Indicador de Uso do Crédito e Propensão ao Consumo

Transcrição

1 Indicador de Uso do Crédito e Propensão ao Consumo Novembro/17

2 Quatro em cada dez consumidores usaram alguma modalidade de crédito em outubro, mostra indicador O acesso ao crédito permite a antecipação do consumo de bens e serviços que, de outro modo, só poderiam ser conquistados depois de anos de poupança. Permite também a consumo de produtos de menor valor quando o consumidor quer antecipar a compra e não dispõe do valor para o pagamento à vista. Usadas com sabedoria, as diferentes modalidades podem ser aliadas do consumidor. Mas também podem trazer dores de cabeça caso não haja o devido controle. O Indicador de Uso do Crédito, elaborado pelo SPC Brasil, e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), busca mensurar a utilização das principais modalidades de crédito pelo consumidor brasileiro. Além disso, busca aferir também o grau de dificuldade para obtenção de crédito e mapear os gastos e itens mais comprados via crédito. Em outubro de 2017, o Indicador marcou 26,5 pontos, valor próximo da média observada ao longo do ano (26,8 pontos). O Indicador varia de zero a 100 pontos, sendo que, quanto mais próximo de 100, maior o número de usuários e de frequência do uso das modalidades. Em termos percentuais, 40,8% relataram o uso de alguma das modalidades listadas. Complementarmente, 59,2% não recorreram a nenhuma dessas modalidade em outubro. Uso do crédito 57,4% 63,1% 58,4% 57,6% 58,1% 55,9% 58,0% 58,1% 63,1% 59,2% 42,6% 36,9% 41,6% 42,4% 41,9% 44,1% 42,0% 41,9% 36,9% 40,8% jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 ago/17 set/17 out/17 Sim Não Mais uma vez, o cartão de crédito apareceu com destaque, mencioando por 35,8% dos consumidores. Em seguida, apareceu o crediário, citado por 13,1% e o cheque especial, lembrado por 7,3%. Os empréstimos e financiamentos, modalidades normalmente mais custosas e mais difíceis de obter, foram citados por 4,5% e 2,7%, respectivamente.

3 Uso do crédito Cartão de crédito 35,8% Cartão de loja 13,1% Cheque especial Empréstimos Financiamentos 2,7% 4,5% 7,3% A sondagem também mostrou que, para metade dos consumidores (50,2%), a contratação de empréstimos e financiamentos é considerada difícil ou muito difícil. Além desses, 18,1% julgam que o processo não é nem fácil nem dífícil e 14,2% consideram fácil ou muito fácil. Nas lojas, 22,6% tiveram o crédito negado em outubro, sendo que as principais razões foram a negativação do nome (9,0%) e a falta de comprovação da renda ou renda insuficiente (8,3%). Para a economista do SPC Brasil, ter crédito à disposição é algo que depende também do histórico. Ter o crédito negado pode ser algo frustrante, mas isso também depende do histórico de crédito do consumidor. Daí a importância de tomar o cuidado para não comprometer a renda com parcelamentos e quitar os compromissos sem atraso, diz. Não são poucos os que relatam dificuldades para manter as parcelas em dia. Entre os que tomaram empréstimos ou financiamentos, 51,2% relataram problemas com o pagamento, sendo que 28,3% atrasaram parcelas em algum momento e 22,9% ainda estão com parcelas em atraso. Em contrapartida, 48,8% dizem que estão conseguindo pagar todas as parcelas em dia. Recorrer a um empréstimo pode ser útil para organizar a vida financeira. Ainda que as taxas de juros do crédito pessoal sejam altas, elas são mais baixas do que as taxas do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial. Cartão de crédito 39% não se lembram do valor da última fatura; alimentos e itens de famárcia são itens mais consumidos via cartão As propostas de cartão de crédito podem vir de bancos ou de grandes redes de varejo. Em alguns casos, basta apresentar um documento pessoal para ter um limite de crédito aprovado. Não é por acaso que o cartão destaca-se como a principal modalidade de pagamento para compras a prazo. De acordo com a sondagem, 35,8% dos consumidores

4 fizeram uso do cartão para alguma compra em outubro. Entre esses consumidores, 40,8% disseram que o valor da fatura aumentou em outubro na comparação com setembro. Para 30,8%, o valor permaneceu o mesmo e, para 23,2%, houve redução no valor da fatura. A sondagem ainda mostra que, entre aqueles que se lembraram do valor exato da fatura, o gasto médio no cartão de crédito foi de R$ 1065,39. Quase quatro em cada dez (38,8%) não souberam reportar esse valor. Os itens comprados com essa modalidade vão desde alimentos até eletrônicos: 61,2% usaram no supermercado, 45,0% usaram em farmácias e 33,6% em bares e restaurantes. Em seguida, aparecem os combustíveis (31,1%) e as roupas e acessórios (28,0%). Para Marcela Kawauti, os dados mostram a importância do cartão inclusive para compras básicas. Boa parte dos consumidores recorrem ao cartão para despesas correntes, de todo mês. Isso reforça a importância de manter a fatura sob controle, pois, no caso de atrasos, o limite ficará comprometido e, além disso, o consumidor terá que pagar pesadas taxas de juros, diz. Itens comprados com cartão de crédito out/17 Alimentos 61,2% Farmácia 45,0% Bares e restaurantes 33,6% Combustível 31,1% Roupas, Calçados e Acessórios 28,0% Recarga para telefone celular 16,3% Maquiagem, perfumes, cremes, loções 11,4% Viagens 11,1% Salão de beleza 10,4% Brinquedos 10,0% Eletrodomésticos 8,3% Materiais de construção 8,3% Acessórios para automóveis 8,0% Livros 7,3% Eletrônicos 6,9% Artigos de cama, mesa e banho 6,9% Smartphone 5,9% Móveis 3,5% Outros 3,5% Não sei 6,6%

5 Crediário Roupas, alimentos e eletrodomésticos são itens mais comprados via crediário. Ticket médio foi de R$303 O crediário, ou carnê, pode ser uma opção para quem não dispõe de cartão de crédito nem de dinheiro para o pagamento à vista. Em alguns casos, o crediário implica o pagamento de juros, o que o torna desvantajoso na comparação com o cartão de crédito, já que boa parte das lojas oferece parcelamento sem juros no cartão. Pela sondagem, o gasto médio no crediário foi de R$ 302,66. Já os itens mais comprados com essa modalidade foram as roupas (47,2%) e os alimentos (24,5%). Itens comprados com cartão de crédito out/17 Roupas, Calçados e Acessórios 47,2% Alimentos (supermercado) 24,5% Eletrodomésticos 10,4% Móveis 10,4% Artigos de cama, mesa e banho 10,4% Eletroeletrônicos 8,5% Smartphone 7,5% Recarga para telefone celular 5,7% Maquiagem, perfumes, cremes, loções 3,8% Outros 3,8% Não sei 16,0% Previsão para os gastos e situação das finanças Em situação de aperto, consumidores pretendem cortar de gastos Mais da metade dos consumidores (54,0%) pretendem diminuir o nivel de gastos no mês de novembro, enquanto 36,1% pretendem manter o nível de gastos e apenas 5,6% têm a intenção de aumentar. Entre esses, a principal razão é o nível elevado dos preços (25,5%), além da busca constante por economizar (25,2%), endividamento (15,1%), do desemprego, citado por 12,2%, e da queda da renda (10,6%). Refletindo sobre o estado de suas finanças em novembro, 40,8% dizem estar no limite do orçamento e 36,3% dizem estar no vermelho. Apenas 17,7% dizem estar no azul, com sobra de recursos, o que mostra uma imensa maioria ainda em situação de aperto.

6 Para Marcela Kawauti, a renda extra de final de ano pode ajudar a aliviar esse quadro, mas não só. O pagamento de décimo terceiro pode aliviar a situação do consumidor, mas cumpre lembrar que se trata de um aumento de renda temporário. Uma vez restaurado o equilíbrio do orçamento, o consumidor precisa manter o controle dos gastos, estabelecendo prioridades e fazendo ajustes quando necessário. É uma tarefa constante, que exige disciplina, mas que faz diferença no bem-estar do consumidor, diz. Situação financeira No zero a zero 40,8% No vermelho 36,3% No azul 17,7% Desconsiderando-se os itens de supermercado, na lista dos produtos que os consumidores pretendem comprar no próximo mês de dezembro, as Roupas, calçados e acessórios Remédios lideraram (25,6%), seguido pelos remédios (20,0%). Em seguida, aparecem as recarga para telefone celular (11,8%), perfumes e cosméticos (11,0%), eletrônicos e viagens (8,0%), entre outros itens. Destacam-se ainda 27,6% que não pretendem comprar nenhum dos itens elencados. Itens que pretende comprar Roupas, Calçados e Acessórios 25,6% Remédios 20,0% Recarga para telefone celular 11,8% Perfumes, cremes, loções, maquiagem 11,0% Eletrônicos 8,0% Viagens 8,0% Brinquedos 7,9% Artigos de cama, mesa e banho 6,9% Eletrodomésticos 6,8% Salão de beleza 6,6% Móveis 6,2% Não sei / Prefiro não responder 14,6% Nenhum 27,6%

7 Metodologia A pesquisa abrangeu 12 capitais das cinco regiões brasileira, a saber: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Os dados foram coletados via web e presencialmente no mês de junho. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.