VARIABILIDADE DIURNA DE PRECIPITAÇÃO E DE TROVOADAS EM PORTO VELHO-RO
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- Isaque Castilhos Fernandes
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1 VARIABILIDADE DIURNA DE PRECIPITAÇÃO E DE TROVOADAS EM PORTO VELHO-RO ABSTRACT Dimitrie Nechet (1); Edivaldo da Silva Barros (1) Departamento de Meteorologia da UFPa The diurnal variability of precipitation and thunderstorm at Porto Velho-RO(Lat. o 'S, Long. 3 o 'W, Alt. 7, m) was studied, using 1 years( ) of data. It was generated graphics showing the results fortnight/hour in percentage of events of the precipitation and thunderstorm. Porto Velho has showed mixed pattern, i.e. marine pattern and continental pattern at same time. At rainy time(oct-apr) there are two peaks, one at morning(-9 LST) and other between LST. 1 - INTRODUÇÃO A precipitação, na região amazônica é vital para a sobrevivência dos seres vivos. Grande quantidade de energia que chega, alta taxa de evaporação, reduzindo a quantidade de água disponível, mesmo em época considerada chuvosa, trás preocupações em todas as atividades humanas, tendo em vista que a maior quantidade de água cai na forma de pancadas. A Trovoada, por sua vez representa o máximo de instabilidade na atmosfera, sendo comum na Amazônia, principalmente como fenômeno de mesoescala. A expressão Trovoada() é usada aqui, como um termo técnico que significa a nuvem Cumulonimbus, onde ocorrem fenômenos de grande intensidade como chuva moderada ou forte, vento forte, descargas elétricas de grande intensidade, formação de gelo em altos níveis, granizo, má visibilidade e turbulência em seu interior. Na observação, o fenômeno é relatado quando se ouve o trovão da primeira descarga elétrica e é considerado dissipado ou deslocado para longe do ponto de observação, quando durante (dez) minutos não se ouviu nenhuma descarga. Quando o fenômeno está distante da estação e não se ouve o barulho da descarga, mas de vê a luminosidade dos raios, relata-se como relâmpago(rpg). Isso na prática, para efeito de análise, significa uma Trovoada distante da estação. A variação diurna(variação durante as horas) desses dois fenômenos ainda é pouca conhecida em toda a Amazônia e o seu conhecimento ajuda o entendimento da evolução desses dois elementos, não só no aspecto puro da Meteorologia, mas para utilização em planejamentos a médio e longo prazo, podendo ser utilizado na área operacional, como "ferramenta de trabalho" em determinados tipos de previsão do tempo, em que há necessidade do conhecimento climatológico durante as horas do dia e de sua variabilidade nos aspectos quinzenais, mensais e sazonais. Porto Velho, levando em conta o ponto de observação no Aeroporto está localizado nas coordenadas geográficas Lat. o 'S, Long. 3o 'W, Alt. 7, m. Possui temperatura média anual de 7,oC, com as temperaturas médias mínimas variando de,oc a 1,7oC e as máximas médias variando de 3,oC a 3,oC(SRPV-MN, TABELA 1 - Precipitação(mm) média de Porto Velho-RO Janeiro 391, Julho 3, Fevereiro 3,9 Agosto 1, Março 3, Setembro 3, Abril 7, Outubro 191,1 Maio 1, Novembro, Junho, Dezembro 3, Fonte: SRPV-MN(Período de 197 a 199)
2 1997). Quanto à precipitação, Porto Velho situada à margem do Rio Madeira, tem um período chuvoso que vai de outubro a abril e um período seco que vai de maio a setembro(tabela 1). - MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizadas observações horárias do período de 19 a 1997(1 anos), sem interrupção, da Estação Meteorológica localizada no Aeroporto de Porto Velho-RO, pertencente ao Serviço Regional de Proteção ao Vôo de Manaus(SRPV-MN), que opera durante as horas do dia, em observação contínua, de apoio à navegação aérea, com observadores meteorologistas especializados. Os dados meteorológicos(eventos de precipitação e de trovoadas) horários das observações foram agrupados por quinzena/hora para cada elemento meteorológico. Chama-se atenção da precipitação, que trata-se de eventos e não da quantidade de precipitação. Foi feito o relacionamento entre os eventos potencialmente possíveis de ocorrerem e os eventos reais, resultando em porcentagem de ocorrência de eventos, por quinzena, durante as horas do dia. Após isso os resultados foram colocados em gráficos quinzena/hora, para utilização em todo o ano. Neste trabalho são apresentados os gráficos representativos da estação chuvosa, estação seca e gráficos das épocas de transições, para se ter uma idéia do comportamento diurno desses elementos e de sua variabilidade. A opção de se fazer por quinzena e não por mês, foi devido haver variações existentes entre as quinzenas e que em termos mensais, essas variações seriam "mascaradas". Como exemplo disso temos a primeira quinzena e a segunda quinzena de maio. 3 - ANÁLISE DOS RESULTADOS Os gráficos mostram a variabilidade diurna de precipitação e de trovoadas, em diversos períodos do ano. O modelo apresentado em Porto Velho-RO é do tipo misto, se levarmos em conta os modelos tradicionais de Hann(191) citados por ASNANI(1993) definindo o modelo continental(chuvas à tarde e/ou início da noite) e o modelo marítimo(chuvas durante a noite e de madrugada) e o modelo misto, quando ocorrem os dois ou não se enquadra em nenhum deles. ATKINSON(1971) em trabalhos feitos em várias partes do mundo na região tropical concluiu, ao contrário do que se pensa, que muitas áreas tropicais não mostram chuva máxima durante o período da tarde associado com o máximo aquecimento da superfície, em vez disso muitas áreas continentais mostram um máximo de chuvas durante as horas noturnas. Também em pesquisas posteriores de chuva tropical, Wallace(197) e Gray e Jacobson(1977) citados por ASNANI(1993) também enfatizaram a existência de uma grande variedade de padrões que não se encaixam nas classes de Hann. REED(193) também mostrou grande variedade de modelos no Pacífico Central e na África tropical. NECHET(19, 199, 199, 1993, 199 e 199) mostra que na Amazônia cada local possui características próprias. Belém apresenta em todo o ano o modelo continental, Santarém, o modelo marítimo, apesar de estar em uma região, Fig. 1 - Variação diurna média da Segunda Quinzena de Janeiro para Porto Velho-RO, no período de 19 a 1997(Época chuvosa)
3 praticamente central da Amazônia, São Luís, uma época continental e outra do tipo misto, Macapá, apresenta os dois, marítimo e continental, tendo dois máximo por dia e as demais localidades, como Manaus, Boa Vista do tipo misto. Porto Velho, com relação à precipitação, na época chuvosa apresenta dois máximos, um pela manhã e outro à tarde. Já com os eventos de trovoadas eles começam a aumentar a tarde chegando a um valor máximo entre e horas local. Como exemplo a segunda quinzena de janeiro(fig. 1). Na época de transição da época chuvosa para a época seca, apresenta também, em menor porcentagem, os dois picos, pela manhã e à tarde e os eventos de trovoadas ocorrem em maior porcentagem à tarde. Como exemplo desse período tem-se a segunda quinzena de maio. (Fig. ) Fig. - Variação diurna média da segunda quinzena de maio para Porto Velho-RO no período de 19 a 1997(Época de transição) Já no período seco, como exemplo a segunda quinzena de julho, no mês mais seco de Porto Velho- RO(Tabela 1), praticamente há poucos eventos de precipitação e de trovoadas, mas mesmo assim, alguns se apresentam pela manhã e outros à tarde(fig. 3). O interessante é que em Porto Velho pode ocorrer precipitação em qualquer hora do dia, em qualquer época do ano, sendo mais intenso isso na época chuvosa. Essa situação é normal, tendo em vista à penetração de sistemas frontais que ocorrem nessa região (Trewartha 191, Parmenter 197, Ratisbona 197, citados por MOLION, 199; VIRJI e KOUSKY, 193). Porto Velho tem um comportamento semelhante à Manaus. Com relação à trovoadas, na época chuvosa a predominância dos eventos é a tarde e a noite, sendo de menor freqüência pela parte da manhã. Na época seca, acompanha a precipitação, com valores bastante baixos Fig. 3 - Variação diurna média da segunda quinzena de julho para Porto Velho-RO no período de 19 a 1997(Época seca)
4 3 (%) (%) Hora local 1 Fig.. Variação diurna média da primeira quinzena de novembro de Porto Velho-RO no período de 19 a 1997(Início do período chuvoso) No período inicial da época chuvosa, tendo como exemplo a primeira quinzena de novembro, verifica-se que tanto os eventos de precipitação, como o de trovoadas, existem dois picos durante a tarde entre 1-1 horas local e 19- horas local, sendo que nessa quinzena os picos de trovoadas ocorrem antes dos picos de precipitação. Este trabalho, a exemplos dos outros sobre o mesmo assunto, mostra como a Amazônia tem comportamentos diurnos de precipitação e de trovoadas diferenciados, o que mostra como não é adequado fazer generalizações na região, incorrendo em erros grosseiros de análise da Amazônia. - CONCLUSÃO Pode-se, então, observar que o conhecimento das variações diurnas, dos elementos precipitação e trovoada de uma localidade é importante na avaliação das condições atmosféricas, durante as horas do dia, bem como sua variabilidade em termos quinzenais, mensais e sazonais. Porto Velho, nos eventos de precipitação, na época chuvosa(out a abr) apresenta dois máximos, um no início da manhã e outro à tarde. Na época de transição(mai) e na época seca(jun a set) há uma predominância à tarde, apesar de poucos eventos na época seca. Em qualquer época do ano, o trabalho mostrou a ocorrência de precipitação. Com relação à Trovoada, a predominância é a tarde e início da noite e na época seca, acompanha o comportamento da precipitação. Este trabalho poderá servir de subsídios para pesquisas posteriores mais profundas sobre a região. Porto Velho tem seu comportamento diferente de outras localidades, como São Luís, Belém, Santarém, Macapá, Boa Vista e assemelha-se em alguns aspectos com Manaus, pela ação da penetração dos sistemas frontais. Verifica-se, então, que na Amazônia as variações diurnas dos eventos de precipitação e de trovoadas são diferentes, daí a preocupação em não se fazerem generalizações, baseadas apenas em um ponto, ou dados de poucos dias de uma determinada localidade. Este trabalho terá aplicação prática no Centro Meteorológico de Aeródromo de Manaus(CMA), como ferramenta de trabalho, para a confecção da Previsão de Aeródromo Terminal(TAF), que dá informações meteorológicas significativas para a aviação durante um período contínuo de horas. - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTAS, L.M. Glossário de Termos Técnicos, São Paulo, Traço Editora, ASNANI, G.C. Tropical Meteorology, Noble Printers PVT. Ltd. PUNE, India, v., 1993 ATKINSON, G.D. Forecaster's Guide to Tropical Meteorology, Air Weather Service, Technical Report, USAF, 1971 MOLION, L.C.B. Climate Variability and its Efect on Amazon Hidrology. In: Interciência, (): 37-37, Nov-Dez, 199
5 NECHET, D. Variabilidade Diurna de Precipitação em Belém-PA, Anais do 3 o Congresso Brasileiro de Meteorologia, Belo Horizonte, 19, Pag. -11 NECHET, D. Variabilidade Diurna de Trovoadas em Belém-PA, Anais do o Congresso Brasileiro de Meteorologia, Salvador, 199, Pag NECHET, D. Variabilidade Diurna de Precipitação e de Trovoadas em Manaus-AM, Anais do 7 o Congresso Brasileiro de Meteorologia, São Paulo, 199, Vol. 1, Pag NECHET, D. Variabilidade Diurna de Precipitação em Santarém-PA, Boletim de Geografia Teorética, Vol. 3(-): 1-19, 1993 NECHET, D. Variabilidade Diurna de Precipitação e de Trovoadas em Macapá-AP, Anais do o Congresso Brasileiro de Meteorologia, Belo Horizonte, 199, Pag. - 7 NECHET, D. Variabilidade Diurna de Precipitação e de Trovoadas em São Luís-MA, Anais do 9 o Congresso Brasileiro de Meteorologia, Campos do Jordão-SP, Vol.1, 199, Pag NECHET, D. Variabilidade Diurna de Precipitação e de Trovoadas em Boa Vista-RR, Anais do 9 o Congresso Brasileiro de Meteorologia, Campos do Jordão-SP, Vol.1, 199, Pag REED, R.J. The Diurnal Variation of Precipitation in the Tropics, São José dos Campos- SP, Anais do First International Conference on Southern Hemisphere Meteorology, American Meteorological Society, 193 VIRJI, H. ; KOUSKY, V. E. Regional and Global Aspects of a Low Latitude Frontal Penetration in Amazonas and Associated Tropical Activity, São José dos Campos-SP, Anais do First International Conference on Southern Hemisphere Meteorology, American Meteorological Society, 193 WMO. Manual on Codes, Vol. 1, International Codes, Part A, WMO-N o 3, 19, AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Serviço Regional de Proteção ao Vôo de Manaus(SRPV-MN) pelo fornecimento dos dados horários de Precipitação e de Trovoadas, no período de 19 a 1997, para a realização deste trabalho.
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