DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
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1 0 UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO JOÃO PAULO LIMA RODRIGUES GESTÃO FINANCEIRA EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO NO SETOR SUPERMERCADISTA DE MOSSORÓ-RN Natal/RN 2013
2 1 JOÃO PAULO LIMA RODRIGUES GESTÃO FINANCEIRA EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO NO SETOR SUPERMERCADISTA DE MOSSORÓ-RN Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. ORIENTADOR: Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone. Natal/RN 2013
3 2 JOÃO PAULO LIMA RODRIGUES GESTÃO FINANCEIRA EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO NO SETOR SUPERMERCADISTA DE MOSSORÓ-RN Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Aprovado em: 13/08/2013 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone Orientador Universidade Potiguar UnP Prof. Dr. Alípio Ramos Veiga Neto Examinador Interno Universidade Potiguar UnP Prof. Dr. André Gustavo Carvalho Machado Examinador Externo Universidade Federal da Paraíba UFPB
4 3 Dedico este trabalho à minha família, base fundamental para todas as conquistas.
5 4 AGRADECIMENTOS Agradeço, Ao único que é digno de receber a honra, a glória, a força e o poder, Deus todopoderoso, sem O qual jamais teria alcançado bênçãos sem medidas. Que diminua eu pra que Tu cresças, Senhor. À minha amada e ajudadora esposa, Arianne, presente em todos os momentos de minha vida, que mesmo em momentos de dificuldades sempre me fortaleceu e me fez acreditar nessa vitória, que é nossa! À minha primogênita princesinha Dominique, com toda sua graça e doçura, que faz meus dias mais serem mais alegres e renovaram minhas forças para chegar a essa grande conquista. Aos meus pais, Vicente e Teresinha, que nunca mediram esforços para verem o sucesso de seus filhos, sempre ajudando no que for preciso. Aos meus irmãos, Allyssandra e Rodrigues, pelo apoio e contribuições, os quais foram essenciais para essa conquista. Ao meu orientador, professor Dr. Rodrigo Leone, pelos ensinamentos, paciência e sabedoria na condução desta pesquisa. A todos os docentes do Mestrado em Administração da Universidade Potiguar, pelos conhecimentos repassados ao longo do curso, os quais fizeram com que elevasse meu nível intelectual. Ao meu grande amigo Jedson Veríssimo, pelo apoio incondicional que sempre me deste e pela preciosa colaboração. Aos amigos que fiz durante esta caminhada, principalmente aqueles do itinerário semanal Mossoró-Natal, Maurílio e Aurineide. Como dizíamos: Grandes coisas estão por vir. Estas coisas chegaram, amigos. Aos demais amigos que colaboraram direta ou indiretamente nesta caminhada. Aos gestores das empresas pesquisadas, pela disponibilidade e recepção cortês com que nos receberam quando da aplicação desta pesquisa. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte pela oportunidade de realização deste trabalho.
6 5 E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Novo Testamento, Evangelho de João, capítulo 8, versículo 32.
7 6 RESUMO O presente estudo tem como objetivo analisar as práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e pequenas empresas do setor supermercadista de Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte. A pesquisa caracterizou-se como descritiva, de caráter essencialmente quantitativo e quanto aos meios de investigação como pesquisa de campo. O universo da pesquisa foi constituído por 70 empresas, informação obtida a partir de consulta junto à JUCERN Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte. Optou-se por realizar a pesquisa do tipo censitária. Como instrumento de coleta foi utilizado um questionário estruturado, com base em 11 dimensões envolvendo temas de gestão financeira, coletados a partir de estudos empíricos nacionais e internacionais. Dentre os principais resultados, detectou-se que as empresas utilizam apenas ferramentas básicas de controle financeiro, como controle do patrimônio imobilizado, controle de estoques, contas a pagar, contas a receber, prazos médios de pagamento e de recebimento. Como fatores positivos, elas ainda demonstraram conhecer a margem de contribuição de seus produtos, o custo dos mesmos, aproveitam-se do ganho de escala e sabem onde estão seus gargalos financeiros. Por outro lado, diversos problemas ou falhas gerenciais foram detectados: inexistência de fluxogramas de procedimentos financeiros; falta de relatórios para tomada de decisão; adoção de critérios subjetivos, como o feeling e a confiança nos clientes na concessão de crédito, desprezando critérios objetivos como informações de proteção ao crédito, informações do histórico de clientes em suas relações comerciais, bem como suas informações pessoais, como renda, estado civil, escolaridade, idade e sexo; total falta de planejamento e orçamento financeiro; falta de estudo acerca das possibilidades de investimento e financiamento; inutilização de indicadores e instrumentos financeiros, como indicadores de atividade, de rentabilidade, de liquidez e de endividamento, ciclos operacional e financeiro, ponto de equilíbrio e técnicas de análise de investimentos; e desprezo das informações contábeis e financeiras quando da elaboração de relatórios gerenciais (para aquelas que raramente os fazem), da formulação de estratégias e da tomada de decisões. Estabelecem seus preços principalmente baseados nos preços da concorrência, e, em menor escala, adotando a taxa mark-up. Com relação aos problemas gerenciais e financeiros enfrentados, a concorrência foi a mais evidente, seguido de falta de capital de giro, falta de organização, conjuntura econômica, falta de conhecimentos técnico-gerenciais, carga tributária elevada e dificuldades ou restrições de crédito no mercado. Da análise de correlação de Spearman, o que se pôde detectar foi que falhas gerenciais em aspectos como Planejamento Financeiro, Relatórios Gerenciais, Formulação de Estratégias, Tomada de Decisões e Avaliação de Investimentos e Financiamentos refletem principalmente em problemas internos ou inerentes às empresas, os quais elas detêm controle e podem ser gerenciados, como falta de organização, falta de capital de giro e falta de conhecimentos técnico-gerenciais para conduzir o negócio. Já problemas de crédito no mercado, carga tributária, concorrência e conjuntura econômica são externos às empresas, portanto incontroláveis por elas. Palavras-chave: Gestão financeira. Micro e pequenas empresas. Supermercados. Problemas gerenciais e financeiros.
8 7 ABSTRACT The present study aims to analyze the practices and problems of financial management in micro and small enterprises in the supermarket sector of Mossoró in the State of Rio Grande do Norte. The research was characterized as descriptive of character essentially quantitative and the means of research as field research. The research comprised 70 companies, information obtained from consultation with local JUCERN Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte. We chose to conduct the census type research. As data collection instrument was used a structured questionnaire based on 11 dimensions involving issues of financial management, collected from national and international empirical studies. Among the main results, it was found that companies using only basic tools of financial control, and control of fixed assets, inventory control, accounts payable, accounts receivable, average payment and receipt. As positive factors, they still knew about the contribution margin of their products, their cost, take advantage of economies of scale and know where your financial bottlenecks. On the other hand, many problems or management failures were detected: no flowcharts financial procedures; lack of reports for decision making; adoption of subjective criteria, such as the feeling and confidence in clients in lending, flouting objective criteria such information credit protection, customer history information in their business relationships, as well as your personal information such as income, marital status, education, age and sex; total lack of financial planning and budgeting; lack of study on the possibilities of investment and financing; destruction of indicators and financial instruments, such as activity indicators, profitability, liquidity and leverage, financial and operational cycles, equilibrium and techniques of investment analysis; and contempt of accounting and financial information when preparing management reports (for those who rarely do), strategy formulation and decision making. They set their prices based primarily on price competition and, to a lesser extent, adopting the mark-up rate. With respect to managerial and financial problems faced competition was the most obvious, followed by lack of capital, lack of organization, economic conditions, lack of technical and managerial expertise, high taxes and credit constraints or difficulties in the market. The Spearman correlation analysis, which was detected was that management failures in aspects such as "Financial Planning", "Management Reports", "Strategy Formulation", "Decision Making" and "Evaluation of Investment and Financing" primarily reflect problems inherent or internal in companies, which they own and control can be managed, such as lack of organization, lack of capital and lack of technical and managerial expertise to conduct business. Have credit problems in the market, taxes, competition and economic conditions are external to firms, therefore uncontrollable by them. Keywords: Financial Management. Micro and small enterprises. Supermarkets. Managerial and financial problems.
9 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Critério de classificação das empresas Figura 2 Os ciclos do balanço patrimonial Figura 3 Capital circulante líquido positivo Figura 4 Capital circulante líquido negativo Figura 5 Exemplo de cálculo da NCG, CCL e ST Figura 6 Efeito tesoura Figura 7 Ciclo operacional, econômico e financeiro Figura 8 Custos de concessão de crédito Figura 9 Os C s do crédito Figura 10 Indicadores financeiros... 60
10 9 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Gráficos box-plot para a dimensão Organização e Controle Gráfico 2 Gráfico de dispersão para a dimensão Organização e Controle Gráfico 3 Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Capital de Giro Gráfico 4 Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Capital de Giro Gráfico 5 Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Crédito Gráfico 6 Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Crédito Gráfico 7 Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Custos e Formação de Preço Gráfico 8 Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Custos e Formação de Preço Gráfico 9 Gráficos box-plot para a dimensão Planejamento, Orçamento e Controle Gráfico 10 Gráfico de dispersão para a dimensão Planejamento, Orçamento e Controle Gráfico 11 Gráficos box-plot para a dimensão Avaliação de Investimentos e Financiamentos Gráfico 12 Gráfico de dispersão para a dimensão Avaliação de Investimentos e Financiamentos Gráfico 13 Gráficos box-plot para a dimensão Avaliação de Resultados Econômicos e Financeiros Gráfico 14 Gráfico de dispersão para a dimensão Avaliação de Resultados Econômicos e Financeiros Gráfico 15 Gráficos box-plot para a dimensão Demonstrativos, Indicadores e Métodos Gráfico 16 Gráfico de dispersão para a dimensão Demonstrativos, Indicadores e Métodos 113 Gráfico 17 Gráficos box-plot para a dimensão Relevância das Informações Contábeis e Financeiras Gráfico 18 Gráfico de dispersão para a dimensão Relevância das Informações Contábeis e Financeiras Gráfico 19 Gráficos box-plot para a dimensão Problemas Gerenciais e Financeiros Gráfico 20 Gráfico de dispersão para a dimensão Problemas Gerenciais e Financeiros Gráfico 21 Gráfico de dispersão para a pontuação total obtida por cada empresa
11 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Perfil das empresas Tabela 2 Organização e Controle Tabela 3 Análise de Capital de Giro Tabela 4 Análise de Crédito Tabela 5 Análise de Custos e Formação de Preço Tabela 6 Planejamento, Orçamento e Controle Tabela 7 Avaliação de Investimentos e Financiamentos Tabela 8 Avaliação de Resultados Econômicos e Financeiros Tabela 9 Demonstrativos, Indicadores e Métodos Tabela 10 Relevância das Informações Contábeis e Financeiras Tabela 11 Problemas Gerenciais e Financeiros Tabela 12 Correlação de Spearman entre Planejamento Financeiro e Problemas Gerenciais e Financeiros Tabela 13 Correlação de Spearman entre Relatórios Gerenciais e Problemas Gerenciais e Financeiros Tabela 14 Correlação de Spearman entre Formulação de Estratégias e Problemas Gerenciais e Financeiros Tabela 15 Correlação de Spearman entre Tomada de Decisões e Problemas Gerenciais e Financeiros Tabela 16 Correlação de Spearman entre Avaliação de Investimentos e Financiamentos e Problemas Gerenciais e Financeiros
12 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO PROBLEMÁTICA OBJETIVOS Objetivo geral Objetivos específicos JUSTIFICATIVA REFERENCIAL TEÓRICO GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS GESTÃO FINANCEIRA DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS GESTÃO DE CAPITAL DE GIRO ANÁLISE DE CRÉDITO ANÁLISE DE CUSTOS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO FINANCEIRO DECISÕES DE FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO METODOLOGIA TIPO DE PESQUISA UNIVERSO / AMOSTRA DA PESQUISA VARIÁVEIS ANALÍTICAS COLETA DE DADOS Instrumento Plano de coleta TRATAMENTO DOS DADOS... 76
13 12 4. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DIMENSÃO 1: PERFIL DIMENSÃO 2: ORGANIZAÇÃO E CONTROLE DIMENSÃO 3: ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO DIMENSÃO 4: ANÁLISE DE CRÉDITO DIMENSÃO 5: ANÁLISE DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO DIMENSÃO 6: PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E CONTROLE DIMENSÃO 7: AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTOS DIMENSÃO 8: RESULTADOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS DIMENSÃO 9: DEMONSTRATIVOS, INDICADORES E MÉTODOS DIMENSÃO 10: RELEVÂNCIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS DIMENSÃO 11: PROBLEMAS GERENCIAIS E FINANCEIROS ANÁLISE DE CORRELAÇÃO DE VARIÁVEIS CONSIDERAÇÕES FINAIS LIMITAÇÕES E PESQUISAS FUTURAS REFERÊNCIAS APÊNDICES
14 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Na atual conjuntura econômica mundial, percebe-se avanço e expansão da competitividade entre as organizações na disputa pelos mercados. Segundo Mendonça (2002), houve muitas transformações no âmbito organizacional devido a várias mutações da economia internacional, como por exemplo, a elevação da concentração de capital, novas tecnologias e ferramentas de gestão, modificações nos hábitos de consumo e nas relações de trabalho, bem como maior inserção no nosso país das redes mundiais de varejo. Lastres, Cassiolato e Maciel (2003) denotam um cenário econômico de baixo índice de crescimento do produto, elevação do desemprego, em virtude do crescimento da população brasileira, concorrência intercapitalista acirrada e ampliação da flexibilização. Segundo Scarborough e Zimmerer (1996), diversas transformações ocorrem constantemente no âmbito das empresas, caracterizadas pelos processos de reengenharia e reestruturação, reduzindo as camadas de colaboradores, conhecido como downsizing. Loddi (2008) também argumenta sobre as mudanças que estão ocorrendo nas organizações. Segundo ele, junto à economia brasileira, os conceitos administrativos estão evoluindo e estão sendo fortalecidos pelas teorias das escolas de administração, bem como pelos estudos contemporâneos realizados, melhorando significativamente o sistema de gestão nas empresas. Diante de tal situação, as empresas precisam se municiar de instrumentos que lhes deem maior segurança em suas operações, como forma de se prepararem para enfrentar a elevada concorrência, de modo que elas se veem impelidas a buscar ferramentas como forma de auxílio no planejamento e controle de seus recursos, utilizando-os de maneira adequada, para que possam atingir seus objetivos e não apenas alcançarem, mas, principalmente, manterem a competitividade que as fazem sobreviver no mercado. Por isso, a necessidade de os gestores buscarem continuamente informações relevantes que norteiem as suas decisões. A utilização eficiente de instrumentos e técnicas de gestão financeira possibilita às empresas conhecerem melhor os rumos que elas estão tomando. Dentre outras vantagens, é possível avaliar o patrimônio da empresa, controlar seus estoques, emitir relatórios gerenciais, gerenciar melhor o caixa, conhecer seu poder de pagamento, saber o quanto está custando seu produto, identificar onde estão seus gargalos financeiros e planejar com mais eficiência suas finanças, de maneira que possam ter maiores subsídios para uma melhor tomada de decisão.
15 14 As micro e pequenas empresas (MPE s) possuem uma representatividade bastante significativa no cenário nacional. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2010) as MPE s respondem por 98% dos estabelecimentos produtivos, responsáveis por cerca de 20% do PIB e 60% da oferta de emprego. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) também enfatiza a importância das pequenas empresas. Segundo ele 97,4% de unidades locais são de pequenas e médias empresas em geral; enquanto apenas 2,6% representam grandes empresas. Representam 54,6% do pessoal assalariado, 70% do total do pagamento dos salários e outras remunerações, sendo a média salarial de 2,4 salários mínimos. Apesar da significativa representatividade das micro e pequenas empresas no cenário nacional, a sua gestão é caracterizada por algumas peculiaridades, que acabam por gerar dificuldades ou problemas na condução do seu negócio. De acordo com Souza (2007) são comuns as micro e pequenas empresas enfrentarem algumas situações como a elevada concorrência, falta de capital de giro próprio, vendas sazonais, ausência de um controle dos custos, estoques mal dimensionados, falta de critérios na análise dos clientes e no método de formação do preço de venda, ou seja, são fatores que acabam contribuindo para o insucesso de muitas empresas desse porte. O contexto dos pequenos supermercados é caracterizado por uma crescente evolução dos níveis de exigência dos seus consumidores, que sabem escolher melhor aquele que lhes ofereça maior valor agregado, realizando pesquisa de preço, requerendo diversidade de produtos, com vistas a chegar a uma melhor negociação (QUEIROZ, SOUZA, GOUVINHAS, 2007). Segundo Carvalho et al. (2005), os pequenos supermercados são constituídos por empresas familiares, com poucos funcionários, orçamento limitado, contando com o gerente-proprietário desempenhando diversos papéis, inclusive operacionais, tomando decisões com base na intuição, haja vista não possuir conhecimentos e habilidades gerenciais para gerir melhor o seu negócio. Ghisi (2005) traz alguns dados sobre o setor supermercadista brasileiro: 80% são de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais; 61,1% do total de lojas têm um número médio de até 7 check-outs; 30,3% das lojas supermercadistas do Brasil são jovens (possuem, no máximo, cinco anos) e somente 15,9% têm mais de 20 anos; 27% dos supermercados brasileiros concentram-se no estado de São Paulo (maior concentração por Estado brasileiro); apenas 2,1% dos supermercados brasileiros possuem área superior a m 2 e são considerados grandes lojas; as 5 principais redes supermercadistas do Brasil detém 38,1% do faturamento anual do setor no país, que alcançou a marca dos R$ 243 bilhões em 2012, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS).
16 15 Tanto as grandes empresas quanto aquelas classificadas como micro e de pequeno porte precisam realizar investimentos em ferramentas e técnicas administrativas modernas para conseguirem competir no mercado globalizado. As diferenças entre elas abrangem itens como a flexibilidade, velocidade de mudança e capacidade de atuar em nichos de mercado (DEAN; BROWN; BAMFORD, 1998). De acordo com Wheelen e Hunger (1993) os fatores decisivos de sucesso dos pequenos empreendimentos são a flexibilidade e rapidez na tomada de decisões. Por outro lado, a resistência a mudanças e o conservadorismo podem minar as aspirações do pequeno empresário. 1.2 PROBLEMÁTICA De acordo com pesquisa realizada pelo SEBRAE (2007), os fatores que mais causam a mortalidade das empresas estão relacionados à gestão financeira, com a falta de capital de giro ficando em primeiro lugar (42%) e problemas financeiros em terceiro lugar (21%), fechando o pódio a falta de clientes em segundo lugar (25%). Outros fatores citados foram nesta ordem: maus pagadores (16%), falta de crédito bancário (14%), recessão econômica do país (14%), outra razão (14%), ponto/local inadequado (8%), falta de conhecimento gerenciais (7%), problemas com a fiscalização (6%), falta de mão-de-obra qualificada (5%), instalações inadequadas (3%) e carga tributária elevada (1%). Dessa forma, fica caracterizada uma deficiência por parte dos empresários em saber conduzir a gestão financeira de seu negócio, o que afeta de maneira significativa os resultados das empresas. Estudo realizado pelo SEBRAE/RN (2005) confirma os fatores financeiros como sendo os principais responsáveis pelo fechamento das empresas no Rio Grande do Norte. Segundo a pesquisa, em primeiro lugar está a falta de capital de giro (44,1%), em segundo a carga tributária elevada (40,7%) e problemas financeiros no terceiro posto, com 26%. A utilização das ferramentas e técnicas de gestão financeira nas empresas visa obter informações estratégicas, tendo como objetivo melhorar a tomada de decisão em uma organização, fazendo com que as informações contábeis tenham uma leitura mais prática, sem se prenderem somente para atender às exigências fiscais. Sendo assim, tem-se que a análise das práticas de gestão financeira adotadas nas micro e pequenas empresas é um elemento de grande utilidade para melhorar o desempenho empresarial, podendo contribuir numa maior eficiência das transações que a empresa executa, tais como: as transações a prazo de compra e
17 16 venda de mercadorias; a avaliação da eficiência administrativa e da situação econômicofinanceira. Conforme Garcia (2004), uma análise aprofundada da gestão financeira dentro da própria empresa, buscando compreender como ela é realizada, torna-se relevante e necessária, apesar da política tributária vigente, das críticas manifestas ao sistema econômico do país e de muitas outras circunstâncias externas à empresa, haja vista os fatores financeiros serem apontados como os principais fatores responsáveis pela mortalidade das empresas. Nesse contexto, restou-se evidenciada uma oportunidade de pesquisa de analisar as práticas de gestão financeira adotadas pelas micro e pequenas empresas, mais especificamente no setor supermercadista do município de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, tendo em vista o contínuo crescimento desse ramo empresarial na região. Diante de tal problemática, a proposta desta pesquisa é responder à seguinte questão: Quais as práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e pequenas empresas do setor supermercadista de Mossoró-RN? 1.3 OBJETIVOS Objetivo geral Analisar as práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e pequenas empresas do setor supermercadista de Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte Objetivos específicos Traçar o perfil das empresas participantes e de seus gestores financeiros; Identificar os instrumentos e técnicas de gestão financeira utilizados pelas empresas envolvidas; Apontar os problemas gerenciais e financeiros enfrentados pelas empresas pesquisadas.
18 JUSTIFICATIVA Foi abordado na contextualização (seção 1.1) que é perceptível a crescente competição e exigências do mercado globalizado. Também foi enfatizado que os fatores que mais causam a mortalidade das empresas estão associados a fatores financeiros. De acordo com Scarborough e Zimmerer (1996), os gestores que desprezam as questões financeiras de seu negócio podem acabar contribuindo para piorar a estatística de mortalidade das empresas. Dessa forma, justifica-se a pesquisa em questão, pois como se vê, uma análise detalhada do que ocorre na gestão financeira das micro e pequenas empresas poderá trazer novas contribuições e informações sobre os motivos que as fazem fracassar na condução de suas finanças. A análise das práticas de gestão financeira adotadas nas empresas do ramo supermercadista pode gerar um fator diferencial e decisivo nos rumos que elas podem tomar. Como foi evidenciado anteriormente, as micro e pequenas empresas possuem uma significativa representatividade na economia nacional, sendo alvo até de ações governamentais com leis específicas para elas, tornando este fato outra justificativa para a realização do estudo. A pesquisa em estudo foi concebida diante do baixo índice de exploração acerca do tema em questão, ou seja, no que diz respeito à análise das práticas de gestão financeira das micro e pequenas empresas do setor supermercadista. A aplicação dessa ferramenta aliada a uma contabilidade gerencial, considerada também uma ferramenta importante de controle por oferecer informações seguras e precisas, pode fazer um grande diferencial nos resultados das empresas, tornando a gestão financeira do empreendimento mais eficiente. Sendo assim, tem-se que a análise das práticas de gestão financeira adotadas nas micro e pequenas empresas poderá contribuir na evolução do desempenho empresarial, possibilitando maior eficiência das transações que a empresa executa, tais como: as transações a prazo de compra e venda de mercadorias; a avaliação da eficiência administrativa e da situação econômico-financeira. O resultado dessa pesquisa poderá trazer benefícios significantes ao setor supermercadista, contribuindo para o despertar dos gestores em dar a devida importância às informações contábeis e financeiras que eles dispõem em sua própria empresa, haja vista que a função da contabilidade e também a financeira ainda é interpretada, muitas vezes, de uma forma arcaica e legalista, onde a principal utilidade é garantir o cumprimento das exigências legais, no qual prevalece uma predisposição distorcida de suas funções. Grande parte dos gestores ignora o fato de a contabilidade, alimentada diariamente pelas movimentações
19 18 financeiras, se constituir em uma importante ferramenta para a informação gerencial e indispensável à gestão financeira. Este estudo irá agregar maiores conhecimentos para o autor no que diz respeito à administração financeira, contribuindo para o seu desenvolvimento profissional, haja vista o mesmo atuar profissionalmente no setor financeiro de uma instituição de ensino. Justifica-se ainda esta pesquisa pela atualidade do tema, ou seja, a sua inserção no contexto atual e também o momento competitivo e turbulento no qual o setor supermercadista brasileiro se encontra. Diante do exposto surgiu, então, a oportunidade de analisar as práticas e os problemas de gestão financeira adotadas pelas micro e pequenas empresas do setor supermercadista do município de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte.
20 19 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS As empresas classificadas como micro e de pequeno porte vêm cada vez mais ganhando espaço e importância no âmbito econômico e social, juntamente com seu crescimento evidente e contínuo. Longenecker, Moore e Petty (1997) comentam esse fato e ainda fazem uma comparação com as grandes empresas. Segundo esses autores uma empresa de pequeno porte oferece diversas oportunidades de emprego para a população e a economia, ao passo que as de grande porte estão se comprimindo e demitindo funcionários. Terence (2002) corrobora esse pensamento quando afirma que essas empresas contribuem para o desenvolvimento econômico das nações, haja vista incitam a competição, produzem bens e serviços com mais eficiência, já que possuem estruturas enxutas, além de contribuir para as empresas de grande porte, ao exercer funções de suporte conectando os produtores aos clientes. De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2010) as micro e pequenas empresas respondem por 98% dos estabelecimentos produtivos, responsáveis por cerca de 20% do PIB e 60% da oferta de emprego. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) também enfatiza a importância das pequenas empresas. Segundo a instituição 97,4% de unidades locais são de pequenas e médias empresas em geral; enquanto apenas 2,6% representam grandes empresas. Representam 54,6% do pessoal assalariado, 70% do total do pagamento dos salários e outras remunerações, sendo a média salarial de 2,4 salários mínimos. Kruglianskas (1996) afirma que a presença de um considerável número de pequenas empresas na economia favorece a estabilidade social e política, acarretando em melhor distribuição de renda e menor concentração de mercado. Pinheiro (1996) aborda a contribuição das pequenas empresas no âmbito social, com a ampliação da classe média, uma vez que permite ao trabalhador assalariado alcançar a posição de micro ou pequeno empresário, além de absorver mão-de-obra não qualificada, minimizando a imigração interregional. Nesse contexto, fica evidenciada a relevância assumida pelas micro e pequenas empresas. Alguns motivos são elencados por Longenecker, Moore e Petty (1997) para justificar o crescimento repentino das empresas de pequeno porte, permitindo que estas se diferenciem no atual mercado competitivo, tais como a flexibilidade (tanto estrutural, para
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