Demografia e género em Cabo Verde. A abordagem de género na leitura e análise de dados demográficos em Cabo Verde.

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1 Demografia e género em Cabo Verde A abordagem de género na leitura e análise de dados demográficos em Cabo Verde. Nota Introdutória (0,5 pág.) O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância da abordagem de género na leitura de indicadores demográficos em Cabo Verde no contexto de transição demográfica. Para alcançar o objetivo proposto se procedeu análise de literatura internacional e nacional no sentido de construir as bases teóricas, ao mesmo tempo que se realizou a leitura e análise de dados demográficos do país. A transversalização na leitura de dados com uma abordagem de género incluiu fatores importantes no contexto de transição demográfica tais como (i) bónus demográfico; (ii) dividendo demográfico; (iii) taxa de participação na força de trabalho; (iv) emprego; (v) subemprego; (vi) pobreza, entre outros. Como resultado deste processo o artigo para alem da nota introdutória e conclusão esta composto por três capítulos: (i) (ii) (iii) A transição demográfica e a importância da inclusão da abordagem de género nos estudos demográficos: trata-se do capítulo que contextualiza a questão desde uma perspetiva das mudanças nas dinâmicas populacionais, assim como da importância da abordagem de género na realização de estudos demográficos; Transição demográfica e Género Análise da situação em Cabo Verde: descreve a situação atual em Cabo Verde no que diz respeito a dinâmicas populacionais, através do estudo das projeções demográficas ao mesmo tempo que relaciona estes últimos com as dinâmicas no mercado de trabalho nacional assim como a participação da mulher na força de trabalho nacional. Discussão: trata da questão do aproveitamento do bónus demográfico para o desenvolvimento económico do país de forma a que, neste processo sejam introduzidas políticas sociais que permitam a promoção da igual e equidade de género em Cabo Verde. Para tal se discutem questões relacionadas com a participação da mulher na força de trabalho, mas também se analisam outras questões relacionados com o emprego vulnerável, condições laborais, carga de trabalho das mulheres, assim como o trabalho não remunerado, dado que a não inclusão destes aspetos na agenda política teriam consequências a nível da redução da pobreza e melhoria da qualidade de vida em Cabo Verde.

2 A modo de conclusão o artigo identifica que a importância que leitura e análise de dados demográficos com uma abordagem de género tem, no que concerne a problemática estudada, recai sobre o facto de que da visibilidade as desigualdades de género. A transição demográfica e a importância da inclusão da abordagem de género nos estudos demográficos (2pág.) A análise e a leitura dos dados internacionais indicam que a globalmente se estão a viver intensas mudanças demográficas, sendo que as mais significativas são: o rápido crescimento demográfico em alguns países em desenvolvimento, o aumento da população de entre 15 e 64 anos de idade (idade produtiva), a diminuição da natalidade, o aumento da esperança de vida, uma crescente urbanização da população mundial, sendo esta o aumento da população urbana frente a população rural e a migração internacional. Estas mudanças nas dinâmicas populacionais têm tido diversos impactos tanto a nível económico, social ou ambiental, que trazem diversos desafios, que podem ser ultrapassados com políticas tanto a nível público como privado, que sejam pertinentes e acertadas Um dos maiores desafios que se põem a nível de implementação de políticas que respondam a estas mudanças é a necessidade de estabelecer medidas que permitam que os mercados de trabalho possam absorver a entrada de pessoas em idade ativa, de forma a dinamizar o crescimento económico e o desenvolvimento dos países e ao mesmo tempo dar acesso a estas pessoas a um maior capital humano através do acesso educação. Contudo é necessário que o acesso se transforme em melhores condições laborais dado que em muitos países o acesso nem sempre significa a oportunidade de beneficiar-se melhores condições laborais. Neste sentido seria imperativo que as nações criassem as condições para suportar esta crescente demanda de emprego e demais demandas sociais. As mudanças observadas a nível da demografia são descritas pelos demógrafos como sendo uma transição demográfica que segundo o David E. Bloom seria a mudança de regime de altas taxas de natalidade e de mortalidade para baixas taxas de natalidade e mortalidade (BLOOM, 2016). 1 Esta transição leva a alterações na estrutura da pirâmide etária dos países, que poderia promover a desenvolvimento económico dos países, porque diminuiria o número de dependentes e aumentaria a produtividade dos indivíduos, tendo como primeiro impacto o aumento do potencial para a criação do dividendo demográfico, sendo que este é um impulso à renda per capita associado a diminuição da fertilidade, redução a carga de dependência e 1 David. E Bloom; Demographic Upheavel IN: Finance and Development March 2016.

3 aumento da proporção de trabalhadores, permitindo que os recursos sejam reorganizados no sentido de estabelecer de condições económicas e sociais para o desenvolvimento do país. O dividendo demográfico seria então uma oportunidade para o crescimento rápido e redução da pobreza, mas isto só seria possível com políticas que permitissem o aproveitamento desta janela de oportunidade, para tal seria fundamental a inclusão de políticas no sentido de aproveitar o bónus demográfico, sendo que estas teriam incentivar inclusão das mulheres no mercado de trabalho para aproveitar a sua força de trabalho. Neste ponto recai a importância da leitura e análise de dados, assim como a realização de estudos demográficos que incorporem a perspetiva de género. A literatura internacional indica que a incorporação desta perspetiva é justificada por dois aspetos fundamentais: 1. O género é uma categoria de análise social que é construído sobre a dicotomia biológica do sexo (Mulher Homem) sobre a qual se moldam e se constroem os papeis e roles sociais; 2. As transformações observadas na última metade do século XX relativamente as mulheres no seu ciclo de vida e no seu papel social, criam a necessidade de estudar e entender as dinâmicas demográficas que se dão a raiz destas dinâmicas; 3. A participação ativa no mercado de trabalho. Se torna então fundamental o estudo destas transformações demográficas, tendo em conta as mudanças nas relações de género. Cabo Verde está passar por um processo de transição demográfica no qual segundo a literatura internacional considera-se que, países com uma pirâmide demográfica como a de Cabo Verde estão perante uma janela de oportunidade ou bónus demográfico, pois o peso da população dependente 2 é pequeno e quase dois terços da população está em idade ativa. Este senário de mudança de dinâmicas populacionais tem implicações tanto sociais como económicas, mas também de manifestações de ordem material e comportamental das populações. Neste sentido a inclusão da perspetiva de género nos estudos demográficos tendo em conta o processo de transição demográfica e consequente bónus demográfico pelo qual Cabo Verde atravessa, 2 De maneira geral e para efeito das relações de dependência, a literatura define as crianças e adolescentes pela soma das cortes de 0 a 14 anos, os adultos como a soma das coortes de 15 a 64 anos e os idosos como as pessoas acima de 65 anos. De forma um tanto quanto arbitrária, o primeiro e terceiro grupos são definidos como população dependente e a população de adultos como população potencialmente produtiva ou População em Idade Ativa (PIA). Assim, a razão de dependência demográfica é definida como a soma da população de crianças/adolescentes (que estão nas creches e escolas) e idosos (geralmente aposentados) divididos pela população adulta predominantemente no mercado de trabalho). (Diniz, 2008: 6.)

4 ganha especial importância devido ao aumento da participação da mulher na força de trabalho, a relevância que esta ganha na redução da pobreza e na melhoria da qualidade de vida da população. Transição demográfica e Género Análise da situação em Cabo Verde (2pág.) Cabo Verde passa na atualidade por uma transição demográfica que de traduz em mudanças demográficas importantes, entre elas a queda de 4 para 2,34 no Índice Sintético de Fecundidade (ISF) 3 e do aumento da esperança de vida, pelo verificam-se profundas mudanças na estrutura etária da população cabo-verdiana, materializadas na evolução do peso percentual dos diversos grupos de idade especialmente dos grupos etários 0-14 e 65 anos e mais (enquanto o peso do primeiro diminui, o peso do segundo aumenta). Segundo os cálculos realizados tendo como fonte de dados as projeções estatísticas do INE, se estima que o peso percentual da população com idades compreendidas entre anos passaria de 60% em 2010 a 68% em Este aumento vem acompanhado com uma diminuição da população dependente. Gráfico 1: Percentagem da população Cabo-verdiana por idade e sexo, ,0 65,5 60,0 50,0 40,0 30,0 29,4 33,3 32,2 M F T 20,0 14,8 14,6 10,0 0,0 2,0 3, ,1 Fonte: Dados INE - Projeções demográficas As projeções demográficas do Instituto Nacional de Estatísticas de Cabo Verde, em 2015 indicam que a população total do país era de habitantes destes eram do sexo Masculino e do sexo Feminino, o que aponta para um equilíbrio entre a população. A análise dos 3 O ISF é o número médio de filhos por mulher em idade de procriar, ou seja, mulheres de anos (INE, 2002).

5 dados por grupos etários e percentagens relativamente a população total indicam que 29,4% da população tinha entre 0-14 anos, 65,5% entre anos e 5,1% com 66+. Os dados analisados evidenciam que Cabo Verde se encontra neste momento frente a um bónus demográfico que abre uma janela de oportunidades dado que um 65,5% da população cabo-verdiana se encontrava em idade produtiva (15-65 anos) em 2015, ao mesmo tempo que a população dependente tem um peso menor na estrutura demográfica. Este senário está relacionado com o aumento da oferta de trabalho, segundo Marone (2016), 4 em 2014 a taxa de participação da mulher na força de trabalho era de 51,2% do total de mulheres em idade ativa e a dos homens de 65%, contudo os dados indicam um fosso de género é de 13,8% a desfavor das mulheres. Este fosso esta relacionado com um maior número de mulheres inativas (97.780) frente a homens inativos (63.811), tendo estas diversas razões entre as quais o papel social. Quando analisados os dados referentes ao mercado de trabalho publicados pelo INE no IMC 2014, estes indicam uma maior taxa de desemprego entre os homens (16,3%) que entre mulheres (15,2%). Contudo uma leitura mais aprofundada dos dados pode dar-nos informações pertinentes no referente a situação da mulher neste campo. Nota-se uma maior taxa de desemprego entre mulheres de idade compreendidas entre 15 e 34 anos de idade, oscilando entre valores de 42% a 15 %, frente aos homens na mesma idade com valores que oscilam entre os 30% e 10%. Isto indica por um lado que o desemprego em Cabo Verde afeta aos jovens, mas fundamentalmente a mulheres jovens em idade reprodutiva, o que contribui para a feminização da pobreza no país. O não aproveitamento desta força de trabalho da mulher e do bónus demográfico com vista ao desenvolvimento do país, dado que a oferta de trabalho é maior que a demanda, pode conduzir um senário com implicações tanto sociais como económicas, mas também de manifestações de ordem material e comportamental das populações. Vendo a transição demográfica em Cabo Verde desde uma perspetiva de género, se identifica a necessidade de aplicação de políticas de promoção da igualdade de género, para o aumento da participação da mulher na força de trabalho, fundamentalmente da mulher jovem em idade reprodutiva. Discussão (3pág.) A transição demográfica ao ser associada a políticas sociais adequadas que tenham como objetivo o aumento da produtividade do país, assim como o aproveitamento da força de 4 Demographic Dividend, Gender Equality in Labor Force Participation, and Economic Growth: The Case of Cabo Verde

6 trabalho, de forma a beneficiar-se do bónus demográfico, teria a capacidade de promover o desenvolvimento económico e social e a redução da pobreza em Cabo Verde. Contudo um facto indispensável é a manutenção e a melhoria do acesso universal à educação, à saúde ao emprego. Esta janela de oportunidade seria ainda mais profícua se estas políticas estivessem direcionadas a promoção da igualdade e equidade de género. Segundo Marone (2016), a promoção da igualdade de género e o aumento da taxa de participação na força de trabalho da mulher, poderiam ter impactos significantes no crescimento do PIB. A leitura e análise de dados demográficos que se levou a cabo no capítulo anterior, evidenciam que em Cabo Verde, a força de trabalho das mulheres não está a ser plenamente aproveitada, apesar de serem menos atingidas pelo desemprego. Contudo uma leitura profunda dos dados nos indicam um fosso importante relativamente ao desemprego, entre mulheres e homens de entre anos de idade a desfavor das mulheres, o que compromete a total autonomia económica das mulheres em idade reprodutiva. A participação de mulheres como homens no mercado de trabalho, não só deve ser vista desde uma perspetiva de emprego/desemprego mas também considerar o subemprego existente, os trabalhos considerados vulneráveis e questões estruturais de desigualdade de género, entre outros aspetos. Uma das questões críticas que se evidenciam durante a leitura dos dados, 5 é o facto de que cerca de 56,6% das pessoas que trabalham em trabalhos elementares e ligados a informalidade são mulheres, frente a 43,4% dos homens, pelo que não só mostram a vulnerabilidade do emprego das mulheres frente aos homens, mas também as disparidades no que diz respeito as condições de emprego. Os dados e as evidências sugerem que as mulheres são as que maioritariamente trabalham na informalidade, aumentando o fosso relativamente a oportunidades económicas, melhoria da qualidade de vida e pobreza. Esta situação tem diversas consequências entre as quais o incremento do fosse de género no que diz respeito a pessoas pobres. Segundo os dados disponíveis em 2007 as pessoas pobres eram predominantemente do sexo feminino 56,3% e 43,7% homens. a situação era 5 Mulheres e Homens em Cabo Verde Factos e Número; INE; 2015

7 idêntica relativamente a agregados pobres chefiados por mulheres ou por homens, sendo o fosso de género a desfavor das mulheres de 12 pontos percentuais. 6 As causas da pobreza são de ordem multidimensional, tendo raízes em muitos casos em questões estruturais, levando consequentemente a que a pobreza atinja a pessoas em situações de vulnerabilidade especialmente as mulheres. No caso de Cabo Verde apesar dos avanços realizados na promoção da igualdade e equidade de género em Cabo Verde, as políticas nacionais que tinham como objetivo a redução da pobreza, não tiveram o efeito desejado na promoção da a autonomia económica das mulheres. Diversos relatórios internacionais têm chamado a atenção para a feminização da pobreza globalmente e em Cabo Verde. O relatório Empowering African Women: An Agenda for Action - GENDER EQUALITY INDEX 2015 elaborado pelo Banco Africano de Desenvolvimento, reflete a situação atual das mulheres em África. Neste se elaborou uma lista dos 10 países com melhor performance no que concerne as questões de género, no qual Cabo Verde encontra-se no posto número nove, demostrando os avanços conseguidos no país. Contudo os dados existentes demostram que, a dimensão que menos se tem observado avanços em Cabo Verde é a dimensão de oportunidades económicas, tendo como consequência a que persista a feminização da pobreza em Cabo Verde. Cabo Verde ao igual que muitos outros países em transição demográfica passam por um momento de aumento do número de jovens e pessoas em idade produtiva, os dados sobre desemprego que o mercado de trabalho nacional não consegue absorver este aumento de pessoas em idade produtiva. Nota-se também um substancial fosso de género no que diz respeito ao desemprego sobretudo entre mulheres e homens jovens. No sentido de aproveitar este bónus demográfico por um lado e diminuir a feminização da pobreza, seria necessário aumentar a taxa de participação na força de trabalho das mulheres. Segundo Marone (2016), para igualar a participação das mulheres na força de trabalho a participação dos homens, seria necessário aumentar a primeira cerca de um 12,2%, o que seria equivalente a criação de trabalhadoras. Este aumento não só representaria um passo importante na luta contra a pobreza, mas também teria efeitos notórios no aumento do PIB nacional. 6 IDRF (2002), INE & QUIBB (2007), INE

8 O aumento da força de trabalho da mulher a nível nacional requer de políticas que permitam que elas estejam integradas no mercado de trabalho o que leva a incorporação do Trabalho Não Remunerado (TNR), 7 como parte integrante do desenvolvimento do país, dado que a medida que as mulheres entram no mercado de trabalho, deveria ter um sistema de cuidado aos dependentes destas. Contudo o relatório sobre o Uso de Tempo, 8 indica que 74% do trabalho realizado em Cabo Verde é TNR, representando ¾ do total do trabalho realizado em Cabo Verde, deste total um 62% é realizado por mulheres. Ao mesmo tempo os dados apontam que 90,3% do Trabalho Não Remunerado (TNR) é realizado por mulheres. A mulher em Cabo Verde encontra-se perante uma situação de pobreza de tempo, devido a sua carga de trabalho tanto remunerado como não remunerado, levando a profundas desigualdades de género o que dificulta a sua participação na força de trabalho qualificado e remunerado nacional. Como podemos perceber durante o artigo o aproveitamento do bónus demográfico a raiz do aproveitamento da força de trabalho da mulher em Cabo Verde, depende em grande medida de políticas que incorporem a noção da pobreza de tempo da mulher, a vulnerabilidade do emprego a que esta acede. Esta pobreza que é construída por diversos aspetos estruturais da sociedade, levando a disparidades e desigualdades de género e que conjuntamente com as mudanças demográficas já descritas levam ao aumento da pobreza e instabilidade social. A importância da inclusão da abordagem de género na análise e realização de estudos demográficos torna-se então crucial, desde uma perspetiva de promoção da igualdade e equidade de género, mas também uma perspetiva de desenvolvimento económico, social e cultural do país. Conclusões (1pág) A literatura internacional nos indica por um lado que o aproveitamento do bónus demográfico pode ter um impacto importante no PIB, levando a um maior crescimento económico e desenvolvimento dos países. As experiências de alguns países do sudeste 7 TNR: compreende o conjunto de trabalhos integrados no trabalho doméstico familiar, cuidados infantis, cuidados a dependentes ou doentes que se realize para o próprio agregado familiar, e ainda trabalho voluntário na comunidade e de apoio prestado a outros agregados familiares, que se realiza de forma gratuita. 8 Inquérito Multi-Objetivo Contínuo 2012 Relatório do Módulo Uso do Tempo e Trabalho Não Remunerado em Cabo Verde 2012: INE.

9 asiático confirmam esta tendência. Contudo se a este fator demográfico não são associadas políticas públicas que permitam um maior acesso a educação, saúde e emprego esta janela oportunidade se perde, trazendo consequências sociais não desejadas. Para que se de o completo aproveitamento do bónus demográfico é necessário um maior aproveitamento da força de trabalho da mulher, que depende de diversos fatores entre os quais a capacidade de absorção da economia destas capacidades e as ofertas de trabalho que se criam. Mas a utilização da força de trabalho da mulher recai em outros aspetos tais como o fosso de género existente ao acesso a melhores condições de trabalho e de reconhecimento do TNR, de forma a que as mulheres possam ver o seu trabalho reconhecido na economia nacional. Os dados analisados neste trabalho evidenciam que em Cabo Verde, as mulheres têm uma menor participação na força de trabalho nacional, e que mesmo participando estão abocadas a empregos mais vulneráveis e com menos condições laborais. Esta dinâmica tem levado a que a pobreza em Cabo Verde seja maioritariamente feminina, trazendo inúmeras situações de desigualdade. Neste sentido as políticas sociais a serem aplicadas devem ter especial atenção aos fossos de género existentes. As razões para a existência destes fossos são diversas, mas os dados relativamente ao trabalho realizado no país sugerem que o trabalho não remunerado (TNR), no qual se inclui o cuidado a dependentes, pode ser uma das causas que dificultam a participação da mulher na força de trabalho, assim como o acesso a empregos com melhores condições laborais. A importância que leitura e análise de dados demográficos com uma abordagem de género tem, no que concerne a problemática estudada, recai sobre o facto de que da visibilidade as desigualdades de género, assim como permite ter um olhar aprofundado sobre a realidade Cabo-verdiana ao mesmo tempo contribui para a introdução da problemática na agenda pública. A visibilidade auxilia no desenho e análise de propostas orientadas para a igualdade social e melhoria na distribuição de recursos existentes, assim como permite entender as relações entre o acesso, o controlo e benefício dos mesmos.

10 Bibliografia David. E Bloom; Demographic Upheavel IN: Finance and Development March 2016; Diniz. José; A transição Demográfica e a janela de oportunidade IN: Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial; Inquérito Multi-Objetivo Contínuo 2012 Relatório do Módulo Uso do Tempo e Trabalho Não Remunerado em Cabo Verde 2012: INE; Inquérito Multi-Objetivo Contínuo 2014 Estatísticas das famílias e Condições de Vida; James Manley and Felipe Vasquez; Childcare Availability and Female Labor Force Participation: An Empirical Examination of the Chile Crece Contigo Program, 2013; Jorge lyra & benedito medrado: gênero e paternidade nas pesquisas demográficas: o viés científico; Lawson. Sandra; Women Hold up Half the Sky: IN Global Economic paper Nº: 164, 2008; Marone, Heloisa; IN:Demographic Dividend, Gender Equality in Labor Force Participation, and Economic Growth: The Case of Cabo Verde, 2016; Mulheres e Homens em Cabo Verde Factos e Número; Instituto Nacional de Estatísticas de Cabo Verde, 2015; Takeda Hiroko; All the Japan State Wants is Shining Women (and Their Families): Tatemae and Honne of Abe- Womenomics, 2014; The Global Gender Gap Report 2015: World Económic Fórum;