TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO ATRAVÉS DE FILTROS PERCOLADORES

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1 TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO ATRAVÉS DE FILTROS PERCOLADORES Francisco Ricardo Andrade Bidone (1) Professor Adjunto do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Engenheiro Civil pela PUC/RS; Mestre em Engenharia Civil, área de concentração Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, pelo IPH/UFRGS; Doutor em Engenharia Civil, área de concentração Hidráulica e Saneamento, pela Escola de Engenharia de São Carlos/USP. Jurandyr Povinelli Professor Titular e atual Diretor da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, em São Carlos/SP. Engenheiro Civil e Sanitarista, Mestre em Saúde Pública, Doutor Engenheiro e Livre Docente pela Escola de Engenharia de São Carlos. Sérgio Luís da Silva Cotrim Engenheiro Civil pela UFRGS; Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, IPH/UFGRS. Endereço (1) : Rua Martim Afonso, Bairro Santo Antonio - Porto Alegre - RS - Brasil - Tel: (51) Fax: (51) bidone@netmarket.com.br. RESUMO Estudou-se, em escala de laboratório, o tratamento de lixiviado de aterro sanitário antigo, utilizando-se filtros biológicos ou percoladores precedidos de pré-filtros. O meio suporte dos pré-filtros foi constituído de brita granítica 1, anéis PALL 1 e cacos de tijolos maciços de granulometria semelhante à da brita granítica 1. Nos filtros percoladores, utilizou-se areia regular, carvão ativado, argila nodulizada, brita granítica, cacos de tijolos maciços com granulometria semelhante à da brita granítica e aparas de couro curtido wet blue. As taxas de aplicação de lixiviado foram de 28,5 cm/dia para os pré-filtros e 16 cm/dia para os filtros percoladores, correspondentes às taxas de aplicação superficial e volumétrica da ordem de,284 m 3 /m 2.dia e,16 m 3 /m 2.dia, e 95,5 gdbo 5 /m 3.dia e 28,7 gdbo 5 /m 3, respectivamente. O sistema foi operado com esgoto bruto durante os 45 dias iniciais da experimentação, objetivando-se a formação prévia de biofilme ativo; após este período, o sistema recebeu lixiviado proveniente do Aterro Sanitário Zona Norte, de Porto Alegre/RS, por mais 12 dias. Os resultados obtidos mostraram que os pré-filtros tiveram pequena interferência no processo; já, os filtros percoladores mostraram altas eficiências na remoção da carga orgânica e nitrogênio amoniacal, com significativos níveis de nitrificação, notadamente nos filtros de carvão ativado e aparas de couro curtido wet blue, o que recomenda estas últimas como excelente alternativa de baixo custo para meio suporte de filtros. PALAVRAS-CHAVE: Filtros Percoladores, Tratamento, Lixiviado, Aterro Sanitário. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1632

2 INTRODUÇÃO O constante crescimento das populações urbanas, a forte industrialização, a melhoria no poder aquisitivo do povo brasileiro nos últimos anos e a decorrente elevação dos patamares de consumo, vêm instrumentalizando a acelerada geração de grandes volumes de resíduos sólidos, principalmente nas regiões metropolitanas das grandes cidades brasileiras. Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, não foge à regra. Produz hoje 9 t/dia de resíduos sólidos domésticos, e não dispõe de áreas suficientemente adequadas ao destino final desses resíduos, tanto do ponto de vista de extensão quanto do ambiental. Isto decorre principalmente da utilização da tecnologia conhecida como aterro sanitário como solução para o lixo urbano. Nela, o lixo é disposto sobre o solo ou em trincheiras, em camadas intercaladas por cobertura de solo, com a ocorrência natural de um processo biológico anaeróbio de fermentação, cognominado de digestão anaeróbia. A prática da disposição de lixo urbano em aterros sanitários é viável técnica e economicamente, sendo difundida em várias parte do mundo. Os Estados Unidos da América tinham, em 1995, aproximadamente 75 % de seus resíduos sólidos urbanos dispostos em aterros sanitários, o que representa mais de 12 milhões de toneladas por ano (EPA, 1995). Sendo bem executado, o aterro sanitário é uma boa solução para os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Traz contra si, no entanto, o problema da geração do chorume, líquido perdido pela massa de lixo orgânica durante o processo de transformação da matéria bruta em parcialmente estabilizada. Este líquido, em contato com a água de chuva que percola a massa de aterro, gera o lixiviado, tóxico, com altas DQO e DBO, e principalmente, NH 4 +, que exige um tratamento adequado antes de ser encaminhado a um receptor, evitando-se assim que efeitos indesejados decorrentes de sua disposição in natura propaguem-se pelo meio ambiente. As tecnologias utilizadas para o tratamento de lixiviados, estão inseridas naquelas caracterizadas por tratamento secundário, que pressupõem o fornecimento de oxigênio dissolvido à massa líquida, ou natural ou eletromecanicamente. Enquadram-se aqui as lagoas de estabilização e os lodos ativados, entre outros. Atualmente, tem evoluído no Rio Grande do Sul uma proposta de tratamento de lixiviado que contempla unidades primárias tipo reatores anaeróbios, seguidas de filtros rápidos de areia; é o caso das estações de tratamento de lixiviado do Aterro São Giácomo, em Caxias do Sul, e do Aterro Zona Norte, em Porto Alegre. Os resultados obtidos na estação do Aterro São Giácomo, única em operação no momento, mostram uma baixa eficiência em termos de remoção de carga orgânica e nitrogênio amoniacal no tratamento primário; nenhuma menção é feita à eficiência dos filtros rápidos de areia(arruda et alli, 1996). Pode-se inferir, no entanto, que para as concentrações de DQO mostradas pelos autores referidos, 1386 mg/l e 944 mg/l, afluente e efluente dos reatores anaeróbios, respectivamente, resultará, aplicada nos filtros rápidos, uma carga orgânica quase que inteiramente solúvel, o que permite antever-se uma provável baixa eficiência na performance dessas unidades, posto que filtros rápidos. Neste trabalho, visando-se chegar a uma proposta alternativa de baixo custo no tratamento secundário 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1633

3 de lixiviados fracamente concentrados, observou-se a eficiência de filtros percoladores, submetidos à taxas de aplicação de lixiviado que conferem aos mesmos características de filtros biológicos de baixa taxa, viabilizando-se assim a formação de biomassa ativa capaz de levar o líquido parcialmente estabilizado no tratamento primário, aos estágios finais de estabilização. A utilização de recheios ou meios suporte de filtros de materiais distintos para a fixação da biomassa, permitiu a avaliação precisa das eficiências que podem ser esperadas para cada material testado, e mostrou, dentre esses materiais estudados, que são os comumente usados em filtros biológicos, a excepcional alternativa de baixo custo que são as aparas de couro curtido wet blue, quando utilizadas como meio suporte no tratamento de lixiviados de aterros sanitários. METODOLOGIA Montagem do experimento. O trabalho foi realizado em escala de laboratório através da confecção de seis filtros percoladores montados em tubo de PVC (conforme esquema mostrado na figura 1), com 1, m de altura, precedidos de pré-filtros, também de PVC, com,5 m de altura, destinados à remoção de sólidos em suspensão. Todas as unidades foram seladas na base e possuíam um dreno de tubo de PVC DN 25 perfurado e recoberto por uma camada de 3 cm de brita granítica 1. Os pré-filtros, todos com DN 15, apresentavam as seguintes características: pré-filtros PF.1 e PF.2, camada suporte de brita granítica com granulometria 1; pré-filtros PF.3 e PF.4, camada suporte de anéis PALL; pré-filtros PF.5 e PF.6, camada suporte de cacos de tijolos com granulometria 1. Os filtros percoladores, todos com DN 2, apresentavam as seguintes características: filtro FP.1, camada suporte de carvão ativado de casca de côco; filtro FP.2, camada suporte de aparas de couro curtido "wet blue"; filtro FP.3, camada suporte de argila expandida/nodulizada; filtro FP.4, camada suporte de areia regular; filtro FP.5, camada suporte de brita granítica ; filtro FP.6, camada suporte de cacos de tijolos maciços. Os materiais utilizados como camada suporte foram caraterizados quanto a granulometria, peso específico aparente, tempo de detenção hidráulico e tempo de percolação. A taxa de aplicação superficial foi de 5 litros/dia, resultando nas unidades de préfiltração 28,4 cm/dia, e nos filtros percoladores 16 cm/dia; o líquido era aplicado continuamente, através de gotejamento, em um espaço de tempo da ordem de cinco horas. O regime de operação semanal nos filtros foi de cinco dias de aplicação por dois dias de descanso. A distribuição superficial do afluente nos pré-filtros deu-se através de reservatórios superiores com capacidade de 1 litros, que possuíam um registro para calibração da vazão de saída. Para evitar a sedimentação de sólidos, os reservatórios possuíam um sistema misturador com pás metálicas giratórias. O afluente utilizado foi proveniente da Célula 2 do Aterro Sanitário Zona Norte, de Porto Alegre, operado pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU); esta célula foi escolhida por ser uma das mais antigas do aterro (mais que 4 anos) e por gerar lixiviado com matéria orgânica de difícil degradação e altas concentrações de nitrogênio, principalmente o amoniacal. Procedimento analítico. Os sistemas foram monitorados durante seis meses, avaliando-se os seguintes parâmetros físico-químicos nos afluente e efluente de cada filtro: DQO (total); DQO (filtrada); DBO5; NTK; nitrogênio amônia (NH4 + ); ph, alcalinidade, condutividade, nitrito, 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1634

4 nitrato, fósforo total, fosfato, cor, turbidez, sólidos totais, fixos e voláteis. Todo o tratamento analítico foi realizado de acordo com APHA (1992). 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1635

5 Afluente Pré-filtro DN 15 do pré-filtro 5 cm Filtro Percolador DN 2 1 cm do sistema Figura 1. Representação esquemática dos pré-filtros/filtros percoladores RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados constantes nas tabelas 1 a 16 em sequência, são os observados nos últimos três meses de operação do sistema de tratamento proposto, compreendidos entre 17/1/96 e 16/1/97. Tabela 1. Resultados obtidos no período de 17/1/96 a 23/1/96. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L ph - 7,19 7,5 7,41 7,18 6,9 6,8 6,6 Alcalinidade mg.caco 3 /L o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1636

6 Condutividade?mhos/cm Turbidez UNT (1) PF = pré-filtro. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1637

7 Tabela 2. Resultados obtidos no período de 17/1/96 a 23/1/96. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L ph - 6,52 2,52 6,4 6,3 6,28 6,57 Alcalinidade mg.caco 3 /L Condutividade?mhos/cm Turbidez UNT 13, ,6 16 (1) FP = filtro percolador Tabela 3. Resultados obtidos no período de 24/1/96 a 3/1/96. DQO (total) mg.o 2/L DQO (filtrada) mg.o 2/L DBO 5 (total) mg.o 2/L NTK-N mg/l Amônia -N mg/l Nitrito-N mg/l ND 9,37 13,97 ND ND ND ND Nitrato-N mg/l,81 17,84 66,8 2,18 2,94 2,76 54,37 Fósforo-P mg/l 5,7 3,88 4,18 4,9 5,78 4,74 4,74 Fosfato-P mg/l,33,43,33,4,41,34,27 Sólidos totais mg/l Sólidos fixos mg/l Sólidos voláteis mg/l (1) PF = pré-filtro (2) ND = não detectado Tabela 4. Resultados obtidos no período de 24/1/96 a 3/1/96. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L NTK-N mg/l 62 11, Amônia -N mg/l 56 8, Nitrito-N mg/l ND ND 17,91 ND 26,99 ND Nitrato-N mg/l 69,53 128,41 76,52 133,16 76,9 15,62 Fósforo-P mg/l 7,8,63 3,19 1,91 3,6 3,14 Fosfato-P mg/l 1,63,25,26,25,33,38 Sólidos totais mg/l Sólidos fixos mg/l Sólidos voláteis mg/l (1) FP = pré-filtro (2) ND = não detectado 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1638

8 Tabela 5. Resultados obtidos no período de 31/1/96 a 6/11/96. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L (1) PF = pré-filtro Tabela 6. Resultados obtidos no período de 31/1/96 a 6/11/96. DQO (total) mg.o 2/L DQO (filtrada) mg.o 2/L (1) FP = filtro percolador Tabela 7. Resultados obtidos no período de 7/11/96 a 12/11/96. NTK-N mg/l Amônia mg/l Nitrito-N mg/l 68,67 ND ND ND ND ND ND Nitrato-N mg/l 2,66 26,26 15,98 3,73 5,13 31,45 43,12 Fósforo-P mg/l 6,16 4,78 4,86 5,6 3,28 5,69 5,21 Fosfato-P mg/l,5,59,42,43,43,42,42 (1) PF = pré-filtro (2) ND = não detectado Tabela 8. Resultados obtidos no período de 7/11/96 a 12/11/96. NTK-N mg/l 64,4 46, Amônia mg/l 64,4 46, Nitrito-N mg/l ND ND ND 56,33 54,6 ND Nitrato-N mg/l 11,55 154,6 96,19 12,92 81,24 15,3 Fósforo-P mg/l 3,24,15 2,8 1,27 2,26 3,25 Fosfato-P mg/l 1,57 ND,46,7,54,39 (1) FP = filtro percolador (2) ND = não detectado Tabela 9. Resultados obtidos no período de 13/11/96 a 21/11/96. DQO (total) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L ND 2 8 ph - 7,9 7,8 7,75 7,68 7,82 7,6 7,54 Alcalinidade mg.caco 3 /L Condutividade?mhos/cm Sólidos totais mg/l Sólidos fixos mg/l Sólidos voláteis mg/l Turbidez UNT (1) PF = pré-filtro 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1639

9 (2) ND = não detectado Tabela 1. Resultados obtidos no período de 13/11/96 a 21/11/96. DQO (total) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L 4 ND ph - 6,9 2,57 7,68 7,19 7,43 7,2 Alcalinidade mg.caco 3 /L Condutividade? mhos/cm Sólidos totais mg/l Sólidos fixos mg/l Sólidos voláteis mg/l Turbidez UNT ,2 8,1 12 (1) FP = filtro percolador Tabela 11. Resultados obtidos no período de 22/11/96 a 26/11/96. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L ph - 7,52 7,63 7,54 7,52 7,4 7,33 7,35 Alcalinidade mg.caco 3 /L Condutividade?mhos/cm (1) PF = pré-filtro Tabela 12. Resultados obtidos no período de 22/11/96 a 26/11/96. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L ph - 6,68 5,57 6,9 6,62 6,43 6,67 Alcalinidade mg.caco 3 /L Condutividade?mhos/cm (1) PF = filtro percolador Tabela 13. Resultados obtidos no período de 27/11/96 a 4/12/96. DQO (total) mg.o 2/L DQO (filtrada) mg.o 2/L DBO 5 (total) mg.o 2/L NTK-N mg/l Amônia -N mg/l Nitrito-N mg/l 6 42,7 4,37 7, ,2 148 Nitrato-N mg/l,47 8,3 13,8 6 1,12 59,3 83 Fósforo-P mg/l 4,5 3,6 14,4 4,2 4,2 4,5 2,48 Fosfato-P mg/l,17,7,11,5,18,17,12 Sólidos totais mg/l Sólidos fixos mg/l Sólidos voláteis mg/l o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 164

10 (1) PF = pré-filtro 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1641

11 Tabela 14. Resultados obtidos no período de 27/11/96 a 4/12/96. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L NTK-N mg/l Amônia -N mg/l Nitrito-N mg/l 9, Nitrato-N mg/l Fósforo-P mg/l 2,89,3 1,54 1,49 1,42 1,86 Fosfato-P mg/l,79 ND ND,15,2 ND Sólidos totais mg/l Sólidos fixos mg/l Sólidos voláteis mg/l (1) FP = filtro percolador (2) ND = não detectado Tabela 15. Resultados obtidos no período de 5/12/96 a 16/1/97. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L ph - 7,81 8 7,9 8,15 8,4 7,91 7,92 Alcalinidade mg.caco 3 /L Condutividade?mhos/cm Turbidez UNT 4,5 3,9 5,6 4,1 4 4,2 4,2 Cor mg Pt/l (1) PF = pré-filtro Tabela 16. Resultados obtidos no período de 5/12/96 a 16/1/97. DQO (total) mg.o 2 /L DQO (filtrada) mg.o 2 /L DBO 5 (total) mg.o 2 /L ph - 7,21 6,34 8 7,56 7,96 7,37 Alcalinidade mg.caco 3 /L Condutividade?mhos/cm Turbidez UNT 3,5 49 3,2 1,4 3,5 2,5 Cor mg Pt/L (1) FP = filtro percolador As figuras 2 e 3 em sequência materializam, de forma gráfica, os resultados obtidos para DQO (total e filtrada), DBO 5 total, NTK-N, NH 4 + -N e NO 3 -N, no período de estudo compreendido entre 24/1/96 e 3/1/96. As figuras 4 a 6 reproduzem os resultados obtidos para DQO (total e filtrada), DBO 5 total, cor, condutividade e alcalinidade, no período compreendido entre 5/12/96 e 16/1/ o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1642

12 DQO (total) DQO (filtrada) DBO5 (total) DQO total e filtrada (mg/l) Afluente PF.1 PF.2 PF.3 PF.4 PF.5 PF.6 FP.1 DBO5 total (mg/l) FP.2 FP.3 FP.4 FP.5 FP.6 Afluente bruto e efluente de cada unidade filtrante Figura 2. Comportamento da DQO (total e filtrada) e DBO 5 (total) (24/1/96 a 3/1/96). NTK-N Amônia-N Nitrato-N 4 14 NTK-N e NH4-N (mg/l) NO3-N (mg/l) Afluente PF.1 PF.2 PF.3 PF.4 PF.5 PF.6 FP.1 FP.2 FP.3 FP.4 FP.5 FP.6 Afluente bruto e efluente de cada unidade filtrante Figura 3. Comportamento do NTK-N, NH 4 + -N e NO 3 - -N (24/1/96 a 3/1/96). DQO (total) DQO (filtrada) DBO5 (total) DQO total e filtrada (mg/l) DBO5 total (mg/l) Afluente PF.1 PF.2 PF.3 PF.4 PF.5 PF.6 FP.1 FP.2 FP.3 Afluente bruto e efluente de cada unidade filtrante Figura 4. Comportamento da DQO (total e filtrada) e DBO 5 (total) (5/12/96 a 16/1/97). FP.4 FP.5 FP.6 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1643

13 Condutividade Alcalinidade Condutividade (umhos/cm) Afluente PF.1 PF.2 PF.3 PF.4 PF.5 PF.6 FP.1 FP.2 FP.3 FP.4 FP.5 FP Alcalinidade (mg CaCO3/L) Afluente bruto e efluente de cada unidade filtrante Figura 5. Comportamento da condutividade e da alcalinidade (5/12/96 a 16/1/97). Cor (mg Pt/L) Cor Afluente PF.1 PF.2 PF.3 PF.4 PF.5 PF.6 FP.1 FP.2 FP.3 FP.4 FP.5 FP.6 Afluente bruto e efluente de cada unidade filtrante Figura 6. Comportamento da cor (5/12/96 a 16/1/97). As remoções de DQO, seja ela total ou filtrada, foram pouco significativas nos pré-filtros, embora em algumas unidades e esporadicamente as eficiências tenham atingido valores superiores a 5 %. A regra foi, no entanto, que as concentrações efluentes se situassem em patamares muito próximos aos das concentrações afluentes. Poder-se-ia concluir que, com base nos resultados deste trabalho, a incorporação de unidade de pré-filtração em um sistema de tratamento de lixiviados de células de aterros sanitários antigos, não determina acréscimo de eficiência que justifique a sua utilização. Esta assertiva é válida para os demais parâmetros analisados durante a realização do estudo. No que se refere aos filtros percoladores, estes mostraram eficiências superiores aos pré-filtros na remoção das cargas poluentes, principalmente os filtros percoladores FP.1 e FP.2, com meio suporte de carvão ativado (como era de se esperar) e com meio suporte de aparas de couro curtido wet blue, respectivamente. Em valores absolutos, inclusive, sem a realização de estudos estatísticos complementares, é razoável admitir como similares os resultados obtidos pelos dois filtros percoladores. É surpreendente, inclusive, como se constata a efetiva atividade biológica no âmbito dos reatores, atestada pelos altíssimos índices de nitrificação observados nos filtros referidos, evidenciados pela detecção de elevadíssimas concentrações de nitratos nos 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1644

14 efluentes dos mesmos. Do ponto de vista físico, a eficiência em termos de remoção de cor foi excepcional, com percentuais superiores a 9 %; no entanto, em termos de sólidos, a performance de todas as unidades foi sofrível. Não se observou efeito tóxico das aparas de couro wet blue, curtidas ao cromo - Cr (III) - sobre a biota dos reatores, já que em nenhum momento verificou-se perda de eficiência comparativamente ao reator com carvão ativado. CONCLUSÕES Os resultados obtidos mostraram que os pré-filtros tiveram pequena interferência no processo, o que pode ter sido devido à idade antiga do aterro estudado, originando um lixiviado pouco concentrado e praticamente destituído de sólidos em suspensão, principalmente os sedimentáveis. No que se refere aos filtros percoladores, é possível concluir-se que o filtro FP.1 com carvão ativado (como era esperado) e o filtro FP.2 com aparas de couro wet blue, foram os que apresentaram eficiências mais elevadas e semelhantes em valores absolutos. Com isto, é possível afirmar-se que a utilização de filtros com aparas de couro wet blue representam uma interessante alternativa de meio suporte para filtros percoladores no tratamento de lixiviados de aterros, tanto do ponto de vista técnico quanto do econômico, e principalmente deste último, uma vez que as aparas são sobras via de regra inaproveitadas da indústria curtumeira/calçadista. É possível ainda concluir-se que os filtros biológicos ou percoladores, de baixa taxa e com meios suporte de biomassa convencionais (brita, cacos de tijolos, argila expandida, etc.), não apresentaram eficiências satisfatórias na atenuação/remoção dos elementos poluentes existentes no lixiviado da célula de aterro antiga estudada. Isto sugere que se aprofunde a questão da utilização das aparas de couro wet blue em filtros projetados para a finalidade em questão, também para lixiviados de células jovens, observando-se com maior critério a questão da possível lixiviação do Cr (III) e seus hipotéticos efeitos tóxicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ARRUDA, A.C. S. et alli. Sistema de tratamento de líquidos percolados implantado no aterro sanitário de São Giácomo/Caxias do Sul/RS. In : SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE QUALIDADE AMBIENTAL, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre. 251 p. 2. EPA Wastewater treatment facilities for sewered small communities. Cincinnati (EPA-625/1-77-9). 3. STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND WASTEWATER ed. Washington: American Public Health Association. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1645