes porque de certa forma dão uma avaliação externa de como a USP está em relação as outras universidades do mundo, termina a entrevista dizendo que os rankings não são determinantes para a universidade. A Revista Exame publicou a queda da USP em março de 2014 no ranking THE, em maio do mesmo ano no ranking QS e em setembro também de 2014 no QS novamente. A matéria de maio do ranking QS, traz como título: USP perde liderança em ranking da América Latina é bastante emblemática, uma vez que a revista prioriza o tempo todo a perda de hegemonia da universidade brasileira que vinha ocupando a primeira posição desde que o ranking da América Latina havia sido criado, em neste ano aparece em segundo lugar perdendo posição para a atual líder: a Pontifícia Universidade Católica do Chile (UC). As matérias de Veja sobre a queda da USP, assumem uma certa postura de justificação, em vários momentos da matéria de fevereiro de 2013, por exemplo, se repetia a informação de que esses resultados oscilam muito de um ano para o outro. Já as matérias de Exame sobre a queda da USP, não contam com nenhum pesar como deixa transparecer Veja, pelo contrário, há um enfoque maior na negatividade da notícia, como na matéria de maio de 2014 sobre o ranking QS, na qual destaca a perda de liderança da USP em ranking da América Latina, ou seja enquanto o Brasil é o país que mais possui universidades na lista do ranking, o enfoque está na USP ocupar a 2ª posição. Ainda sobre a queda da USP observar-se que as classes sociais que leem estas revistas: 18% dos leitores de VEJA pertencem a classe A, 51% a classe B, totalizando 69% de leitores entre classes A B. Na revista Exame 26% pertencem a classe A, e 60% a classe B, total de 86% de

6 leitores pertencentes as classes A-B (ESTUDOS MARPLAN CONSOLIDADO, 2014). Segundo site da USP, no ano de 2014 apenas 32,3% dos inscritos no vestibular da Universidade de São Paulo eram oriundos de escolas públicas, sendo que este percentual é anunciado de forma extremamente positiva, já que subiu quatro posições em relação ao ano de ,5%. Diante desses valores percebemos que as revistas se direcionam a um determinado público, o A e o B justamente o mesmo público que se matricula na USP; logo receber informações sobre a minha universidade ou a futura universidade dos meus filhos se faz necessário. REFERÊNCIAS [1] ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, [2] ARAÚJO, Luiz Antônio; DA SILVEIRA FONSECA, Virgínia P. O orientalismo nas revistas semanais de informação: Islã insano, cismático e imutável. Líbero, v.17, n. 33, p , [3] BALL, S. J. Reformar escolas/reformar professores e os terrores da performatividade. Revista Portuguesa de Educação, v. 15, n. 2, p. 3-23, [4] BENETTI, Marcia; HAGEN, Sean. Jornalismo e imagem de si: o discurso institucional das revistas semanais. Estudos em Jornalismo e Mídia. Ano VII, n. 1. Florianópolis: UFSC, [5] DA SILVA LOURENÇO, Henrique; CALDERÓN, Adolfo Ignacio. Rankings acadêmicos na educação superior: mapeamento da sua expansão no espaço ibero-americano. Acta Scientiarum. Education, v. 37, n. 2, p , [6] SCALZO, M. Jornalismo de revista. São Paulo: Contexto, 2003.