A ÁREA DE MATEMÁTICA 131
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- Carlos Eduardo Coradelli Marroquim
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1 A ÁREA DE MATEMÁTICA O conhecimento matemático tem, em suas origens, a busca, pelo ser humano, de respostas a problemas oriundos de suas práticas sociais, como a agricultura, comércio e construção civil, dentre outras. Essa busca derivou em novos saberes, que geraram novas perguntas, em um processo cíclico de produção de conhecimentos. Em permanente avanço, a Matemática se estabelece como ciência, desenvolvendo especificidades próprias, como uma Linguagem sintética, direta e objetiva, com menor grau de ambiguidades, métodos rigorosos de validação interna e desenvolvimento de diferentes tipos de raciocínios. Essas características se mostram presentes também no que denominamos matemática escolar. Também na escola, a Matemática deve ser vista como um processo em permanente construção, como mostra a História da Matemática. Seu estudo não deve se reduzir à apropriação de um aglomerado de conceitos. O estudante deve ser motivado a, em seu percurso escolar, questionar, formular, testar e validar hipóteses, buscar contra exemplos, modelar situações, verificar a adequação da resposta a um problema, desenvolver Linguagens e, como consequência, construir formas de pensar que o Levem a refletir e agir de maneira crítica sobre as questões com as quais ele se depara em seu cotidiano. 131
2 Assim, estabelecer uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) implica realizar escolhas, apontando para quais conhecimentos matemáticos são imprescindíveis na elaboração dos currículos escolares, posto que a base curricular não pode substituir um currículo, mas indicar sobre que pilares ele será alicerçado. É no planejamento da ação pedagógica que as conexões e a riqueza de possibilidades do currículo podem ser explicitadas, contribuindo para que todos se beneficiem do acesso ao raciocínio matemático e aprendam a aplicá-lo de maneira criativa e eficiente. Na Base Nacional Comum Curricular, a Matemática propõe objetivos básicos de aprendizagem, mas tem, também, o papel de encorajar os professores a propiciarem aos estudantes oportunidades para o desenvolvimento da autoconfiança, mediante sua participação ativa em experiências desafiadoras e atraentes. O ensino de Matemática visa a uma compreensão abrangente do mundo e das práticas sociais, qualificando a inserção no mundo do trabalho, que precisa ser sustentada pela capacidade de argumentação, segurança para Lidar com problemas e desafios de origens diversas. Por isso, é fundamental que o ensino seja contextualizado e interdisciplinar, mas que, ao mesmo tempo, se persiga o desenvolvimento da capacidade de abstrair, de perceber o que pode ser generalizado para outros contextos, de usar a imaginação. Na matemática escolar, o processo de contextualizar, abstrair e voltar a contextualizar envolve outras capacidades essenciais, como questionar, imaginar, visualizar, decidir, representar e criar. Nessa perspectiva, alguns dos objetivos de aprendizagem formulados começam por: "resolver e elaborar problemas envolvendo...". Nessa formulação, está implícito que o conceito em foco deve ser trabalhado por meio da resolução de problemas, ao mesmo tempo em que, a partir de problemas conhecidos, deve-se refletir e questionar o que ocorreria se algum dado fosse alterado ou se alguma condição fosse acrescida. Nesse sentido, indicamos a elaboração de problemas pelo próprio estudante e não somente sua proposição, com enunciados típicos que, muitas vezes, apenas simulam alguma aprendizagem. Ao elaborar problemas o estudante desenvolve a capacidade de refletir sobre a sua própria forma de pensar. Isso contribui para que ele desenvolva a capacidade de confrontar a resposta encontrada na resolução do problema, com o contexto gerador do problema, como sintetiza o esquema a seguir. 132
3 Formulação do problema Contexto problematizador Problema matemático Interpretação dos resultados Resultado matemático Mobilização de conhecimentos
4 ciedade cada vez mais exigente relativamente ao domínio de competências e habilidades que podem ser desenvolvidas por meio dessa área do conhecimento. A Base Nacional Comum Curricular, no tocante à Matemática, também se aproxima dos Parâmetros Curriculares Nacionais, tendo em vista que esses documentos visam à construção de um referencial que oriente a prática escolar de forma a contribuir para que todos os estudantes brasileiros tenham acesso a um conhecimento matemático que Lhes possibilite, de fato, sua inserção, como cidadãos, no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura. Para essa inserção, o ensino de Matemática deve contribuir para que os estudantes façam observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da realidade, estabelecendo inter-relações entre eles, utilizando conhecimentos relativos à aritmética, à geometria, às medidas, à álgebra, à estatística e à probabilidade. Desse modo a Matemática poderá fornecer ferramentas para a compreensão da realidade e nela atuar, e desenvolver formas de raciocínio e processos. MATEMÁTICA A ESTRUTURA DO COMPONENTE MATEMÁTICA NA BNCC O diálogo desta Base com recentes documentos curriculares brasileiros para o processo de ensino e o de aprendizagem também encontra ressonância na adoção dos cinco eixos que orientam a formulação de seus objetivos de aprendizagem e desenvolvimento - Números e Operações, Geometria, Grandezas e Medidas, Álgebra e Funções, Estatística, embora nem todos eles estejam claramente explicitados, como tal, nessas propostas. Convém destacar que cada um dos eixos recebe uma ênfase diferente, dependendo do ano de escolarização, buscando garantir que a proficiência do/a estudante em Matemática se torne cada vez mais sofisticada ao Longo dos anos de escolarização. É importante ressaltar que essa divisão serve tão somente para facilitar a compreensão do conjunto de objetivos de aprendizagem e desenvolvimento e como eles se relacionam. No trabalho em sala de 134
5 aula, as articulações devem ser o foco das atenções, sejam elas articulações com outras áreas de conhecimento, entre cada um dos cinco eixos e dentro de cada um deles. A natureza de um documento como a BNCC não permite que sejam explicitadas todas as articulações possíveis, cabendo às propostas curriculares adotar aquelas que a escola considera mais importantes e adequadas à sua realidade. Na apresentação dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de Matemática, a Base Nacional Comum Curricular buscou, entretanto, considerar, em todos os eixos, a progressão das aprendizagens, de forma que as noções matemáticas sejam retomadas ano a ano, sendo ampliadas e aprofundadas em cada um deles. Isso implica que a leitura desses objetivos não seja feita de maneira fragmentada. A compreensão do papel que determinado objetivo representa no conjunto das aprendizagens demanda a compreensão daquele objetivo nos anos anteriores, o que leva à identificação das aprendizagens que o/a estudante já realizou, e em que medida o trabalho desse objetivo no ano em questão servirá de base para as aprendizagens posteriores. Para a grande maioria dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, a progressão se dá do primeiro ano do Ensino Fundamental, e, em algumas vezes, desde a Educação Infantil, até a última etapa do Ensino Médio, permitindo que as noções sejam constantemente revisitadas, evitando-se que sejam esgotadas em todos os seus aspectos em um único momento e permitindo aprendizagens mais consistentes. É importante que essa dimensão seja considerada na elaboração das propostas curriculares. É nesse momento especial de planejamento da ação pedagógica que outros elementos, que não podem ser contemplados na BNCC, devem ser considerados, como, por exemplo, a explicitação das articulações necessárias, como enfatizado anteriormente. Se a BNCC indica, em seus objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, as aprendizagens fundamentais a que o/a estudante tem direito, é nas propostas curriculares, seja do sistema de ensino, da escola ou no planejamento do professor, que serão escolhidos os caminhos para que essas aprendizagens se concretizem. Para essas escolhas, o cuidado com a contextualização é fundamental, na medida em que ela é importante para que o/a estudante atribua sentido aos conceitos em jogo. Considerando que a Matemática nos oferece modelos para compreender a realidade, as situações esco- 135
6 lares permitem envolver infinitos contextos, sejam eles oriundos de práticas sociais, de outras áreas de conhecimento ou, até mesmo contextos da própria matemática. Nunca é demais reforçar que o mais importante é que as situações permitam ao/à estudante atribuir significado aos conceitos envolvidos. A ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA A sociedade contemporânea está fortemente organizada com base no desenvolvimento científico e tecnológico. Desde a busca do controle dos processos do mundo natural até a obtenção de seus recursos, as ciências influenciaram a organização dos modos de vida. Ao longo da história, interpretações e técnicas foram sendo aprimoradas e organizadas como conhecimento científico e tecnológico, da metalurgia, que produziu ferramentas e armas, passando por motores e máquinas automatizadas até os atuais chips semicondutores das tecnologias de comunicação, de informação e de gerenciamento de processos. No entanto, o mesmo desenvolvimento científico e tecnológico de notáveis progressos na produção e nos serviços também pode promover impactos e desequilíbrios na natureza e na sociedade. Desse modo, debater e tomar posição sobre alimentos, medicamentos, combustíveis, transportes, saneamento e manutenção da vida na Terra demandam tanto conhecimentos éticos e políticos quanto científicos. Isso por si só justifica, na formação escolar, a presença das Ciências da Natureza, que têm em comum a observação sistemática do mundo material, com seus objetos, substâncias, espécies, sistemas naturais e artificiais, fenômenos e processos, estabelecendo relações causais, compreendendo interações, fazendo e formulando hipóteses, propondo modelos e teorias e tendo o questionamento como base da investigação. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, a área de conhecimento Ciências da Natureza, no Ensino Fundamental, é representada por um único componente de mesmo nome. No Ensino Médio, a área é constituída pelos componentes curriculares Biologia, Física e Química. 136
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