Coordenação-Geral de Tributação

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1 Fls. 1 Coordenação-Geral de Tributação Solução de Consulta nº 79 - Data 24 de janeiro de 2017 Processo Interessado CNPJ/CPF ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO - II ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS. IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS. INTERMEDIAÇÃO. Entende-se por importador por conta e ordem de terceiro a pessoa jurídica que promover, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial. Não se considera por conta e ordem de terceiros a operação em que a associação civil promove, em seu nome, despacho aduaneiro de importação, indicando, em campo próprio desse documento, os dados de determinado adquirente da mercadoria, quando, na verdade, essa operação de importação abrange mercadorias adquiridas, também, por outras pessoas jurídicas (suas associadas), utilizando-se de recursos originários de todos os interessados, para, posteriormente, haver um rateio das mercadorias entre eles. Dispositivos Legais: Medida Provisória nº , de 2001, art. 80; Instrução Normativa SRF nº 225, de 2002, arts. 1º, 2º, 3º e 5º; Instrução Normativa SRF nº 247, de 2002, arts. 12, 86 a 88; Instrução Normativa SRF nº 680, de 2006, art. 4º e Anexo único. Relatório 1. O interessado, associação civil de direito privado, cujos associados são micro e empresas de pequeno porte que atuam no comércio varejista, vem, na forma da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013, formular consulta acerca da modalidade de importação por conta e ordem de terceiros, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 225, de 18 de outubro de

2 Fls Relata gozar da isenção de que trata o art. 174 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR/1999) que, com base no art. 15 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, dispõe serem isentas do Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. 3. Diz que operará como intermediário na importação de mercadorias para vários adquirentes conforme a necessidade dos associados interessados. Relata que os associados farão um adiantamento dos recursos relativos ao custo da importação mediante depósito bancário para a entidade. Após o desembaraço alfandegário dos produtos importados procederá à distribuição dos produtos entre os associados considerando-se como valor da transferência apenas os custos, rateados de acordo com a quantidade de produtos que cada associado adquirir sendo, as mercadorias, transferidas ao associado com base no seu custo de aquisição, sem pretensão de lucro. 4. Isso posto, solicita que a Secretaria da Receita Federal do Brasil esclareça se, sem prejuízo da observância dos requisitos e condições estabelecidos pela IN SRF nº 225/2002 a importação poderia ocorrer pela Associação (mediante inclusão no seu Estatuto Social da previsão de importação) sem prejudicar a condição de entidade isenta prevista no artigo n 174 do RIR 3000/ Além disso, requer orientação quanto ao enquadramento da modalidade de habilitação perante o Siscomex prevista no art. 2º da IN RFB n 1.288/2012 e à indicação dos números de inscrição dos Cadastros Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJs) dos adquirentes na Declaração de Importação (DI), com base nos arts. 2º e 3º da IN SRF 225/2002. Fundamentos 5. De acordo com o art. 80 da Medida Provisória nº , de 24 de agosto de 2001, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiros. Essa modalidade de operação de importação encontra-se disciplinada na Instrução Normativa SRF nº 225, de 18 de outubro de Conforme a referida Instrução Normativa, na operação de importação por conta e ordem de terceiros, uma empresa (a adquirente), interessada em uma determinada mercadoria, contrata uma prestadora de serviços (a importadora por conta e ordem), para que esta, utilizando os recursos originários da contratante, providencie, entre outros, o despacho de importação da mercadoria em nome da empresa adquirente Percebe-se, desde já, que este tipo de operação alberga duas figuras: a) o importador, que é a pessoa jurídica que promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra pessoa jurídica, em razão de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (o importador atua apenas como prestador de serviços, não adquirindo a propriedade das mercadorias importadas); e b) o adquirente, que assume a condição de real comprador e destinatário das mercadorias objeto da operação de importação. 2

3 Fls A par disso, veja-se o que dispõe a Instrução Normativa SRF nº 225, de 2002, acerca das operações de conta e ordem de terceiros (destacou-se): Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que opere por conta e ordem de terceiros será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Entende-se por importador por conta e ordem de terceiro a pessoa jurídica que promover, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial. Art. 2º A pessoa jurídica que contratar empresa para operar por sua conta e ordem deverá apresentar cópia do contrato firmado entre as partes para a prestação dos serviços, caracterizando a natureza de sua vinculação, à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF), de fiscalização aduaneira, com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz. Parágrafo único. O registro da Declaração de Importação (DI) pelo contratado ficará condicionado à sua prévia habilitação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), para atuar como importador por conta e ordem do adquirente, pelo prazo previsto no contrato. Art. 3º O importador, pessoa jurídica contratada, devidamente identificado na DI, deverá indicar, em campo próprio desse documento, o número de inscrição do adquirente no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). 1º O conhecimento de carga correspondente deverá estar consignado ou endossado ao importador, configurando o direito à realização do despacho aduaneiro e à retirada das mercadorias do recinto alfandegado. 2º A fatura comercial deverá identificar o adquirente da mercadoria, refletindo a transação efetivamente realizada com o vendedor ou transmitente das mercadorias. (...) Art. 5º A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória nº , de 24 de agosto de Do acima transcrito, extrai-se que a operação de importação somente estará em conformidade com as disposições da legislação de regência quando uma pessoa jurídica contrata outra (pessoa jurídica) para operar por sua conta e ordem mediante contrato de prestação dos serviços de importação firmado entre as duas empresas (adquirente e importadora) habilitadas para operar no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). Além disso, a operação deve ser efetivada com os recursos financeiros do adquirente, sob pena de ser considerada uma operação de importação sob encomenda, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 634, de 24 de março de Outros requisitos e condições que devem ser observados para ficar caracterizada a operação por conta e ordem de terceiros constam nos arts. 12 e 86 a 88 da Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de Em síntese, esses dispositivos esclarecem como proceder na emissão das notas fiscais de entrada, saída e de prestação de 3

4 Fls. 4 serviços, bem como, com a escrituração fiscal e contábil, em virtude da operação de importação por conta e ordem de terceiros. 9. De plano, constata-se que essa operação comporta apenas duas pessoas jurídicas: uma, que presta os serviços de importação (a importadora); e outra (a adquirente), que é a proprietária das mercadorias e que, na condição de mandante da operação, faz vir a mercadoria de outro País, em razão da compra internacional pactuada. É a adquirente quem define a quantidade de mercadoria que irá importar. É ela quem dispõe dos recursos financeiros utilizados na operação. 10. Pois bem, para atender às disposições contidas na legislação aduaneira que trata da introdução de bens e produtos na economia nacional, a declaração de importação (DI) deve sempre se reportar ao fato efetivamente ocorrido e apresentar consistência entre as informações nela consignadas, os documentos que a acompanham e a mercadoria efetivamente trazida do exterior pela pessoa jurídica que adquiriu a sua propriedade. Recorde-se que a fatura comercial e o conhecimento de carga são considerados documentos obrigatórios de instrução da declaração de importação e devem identificar o adquirente da mercadoria, refletindo a transação efetivamente realizada entre o vendedor e o adquirente das mercadorias em razão da compra internacional pactuada Nessa linha, o Anexo Único da Instrução Normativa SRF nº 680, de 2 de outubro de 2006 (dispõe quanto ao preenchimento das informações que devem constar da DI), orienta que somente pode ser indicada uma única pessoa jurídica no campo adquirente da mercadoria, como se vê abaixo (destacou-se): Art. 4º A Declaração de Importação (DI) será formulada pelo importador no Siscomex e consistirá na prestação das informações constantes do Anexo Único, de acordo com o tipo de declaração e a modalidade de despacho aduaneiro. ANEXO ÚNICO INFORMAÇÕES A SEREM PRESTADAS PELO IMPORTADOR (...) 5 - Adquirente da Mercadoria Identificação do adquirente da mercadoria no caso de importação por conta e ordem de terceiros. 11. Do acima exposto, resta claro que o caso ora em exame, em que o interessado pretende promover, em seu nome, um único despacho aduaneiro de importação, que congregue produtos adquiridos por vários associados para, posteriormente, distribuir os produtos entre os associados considerando-se como valor da transferência apenas os custos, rateados de acordo com a quantidade de produtos que cada associado adquirir, não constitui operação de importação por conta e ordem de terceiros. 12. Tendo em vista que a operação, nos moldes descritos pelo interessado, não atende aos requisitos e condições da legislação para ser considerada uma operação de importação por conta e ordem de terceiros, ficam prejudicados os demais questionamentos apresentados. 4

5 Fls. 5 Conclusão 13. Ante o exposto, responde-se ao consulente que: a) entende-se por importador por conta e ordem de terceiro a pessoa jurídica que promover, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial; b) não se considera por conta e ordem de terceiros, a operação em que a associação civil promove, em seu nome, despacho aduaneiro de importação, indicando, em campo próprio desse documento, os dados de determinado adquirente da mercadoria, quando, na verdade, essa operação de importação abrange mercadorias adquiridas, também, por outras pessoas jurídicas (suas associadas), utilizando-se de recursos originários de todos os interessados, para, posteriormente, haver um rateio das mercadorias entre eles. À consideração do revisor. CASSIA TREVIZAN Auditor-Fiscal da RFB De acordo. À consideração superior. CELSO TOYODA Auditor-Fiscal da RFB De acordo. Encaminhe-se ao Coordenador da Cotex LOURDES TERESINHA ROSSONI LUVISON Auditora-Fiscal da RFB Chefe da SRRF10/Disit - Substituta De acordo. Ao Coordenador-Geral da para aprovação. FAUSTO VIEIRA COUTINHO Auditor-Fiscal da RFB - Coordenador da Cotex - Substituto Ordem de Intimação 5

6 Fls. 6 Aprovo a Solução de Consulta. Publique-se e divulgue-se nos termos do art. 27 da IN RFB nº 1.396, de 16 de setembro de Dê-se ciência ao interessado. [assinado digitalmente] CLAUDIA LÚCIA PIMENTEL MARTINS SILVA Coordenadora-Geral da - Substituta 6