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1 Prezados Colegas, Depois de muito estudo em pesquisa da legislação, conseguimos concluir o Manual Eletrônico sobre a legislação que envolve operações com derivados de petróleo e combustíveis. Foi um longo percurso que envolveu horas de trabalho para consolidar a matéria, que encontrava-se dispersa em diversos diplomas legais. Parabenizo toda a equipe da COPEC pelo resultado obtido, em especial ao colega Tolstoi Seara Nolasco, que capitaneou a elaboração deste Manual. Trata-se de uma legislação complexa que envolve diversas formas de tributação e o objetivo que buscamos foi disponibilizar o conhecimento para todos os colegas interessados na matéria, em especial a DITRI e o CONSEF. Manteremos atualizada as informações sempre que ocorrerem as alterações na legislação. Qualquer dúvida, a equipe da COPEC está às ordens. OLAVO JOSÉ GOUVEIA OLIVA COORDENADOR DA COPEC

2 APRESENTAÇÃO DO MANUAL DE TRIBUTAÇÃO - ICMS: PETRÓLEO, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Este trabalho é resultado de intensa pesquisa em livros especializados no refino e processamento de petróleo, gás natural e produção de derivados, conjugado com dados históricos e estatísticos do segmento de combustíveis - Brasil e resto do mundo, extraídos de sites das internet e de revistas especializadas. O Manual está estruturado em 10 módulos, abarcando 15 produtos a seguir listados: MÓDULO I - petróleo; MÓDULO II - gás natural; MÓDULO III - gás liquefeito derivado de petróleo (GLP) e gás liquefeito derivado de gás natural (GLGN); MÓDULO IV - nafta petroquímica; MÓDULO V - gasolina automotiva e gasolina de aviação; MÓDULO VI - etanol hidratado combustível (AEHC), etanol anidro combustível (AEAC) e etanol de uso não automotivo; MÓDULO VII - óleo diesel e biodiesel; MÓDULO VII - querosene de aviação (QAV); MÓDULO IX - óleo combustível; MÓDULO X - óleos lubrificantes derivados e não derivados de petróleo. Em todos os módulos é apresentada uma breve exposição técnica de cada produto seguida das regras de tributação do ICMS mais importantes vigentes no ordenamento jurídico-tributário da Bahia, nos últimos cinco anos ( ). Os módulos I e II, que tratam respectivamente do petróleo e do gás natural, são os mais extensos e a base para a compreensão dos demais. Constituem as principais matériasprimas a partir dos quais são produzidos os derivados: combustíveis, produtos petroquímicos e lubrificantes. Em relação aos produtos não derivados de petróleo o manual tratou, de forma mais detalhada, os biocombustíveis: álcool etanol e biodiesel. Ao longo da elaboração dos módulos que compõem o presente Manual o trabalho foi submetido e amplamente discutido com a equipe de auditores fiscais da Coordenação de Fiscalização de Petróleo e Combustível (COPEC) da Secretaria da Fazenda. Esperamos que este trabalho possa ser útil a todos que fizerem uso dele, em especial, os colegas da Secretaria da Fazenda da Bahia das áreas de tributação, fiscalização e contencioso administrativo. Imprescindível que a leitura do manual seja complementada com a consulta à legislação tributária do ICMS citada ao longo do seu texto (convênios, protocolos, regulamentos, leis e demais normas integrantes do sistema). Os eventuais erros ou omissões são de inteira responsabilidade do autor. Salvador/Bahia, dezembro de Tolstoi Seara Nolasco Auditor Fiscal SAT/COPEC/GEFIS

3 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO - ICMS: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) Introdução 1 - COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO O petróleo, em estado natural, é uma mistura de hidrocarbonetos que são compostos formados por átomos de carbono e hidrogênio. Além dos hidrocarbonetos, o petróleo contém, em proporções bem menores, compostos oxigenados, nitrogenados, sulfurados e metais pesados, conhecidos como contaminantes. A caracterização mais sumária do óleo bruto pode ser dada pela equação: ÓLEO BRUTO = MISTURA DE HIDROCARBONETOS + IMPUREZAS (CONTAMINANTES) Composição básica do petróleo bruto: a) Carbono: 84%; b) Hidrogênio: 14%; c) Enxofre: de 1 a 3% (sulfeto de hidrogênio, sulfetos, dissulfetos, enxofre elementar); d) Nitrogênio: menos de 1% (compostos básicos com grupos amina); e) Oxigênio: menos de 1% (encontrado em compostos orgânicos como dióxido de carbono, fenóis, cetonas e ácidos carboxílicos); f) Metais: menos de 1% (níquel, ferro, vanádio, cobre, arsênio); g) Sais: menos de 1% (cloreto de sódio, cloreto de magnésio, cloreto de cálcio). 1.1 OS HIDROCARBONETOS Os átomos de carbono podem estar conectados por ligações simples, duplas ou triplas e os arranjos moleculares são os mais diversos: estruturas lineares, ramificadas ou cíclicas; saturadas ou insaturadas; alifáticas ou aromáticas. As principais classes de hidrocarbonetos no petróleo são as seguintes: a) Parafínicos Normais (alcanos) ex.: metano (CH 4 ), etano (C 2 H 6 ), butano (C 4 H 10 ); b) Parafínicos Ramificados (isoalcanos) ex. isobutano, isopentano; 1

4 c) Parafínicos Cíclicos (cicloalcanos ou naftênicos) ex.: ciclopentano, ciclohexano; d) Aromáticos - ex: benzeno, tolueno, xilenos, naftaleno; e) Olefinas ex.: eteno, propeno, buteno, isobutenos. Os principais constituintes do petróleo cru são os hidrocarbonetos saturados (parafinas, isoparafinas e naftenos), os hidrocarbonetos aromáticos, as resinas e os asfaltenos. Nos óleos são encontradas parafinas normais (não ramificadas) com 1 a 45 átomos de carbono. As parafinas normais (cadeias de carbono sem ramificação) representam entre 15 a 20% do óleo. A depender do óleo podem variar de 3 a 35%. As parafinas são menos reativas do que os outros hidrocarbonetos. As isoparafinas (alcanos ramificados) são importantes na formulação das misturas que compõem a gasolina, óleo diesel, querosene e lubrificantes. Os cicloalcanos ou hidrocarbonetos naftênicos apresentam estrutura de cadeia fechada, com ligações saturadas (simples), e podem aparecer no óleo cru, de forma condensada ou associada a cadeias de hidrocarbonetos saturados (parafinas ou isoparafinas), ou mesmo, a cadeias de hidrocarbonetos aromáticos. Em vários tipos de petróleo são encontrados hidrocarbonetos naftênicos com 1, 2 ou 3 ramificações parafínicas como constituintes principais. Pode-se encontram ainda compostos naftênicos formados por dois ou mais anéis conjugados ou isolados. São importantes na composição das misturas de derivados, a exemplo da gasolina, óleo diesel, querosene e lubrificantes. Os hidrocarbonetos aromáticos são aqueles que contêm um ou mais anéis benzênicos, com ou sem ramificações laterais. Seu teor no petróleo pode variar muito, sendo cerca de 20% na nafta e entre 20 a 50% no querosene. Pode atingir valores bastantes elevados nas frações mais pesadas. Recebem as denominações de mono, di, tri ou poliaromáticos, dependendo do número de anéis benzênicos (ou aromáticos) em sua estrutura. Os derivados intermediários de petróleo (querosene e gasóleo) contêm compostos aromáticos com ramificações na forma de cadeias parafínicas, a exemplo do metil-tolueno. Podem ser encontrados ainda compostos mistos, que apresentam núcleos aromáticos e naftênicos, a exemplo do cicloexilbenzeno. As olefinas, por sua vez, possuem uma ou mais ligações duplas entre átomos de carbono, o que lhe confere alta instabilidade, pois são hidrocarbonetos mais reativos. Aparecem, com mais frequência nos derivados e em alguns deles é comum se encontrarem duas duplas ligações, quando então são designados diolefinas ou dienos. Sua origem vem dos processos físicoquímicos realizados durante o refino, como o craqueamento (quebra de moléculas maiores para a formação de compostos com moléculas menores). Possuem características e propriedades diferentes dos hidrocarbonetos saturados (alcanos). Os hidrocarbonetos insaturados com ligação tripla são chamados de alcinos e não são comuns no petróleo. Quanto maior o número de carbonos na cadeia, maior será a temperatura de ebulição. C1 C4: hidrocarbonetos gasosos ex.: metano; etano, propano, butano. C5 C17: hidrocarbonetos líquidos ex.: pentano, hexano, heptano, octano etc.; > C18: hidrocarbonetos. ex.: n-tricontano (composto com 30 átomos de carbono) Os cortes de petróleo referentes à nafta apresentam uma pequena proporção de compostos aromáticos de baixo peso molecular (benzeno, tolueno e xileno). Dependendo da proporção dos vários tipos de hidrocarbonetos na sua composição, o óleo se mostra mais adequado para a produção de um ou outro derivado (produto final do uma refinaria). Por exemplo: a Refinaria REDUC (localizada no município de Duque de Caxias-RJ), que produz lubrificantes para todo o mercado nacional, importa o petróleo Árabe Leve, que é um óleo de base parafínica. 2

5 1.3 - OS NÃO HIDROCARBONETOS Além dos hidrocarbonetos o petróleo contém os chamados não hidrocarbonetos, que abrangem: - substâncias constituídas predominantemente de carbono e hidrogênio, mas que contêm heteroátomos em suas estruturas. Estas são consideradas contaminantes, em vista dos efeitos indesejáveis que podem causar: exemplo - emissão de poluentes; redução de desempenho dos derivados; corrosão nas unidades de processo de refino; - frações denominadas de asfaltenos e resinas, constituídas de agregados moleculares de elevada massa molecular, alta complexidade estrutural e teores elevados de heteroátomos (enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais). Essas frações são os principais constituintes do asfalto e dos óleos combustíveis pesados. - contaminantes inorgânicos água, sais, sulfeto de hidrogênio (H 2 S). Embora a água e os sais não sejam componentes intrínsecos do petróleo, sempre o acompanham no processo de produção ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTAMINANTES Os chamados contaminantes são impurezas dissolvidas no óleo (ou parte integrante do mesmo), sendo formado por compostos com a presença enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais. O enxofre (S) é o contaminante de maior predominância no óleo (3º elemento mais abundante), variando entre 0,5% e 4,0% em massa. Ocorre na forma de mercaptans, sulfetos, polissulfetos, ácido sulfídrico (H 2 S), enxofre elementar (muito raro) entre outros compostos. Os contaminantes sulfurados causam problemas no manuseio (redução de eficiência dos catalisadores nas refinarias), transporte (corrosão de oleodutos e gasodutos) e no uso dos derivados (causam poluição ambiental emissão de gases SO X - óxidos de enxofre), e, determinam cor e cheiro de produtos finais. De acordo com o teor de enxofre o óleo é classificado em: a) óleos doces: apresentam baixo teor de enxofre (menos de 1,0% de sua massa); b) óleos meio ácidos ou azedos: teor de enxofre entre 1 e 2,5%; c) óleos ácidos ou azedos: apresentam elevado teor de enxofre (acima de 2,5% de sua massa). Os compostos sulfurados se concentram nas frações mais pesadas do petróleo. Contaminantes nitrogenados - Os óleos têm teor médio de 0,17%, em base mássica, de compostos nitrogenados (que contêm Nitrogênio - N). Consideram-se como altos os teores acima de 0,25% em peso. Os compostos nitrogenados se apresentam em sua totalidade na forma orgânica (piridinas, quinilinas, pirróis, compostos policíclicos etc.). São responsáveis pelo envenenamento dos catalisadores nos processos de refino. Aumentam a capacidade de o óleo reter água em emulsão. Tornam instáveis os produtos do refino, formando gomas e alterando a sua coloração. São responsáveis também pela emissão de gases poluentes NO X. (óxidos de nitrogênio). Contaminantes oxigenados - Os compostos oxigenados aparecem na forma complexa, como ácidos carboxílicos, ácidos naftênicos, fenóis, cresóis, ésteres, aminas, cetonas e benzofuranos. Tendem também a se concentrar nas frações mais pesadas do petróleo, afetando a acidez, o odor e a corrosividade dessas frações. Participam em menos de 1% em massa do peso do óleo bruto. Contaminantes metálicos - Os compostos metálicos se apresentam sob duas formas básicas: como compostos organometálicos (integrantes da composição do óleo) ou como sais inorgânicos de Na (sódio), Ca (cálcio), Mg (magnésio). Estes últimos não fazem parte do 3

6 petróleo, mas encontram-se dissolvidos ou dispersos na água emulsionada (água misturada ao óleo). Os sais são facilmente removidos no processo de dessalgação, a que o óleo é submetido antes de entrar nas torres de destilação. A presença de metais (compostos organometálicos) é, em geral, maior nos petróleos com maiores teores de asfaltenos. Os metais que usualmente contaminam o óleo são: Fe, Zn, Cu, PB, Mo, As, Mn, Cr, Ni e V. Os dois últimos de maior incidência os teores de níquel e vanádio variam no petróleo entre 1mg/kg e 150 mg/kg e entre 1 mg/1.200 mg/kg, respectivamente, sendo usuais os valores médios de 18 mg/kg para o níquel e de 63 mg/kg para o vanádio. São responsáveis pelo envenenamento dos catalisadores e o vanádio além de atacar os tubos dos fornos, catalisa a formação de H 2 SO 4 (ácido sulfúrico) em meio aquoso OUTROS CONTAMINANTES INORGÂNICOS O petróleo cru, na fase de extração do poço produtor, apresenta também outras impurezas (águas, argilas, areias, sedimentos), que acompanham o cru nas suas jazidas. Esses contaminantes externos demandam um processo de separação primário do óleo cru, antes de sua chegada à refinaria. 2 ORIGEM DO PETRÓLEO A origem do petróleo está ligada à decomposição dos seres que compõem o plâncton organismos em suspensão encontrados nas águas doces e salgadas, tais como: protozoários, celenterados e outros. A decomposição é causada pela pouca oxigenação e pela ação de bactérias. Após a sua decomposição, ao longo de milhões de anos, esses seres foram se acumulando no fundo de mares e lagos, sucessivamente pressionados pelos movimentos da crosta terrestre até se transformarem nesta substância oleosa que é petróleo. O petróleo, por sua vez, não permanece na rocha em que foi gerado, mas desloca-se da rocha matriz até encontrar um terreno apropriado para se concentrar. Estes terrenos são denominados bacias sedimentares e são formados por camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou calcários. O petróleo aloja-se ali, ocupando os poros rochosos na forma de lagos, as conhecidas jazidas petrolíferas. Nesse local é encontrado o gás natural, na parte mais alta, petróleo e água nas partes mais baixas. Após a extração do petróleo bruto faz-se necessária à separação da água, óleo, gás e sólidos, processo que ocorre em estações ou na própria unidade de produção. Em seguida ocorre o processamento e refino da mistura de hidrocarbonetos com vistas à obtenção dos componentes que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como, combustíveis, lubrificantes, plásticos, fertilizantes, medicamentos, tintas e tecidos. 3 - CLASSIFICAÇÃO DO PETRÓLEO E SUAS APLICAÇÕES: a) Petróleos parafínicos: boa qualidade na produção de querosene, óleo diesel e lubrificantes. Má qualidade para a produção de gasolina. b) Petróleos aromáticos: boa qualidade na produção de gasolina e solventes. Má qualidade para a produção de querosene e óleo diesel. 4

7 c) Petróleos naftênicos: boa qualidade na produção de gasolina, lubrificantes e asfalto. Má qualidade para a produção de querosene e óleo diesel. Petróleo por origem a) Petróleo baiano base parafínica; b) Petróleo árabe base mista (mistura de hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos, com propriedades intermediárias); c) Petróleo californiano base naftênico; d) Petróleo japonês base aromática. 4 - REFINO DO PETRÓLEO INTRODUÇÃO - O petróleo, no estado em que é extraído do solo, tem pouquíssimas aplicações. Para o aproveitamento energético e não energético adequado do petróleo deve-se submetê-lo a processos de separação, conversão e tratamentos. Uma refinaria de petróleo pode destinar-se a dois objetivos básicos: - produção de combustíveis e matérias-primas petroquímicas; - produção de lubrificantes básicos e parafinas. O primeiro objetivo constitui a maioria dos casos, vez que a demanda de combustíveis é muitíssimo maior que a de outros produtos, a exemplo de GLP, gasolina, diesel, querosene, óleo combustível, entre outros. Todas as refinarias brasileiras encontram-se neste grupo. O segundo objetivo, constitui-se num grupo minoritário, e visa maximizar a produção de frações básicas de lubrificantes e parafinas. Estes produtos têm valores agregados cerca de duas a três vezes maiores que os combustíveis, e conferem alta rentabilidade aos refinadores. No Brasil não há nenhuma refinaria dedicada exclusivamente à produção de lubrificantes e parafinas. No entanto, existem conjuntos dentro das refinarias brasileiras que funcionam dedicadas a produzir esses produtos. É o caso da REDUC-RJ (Refinaria Duque de Caxias), RLAM-BA (Refinaria Landulpho Alves Mataripe) e LUBNOR-CE (Lubrificantes Nordeste). As técnicas de refino mais utilizadas para obtenção dos derivados de petróleo são: a destilação atmosférica; a destilação a vácuo; o craqueamento térmico; a alquilação; e, o craqueamento catalítico. Nas refinarias, o petróleo é submetido a diversos processos pelos quais se obtém grande diversidade de derivados: GLP Gás Liquefeito de Petróleo (gás de cozinha); nafta petroquímica, gasolina, solventes, óleo diesel, querosene de aviação, óleo combustível, lubrificantes e asfalto TIPOS DE PROCESSOS DESENVOLVIDOS EM UMA REFINARIA Os processos em uma Refinaria podem ser classificados em quatro grandes grupos: a) processos de separação; b) processos de conversão; c) processos de tratamento; d) processos auxiliares 5

8 Passaremos a analisar a seguir cada um desses processos PROCESSOS DE SEPARAÇÃO: têm por objetivo fracionar o petróleo ou outra corrente intermediária empregando um processo físico de separação (temperatura, pressão e solubilidade), escolhido de acordo com as propriedades da corrente que se deseja fracionar. A propriedade mais comumente utilizada é a diferença nos ponto de ebulição dos componentes da carga ou a diferença de solubilidade desses componentes em um solvente. Não há reações químicas nesses processos. Todas as moléculas presentes na corrente de carga da unidade estão presentes no somatório das correntes de saídas, sendo teoricamente possível reconstituir a carga a partir dos produtos. TIPOS DE PROCESSOS DE SEPARAÇÃO: a) destilação; b) desfaltação c) extração de aromáticos; d) desparafinação e) adsorção de n-parafinas Destilação: é o processo básico de separação do petróleo. As frações presentes no petróleo são separadas com base na diferença de suas temperaturas de ebulição. As operações de destilação são realizadas em equipamentos específicos, designados por torres (ou colunas) de destilação. Comumente, há dois tipos principais de unidades de destilação nas refinarias de petróleo. Unidade de destilação atmosférica: fraciona o petróleo em correntes de GLP, naftas, querosene, gasóleos atmosféricos e resíduo atmosférico (RAT). Estas correntes, na maior das vezes, necessitam passar por processos adicionais de tratamento e estabilização antes de serem enviadas aos tanques de armazenamento. Unidade de destilação a vácuo: fraciona a corrente menos volátil. Tem como carga o RAT (Resíduo Atmosférico). Produz gasóleos de vácuo e o resíduo de vácuo (RV). Os agentes responsáveis pelas operações de destilação são físicos, por ação de energia (na forma de modificações de temperatura e/ou pressão). As primeiras refinarias construídas no mundo eram na verdade destilarias, porque as diferentes propriedades do petróleo não eram conhecidas. A destilação pode ser feita em várias etapas e em diferentes níveis de pressão, conforme o objetivo que se deseje. O petróleo cru, antes de ingressar na torre destilação atmosférica é pré-aquecido e passa por um processo de dessalinização para a remoção de sais, água e suspensões de partículas sólidas. A destilação atmosférica ocorre a uma temperatura máxima de 400 ºC para evitar a formação indesejável de produtos de craqueamento térmico (quebra de moléculas constituintes do petróleo cru). Em condições de pressão próxima à atmosférica, obtém-se óleo diesel, querosene e nafta pesada como produtos laterais de uma torre de destilação. Nafta leve e GLP são produtos de topo. Como produto de fundo, obtém o resíduo atmosférico (RAT), que serve de carga para o processo de destilação a vácuo, de onde se podem extrair frações importantes. 6

9 O RAT é um corte de alto peso molecular, que é usado como corrente de alimentação da seção de destilação a vácuo, em que se trabalha a pressões subatmosféricas com o objetivo de gerar óleos lubrificantes básicos e gasóleos para carga da unidade de craqueamento catalítico (processo de conversão que será tratado abaixo, no item 4.5.4). O produto de fundo da destilação a vácuo é composto de hidrocarbonetos de elevado peso molecular e impurezas, podendo ser comercializado como óleo combustível ou asfalto. Fluxograma simplificado dos processos destilação atmosférica e a vácuo que compõem o esquema de refino do petróleo Pe Petróleo Petróleo Cru Tratado Tratado 0 Torre de Destilação Atmosférica Gás Combustível GLP Naftas Querosene Gasóleos Atmosféricos RAT Resíduo Atmosférico Processos adicionais de tratamento e estabilização. Misturas (Blends) com outras correntes Petróleo Cru Tratado Óleo + Pesado Torre de Destilação a Vácuo RAT Tanques de Armazenamento de combustíveis Óleo Combustível Gasóleos de Vácuo: leve e pesado Resíduo de Vácuo Asfalto Correntes de outros processos: desfaltação, UFCC (craqueamento catalítico), Hidrocraqueamento etc. Corrente do processo da Unidade de coqueamento retardado (UCR) 7

10 Outra representação ilustrativa do refino do petróleo via processo de destilação atmosférica (destilação fracionada) No esquema acima, o petróleo cru (ou bruto) entra em uma fornalha (caldeira), onde é aquecido. A seguir passa para a torre de destilação à pressão atmosférica, onde são separadas as várias frações (gases, nafta, gasolina, querosene, gasóleo ou diesel, óleo lubrificante, gasóleo pesado). O resíduo da torre de destilação atmosférica (o RAT) é reaquecido e vai para uma segunda torre de destilação a vácuo (destilação a pressão reduzida), de onde saem vários óleos lubrificantes (frações mais pesadas) e o resíduo final, que é o asfalto (betume). Representação ilustrativa do processo de refino por destilação a vácuo No esquema acima os produtos resultantes da destilação a vácuo são o gasóleo leve de vácuo (GLO), o gasóleo pesado de vácuo (GPO) e o resíduo de vácuo (RV). Em regra o GLO (gasóleo leve) segue para hidrotratamento (para compor os pool s de diesel e gasolina). 8

11 O GPO (gasóleo pesado) segue para hidrotratamento, hidrocraqueamento ou para craqueamento catalítico (processos de conversão). O Resíduo de Vácuo (RV) é destinado para as unidades de viscorredução, de coqueamento, de produção de betume ou para o pool de escuros da refinaria (óleo combustível, por exemplo) OUTROS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO IMPORTANTES (ESQUEMAS SIMPLIFICADOS) Processo de Desfaltação a solvente O objetivo desse processo é recuperar do RV (Resíduo de Vácuo) uma fração mais leve e com menor teor de contaminantes o óleo desfaltado (ODES). Neste processo é gerado também o resíduo asfáltico (asfalto). A desfaltação é um processo baseado na diferença de solubilidade entre as frações ODES e Resíduo Asfáltico. Utiliza como solvente principalmente o propano líquido a alta pressão como agente de extração. São usados também o butano e o pentano. O ODES pode ser carga da unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) ou do hidrocraqueamento [que são processos de conversão], elevando a geração de combustíveis. Pode ser também carga da unidade de lubrificantes, dando origem aos óleos básicos lubrificantes, elevando assim a rentabilidade do refino. O Resíduo Asfáltico (RASF) pode ser usado na formulação de cimento asfáltico de petróleo (CAP) ou diluído com correntes mais leves para compor o óleo combustível. Esquema representativo do processo de desfaltação que usa o propano com solvente Processo de extração de aromáticos (desaromatização) Este processo tem duas aplicações principais: - A recuperação dos compostos aromáticos de uma corrente de nafta proveniente de uma unidade de reforma catalítica (URC), rica em hidrocarbonetos aromáticos leves, ou seja, benzeno, tolueno e xilenos (BTXs), os quais são importantes matérias-primas para indústria de segunda geração petroquímica, podendo atingir preços de mercado superiores 9

12 ao da nafta. A corrente desaromatizada, após remoção do solvente, pode ser comercializado como nafta petroquímica; utilizada na formulação de gasolina; ou ainda fracionada para a produção de solventes parafínicos (ex. o n-hexano). - A remoção de aromáticos das frações lubrificantes (desaromatização), com o objetivo de aumentar o índice de viscosidade do produto. Neste caso o produto principal do processo é o óleo desaromatizado, sujeito ainda a posterior processamento. O subproduto é o extrato aromático, um material viscoso, que pode ser usado como óleo extensor de borracha sintética, ser adicionado ao óleo combustível ou ainda ser componente da carga da unidade de coqueamento retardado (processo de conversão). Neste processo são utilizados solventes. Na extração de aromáticos da nafta de reforma catalítica (processo de conversão), os solventes mais utilizados são o tetraetilenoglicol, a n- metilpirrolidona (NMP), o sulfonale ou a n-formilmorfolina (NMF). No processo de desaromatização se emprega como solvente o furfural, a n-metilpirrolidona (NMP) ou o fenol, esse último em desuso. Esquema representando o processo de Desaromatização para a produção de óleos lubrificantes Esquema representando o processo de recuperação de aromáticos visando à produção de aromáticos leves (Benzeno, Tolueno e Xileno - BTX), destinados à indústria petroquímica. 10

13 Processo de desparafinação Este processo visa à produção de óleos básicos lubrificantes via redução do teor de hidrocarbonetos parafínicos de cadeia linear (n-parafinas), ou pouco ramificada e de alta mossa molar. Conferem ao óleo lubrificante ponto de fluidez. A remoção é feita com o uso de solventes a baixas temperaturas. O solvente mais utilizado, em nível mundial, é constituído de uma mistura de metiletilcetona (MEC) e tolueno. No Brasil atualmente é utilizado um solvente puro, metilisobutilcetona (MIBC). O processo produz as seguintes correntes: o óleo desparafinado e a parafina oleosa. O óleo desparafinado passa por um processo de recuperação do solvente e é enviado ao processo de hidrotratamento. A parafina oleosa pode ter dois destinos: - sofrer posterior processamento, com o propósito de produzir parafinas comerciais; - ser adicionado ao gasóleo que será processado no craqueamento catalítico ou no hidrocraqueamento (processos de conversão) Esquema representando a desparafinação que tem como carga o Óleo Desaromatizado integrante da Unidade de produção de lubrificantes Processo de desoleificação Este processo é empregado para a purificação da parafina oleosa. Consiste na remoção de: - compostos parafínicos com pontos de fusão entre -3ºC e 30ºC, os quais não se enquadram nem como óleo lubrificante nem como parafina dura; - fração oleosa ocluída nos cristais de parafina. 11

14 Esse processo é realizado a temperaturas positivas (em torno de 20ºC), visando especificar a parafina quanto ao ponto de fusão, penetração e teor de óleo. Os produtos obtidos na desoleificação são: - a parafina dura, que, depois dessa operação, é processada na unidade de hidrotratamento, onde, por fim, é especificada nos requisitos de cor e teores de contaminantes, principalmente de compostos aromáticos (as parafinas duras são utilizadas, por exemplo, na produção de velas); - a parafina mole, produto mais nobre, que por se tratar de um gasóleo, normalmente é enviada à unidade de craqueamento catalítico depois da remoção do solvente (MIBC). Esta pode ainda ser aproveitada para a produção de óleos, geleias, vaselinas e outros produtos farmacêuticos. Esquema representando o processo de desoleificação a MIBC, que tem como carga a parafina oleosa Processo de adsorção de n-parafinas É um processo de separação que visa, principalmente, a remoção de hidrocarbonetos parafínicos lineares contidos na fração de querosene obtido na destilação. Tais hidrocarbonetos embora configurem excelente qualidade ao querosene de iluminação, são prejudiciais ao querosene de aviação, por elevarem seu ponto de congelamento, quando presentes em teores elevados. O processo de baseia na adsorção das cadeias lineares presentes no querosene através de sua passagem em fase gasosa por um leito de peneira molecular que captura as n-parafinas, permitindo a passagens dos demais compostos presentes no querosene. Os hidrocarbonetos adsorvidos são removidos do leito com auxílio de um diluente e passam pelas seguintes etapas: 12

15 separação do diluente, hidrotratamento (para redução dos teores de aromáticos e de enxofre) e fracionamento em uma coluna de destilação para a obtenção da fração de interesse. As n-parafinas removidas são valiosas matérias-primas para a indústria petroquímica, especificadamente para a produção de detergentes biodegradáveis. As n-parafinas são hidrocarbonetos de 10 a 13 átomos de carbono que entram na fabricação do produto conhecido como LAB (linear alquibenzeno), que é intermediário petroquímico básico para a produção do LAS (linear alquibenzenossulfonado), o precursor do tensoativo mais utilizado na formulação de detergentes (o LASNa - linear alquibenzenossulfonado de sódio). Querosene de aviação de melhor qualidade Frações de querosene de destilação *Processo de Adsorção de n-parafinas n-parafinas Matéria-prima da indústria de detergentes biodegradáveis * Fluxograma representando o processo de adsorção de n-parafinas. 13

16 4.5 - PROCESSOS DE CONVERSÃO NO REFINO DE PETRÓLEO Esse grupo de processos se distingue dos processos físicos de separação por temperatura, pressão e solubilidade, por promoverem reações químicas com o objetivo de obter misturas de hidrocarbonetos de possuam maior interesse econômico. As reações químicas são promovidas mediante ação conjugada da temperatura e da pressão, na presença do meio reacional conveniente. Em muitos casos são empregados catalisadores específicos para cada tipo de reação, que são substâncias que possuem ação determinante no aumento da velocidade com que as reações ocorrem. Os processos que fazem uso dos catalisadores são conhecidos como processos catalíticos, em oposição aos não catalíticos ou térmicos, nos quais as reações ocorrem sob efeito apenas das condições adequadas de temperatura, pressão e tempo de reação. Através do processo de craqueamento (cracking, em inglês), as frações mais pesadas (moléculas maiores) do petróleo são transformadas (quebradas) em frações mais leves (moléculas menores), por aquecimento (craqueamento térmico) e por aquecimento e catalisadores (craqueamento catalítico). O craqueamento é um processo complexo. A quebra de um alcano de molécula grande produz vários compostos de moléculas menores alcanos leves e médios, alcenos, inclusive carbono e hidrogênio que são separados posteriormente. Desse processo se originam inúmeros produtos que servem como matéria-prima para outras indústrias. Por exemplo: com o C2H4 (eteno) é fabricado o polietileno, um dos plásticos mais usados no mundo. Outro processo de refino aplicado sobre as frações mais pesadas do petróleo, originárias da destilação atmosférica e da destilação a vácuo, é a reforma catalítica (reforming, em inglês). Através da reforma catalítica (aquecimento das frações mais pesadas com catalisadores apropriados), há a transformação de hidrocarbonetos de cadeia normal em hidrocarbonetos ramificados, cíclicos e aromáticos, contendo em geral o mesmo número de átomos de carbono. Esse processo é muito importante para melhorar, por exemplo, a qualidade da gasolina automotiva, pois os hidrocarbonetos ramificados, cíclicos e aromáticos melhoram a desempenho dessa fração do petróleo nos motores ciclo Otto (motores à gasolina e etanol). Nos processos de craqueamento as reações podem produzir moléculas menores quando ocorre quebra das moléculas da carga: este é o objetivo dos processos de coqueamento retardado e do craqueamento catalítico fluido (FCC). Pode ser, porém, que o interesse seja de criar moléculas maiores a partir da combinação de moléculas menores, como é o caso da alquilação catalítica. Além desses dois casos podem também ocorrer mudanças no arranjo interno da molécula, sem quebra ou aumento da cadeia carbônica, como nas reações de isomerização. Os processos de conversão são, geralmente, de elevada rentabilidade, principalmente quando transformam frações de baixo valor comercial (gasóleos de vácuo e resíduos), em outras de maior valor (GLP, naftas, querosene, óleo diesel, lubrificantes ou petroquímicos básicos). São classificados como processos de fundo de barril, porque permitem maior aproveitamento do petróleo, com mínima produção de óleo combustível e asfalto. Apesar da implantação de unidades de conversão exigir investimentos elevados, o tempo de retorno do capital investido nos processos de conversão é baixo comparativamente aos processos de separação física. 14

17 Esquema representando os processos de conversão Térmicos e Catalíticos. Passaremos a analisar cada um dos principais processos de conversão nas linhas abaixo. PROCESSOS TÉRMICOS DE CONVERSÃO Craqueamento térmico É o mais antigo dos processos de conversão. Seu aparecimento data do início século XX quando a indústria automobilística viveu a sua primeira fase de crescimento, tendo uma importância relevante na produção de gasolina até o início dos anos de 1950, quando entrou em obsolescência em virtude da substituição pelo processo de craqueamento catalítico fluido (FCC). Esse processo tem por finalidade quebrar moléculas presentes no gasóleo de vácuo ou no resíduo atmosférico por meio de elevadas temperaturas (até 500ºC) e pressões de 1,5 Mpa (Megapascal) a 2,0 Mpa, visando produzir frações combustíveis líquidas, principalmente GLP, gasolina e diesel. Gera os seguintes subprodutos: gás combustível e óleo residual, utilizado como óleo combustível. Ocorre também a formação de coque (produto sólido de cor negra e forma aproximadamente granular que é composto essencialmente de carbono sólido com teores variáveis de impurezas). Uma variante desse processo de operação ainda hoje viável é o processo de craqueamento térmico brando (CTB) cujo objetivo é maximizar diesel, em vez de gasolina e GLP. A formação de coque é reduzida, possibilitando maiores ganhos. Esquema representando o processo de craqueamento térmico 15

18 Viscorredução Este processo tem por objetivo reduzir, através da ação térmica, a viscosidade de um resíduo que será usado como óleo combustível, por meio da quebra de suas moléculas mais pesadas, tornando desnecessária a adição de frações intermediárias para a redução da viscosidade. As condições operacionais são brandas em relação às do craqueamento térmico convencional, para evitar a formação excessiva de coque. Ocorre formação de uma quantidade de hidrocarbonetos na faixa do diesel e do gasóleo que, não sendo removidos, entrem como diluentes do resíduo processado, reduzindo sua viscosidade. Gás combustível, GLP e nafta também são produzidos, porém em menor escala. Trata-se também de um processo obsoleto, em função do alto custo operacional e baixa rentabilidade. Esquema representando a viscorredução, que hoje se encontra obsoleto Coqueamento retardado (UCR) A unidade de coqueamento retardado (UCR) tem como carga principal um resíduo, normalmente de vácuo que, submetido à alta temperatura (485ºC) por um pequeno intervalo de tempo, é craqueado, ou seja, sofre uma intensa quebra de moléculas de alta massa molecular, produzindo gases (GLP e gás de refinaria), naftas, gasóleos e coque. O objetivo da unidade UCR é converter resíduos de petróleo em unidades de maior valor agregado. As principais vantagens desse processo são: - aumento da conversão de petróleos pesados, agregando valor a petróleos nacionais; - aumento da produção de óleo diesel; 16

19 - consumo do resíduo de vácuo, base para a formulação do óleo combustível, cuja demanda tende a se reduzir cada vez mais; - aumento da margem de refino das refinarias; - tecnologia em constante evolução, desde O coque de petróleo é um produto que passou a ser do maior interesse, a dependendo de sua qualidade, associada ao teor de asfaltenos e aromáticos da carga, a exemplo do coque agulha. Esse produto encontra aplicação como combustível (na indústria de cimento e na indústria siderúrgica), e como matéria-prima para a obtenção de eletrodos. A crise do petróleo na década de 1970 trouxe uma crescente importância para esse processo, uma vez que ele transforma uma fração de baixo valor agregado, o resíduo de vácuo (RV), em outras, de maiores valores comerciais, como o GLP, a nafta e o óleo diesel. Existem hoje várias unidades de coqueamento retardado (UCR) de médio e grande portes instaladas nas refinarias brasileiras. O projeto de uma unidade de coqueamento pode visar à produção máxima de determinado corte, segundo a aplicação correta de níveis de pressão, temperatura e reciclos. Esquema representando uma unidade de coqueamento retardado (UCR) PROCESSOS DE CONVERSÃO CATALÍTICOS Craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC Fluid Catalystic Cracking) O FCC é considerado primordialmente um processo de quebra molecular, tendo como principal carga gasóleos produzidos na unidade de destilação a vácuo. Pode-se ainda usar como carga adicional o óleo desfaltado. Por meio de severas condições de temperatura, em presença de catalisador, as moléculas da carga são descompostas em outras mais simples, produzindo gás combustível, GLP, nafta, gasóleo leve e óleo decantado (fração residual). As reações geram também coque, que se deposita no catalisador, e é queimado na etapa de regeneração do mesmo. 17

20 O catalisador empregado nesse processo é constituído por um pó fino de alta área superficial, à base de sílica (SiO 2 ) e alumina (Al 2 O 3 ). Há projetos que contemplam a utilização do RAT (resíduo atmosférico) como carga, desde que a carga combinada atenda aos limites do projeto da unidade quanto ao teor de asfaltenos e de metais. O desenvolvimento do FCC de seu um pouco antes da 2ª Guerra Mundial, devido à grande necessidade dos aliados de suprir suas tropas com gasolina e produtos petroquímicos. O FCC tem alto rendimento em GLP e gasolina, de melhor qualidade (alta octanagem), obtida na faixa de 50% a 60% em volume da carga processada. Apesar do alto investimento de instalação requerido, o FCC é extremamente atrativo, em face do alto rendimento em frações leves, de alto valor comercial. Além disso, o tempo de retorno do empreendimento é muito baixo. Esquema representando o processo geral de tratamento catalítico, onde se destaca a produção de GLP e Nafta de Craqueamento, destinada ao pool de gasolina. Há também produção de diesel (óleo leve/lco) Hidrocraqueamento catalítico (HCC - Hydrocatalytic Cracking) O HCC é um processo que consiste na quebra de moléculas existentes na carga, em presença de hidrogênio, por ação conjugada do catalisador, em altas temperaturas e pressões. Ao mesmo tempo em que ocorrem quebras, acontecem reações de hidrogenação das moléculas. 18

21 A presença do hidrogênio tem a finalidade de reduzir a deposição de coque sobre o catalisador, hidrogenar os compostos aromáticos polinucleados, facilitando a sua decomposição e hidrogenar olefinas e diolefinas que se formam no processo de craqueamento, aumentando a estabilidade dos produtos finais. As severas condições possibilitam também a hidrogenação dos compostos dos compostos de enxofre e nitrogênio, os eliminado dos produtos finais. O HCC é um processo que concorre com o FCC pela carga do gasóleo de vácuo. Sua grande vantagem é a versatilidade do processo que permite operar com cargas que variam desde naftas até gasóleos pesados, maximizando a fração que se deseja (nafta petroquímica, QAV querosene de aviação, óleo diesel, gasolina ou lubrificantes). O processo tem alto rendimento na produção de gasolina de boa octanagem e óleo diesel. Ocorre também a produção de uma quantidade volumosa da fração GLP. Além disso, o HCC complementa o FCC, com a conversão de cargas que não podem ser tratadas neste processo (resíduos de vácuo, gasóleos de reciclo, extratos aromáticos, dentre outras). A grande desvantagem do processo consiste nas elevadas pressões e temperaturas reacionais que obrigam a ter equipamentos de grande porte, com metalurgia dispendiosa. Também há a necessidade de implantação, em paralelo, de uma unidade de geração de hidrogênio, capaz de suprir as reações de hidrocraqueamento (processo intensivo em consumo de hidrogênio) e de recuperação de enxofre. A unidade de HCC demanda um elevado investimento. Os catalisadores empregados em HCC: óxido de níquel-molibdênio (NiO-MoO) ou óxidos de níquel-tungstênio (NiO-WO 3 ), sobre um suporte de sílica-alumina (SiO 2 -Al 2 O 3 ). Os processos são semelhantes entre si e podem funcionar segundo a natureza da carga e o objetivo da produção. Pode-se trabalhar visando à maximização de cortes de GLP, gasolina, querosene de jato ou diesel. Esquema representando o processo de hidrocraqueamento catalítico (HCC), em duas etapas. Como variante do processo de HCC temos o processo de Hidrocraqueamento Catalítico Brando (MHC Mild Hydrocatalytic Cracking), que opera em condições bem mais suaves, principalmente em relação à pressão. 19

22 O processo é vantajoso por permitir a produção de grandes volumes de óleo diesel sem gerar grandes quantidades de gasolina, a partir de uma carga de gasóleo convencional. É um processo também de elevado investimento, sendo um pouco mais barato que o HCC Alquilação ou alcoilação catalítica É um processo que se baseia na junção de duas moléculas leves para a formação de uma terceira de maior cadeia. Na indústria do petróleo essa rota é usada desde 1932 para a produção de gasolina de elevado número de octano, a partir de componentes presentes no GLP. O tipo de catalisador utilizado depende da tecnologia empregada, e os mais utilizados são os catalisadores de caráter ácido, como o ácido fluorídrico (HF) ou o ácido sulfúrico (H 2 SO 4 ). O processo envolve a utilização de uma isoparafina, geralmente o isobutano, presente no GLP, combinado a olefinas, tais como o propeno, os butenos e os pentenos. O produto principal (alquilado) é encaminhado para a formulação de gasolina de aviação ou da gasolina automotiva de elevado número de octano. A unidade também produz em menor quantidade, nafta pesada, propano e n-butano de alta pureza, que podem ser vendidos separadamente para usos especiais ou incorporados ao GLP. No que se refere à produção de gasolina de elevado número de octano, pode-se dizer que este é um processo largamente utilizado em países cuja demanda por gasolina é elevada e, onde se tem disponibilidade de GLP, matéria-prima essencial do processo. Permite a síntese de compostos intermediários de grande importância petroquímica, como o etilbenzeno (para a produção de poliestireno), o isopropil-benzeno (para produzir fenol e acetona) e o dodecil-benzeno (matéria-prima de detergentes). Esquema representando o processo de alquilação catalítica Reforma ou reformação catalítica O processo tem por objetivo transformar uma nafta rica em hidrocarbonetos parafínicos ou naftênicos em outra, rica em hidrocarbonetos aromáticos (nafta de reforma). O processo foi desenvolvido em 1940 e emprega alta temperatura (em torno de 500ºC), pressões que variam 20

23 dependendo da tecnologia empregada e um catalisador à base de metais nobres (ex. platina, rênio, ródio ou germânico). O processo pode ter dois objetivos: a produção de gasolina de elevado número de octano ou a produção de hidrocarbonetos aromáticos leves (benzeno, tolueno e xilenos). O principal produto do processo é a nafta rica em hidrocarbonetos aromáticos (nafta reformada), mas o processo gera também em menores quantidades, gás combustível, GLP, coque e uma corrente rica em hidrogênio (insumo para as unidades de hidrotratamento). No cenário atual existe uma crescente necessidade de melhoria da gasolina, em termos de redução do teor de enxofre e de olefinas. As naftas disponíveis para a formulação de gasolinas com baixos teores desses componentes são: - as naftas destiladas, dessulfurizadas, de baixo número de octano e baixo teor de olefinas; - a nafta oriunda da UFCC (nafta craqueada), que passa por um processo de hidrodessulfurização seletiva, de forma a ter baixo teor de enxofre e elevado número de octano (alto teor de olefinas); - a nafta produzida na unidade de coqueamento retardado (nafta de coqueamento) que depois de hidrotratada possui baixo teores de enxofre e olefinas e baixo número de octano. É nesse cenário que se justifica o investimento em unidades de reforma catalítica, pois a nafta reformada, de alto número de octano, permite que a refinaria formule gasolina com baixo teores de enxofre e de olefinas, mantendo-se o número de octano requerido para os motores do ciclo Otto (motores a gasolina e etanol). Esquema representando o processo de reforma catalítica 5 - PROCESSOS DE TRATAMENTO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO INTRODUÇÃO - Esses processos são utilizados para melhorar a qualidade dos derivados. São conhecidos também como processos de acabamento. Assim como os processos de conversão, 21

24 eles são de natureza química, embora seus objetivos não sejam provocar profundas modificações nas frações, mas sim eliminar os contaminantes presentes e estabilizar quimicamente o produto acabado. As quantidades e os tipos de impurezas existentes nos produtos são bastantes variáveis, diferindo conforme o tipo de petróleo e o processo que os produziu. Pode-se se afirmar que a quantidade de impurezas é significadamente maior nas frações mais pesadas do petróleo, dificultando a sua remoção. Para as frações mais leves são empregados processos de tratamento chamados de convencionais que não requerem condições operacionais severas e são relativamente simples em termos de equipamentos e de operação. Esses processos são usados principalmente para a redução do teor de enxofre dessas frações e a consequente eliminação da corrosividade. Nessa categoria estão os processos de tratamento com aminas e os tratamentos cáusticos, quando aplicados ao gás combustível e ao GLP. Para a adequação das frações leves e médias (naftas, querosene e diesel) ou pesadas (gasóleos, lubrificantes, resíduos) os tratamentos convencionais mostram-se ineficazes para a remoção dos contaminantes. É necessário lançar mão dos processos de hidrotratamento ou de hidroacabamento, de maior eficiência, mas que operam em condições mais severas de temperatura e pressão, apresentando custos operacionais mais elevados e necessitando de maiores investimentos. Em função das exigências ambientais, que implicam em expressiva redução dos contaminantes nos derivados, esses processos tornam-se imprescindíveis ao refino moderno TRATAMENTOS CONVENCIONAIS Tratamento com aminas É um processo específico de remoção de H 2 S (gás sulfídrico) de frações leves do petróleo, como o gás combustível e o GLP. Desenvolvido em 1930 é ainda largamente utilizado hoje. Dependendo da amina é também removido o CO 2 que eventualmente esteja presente na corrente gasosa. As aminas de maior utilização são a monoetanolamina (MEA), a dietanolamina (DEA) e a metildietanolamina (MDEA). A grande vantagem desse processo consiste na capacidade de regenerar a amina e o produto dessa regeneração é uma corrente de gás ácido, rica em H 2 S, aproveitada para a produção de enxofre em uma unidade de recuperação de enxofre (URE). A presença desse tipo de tratamento é obrigatório junto às unidades de FCC, coqueamento retardado e hidroprocessamento, onde são geradas correntes gasosas com elevadas concentrações de H 2 S, sendo imperiosa a sua redução. Esquema representando o tratamento DEA de uma corrente de GLP ácido 22

25 Tratamento cáustico O objetivo desse tratamento é a eliminação de compostos ácidos de enxofre, tais como o H2S e os mercaptanos (RSH) de baixa massa molecular, presentes principalmente no gás combustível e no GLP, utilizando uma solução aquosa de soda cáustica (NaOH). Compostos sulfurados diferentes desses mencionados não podem ser removidos por esta rota. Uma das desvantagens do processo é o elevado consumo de soda cáustica, que mesmo sendo um insumo de baixo custo, a depender do teor de contaminantes e da vazão da carga processada, pode se constituir num fator de elevado custo operacional. Por isso é utilizado apenas para as frações leves pouco contaminadas ou como pré-tratamento de outros processos. Para reduzir o consumo de soda e a geração de soda gasta, o tratamento cáustico regenerativo é usado quando o teor de mercaptanos na carga é elevado. Nessa versão do tratamento, aplicado ao GLP, à nafta e ao querosene, os mercaptanos (RSH) são transformados em dissulfetos, regenerando a soda cáustica, que, então, é reutilizada no tratamento. O tratamento cáustico regenerativo é também conhecido como tratamento MEROX. Utiliza um catalisador organometálico (ftalcianina de cobalto) em leito fixo ou dissolvido na solução cáustica, de forma a extrair as mercaptanas dos derivados e oxidá-las a dissulfetos. Esquema representando o Tratamento Cáustico Regenerativo (Tratamento MEROX) a correntes de GLP e Nafta PROCESSOS DE HIDROTRATAMENTO (HDT) Além da redução do teor de enxofre, o hidrotratamento (HDT) pode ser utilizado para a redução de hidrocarbonetos olefínicos (estabilização) e aromáticos (aumento do número de cetano no óleo diesel) e para a redução de outros contaminantes como o nitrogênio, o oxigênio e os metais, dependendo do tipo de carga e do objetivo do tratamento. O processo foi desenvolvido na década de 1920, na Alemanha, mas sua viabilidade industrial para tratamento de derivados de petróleo se tornou mais expressiva a partir de 1950, com a disponibilidade de hidrogênio, subproduto da reforma catalítica. O uso intensivo de processos de hidrotratamento foi impulsionado nos últimos anos devido a três fatores: 23

26 - primeiro fator, a pressão da sociedade para a melhoria da qualidade do ar, exigindo derivados, principalmente gasolina e óleo diesel, com menores teores de enxofre, para menor emissão de poluentes (SO X ); - segundo fator, a constatação da descoberta de petróleos cada vez mais pesados, com teores mais elevados de contaminantes, que estão sendo processados nas refinarias mundiais; - terceiro fator, é o custo da geração do hidrogênio que se tornou menor nos dias de hoje devido à maior escala das atuais plantas de geração de hidrogênio e ao uso do gás natural como matéria-prima, em substituição à nafta. O processo de HDT abaixo é descrito para óleos lubrificantes básicos, mas pode ser aplicado aos demais derivados do petróleo, desde a nafta até as frações residuais. Os catalisadores empregados no processo de HDT possuem alta atividade e vida útil, sendo baseados principalmente em óxidos ou sulfetos de Ni, Co, Mo, W ou Fe. O suporte do catalisador, geralmente a alumina, não deve apresentar característica ácida, a fim de se evitarem as indesejáveis reações de craqueamento. Esquema representando um processo de hidrotratamento de óleo desparafinado, gerando corrente de óleo hidrotratado que se destinará a produção de óleos lubrificantes básicos. 6 - PROCESSOS AUXILIARES São os que se destinam a fornecer insumos à operação de outros processos, ou aqueles cujo objetivo e o de tratar correntes efluentes das operações industriais. Abaixo faremos um descritivo desses processos de forma resumida Processo de geração de hidrogênio Processo que tem se tornado cada vez mais presente nas refinarias na medida em que tem crescido a importância das unidades de HDT 24

27 (hidrotratamento). Sua missão e suprir de hidrogênio essas unidades, complementando o hidrogênio gerado pela reforma catalítica. O processo mais usual consiste na reação química de hidrocarbonetos com vapor d água (processo denominado como reforma a vapor). Essa reação ocorre à elevada temperatura (+ de 800ºC), com auxílio de catalisadores a base de níquel. As correntes de hidrocarbonetos mais utilizadas são: gás natural, gás combustível, GLP ou nafta (hidrocarbonetos leves), sendo preferível o gás natural por sua maior disponibilidade Processo de recuperação de enxofre O objetivo da unidade de recuperação de enxofre (URE) é produzir enxofre na sua forma elementar (S), a partir de uma corrente de gás rica em gás sulfídrico (H 2 S). O processo consiste na oxidação parcial do gás sulfídrico com o ar, gerando enxofre e água. A reação é feita em duas etapas: uma térmica (temperatura maior que 1000 ºC) e outra catalítica (temperatura menor que 300 ºC). O gás ácido é oriundo de diversas fontes: - gás combustível e GLP oriundos do craqueamento catalítico e do coqueamento retardado, que possuem altos teores de H 2 S, o qual é removido pelo tratamento com aminas, gerando gás ácido; - as demais frações de petróleo, ao passarem pelo HDT (hidrotratamento), geram gás de refinaria (por craqueamento), e também H 2 S, que depois de tratado com aminas, gera gás ácido; - a unidade de tratamento de águas ácidas gera como subproduto o gás ácido, neste caso contaminado com amônia. 6.3 Unidade de águas ácidas Numa refinaria de petróleo a água (na forma líquida ou a vapor) é muito utilizada para purificação de alguma corrente e resfriamento. A água em contado com o petróleo, derivados e seus contaminantes fica poluída, gerando as águas ácidas. São exemplos de unidades geradoras águas ácidas: a destilação, o hidrotratamento, o FCC (craqueamento catalítico em leito fluidizado) e o coqueamento retardado. Nas unidades de águas ácidas faz-se a retificação da água com o uso de vapor d água em diferentes níveis de pressão, produzindo duas correntes gasosas: uma rica em amônia, que deve ser queimada em um incinerador de amônia; outra rica em H 2 S, que contém contaminação também de amônia (até 10% em volume), que é encaminhada diretamente à unidade de recuperação de enxofre (URE). A água tratada pode ser reutilizada em novos processos. 7 BREVE HISTÓRIA DO PETRÓLEO Desde a antiguidade o petróleo já era conhecido pelo homem. Mas a sua exploração comercial e refino se tornou comercialmente relevante no séc. XIX, primeiramente com a produção de querosene, em substituição ao óleo de baleia, utilizado na iluminação e depois, com o advento dos motores de combustão interna (motores ciclo Otto), o produto derivado de maior relevância passou a ser a gasolina. 25

28 Ao se produzir querosene e gasolina, descobriu-se utilidade também para as frações mais pesadas do petróleo, então residual, como combustível para as caldeiras das indústrias e óleo de combustão para embarcações. Assim surgiu o uso comercial do óleo combustível. O óleo diesel só veio a encontrar mercado consumidor, a partir de 1919, com aperfeiçoamento, nos Estados Unidos, dos motores que operavam no ciclo Diesel, inventado na Alemanha. Em 1939, Hans von Ohain desenvolveu na Alemanha a primeira turbina de aviação que usava gasolina como combustível. Todavia, em 1941, em vista da escassez desse derivado, em função da 2ª guerra mundial, o inglês Frank Whittle, desenvolveu uma turbina de aviação que utilizava querosene como combustível. Nasceu assim o querosene de aviação, que posteriormente sofreu algumas alterações para atender às rígidas especificações de segurança de vôo. No Brasil os primeiros automóveis chegaram logo no início do séc. XX e a distribuição de derivados teve início em 1912, através de empresas multinacionais (Standart Oil, futura Esso, seguida da Shell, Texaco e Atlantic). Na década de 1930 a indústria de petróleo no Brasil passou por vários avanços: formulação de lubrificantes pela Esso (1930); fundação da Companhia Brasileira de Petróleo (1931); início da operação Destilaria RioGrandense (1934) e de sua sucessora a Refinaria Ipiranga (1937); a partida da refinaria Matarazzo em São Caetano do Sul-SP (1936); a criação do Conselho nacional de Petróleo CNP (1938). Na década de 1940, duas pequenas unidades em Aratu e Candeias produziam gasolina, óleo diesel e querosene de iluminação, a partir de petróleo produzidos na Bahia. Em 1945 e 1946, respectivamente, foram dadas concessões para a construção de suas refinarias, no Rio de Janeiro: Refinaria de Manguinhos e outra em Capuava- SP (Refinaria União). Durante a gestão do CNP, iniciou a construção da refinaria de Mataripe, que entrou em operação em Em 1952, foi concedida a licença para a construção de uma refinaria em Manaus-AM. Porém, foi na década de 1950, que a indústria de refino no Brasil experimentou maior impulso com os seguintes eventos: - ampliação da refinaria de Mataripe; - construção da primeira refinaria de grande porte em Cubatão, que entrou em operação em 1955; - estabelecimento do monopólio da União Federal sobre as atividades integrantes da indústria do petróleo, em 3 de outubro de 1953, sancionado pela Lei Federal nº 2.004, com a previsão de criação de uma empresa estatal para a execução desse monopólio; - nascimento da empresa Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, em 1954, que ao ser constituída, recebeu do CNP os campos de petróleo do recôncavo baiano, as refinarias de Mataripe-Ba e Cubatão-SP, a Frota Nacional de Petroleiros. E os bens da Superintendência de Industrialização do Xisto. Desde 1980, com o crescimento do mercado, o aumento das exigências em relação à qualidade dos produtos e as descobertas de petróleos nacionais, as refinarias sofreram ampliações de capacidade e cresceram em complexidade. As grandes alterações pelas quais passou o setor energético nacional, a partir da década de 1980, foram as seguintes: - o petróleo e seus derivados representam atualmente no Brasil a maior fonte primária de energia, em torno de 50,6%; - os petróleos importados foram sendo substituídos por petróleo nacionais, tendo o Brasil atingindo a autossuficiência na produção em 2005; 26

29 - no setor de transportes brasileiro, o óleo diesel se fixou como o principal combustível, em função da maior participação do modal rodoviário, com redução, em termos comparativos da gasolina, que passou a ser substituída parcialmente por combustíveis alternativos (etanol e gás natural veicular GNV); - o gás liquefeito de petróleo (GLP) substitui em grande parte o consumo de lenha como combustível doméstico e acompanhou o crescimento da população brasileira. Atualmente o Brasil dispõe 13 (treze) refinarias, sendo 10 (dez) pertencentes à Petrobras e 3 (três) privadas. As refinarias sob controle da Petrobras são as seguintes: REPLAN Refinaria Paulínea-SP; RLAM Refinaria Landulpho Alves-BA; REVAP Refinaria Henrique Lage-SP; REDUC Refinaria Duque de Caxias-RJ; REPAR Refinaria Presidente Getúlio Vargas-PR; REFAP Refinaria Alberto Pasqualini-RS; RPBC Refinaria Presidente Bernardes-SP; REGAP Refinaria Gabriel Passos-MG; RECAP Refinaria de Capuava-SP; REMAN Refinaria Isaac Sabbá-AM; RPCC Refinaria Potiguar Clara Camarão-RN; LUBNOR Lubrificantes Nordeste-CE. A RLAM Refinaria Landulpho Alves, localizada no município de São Francisco do Conde- BA, entrou em operação em 17 de setembro de 1950, voltada para o processamento do óleo altamente parafínico recém-descoberto no Recôncavo Baiano. Foi incorporada à Petrobras em Sua capacidade de processamento seria ainda duplicada em 1954, ampliada em 1959 e novamente em 1960, quando entraram em operação as unidades de produção de lubrificantes e parafinas. Essa refinaria, em 2010, possuía capacidade de processamento de cerca de m 3 /d. É a segunda maior brasileira e a principal unidade da região Nordeste, abastecendo o mercado com combustíveis e suprindo o pólo petroquímico de Camaçari como matérias-primas. Destaca-se também com a principal produtora de parafinas do país. Refinarias privadas: Refinaria de Petróleo Riograndense-RS, sob controle acionário da Petrobras, Ultrapar e Brasken; Refinaria de Manguinhos-RJ; Univen Refinaria-SP. Em construção: RNEST (Refinaria do Nordeste, posteriormente batizada de Refinaria Abreu Lima), no estado de Pernambuco; COMPERJ (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Em fase de projeto: Refinaria Premium I, no estado do Maranhão e Refinaria Premium II, no estado do Ceará. 8 MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE PETRÓLEO Em 2012, a produção mundial de óleo aumentou em 1,9 milhão de barris diários, mais que o dobro do crescimento do consumo. Décimo terceiro colocado, o Brasil foi responsável por 2,7% de todo o petróleo produzido no período. Veja, a seguir, quem lidera, no ano 2012, e os números comparativos com o ano de PAIS PARTICIPAÇÃO 2012 (MILHÕES POR DIA) 2011 (MILHÕES POR DIA VARIAÇÃO ( ) 1º Arábia Saudita 13,3% 11,530 11,144 3,7% 2º Rússia 12,8% 10,643 10,510 1,2% 3º Estados Unidos 9,6% 8,905 7,868 13,9% 4º China 5,0% 4,155 4,074 2,0% 5º Canadá 4,4% 3, ,8% 6º Irã 4,2% 3,680 4,358-16,2% 7º Emirados Árabes 3,7% 3,380 3,319 1,6% Unidos 8º Kuwait 3,7% 3,127 2,880 8,9% 9º Iraque 3,7% 3,115 2,801 11,2% 10º México 3,5% 2,911 2,940-0,7% 11º Venezuela 3,4% 2,725 2,766-1,5% 12º Nigéria 2,8% 2,417 2,460-1,9% 27

30 13º Brasil 2,7% 2,149 2,193-2,0% 14º Noruega 2,1% 1,916 2,040-7,0% 15º Angola 2,1% 1,784 1,726 3,4% 16º Catar 2,0% 1,966 1,836 6,3% 17º Cazaquistão 2,0% 1,728 1,758-1,6% 18º Argélia 1,8% 1,667 1,684-0,9% 19º Líbia 1,7% 1,509 0, ,1% 20º Colômbia 1,2% 0,944 0,920 3,2% Fonte: 9 PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO BRASIL POR UNIDADE FEDERADA Na tabela abaixo estão listados, por unidade federada, os 9 maiores produtores de petróleo do Brasil e a produção em barris, para o ano de 2012 (petróleo extraído de terra e mar): Unidade Federada Produção (em milhões de barris/ano) 1º) Rio de Janeiro 561,5 2º) Espírito Santo 113,1 3º) Rio Grande do Norte 21,7 4º) Bahia 16,0 5º) Sergipe 17,7 6º) Amazonas 12,3 7º) São Paulo 10,9 8º) Ceará 2,4 9º) Alagoas 1,7 Fonte: ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. 10 OUTROS DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE O PETRÓLEO OS 5 (CINCO) MAIORES EXPORTADORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE BARRIS/DIA (ANO DE 2009). PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA (2009) Arábia Saudita 7,322 Rússia 7,194 Irã 2,486 Emirados Árabes 2,303 Noruega 2,132 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A 10.2 OS 5 (CINCO) MAIORES CONSUMIDORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE BARRIS/DIA (ANO DE 2010) PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA (2010) Estados Unidos 19,180 China 9,392 Japão 4,452 Índia 3,116 Rússia 3,038 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A 28

31 Observação: O Brasil é o 7º maior consumidor de petróleo do mundo, com 2,560 milhões de barris/dia OS 5 (CINCO) MAIORES IMPORTADORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE BARRIS/ANO (ANO DE 2009) PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA (2009) Estados Unidos 9,631 China 4,328 Japão 4,235 Alemanha 2,323 Índia 2,235 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A 10.4 AS 5 (CINCO) MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEO, EM BILHÕES DE BARRIS DE ÓLEO EQUIVALENTE (ANO DE 2011) PAÍSES BILHÕES DE BARRIS DE ÓLEO EQUIVALENTE (2011) Venezuela 296,5 Arábia Saudita 265,4 Canadá 175,2 Irã 151,2 Iraque 153,1 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A Observação: O Brasil apresenta a 14ª maior reserva do mundo de petróleo, com 15,1 bilhões de barris equivalentes de óleo em

32 RESUMO TRIBUTAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES DERIVADOS E NÃO DERIVADOS DE PETRÓLEO. UM POUCO DA HISTÓRIA DA TRIBUTAÇÃO DO PETRÓLEO E COMBUSTÍVEIS DERIVADOS NO BRASIL Remonta à Constituição de 1934, o primeiro regramento atinente à tributação específica de combustíveis. No art. 6º da Carta Magna de 34 foi expressamente conferida competência à União para instituir imposto sobre consumo de quaisquer mercadorias, exceto combustíveis de motor à explosão. Aos Estados foi outorgada a competência privativa de instituição do imposto de consumo sobre combustíveis destinados a uso em motores à explosão. A Constituição de 10 de novembro de 1937, também denominada de Constituição Polaca, pois institucionalizou o regime de exceção implantado por Getúlio Vargas, pouco modificou o sistema estabelecido na Carta de 34, mas foi retirada dos Estados a competência privativa para tributar o consumo de combustíveis de motor à explosão, ficando na esfera de atribuição de União instituir imposto de consumo sobre quaisquer mercadorias. Com a redemocratização do país, após a segunda guerra mundial, foi promulgada a Constituição de No art. 15, inc. III, da referida Carta Magna, foi estabelecida a seguinte regra: Art Compete à União decretar impostos sobre: III produção, comércio, distribuição e consumo, e bem assim importação e exportação de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos de qualquer origem ou natureza. No parágrafo segundo do citado dispositivo da Lei Maior de 46 ficou estabelecido que o tributo ali previsto teria a forma de imposto único, que incidiria sobre cada espécie de produto, sendo que da renda resultante, 60% (sessenta por cento) seriam entregues aos Estados, Distrito Federal (DF) e Municípios, proporcionalmente à sua superfície, população, consumo e produção, nos termos e para os fins estabelecidos em lei federal. Ainda na vigência da CF/46, e após o golpe militar de 1964, foi aprovada a Emenda Constitucional nº 18/65, que promoveu alterações significativas no sistema tributário nacional. Os impostos foram classificados em função da base econômica sob a qual incidiam: comércio exterior, patrimônio e renda, produção e circulação e os impostos especiais. A tributação das operações sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de combustíveis e lubrificantes líquidos e gasosos de qualquer origem ou natureza foi inserido no rol dos impostos especiais, juntamente com energia elétrica e minerais do País, de competência da União, sendo adotada a sistemática de incidência única sobre uma dentre as operações previstas na Emenda Constitucional (Art. 16, inc. I e o correspondente parágrafo único). Ficou mantida a distribuição de 60% do imposto arrecadado sobre combustíveis e lubrificantes para distribuição aos Estados, DF e Municípios. Na vigência da CF de 1967 foi prevista, no art. 22, inc. VIII, a competência da União para decretar impostos sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos, na sistemática também de incidência única 30

33 sobre uma dentre as operações ali listadas e com a exclusão de taxação das mesmas operações por quaisquer outros tributos. No tocante ao ICM estadual, foi criada a incidência tão somente nas operações de distribuição ao consumidor final de lubrificantes e combustíveis líquidos utilizados por veículos rodoviários, cuja receita seria aplicada exclusivamente em investimentos rodoviários, tendo sido esta a primeira tentativa do Governo em destinar recursos da tributação de combustíveis e lubrificantes para rodovias. Todavia, o Ato Complementar nº 40/1968, revogou esta previsão de incidência do ICM estadual. Na divisão do bolo do imposto de competência da União, previsto na CF de 1967, incidente sobre operações com combustíveis e lubrificantes, quarenta por cento (40%) foi destinado à distribuição entre Estados, DF e Municípios. A referida sistemática de tributação dos combustíveis e lubrificantes, contida na Carta de 1967, foi mantida na Constituição de 1969, com a menção expressa de não incidência de qualquer outro tributo sobre as operações com os referidos produtos. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi extinto o imposto único da União sobre operações com combustíveis e lubrificantes. Instituído nesta Carta o ICMS com incidência sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e serviços de transporte interestadual e intermunicipal e comunicações. No conceito de operações com mercadorias se encontram inseridas as operações com petróleo, combustíveis líquidos e gasosos e lubrificantes, derivados ou não de petróleo. Foi também inserida na Carta de 1988 a competência para os municípios instituírem o imposto de vendas a varejo sobre combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel (IVVC), regra que vigorou de 1989 a Após a edição da Emenda Constitucional nº 03/93, esta competência foi revogada, com efeitos a partir de 1º janeiro de Atualmente, além do ICMS estadual, a Constituição da República autoriza, no que se refere à tributação por via de impostos, a incidência sobre combustíveis e derivados de petróleo tão somente dos impostos vinculados ao comércio exterior. Esses tributos são de competência da União e incidem sobre as operações de exportação e de importação. Além do ICMS somente o Imposto de Importação vem sem utilizado para incidência nas operações com petróleo, combustíveis e lubrificantes dele derivados. O Imposto de Importação tem por base de cálculo o valor aduaneiro, denominado CIF, que inclui os custos com seguro e frete. A alíquota deste imposto pode ser alterada por meio de Decreto Presidencial, conforme previsto no art. 153 da CF/88. A alíquota do imposto de importação é determinado no âmbito do Mercosul, por meio da Tarifa Externa Comum - TEC, com a possibilidade dos países-membro aplicarem alíquotas diferentes para alguns produtos. Em relação aos derivados de petróleo a alíquota tem sido mantida em zero. O álcool por sua vez tem a alíquota provisoriamente zerada, mas pode ser alterada para 20%, que é o valor previsto na TEC. A Constituição, apesar de delimitar numerus clausus os impostos que podem incidir sobre combustíveis e lubrificantes, não vedou, entretanto, a incidência de outros tributos sobre as operações com os citados produtos, a exemplo do que ocorre com as contribuições federais. Assim, no exercício desta competência, a União, através da Emenda Constitucional nº 33/2001, inclui no texto da CF/88 as regras básicas que regulam a CIDE - Combustíveis, uma contribuição de intervenção no domínio econômico, incidente sobre as atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível. A CIDE - combustíveis foi instituída pela Lei nº /01, com as alíquotas diferenciadas por produto e estabelecidas por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b (princípio da anterioridade). 31

34 Também incide sobre as operações com combustíveis e derivados de petróleo o PIS (Contribuição do Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que são contribuições sociais de competência da União previstas, respectivamente, nos arts. 239 e 195, I, b, da Constituição. As citadas contribuições foram inseridas no ordenamento pátrio pelas Leis Complementares nº 7/70 (PIS) e nº 70/91 (COFINS). Tiveram seus regramentos básicos unificados pela Lei nº 9.718/98. A base de cálculo das duas contribuições é o faturamento. Neste Manual abordaremos tão somente a tributação do petróleo e combustíveis à luz da legislação do ICMS em vigor no Estado da Bahia nos últimos 5 (cinco) anos. 32

35 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO PETRÓLEO NO ICMS DA BAHIA PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 1009 A 2013 (últimos 05 anos). Atualizado até a alteração nº 19 do RICMS/12 (Decreto nº /13). Introdução: No texto das páginas acima fizemos uma breve abordagem dos aspectos técnicos relacionados à composição, produção e refino do petróleo. Acrescentamos também algumas informações históricas e dados econômicos da produção mundial e nacional para melhor ilustrar a importância do petróleo na matriz energética contemporânea. A seguir passaremos a tratar das principais regras de tributação do ICMS vigentes na legislação do Estado da Bahia, incidentes sobre as operações com petróleo. Para o Auditor Fiscal, na condição de operador do Direito Tributário, a compreensão do contexto técnico, social, político e econômico onde irá desempenhar a sua atividade é fundamental para que as regras de tributação sejam adequadamente interpretadas e aplicadas. PRINCIPAIS DISPOSIÇÕES DA LEGISLAÇÃO DO ICMS VIGENTE NO ESTADO DA BAHIA 1 Da incidência Na entrada, no território do Estado, de petróleo, quando não destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou extração Base Legal: art. 1º, 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96). Observação importante 1: Na operação interestadual com petróleo não há incidência do ICMS, deslocando-se toda a tributação para a unidade federada de destino, por força de norma constitucional contida no art. 155, 2º, inc. X, letra b, conforme se verá no item 3, abaixo. A LC 87/96 normatiza esta incidência no art. 2º, 1º, inc. III Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de petróleo contém um benefício fiscal para a unidade federada de destino e não para o consumidor ou destinatário final da mercadoria. A não incidência prevista na norma é apenas parcial e alcança tão somente a operação interestadual relativa ao petróleo. Toda a tributação, portanto, é deslocada para a unidade federada de destino, onde se dará o consumo final do produto ou se seus derivados (princípio da tributação no destino). 33

36 2 Do momento da ocorrência do fato gerador Por ocasião da entrada, no território do Estado, de petróleo oriundo de outra unidade da Federação, quando não destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou extração. Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96). 3 Não Incidência Operação interestadual quando o petróleo é destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, em outra unidade da Federação. Base Legal: Art. 6º, inc. III, b, do RICMS/97(5). Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96) (6). Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais com petróleo e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados têm por fonte originária as disposições da Constituição Federal: art. 155, 2º, inc. X, letra b. Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de petróleo, conforme já frisado no item 1 acima, é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada para unidade federada de destino onde se verificará a comercialização ou industrialização subseqüente do produto ou de seus derivados. Objetiva a norma em questão eliminar a possibilidade de arrecadação do ICMS incidente sobre as operações interestaduais com petróleo para as unidades onde se localizam os poços produtores. O legislador prestigiou a arrecadação do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do Estado(s) produtor(es), dado ser grande o número de unidades federadas consumidoras e poucas as unidades onde se localiza a produção. 4 Da importação O ICMS importação é devido por ocasião da entrada do petróleo no estabelecimento importador e não no desembaraço aduaneiro, como nas demais mercadorias. Aplica-se ao caso a regra do diferimento, contida no art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97, efeitos até 31/03/2012, com a seguinte redação: Art É diferido o lançamento do ICMS incidente: (...) XXXIII - nas entradas decorrentes de importação do exterior de óleos brutos de petróleo NCM , para o momento em que ocorrer a entrada dos produtos no estabelecimento do importador neste estado; IMPORTANTE: a partir de 01/04/2012, com a entrada em vigor do novo Regulamento do ICMS (RICMS/12), o diferimento nas importações de petróleo passou a ser regido pelo art. 286, 2º, II, com a seguinte redação: Art É diferido o lançamento do ICMS: (...) 34

37 2º As hipóteses de diferimento previstas neste artigo encerram na saída subsequente da mercadoria ou do produto resultante de sua industrialização, exceto em relação às hipóteses a seguir indicadas, cujo encerramento ocorrerá na entrada dos produtos no estabelecimento: (...) II - nas entradas decorrentes de importação do exterior de óleos brutos de petróleo - NCM ; O tratamento dado pelo RICMS/97 às importações de petróleo foi mantido no RICMS/12. Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12. (Regras atinentes ao momento do recolhimento do ICMS-importação, modificadas pelas regras referentes ao diferimento na importação de petróleo vide item 6). 5 Da exportação Não incide ICMS na operação que destine petróleo ao exterior. Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96). Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: 1 art. 155, 2º, inc. X, letra a. 6 Do diferimento Ocorre diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS nas sucessivas saídas internas de petróleo em estado bruto do estabelecimento extrator para o estabelecimento refinador para o momento em que ocorrer a saída a qualquer título. Este diferimento foi temporariamente revogado, com a criação da regra de isenção, que vigorou entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de março de 2013, por força do Decreto nº , de 14/11/12. O diferimento foi restabelecido pelo Decreto nº , de 28/03/13, DOE de 29/03/13, efeitos a partir de 1º/04/13. Vide observações abaixo. Base Legal: art. 343, inc. XXIX c/c art. 511, inc. I, do RICMS/97. Art. 286, inc. XIII, do RICMS/12. Observação importante 1. O diferimento citado no item 6.1 foi revogado pelo Decreto nº , de 14 de novembro de 2012, com efeitos a partir de 1º janeiro de Trata-se do diferimento nas operações internas de petróleo, do estabelecimento extrator para o estabelecimento refinador. Essa operação passou a ser isenta vide item 7, abaixo) Observação importante 2. Caso a saída resultante do petróleo ou dos produtos resultantes do refino seja isenta ou não tributada pelo ICMS, o contribuinte responsável deverá 1 Art Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; 35

38 efetuar o pagamento do imposto diferido, nas operações verificadas antes de 1º de janeiro de 2013, referente à entrada do petróleo no estabelecimento, conforme determina a regra contida no 2 art. 347, I e 2º, do RICMS/97 e o 3 art. 286, 12, do RICMS/12. Ocorre a dispensa do pagamento do imposto diferido se a saída subsequente for para exportação do petróleo ou dos produtos resultantes do refino 4 art. 347, 3º, I e II, do RICMS/97 e 5 art. 286, 13, I, do RICMS/12 (hipótese de manutenção de crédito do ICMS). Observação importante 3 A partir de 1º/04/13, foi o restabelecida a regra de diferimento nas sucessivas saídas internas de petróleo em estado bruto do estabelecimento extrator para o estabelecimento refinador, por força do Decreto nº , de 28/03/13, DOE de 29/03/ Ocorre diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS nas entradas decorrentes de importação de óleos brutos de petróleo NCM , para o momento em que ocorrer a entrada do produto no estabelecimento importador. Nesta hipótese o pagamento do imposto é deslocado para o momento da entrada no estabelecimento importador e não no desembaraço aduaneiro da mercadoria. Base Legal: art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97. Art. 286, inc. XVIII c/c o respectivo 2º, inc. II, do RICMS/ Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre estabelecimentos de empresa: a) refinadora de petróleo; b) fabricante de produtos petroquímicos básicos (central petroquímica). A mencionada hipótese de diferimento, em relação ao petróleo, alcança as operações com o produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre estabelecimentos que operem na atividade de refino ou de fabricação de produtos petroquímicos básicos, a exemplo da nafta petroquímica e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos). Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Decreto nº /13, de 19/06/13, DOE de 20/06/13, efeitos a partir de 01/07/13, para saídas internas de bens e mercadorias de estabelecimento refinador de petróleo para as bases de distribuição pertencentes à mesma empresa. Decreto nº , de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, que incluiu as operações entre estabelecimentos de centrais petroquímicas. 2 Art O ICMS será lançado pelo responsável: I - uma vez ocorrido o momento previsto como termo final do diferimento, ainda que a operação que encerrar o diferimento seja isenta ou não tributada; 2º Nas hipóteses em que o termo final do diferimento corresponda à operação de saída amparada por isenção ou não incidência, caberá ao contribuinte que promover esta saída efetuar o lançamento do imposto até então diferido, cuja base de cálculo equivalerá ao preço de aquisição da mercadoria entrada no estabelecimento, incluídas as despesas acessórias, ressalvada a hipótese do parágrafo seguinte. 3 Art É diferido o lançamento do ICMS: 12. Nas hipóteses em que o termo final do diferimento corresponda à operação de saída amparada por isenção ou não incidência, caberá ao contribuinte que promover esta saída efetuar o lançamento do imposto até então diferido, cuja base de cálculo equivalerá ao preço de aquisição da mercadoria entrada no estabelecimento, incluídas as despesas acessórias, ressalvada a hipótese do 13 deste artigo. 4 Art O ICMS será lançado pelo responsável: 3º É dispensado o lançamento do imposto cujo lançamento tenha sido diferido, relativamente às entradas: I - quando o termo final do diferimento for o momento da saída subseqüente da mercadoria ou do produto dela resultante, no caso de: a) mercadoria que venha a ser exportada para o exterior com observância dos arts. 581, 582 e 583; b) mercadoria destinada à utilização como matéria-prima ou qualquer outro insumo a ser empregado diretamente na fabricação de produtos industrializados que venham a ser exportados para o exterior com não-incidência do imposto, nos termos dos arts. 581, 582 e 583; c) insumo empregado na fabricação de produto cuja operação de saída venha a ocorrer com isenção ou não-incidência, nas hipóteses em que houver expressa autorização de manutenção do crédito, no caso de a industrialização ser feita por conta do estabelecimento industrializador adquirente dos produtos com diferimento; d) mercadorias de que trata o inciso LXXIII do art. 343, quando a saída subseqüente for alcançada com isenção. e) mercadorias de que trata o inciso XIV do caput do art. 343, quando a saída subseqüente da mercadoria ou do produto resultante da industrialização for desonerada do ICMS; II - de leite no estabelecimento, nas hipóteses do 1º do art. 466; 5 Art É diferido o lançamento do ICMS: 13. É dispensado o lançamento do imposto diferido: I - quando a operação de saída subsequente venha a ocorrer com não-incidência, isenção ou redução de base de cálculo, nas hipóteses em que houver expressa autorização de manutenção do crédito; 36

39 7 Da isenção Isenção do ICMS, entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de março de 2013, nas saídas internas de petróleo, efetuadas por estabelecimento extrator com destino a estabelecimento refinador. A isenção vigorou, portanto, por prazo determinado (efeitos temporários). Base Legal: art. 265, inc. CIV, do RICMS/12 (Decreto nº , de 14 de novembro de 2012, alteração nº 6 ao RICMS/12). Dispositivo revogado pela alteração nº 12, do RICMS/12, através do Dec. nº , de 28/03/2013, com efeitos a partir de 01/04/2013 DOE de 29/03/ Do estorno de crédito fiscal em relação às operações com petróleo A legislação do ICMS do Estado da Bahia passou a exigir o estorno dos créditos fiscais, a partir de 01/04/2011, em relação às entradas de petróleo, bem como de mercadorias e serviços utilizados na sua produção (extração) ou embalagem, quando ocorresse operação de saída daquele produto ou de seus derivados, para outra unidade da Federação, destinados à comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, com não-incidência do imposto, nos termos das alíneas b e c do inciso III do art. 6º, do RICMS/97 Vide observações abaixo quanto ao regime de estorno de crédito. Observações importantes: evolução histórica da questão do estorno de crédito com petróleo: Observação 1: Até 31/03/11, o regime de diferimento vigente, no RICMS/97, admitia a manutenção total dos créditos fiscais das mercadorias e serviços utilizados na extração do petróleo, nas saídas subsequentes do produto ou de seus derivados sem incidência ou com isenção do ICMS; Observação 2: A partir do Decreto nº , de 30/12/10 (alteração nº 142, ao RICMS/97), com efeitos a partir de 1º/04/2011, portanto, ainda na vigência do RICMS/97, foi abolida a manutenção de crédito fiscal, mencionada na Observação 1 acima, nas operações subseqüentes, com petróleo ou seus derivados sem incidência ou com isenção do ICMS; Observação 3: Com a entrada em vigor do RICMS/12 (Dec. nº /12), a regra que aboliu a manutenção do crédito fiscal, contida no RICMS/97 a partir da edição do Decreto nº /10, não foi reproduzida, mas a possibilidade de manutenção de créditos de ICMS conforme regime anterior vigente até 31/03/11 não foi expressamente prevista no novo Regulamento. Observação 4: A partir de 1º/01/2013, o RICMS/12, via Decreto nº /12 alteração nº 6 estabeleceu a isenção nas saídas internas de petróleo, efetuadas por estabelecimento extrator com destino a estabelecimento refinador (art. 265, inc. CIV, do RICMS/12), com a correspondente vedação de manutenção dos créditos fiscais das mercadorias e serviços utilizados na extração do petróleo, nas saídas subsequentes do produto ou de seus derivados sem incidência ou com isenção do ICMS. Observação 5: A isenção mencionada na Observação 4 acima, vigorou entre 1º/01/2013 e 31/03/2013, sendo revogada pelo Dec /13, de 28/03/13, DOE de 29/03/13. Foi restabelecido o diferimento, pelo citado Decreto, mas sem previsão de manutenção de créditos fiscais de ICMS nas operações com mercadorias e serviços utilizados na extração do petróleo, com saídas subsequentes não tributadas pelo imposto. 37

40 Base Legal: as mencionadas nas Observações de 1 a 5 contidas no quadro acima. 9 Da base de cálculo 9.1 Entrada de petróleo de outro Estado (para consumo ou uso final): Quando o petróleo não for destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, a base de cálculo, no Estado de destino, é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo da operação. Em relação ao petróleo que é matéria-prima que serve à produção de diversos derivados, dentre eles, gasolina, óleo diesel, querosene de aviação e nafta, a destinação direta para consumo ou uso final é hipótese pouco provável de se verificar na prática. Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97 c/c com o art. 52. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96), c/c 1º, inc. I. 9.2 Entrada de petróleo de outro Estado (para fins de comercialização ou industrialização/refino): O mais provável é ocorrer a remessa de petróleo de uma unidade federada para outra, para fins de comercialização ou industrialização/refino no destino. Nesta situação, a tributação é também integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo incidência de ICMS na operação de origem. A base de cálculo é o valor da operação com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo da operação. Base Legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97 c/c com o art. 52. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96), c/c o 1º, inc. I Base de cálculo na importação de petróleo do exterior: Nesta hipótese verifica-se o diferimento do ICMS - importação para o momento da entrada no estabelecimento do importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 e art. 286, inc. XVIII c/c o respectivo 2º, inc. II, do RICMS/12). A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS, acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes + despesas aduaneiras + demais tributos incidentes), somando-se também a estes as despesas até a entrada no estabelecimento importador, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo. Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra b. 9.4 Base de cálculo no encerramento do diferimento por ocasião da saída petróleo a qualquer título, inclusive dos produtos dele derivados: Trata-se da hipótese de diferimento contemplada no art. art. 343, inc. XXIX, do RICMS/97 e no art. 286, inc. XIII, do RICMS/12. Esse diferimento, conforme já destacado acima, no item 6.1, foi temporariamente revogado pelo Decreto nº , de 14 de novembro de 2012, com efeitos entre 1º janeiro de 2013 a 31 março de O imposto diferido pago por ocasião da saída do petróleo ou de seus derivados engloba tanto a operação anterior (alcançada pelo diferimento), como as subseqüentes. Base legal: Art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 23, inc. I, letra a (Lei nº 7.014/96). 38

41 10 Da alíquota 17% (dezessete por cento), nas operações interestaduais que destinem petróleo a este estado (hipótese tributação no destino) e na importação. Observar que as operações de importação são alcançadas pelo diferimento, com encerramento no momento da entrada no estabelecimento do importador (itens 5.2, acima). Em relação ao petróleo extraído no território baiano (operações internas), observar o período em que se deu a operação para se verificar a aplicabilidade da regra de diferimento (item 6, acima) ou a regra da isenção (item 7, acima). Base legal: art. 50, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 15, inc. I (Lei nº 7.014/96). 39

42 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS 1 PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados, processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[autores] André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] Rio de Janeiro: LTC, 2012; 2 FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA / Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. 3ª. ed., atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Interciência, 2012; 3 PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação, especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah Rio de Janeiro: LTC, 2012; 4 REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e Alexandre Gurgel UFRN (disponível na Internet em: 5 O PETRÓLEO Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro / Daniel Yergin São Paulo; tradução de Leila Marina U. Di Natale Maria Christina e outros, Ed. Paz e Terra, (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis); (Revista Exame) 8 (Petrobras S/A) 9 - pt.wikipedia.org/wiki/petróleo (Wikipedia, a enciclopédia livre). 40

43 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) 1 - INTRODUÇÃO O gás natural (GN) é um combustível fóssil constituído por uma mistura incolor, inodora (sem cheiro) e de queima mais limpa que os demais combustíveis fósseis, composto de hidrocarbonetos leves, que à temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanece em estado gasoso. Ele é encontrado em reservatórios subterrâneos, tanto em terra quanto em mar, sendo considerável o número de reservatórios que contém gás natural associado ao petróleo, especialmente no Brasil. Nestes casos, o gás recebe a designação de gás natural associado. Quando o reservatório contém pouca ou nenhuma quantidade de petróleo o gás natural é dito não associado. Assim como o petróleo, o GN resulta da degradação da matéria orgânica, fósseis de animais e plantas pré-históricas, sendo retirado da terra através de perfurações. 2 - COMPOSIÇÃO Em estado bruto, conforme encontrado na natureza, o gás natural é composto principalmente por metano (CH 4 ), mas pode apresentar proporções de etano (C 2 H 6 ), propano, butano, hidrocarbonetos mais pesados e também baixos teores de CO 2, N 2, H 2 S e outros compostos de enxofre, água, ácido clorídrico, metanol e impurezas. A composição química do gás natural depende da sua origem, grau de associação ao óleo cru e extensão do tratamento a que ele é posteriormente submetido. 1

44 Para o gás natural explorado na Bahia, por exemplo, a porcentagem volumétrica (ou quantidade de matéria) para todos os componentes, segundo Martins Vaz e outros, é a representada na tabela abaixo: Composição Bahia (% vol.) C 1 81,14 C 2 11,15 C 3 3,06 C 4 1,39 C 5 0,72 + C 6 0,30 N 2 1,43 CO 2 0,81 H 2 S 7,60 (mg/m 3 ) Obs.: Essa composição pode variar a partir do reservatório onde o gás em encontrado. É importante não confundir o gás natural (formado principalmente por metano CH 4 ), com gás liquefeito de petróleo (GLP), que é uma das frações obtidas nas refinarias de petróleo (formado principalmente por propano - C 3 H 8 e butano - C 4 H 10 ). O GN, por exemplo, por ser mais leve que o ar, não se acumula nos ambientes após vazamento, dissipando-se no ar. O GLP, por conter hidrocarbonetos mais pesados que o ar (maior densidade) tende a se acumular nos ambientes fechados, aumentando o risco de explosões. 3 ALGUNS DADOS INTERESSANTES SOBRE A INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL 3.1 MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL: No quadro abaixo apresentamos a participação do Gás natural na Matriz Energética Mundial, em torno de 23% no ano de Fonte: Curso de Refino de Petróleo, Gás, Petroquímica e Biodiesel. Profs. Afonso Avelino e Alexandre Gurgel. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2

45 3.2 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA: A participação do Gás Natural na Matriz Energética Brasileira, no ano de 2010, era em torno de 10,2%. Petróleo e derivados 38,50% Derivados de cana- de-açúcar 17,70% Hidráulica 14,20% Gás Natural 10,20% Lenha e Carvão Vegetal 9,50% Carvão Mineral e derivados 5,10% Outros Renováveis 3,40% Urânio e derivados 1,40% Fonte: MME Ministério das Minas e Energia 3.3. RESERVAS MUNDIAIS DE GN - As reservas mundiais provadas de GN em 2010 foram mensuradas em 187 trilhões de metros cúbicos (m 3 ). A participação relativa dos principais países em 2010 é a da tabela abaixo, indicando que as maiores reservas se encontram no leste Europeu (especialmente na Rússia) e no Oriente Médio (destaques para Catar e o Irã). Países Participação % Reservas em Trilhões/m 3 Rússia 24% 44,76 Catar 16% 29,92 Irã 14% 26,18 Fonte: BP Statistical Review e ANP O Brasil, em 2010, ocupava a 34ª posição, com reservas de 423 bilhões de metros cúbicos (m 3 ). 3.4 MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE GN: Os cinco maiores produtores de Gás Natural (seco) % da produção mundial está concentrada nestes cinco países. Países Produção em bilhões m 3 Estados Unidos 611,0 Rússia 588,9 Canadá 159,8 Irã 135,5 Catar 116,7 Fonte: BP Statistical Review e ANP 3

46 O Brasil ocupava em 2010 a 25ª posição de maior produtor de GN Seco, com 14,4 bilhões de metros cúbicos (m 3 ). 3.5 MAIORES CONSUMIDORES MUNDIAIS DE GN EM 2010 (em bilhões de m 3 ): o consumo de GN em 2010 foi da ordem de 3,1 trilhões de metros cúbicos (m 3 ), Apresentamos abaixo os cinco maiores consumidores. Países Consumo em bilhões m 3 Estados Unidos 646,7 Rússia 406,1 Irã 139,5 China 105,40 Japão 93,0 Fonte: BP Statistical Review e ANP O Brasil ocupava, em 2010, a 32ª posição, na escala de consumo de GN, representando apenas 0,8% do total mundial, algo em torno de 24,8 bilhões de metros cúbicos. 3.6 MAIORES RESERVAS DE GN NO BRASIL: Em 2010, as 5 (cinco) maiores reservas de GN, em m 3, por unidades da federação brasileira são as indicadas no quadro abaixo: Estado Bilhões/m 3 Participação percentual Rio de Janeiro 220,5 52,1% Amazonas 55,9 13,4% São Paulo 49,3 11,7% Espírito Santo 44,6 10,5% Bahia 33,4 7,9% Fonte: ANP MAIORES PRODUTORES DE GN NO BRASIL (2010) Estado Milhões/m 3 Local da produção Rio de Janeiro ,2 mar Amazonas 3.857,9 terra Bahia 3.399,4 terra/mar Espírito Santo 2.701,1 terra/mar Sergipe 1.101,8 terra/mar Fonte: ANP 3.8 IMPORTAÇÕES DE GN NO BRASIL PRINCIPAIS PAÍSES (2010) País de Origem SITUAÇÃO DO PRODUTO Quant. Milhões/m 3 Bolívia GN Trinidad Tobago GNL 880 Nigéria GNL 869 Catar GNL 635 Peru GNL 154 Fonte: ANP 4

47 A produção de gás natural (GN) no Brasil teve início em 1954 na Bahia sendo seu consumo concentrado na região do recôncavo baiano. Até a década de 1980 a produção concentrou-se basicamente na região Nordeste, com destaque para os Estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. A partir de década de 1980, há uma mudança do eixo de produção do Nordeste para a região Sudeste, mais precisamente para o Estado do Rio de Janeiro em razão da descoberta de reservas de gás e petróleo na Bacia de Campos. Do início de década de 1970 até a década de 1980 não havia uso comercial para o gás natural extraído na Bacia de Campos. Esse gás era na sua totalidade reinjetado, queimado ou consumido na própria unidade produtora. A evolução da oferta de gás natural no Brasil é relativamente recente. Em 1970 representava apenas 0,1% da matriz energética nacional. Na década de 1980, com a construção da rede de gasodutos e as descobertas das reservas de petróleo e gás, situadas na Bacia de Campos, é que a oferta desse energético se intensificou. As reservas provadas brasileiras passaram de 16,5 bilhões de metros cúbicos (BMC), em 1964, para 52,5, em Em 2010, as reservas provadas totalizaram 423 BMC. Segundo, Almeida e Ferraro, em 2010, 75% da produção de GN derivou de poços associados (petróleo + gás). Por sua vez 74% de tiveram origem no mar e 25% em terra. Para suprir a demanda de energia, o Brasil ainda necessita importar gás natural. Através do gasoduto Brasil Bolívia (GASBOL), construído em parceria pelos dois países, a Bolívia fornece gás natural para várias cidades do Centro-Sul brasileiro. O gás boliviano é transportado no território brasileiro pela Companhia Transportadora de Gás Boliviano (TBG), empresa especial criada para este fim, por meio do gasoduto Bolívia-Brasil e entregue às companhias energéticas dos Estados de São Paulo (2), Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. O gás natural é um ótimo combustível, tanto pelo seu alto poder calorífico como pelo fato de ser menos poluente do que os derivados do petróleo. É também um ótimo ponto de partida para a indústria petroquímica, já que contém menos impurezas do que o petróleo. As necessidades de GN do país são complementadas com importação de GNL (gás natural liquefeito), conforme detalhado na tabela constante do item PRODUÇÃO No Brasil, grande parte da produção de gás natural (atividade de upstream) é originário de reservas associadas a óleo cru, localizadas no mar. As bacias sedimentares brasileiras em regra apresentam óleo e gás associados. 5

48 As ilustrações acima representam, respectivamente, um reservatório produtor de gás associado (óleo + gás) e um reservatório de gás não associado (pequena quantidade de óleo). Ao ser produzido o gás natural passa inicialmente por vasos separadores, que são equipamentos projetados para retirar a água (umidade), os hidrocarbonetos que estiverem em estado líquido e partículas sólidas. Se houver contaminação por compostos de enxofre, o gás é enviado às unidades de dessulfurização, onde este contaminante é retirado. Após a dessulfurização, uma parte do gás, (cerca de 18%) é utilizada no próprio sistema de produção, em processos conhecidos como reijenção e gás lift, com a finalidade de aumentar a recuperação do petróleo do reservatório. Em relação ao gás enviado para processamento é feita a separação de seus componentes em produtos especificados e prontos para utilização. 5 - PROCESSAMENTO DO GÁS NATURAL Consiste em uma sequência de operações com o objetivo de separar as frações mais pesadas de maior valor econômico. Gera-se outro gás, de menor valor energético, denominado gás residual. O gás residual é composto basicamente de metano e etano, que juntos correspondem a 75% em peso do gás natural. Quando do seu processamento o gás natural é submetido a um conjunto de operações com o intuito de reduzir ou remover os contaminantes. Essa sequência operacional é denominada de processamento primário. Durante o processamento, o gás natural segue para unidades industriais, conhecidas como UPGN (Unidades de Processamento de Gás Natural), onde ocorre a sua desidratação e fracionamento, gerando as seguintes correntes: 6

49 Metano e etano, que formam o gás processado ou residual; Propano e butano, que formam o GLP (gás de cozinha); Um produto na faixa da gasolina (pentano e hidrocarbonetos superiores), denominado C + 5 ou gasolina natural. Na UPGN vários produtos podem ser obtidos em estado líquido, a exemplo do líquido de gás natural (LGN), formado por propano e hidrocarbonetos superiores. Pode-se também optar em produzir etano líquido, além de LGN ou se processar a separação do LGN em GLP e C + 5. A figura abaixo apresenta um esquema simplificado de uma UPGN com representação das suas principais correntes de produtos: A escolha do melhor processo a ser empregado em uma UPGN depende, em termos econômicos, de três fatores principais: Composição do gás; Pressão disponível; Recuperações almejadas. De uma maneira geral, o processamento do gás natural envolve três conjuntos básicos de processos: a) a recuperação de hidrocarbonetos líquidos; b) a desidratação; e, c) a remoção de gases ácidos (contaminantes). As especificações do GN para consumo são estabelecidas na Portaria nº 41, de 15/04/1998, emitida pela ANP. 7

50 6 - UTILIZAÇÕES DO GÁS NATURAL O gás natural (GN) é o combustível fóssil de maior crescimento na matriz energética mundial atual, apresentando grandes vantagens de utilização, como combustão limpa, eficiente, manutenção econômica e não poluidor do meio ambiente. O GN disponibilizado para comercialização encontra as mais variadas utilizações dadas pelos consumidores finais. A utilização mais difundida é como combustível para a produção de energia térmica em fornos e caldeiras na indústria em geral. Outras utilizações: uso automotivo; geração de energia elétrica; uso domiciliar e comercial; matéria-prima da indústria petroquímica etc. a) Aplicações industriais em geral: este bloco congrega todas as aplicações do GN nos ramos da indústria: alimentos e bebidas, cimento, cerâmica, têxtil, ferro gusa e aço, ferro-ligas, mineração/pelotização, química, papel e celulose etc. Destacase o uso do GN como combustível para e geração de força motriz, para aquecimento direto, para a geração de calor necessário ao desencadeamento de reações químicas e em reatores de processo de climatização de ambientes. O GN vem sem utilizado como combustível em substituição a uma variedade de outros combustíveis alternativos como madeira, carvão, óleo combustível, diesel, GLP, nafta e energia elétrica. O GN proporciona uma combustão limpa e isenta de agentes poluidores e é ideal para os processos que exigem a queima em contato com o produto final, como ocorre na indústria de cerâmica e na fabricação de vidro e cimento. b) Aplicações na indústria do petróleo: utilizado para injeção nos reservatórios para aumentar o fator de recuperação do petróleo (gás lift); como combustível para a geração de energia térmica e energia elétrica em plataformas e unidades de produção em terra; e para alimentar motores visando o escoamento do gás natural produzido. c) Aplicações comerciais: aquecimento de água, condicionamento de ar e aquecimento de ambientes. Combustível para a coação em restaurantes e hotéis; em pequenos fornos de panificadoras e lavanderias existentes em instalações comerciais ou hospitalares. d) Aplicações automotivas: combustível veicular em carros de passeio e ônibus urbano. Caracteriza-se como opção técnica e economicamente viável de substituição do etanol e gasolina para os veículos de passeio. Também pode ser usado em veículos pesados, movidos a diesel, como caminhões e ônibus de transporte urbano. O GN reduz fortemente a emissão de resíduos de carbono, o que melhora a qualidade do ar, reduz os custos de manutenção e aumenta a vida útil do motor gera uma considerável economia para os usuários. e) Utilização no setor energético: esta é a área de atividade que o GN ganha mais mercado no mundo. As aplicações dizem respeito à queima do gás em motores e 8

51 turbinas para o acionamento de geradores elétricos. O GN é também utilizado em sistemas de cogeração de energia, que é a produção sequencial de mais de uma forma útil de energia, a partir de um mesmo energético. Ex.: um sistema acionado por turbina a gás que gera energia elétrica e térmica, a qual pode ser utilizada em sistemas industriais de diversas formas. f) Utilização como matéria-prima direta: utilização como redutor siderúrgico em companhias siderúrgicas e como matéria-prima em processos de transformação química, principalmente para a produção de metanol e na indústria de fertilizantes, para a produção de amônia e ureia. O GN é também utilizado no segmento de produção de polietilenos de várias densidades, em que, por meio de processo de pirólise, o etano, previamente separado do gás é transformado em eteno, matéria-prima básica para a produção de polietilenos. g) Utilização domiciliar: destaca-se a cocção de alimentos, o aquecimento ambiental (é um significativo mercado nos países de clima frio), a refrigeração, a iluminação em locais onde não há outro tipo de energia. Substitui o consumo de energia elétrica para o aquecimento de água e ambientes; substitui o GLP em fogões e aquecedores domiciliares. Observação interessante: A utilização do GN em substituição aos combustíveis derivados de petróleo, como diesel, gasolina, óleo combustível e GLP, tem proporcionado, segundo Martins Vaz e outros, uma economia média de divisas da ordem de US$ 15 milhões por dia, atingindo a substituição de um volume diário de cerca de 260 mil barris equivalentes de petróleo (bep/d). Participação em porcentagem em abril de 2007 (uso do gás natural) Utilização Porcentual Combustível 66% Domiciliar 2% Redutor Siderúrgico 2% Automotivo 5% Térmicas 25% Tabela: Utilização de GN no Brasil. Fonte: Relatório de Gás Natural & Energia. Petrobras. Dados referentes a abril de

52 7 - BREVE HISTÓRIA DO GÁS NATURAL Nos seus primórdios o gás era manufaturado a partir do carvão (fim do séc. XVIII). O carvão era submetido ao vapor d água em alta temperatura, provocando uma reação química na qual o hidrogênio da água se combinava com o carbono do carvão. Em 1812 foi criada a 1ª empresa de gás manufaturado do mundo: a London and Westmister Gas Light and Coke Company, que oferecia serviço de iluminação pública a gás. Em 1816 foi criada a 1ª empresa de gás americana (Light Company of Baltimore). As empresas de iluminação pública difundiram-se rapidamente nos principais centros urbanos do sec. XIX em função dos seus baixos custos em relação à tecnologia de iluminação existente que empregava o óleo de baleia como combustível. A medida que a tecnologia do gás manufaturado se difundiu, as prefeituras começaram a entrar no negócio, comprando empresas privadas ou criando novas empresas. No início do séc. XX a principal aplicação do gás manufaturado era a iluminação pública. Outras aplicações foram desenvolvidas em menor proporção a exemplo do fogão a gás e aquecedores. A partir do final do sec. XIX a iluminação a gás começou a enfrentar a forte concorrência da iluminação elétrica. A invenção da camisa de gás proporcionou aumento na eficiência energética e de qualidade da iluminação dos lampiões. Esse invento deu sobrevida de décadas à indústria de gás manufaturado. Outra matéria-prima utilizada para a produção de gás manufaturado era a nafta. A Indústria do Gás Manufaturado (IGN), a partir do carvão ou da nafta, prosperou no Reino Unido até os anos 50. Coma crise do carvão e a forte concorrência da eletricidade e dos derivados de petróleo, a indústria do gás manufaturado entrou em declínio nos anos 40 e 50. Com a descoberta do gás natural mais barato no Mar do Norte, as autoridades energéticas do Reino Unido decidiram converter toda a indústria do gás manufaturado para o gás natural. Nos E.U.A a história do gás natural começou em 1821, quando uma jazida de gás foi descoberta por acidente perto de uma aglomeração urbana (em Fredonia, estado de Nova York). Todavia, durante quase todo o séc. XIX, apenas o gás manufaturado se difundiu nas cidades americanas para uso na iluminação pública (a maioria explorada por empresas privadas). O Gás Natural (GN), já no final do séc. XIX era utilizado apenas quando encontrado próximo aos centros de consumo, dada a existência de vários problemas não resolvidos no transporte do gás. Inicialmente o gás era distribuído em tubulações de madeira. Com o tempo essas tubulações foram substituídas por tubos de ferro fundido ou forjado e cobre. Uma inovação importante foi o processo de produção de dutos de aço, sem costura. As reservas de GN eram rapidamente exauridas devido ao grande desperdício. Na década de 1930 gasodutos de longa distância começaram a se difundir no mercado americano. Em 1955, cerca de km de gasodutos de transporte já haviam sido 10

53 construídos. Mas apenas em 1935 a venda de GN ultrapassou o gás manufaturado, para o mercado industrial e residencial (aquecimento doméstico). A dinâmica da evolução da IGN foi tradicionalmente dependente da indústria do petróleo, uma vez que o preço do petróleo era essencial para a determinação da viabilidade de construção da infraestrutura para o transporte e distribuição gás. Em 1950, os E.U.A consumiram cerca de 90% de todo o gás comercializado no mundo. Por outro lado, grande parte do gás associado era queimado. Mesmo nos anos 70, na época do choque do petróleo, cerca de 60% do GN no Oriente Médio era queimado. Procurar petróleo e encontrar gás era considerado um fracasso. A relação entre os mercados de óleo e gás obedecia a seguinte lógica a dinâmica do primeiro determinava a do 2º. Durante o período do petróleo barato, o mercado de gás só se desenvolveu rapidamente nos países onde havia uma conjunção de oferta a baixo custo próxima a mercados consumidores. O padrão tradicional da IGN começou a se alterar com os choques do petróleo que forçaram os países importadores de petróleo a reorientaram suas políticas energéticas. Essa reorientação contemplou a busca e o desenvolvimento de novas reservas de gás visando reduzir a dependência do petróleo importado através de investimentos na cadeia de gasodutos e em GNL (gás natural liquefeito). 8 - PANORAMA MUNDIAL DA INDÚSTRIA DE GÁS NATURAL (IGN) Até 1970, a IGN era muito pouco internacionalizada e apenas 4% do gás consumido era comercializado no mercado internacional. A busca de diversificação da matriz energética pelos países importadores e a redução de custos de transporte permitiram uma crescente internacionalização do mercado de gás natural, acarretando um gradual e progressivo deslocamento do papel assumido pelo petróleo no séc. XX. Fatores que influenciaram na mudança de padrão de concorrência no mercado de gás depois das crises do petróleo: a) mudanças no contexto geopolítico internacional (ex. situações de beligerância e de instabilidade política no Oriente Médio); b) as novas tecnologias de produção, de transporte e de uso do gás natural; c) as novas políticas ambientais; e, d) a introdução de concorrência nos mercados de gás mais maduros. O GN é responsável por cerca de 24% do consumo primário de energia do mundo. Grande parte do aumento do consumo de gás aconteceu em função da entrada do gás natural na produção de eletricidade, com a difusão das turbinas a gás em ciclo combinado (TGCC). 9 - A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE GÁS NATURAL (IGN) O GN não fez parte das prioridades políticas da política energética nacional até o final dos anos 80. O desenvolvimento tardio da IGN se deve, em parte, à baixa 11

54 disponibilidade de reservas até os anos 80 e à própria desestruturação da indústria de gás manufaturado. A utilização do GN esteve diretamente associada ao surgimento, ainda no sec. XIX, às redes de distribuição de gás. Naquela época o gás era manufaturado a partir de carvão e sua finalidade precípua era a alimentação dos lampiões de rua para iluminação pública isto até Ao longo da primeira metade do sec. XX, o gás canalizado foi substituído, progressivamente, pela eletricidade na iluminação pública e, mais tarde, pela entrada do GLP como fonte de energia para cocção. Houve uma desativação da maior parte dos sistemas de gás canalizado, e apenas Rio de Janeiro e São Paulo mantiveram suas empresas de distribuição até os anos 80. Dois fatores favoreceram a inflexão dessa dinâmica: a) as descobertas de gás associado na Bacia de Campos; e, b) a Constituição promulgada em As descobertas viabilizaram a construção do gasoduto Rio-São Paulo e sinalizaram uma nova perspectiva na expansão da oferta do produto. Já a CF/88 estabeleceu o reconhecimento do poder concedente dos estados da Federação com relação à distribuição de gás canalizado*. *... Estabelece a CF/88, em seu art. 25, 2º: Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação ( 2º com redação determinada pela EC nº 5, de 15 de agosto de 1995). O principal consumidor de gás natural é a própria Petrobras, utilizando o GN nas suas unidades industriais e nas operações de reinjeção buscando ampliar os níveis de recuperação de óleos nos reservatórios. A partir da década de 1990 a IGN adquiriu um novo status na política energética nacional em função de dois fatores: a) a descoberta de reservas importantes na Bacia de Campos, seguida do aumento da produção de gás associado; b) o avanço das negociações a partir de 1994 para a importação de 30 milhões de m 3 /dia de gás da Bolívia. As reformas setoriais, o programa de privatização dos anos 90 e o agravamento da situação da geração hidroelétrica que promoveu a instituição do Programa Prioritário de Termoelétricas (PPT), favoreceu, no Brasil, o aumento do consumo de GN. A Petrobras, buscando preservar as vantagens econômicas da integração vertical das atividades ao longo da cadeia, adquiriu participações na maior parte das empresas estaduais e consolidou sua posição dominante na cadeia produtiva de gás, via aquisição de ativos e a internacionalização de suas atividades até o segmento upstream boliviano O INÍCIO DAS OPERAÇÕES DO GASBOL, EM 1999 (GASODUTO BOLÍVIA - BRASIL) O Gasoduto Bolívia-Brasil, também conhecido como Gasbol, é uma via de transporte de gás natural entre a Bolívia e o Brasil com quilômetros de extensão, sendo em território brasileiro (trecho administrado pela TBG) e 557 em território boliviano (trecho administrado pela GTB). A construção, funcionamento e comércio do gás é regido pelo acordo Tratado de La Paz redigido em E começou a ser construído em 1997, iniciando sua operação em 12

55 1999. Mas esteve plenamente operativo somente em 2010, com o objetivo de que o gás natural chegue a 15% de todo o consumo energético brasileiro. O então presidente Fernando Henrique Cardoso teve grande empenho para a realização do projeto e inaugurou as primeiras etapas. O gasoduto tem seu início na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra e seu fim na cidade gaúcha de Canoas, atravessando também os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, passando por cerca de quatro mil propriedades em 135 municípios. Em São Paulo, o traçado acompanha o rio Tietê, chegando a Campinas, onde se encontram as indústrias que, em 1999, foram as empresas pioneiras na utilização do gás natural boliviano. O trajeto é estratégico, pois passa por uma área responsável por 71% do consumo energético brasileiro, 82% da produção industrial do país e 75% do PIB. Até a construção do gasoduto, terminado em 2010, no estado de São Paulo, somente a capital e alguns municípios adjacentes faziam uso do gás natural nacional, extraído das plataformas submarinas de Campos (no Rio de Janeiro) e de Santos, no litoral paulista. Este sistema já se encontra conectado ao duto do gás boliviano através de uma conexão nas cercanias do Vale do Paraíba. O gás natural de Campos, após alimentar alguns municípios na área de São José dos Campos, é direcionado à rede paulista pelos dutos que correm paralelamente à via Dutra e o de Santos sobe a Serra do Mar, em direção à zona industrial da região metropolitana. Em novembro de 2008, na cidade de Gaspar, em Santa Catarina, houve um rompimento do gasoduto em decorrência das enchentes ocorridas na região do Vale do Itajaí. Em 2006 o presidente boliviano Evo Morales declara o Decreto Supremo, em que impõe regras para os hidrocarbonetos, todos os derivados de petróleo extraídos no país. O decreto transfere a propriedade das reservas para a Bolívia e aumenta os impostos sobre a produção de 50% para 82%, entre outros tópicos. O gás era extraído na Bolívia em campos anteriormente explorados por multinacionais como PETROBRÁS, Repsol YPF, British Gas e British Petroleum e a Total. Estas tiveram recuo em seus lucros e provocaram intensas críticas internacionais e discussões diplomáticas. Linha de Gasodutos no território brasileiro, incluído o GASBOL 13

56 O GASENE -Gasoduto Sudeste/Nordeste (linha vermelha acima), é formado por três gasodutos: Gasoduto Cabiúnas-Vitória (GASCAV), Gasoduto Cacimbas-Vitória e Gasoduto Cacimbas-Catu (GASCAC), totalizando km de dutos. Segundo a Petrobras a movimentação inicial esperada de gás no GASENE é de 10 milhões de m³/dia, chegando a 20 milhões de m³/dia em De acordo com a Petrobras, o projeto vai suprir o déficit na oferta de gás para a Região Nordeste, aumentar a distribuição do gás da Bolívia e criar novos mercados, além de permitir a exploração comercial das reservas atuais e futuras das Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo. Em decorrência do aumento da oferta de GN, foi possível o lançamento da PPT (Programa Prioritário das Térmicas) e o estímulo à demanda para fins de consumo industrial e veicular (GNV). No período de , o consumo total cresceu a uma taxa anual de 12,4% ao ano. Já no quinquênio seguinte, entre a demanda cresceu a um ritmo de 13,6% ao ano. Esse crescimento expressivo viabilizou a otimização de uso do gasoduto. Em 2004 surgiram os primeiros sinais de problemas quanto á segurança de abastecimento. Com a seca do Nordeste as termoelétricas ali localizadas não puderam ser despachadas devidamente por problemas de falta de gás. Dá a necessidade de interconexão dos gasodutos sudeste e nordeste. Apesar da coerência desta decisão as condições de suprimento, a médio prazo, passaram a ser mais dependentes das importações da Bolívia (que passaram a enfrentar restrições políticas), das importações de GNL e da entrada em operação das reservas encontradas na Bacia de Santos e do Espirito Santo GÁS NATURAL NA BAHIA A atividade de distribuição de gás natural canalizado na Bahia é desempenhada pela Companhia de Gás da Bahia Bahiagás, concessionária estadual. Essa Companhia é uma empresa de economia mista, controlada pelo Governo do Estado, vinculada à Secretaria de Infraestrutura. Tem como acionistas o Estado da Bahia, a Gaspetro, subsidiária da Petrobras, e a Bahiapart, empresa do grupo Mitsui Gás e Energia do Brasil. Foi criada em 26 de fevereiro de 1991 e iniciou suas operações em agosto de Desde então, é responsável pelo armazenamento e distribuição de Gás Natural canalizado em toda a Bahia, tendo concessão para atuar neste Estado por 50 anos. A Bahia é uma grande produtora de Gás Natural, fator que fortalece o mercado local, com reservas da ordem de 32 bilhões de m³ de gás, localizadas próximas dos centros de abastecimento. O gás natural representa 15% da matriz energética do Estado, sendo utilizado nos segmentos industrial, automotivo, comercial, residencial e cogeração de energia. Atualmente, o volume de gás produzido na Bahia é de 6,3 milhões de m³/dia, parte dessa produção é enviada para os Estados de Sergipe e Alagoas, parte consumida pela Bahiagás e outra parte pela Petrobras. 14

57 Até maio de 2009, a Bahiagás atingiu a marca de 569 km de gasodutos construídos, permitindo o atendimento não só na capital baiana e região metropolitana, como também em cidades do interior do Estado. A Bahiagás em 2008 realizou a distribuição de 4,3 milhões de m³/dia. No segundo semestre de 2009, mesmo em meio à crise econômica mundial, a companhia recuperou o volume de vendas alcançando uma média de 3,8 milhões de m³/dia no mês de novembro, chegando próximo ao recorde conquistado no ano anterior (2008). A Bahiagás é a maior distribuidora de gás do Norte-Nordeste possuindo mais de 50% do mercado regional e ocupando a quarta posição no país em volume de gás distribuído, ficando atrás apenas das companhias do Rio de Janeiro e São Paulo. O Brasil, com sua imensa extensão territorial, é detentor de grandes reservas de Gás Natural. As pesquisas atuais demonstram os seguintes dados de reservas já descobertas: a) 185 trilhões de m³ estão distribuídos pelo globo terrestre sendo as maiores reservas situadas na Europa e países da Ex-URSS e no Oriente Médio; b) A América Latina possui 7 trilhões de m³ e deste total 364 bilhões de m³ estão distribuídos em reservas brasileiras; c) A Bahia possui 32 bilhões de m³, correspondendo a 63% das reservas do Nordeste e 9% das reservas do Brasil; d) A participação do Gás Natural na Matriz Energética Brasileira de Gás Natural é de 9% e, dentro deste cenário, a Bahia representa 14,5% UTILIZAÇÃO DO GN NA INDÚSTRIA DA BAHIA Na indústria, o Gás Natural é utilizado como combustível para fornecimento de calor, como matéria-prima em vários setores, tais como: químicos, petroquímico, metalúrgico, plástico, cerâmico, farmacêutico, têxtil, borracha e pneus, na geração de eletricidade e, mais recentemente, em projetos de cogeração de alta eficiência energética. O gás natural é responsável por 26% da matriz energética industrial da Bahia, representando uma das maiores médias do Brasil. Em todo o Estado, 94 indústrias consomem 2,5 milhões de m³/dia do gás natural distribuído pela Bahiagás. 65% deste volume são destinados ao Polo Industrial de Camaçari, maior complexo Industrial Integrado do Hemisfério Sul. A Bahiagás está consolidada nesse segmento, principalmente nas áreas do Polo Petroquímico de Camaçari, Centro Industrial de Aratu, Distrito Industrial de Alagoinhas, Arembepe, Catu, Candeias, Salvador, Feira de Santana, Pojuca, Vera Cruz, Dias D Ávila, Simões Filho e do Litoral Norte. Atualmente, o segmento industrial é responsável por 91% do consumo de gás natural comercializado pela Bahiagás. 15

58 Utilização do Gás Natural Canalizado no segmento industrial: a) Como matéria-prima (petroquímicas e indústrias de fertilizantes); b) Como redutor siderúrgico (indústrias siderúrgicas); c) Como combustível (geração de calor); d) Na cogeração (geração de energia elétrica e vapor). Vantagens da utilização de Gás Natural Canalizado para a Indústria a) Reduz os poluentes, devido às baixas emissões de compostos nitrogenados e de monóxido de carbono, contribuindo para a melhoria do meio ambiente; b) Aumenta a vida útil dos equipamentos devido ao baixo percentual de gases ácidos e compostos de enxofre; c) Elimina a estocagem de combustíveis e desativa os equipamentos de combustíveis líquidos, como bombas, tanques e aquecedores; d) Reduz as intervenções de manutenção e da limpeza das áreas de queima e de trabalho, diminuindo o custo operacional; e) Melhora o rendimento térmico devido à ausência de resíduos de queima; f) Aumenta a precisão de regulagem de chama devido à estabilidade da composição do Gás Natural; g) É pago após o consumo UTILIZAÇÃO DO GN NAS ATIVIDADES COMERCIAIS BAHIA Na capital baiana, a Bahiagás começou a operar no fornecimento do Gás Natural Canalizado para os estabelecimentos comerciais localizados nas áreas da Pituba e Imbuí. Com a expansão da malha de distribuição intensificada em 2008, a companhia passou também a atender outros bairros da cidade como Itaigara, Iguatemi, Rio Vermelho, Amaralina, Cidade Jardim, Ogunjá e ao longo das avenidas ACM, Bonocô e Paralela. A aplicação do Gás Natural no comércio traz muitas vantagens: a) Melhoria do rendimento dos equipamentos, além de liberação de espaços importantes com a diminuição expressiva das áreas de risco; b) Praticidade do uso, com segurança e assistência técnica permanente 24 horas por dia; c) Pagamento após o consumo do Gás Natural; d) Fornecimento contínuo, gerando maior comodidade e não requerendo reabastecimento; 16

59 e) Maior segurança devido à propriedade do Gás Natural de ser mais leve que o ar, o que lhe permite escapar para a atmosfera em caso de vazamentos. O Gás Natural aumenta significativamente a rentabilidade quanto à qualidade dos serviços de um empreendimento comercial. Hotéis, shoppings, hospitais, supermercados, motéis e restaurantes são exemplos de consumidores potenciais do Gás Natural. Confira outros estabelecimentos comerciais. A seguir a relação de alguns equipamentos a gás natural que podem ser usados por estabelecimentos comerciais: Aquecedores de água; Caldeiras; Fornos; Fritadeiras; Fogões; Secadoras; Geradores de energia elétrica; Máquinas de absorção; Arcondicionado; Refrigeradores com motores a gás UTILIZAÇÃO DO GN EM RESIDÊNCIAS BAHIA Em Salvador, a Bahiagás já gás natural canalizado para residências e estabelecimentos comerciais situados nos bairros da Pituba, Itaigara, Iguatemi, Imbuí, Rio Vermelho, Amaralina, Cidade Jardim, Ogunjá e ao longo das avenidas ACM, Bonocô e Paralela. Foram realizadas obras de adensamento e implantação de rede distribuidora no Horto Florestal, Vasco da Gama, Garibaldi, Cidade Jardim, Candeal, Alto do Parque e na Rua Fonte do Boi, no Rio Vermelho. A meta da companhia é popularizar o uso do combustível em moradias, restaurantes, shoppings, bares, hospitais, supermercados, hotéis e escritórios. Com o aquecimento do mercado imobiliário e a modernização dos projetos residenciais, a Bahiagás expandiu, em 2008, o número de contratações, passando de mil para, aproximadamente, 26 mil residências e estabelecimentos comerciais. Vantagens de uso do Gás Natural em residências: a) É um combustível ecologicamente correto, pois praticamente elimina a emissão de compostos poluentes pesados na atmosfera. b) É mais seguro, já que é mais leve que o ar e em caso de vazamento se dissipa rapidamente. 17

60 c) Proporciona maior comodidade e tranquilidade, pois seu fornecimento canalizado é contínuo e não há preocupações com trocas ou armazenamentos de botijões. d) Não há armazenamento de botijões e cilindros, aumentando o espaço útil da cozinha e, em caso de condomínio, da área útil de lazer. Com praticidade, segurança e modernidade, o Gás Natural pode ser usado em residências para climatização de ambientes, aquecimento de água e cocção de alimentos. Além disso, o mercado brasileiro já dispõe de modernos eletrodomésticos que são movidos pela energia gerada pelo Gás Natural, como lavadoras de roupas, secadora, fornos etc. Os eletrodomésticos convencionais podem sofrer conversões e adaptações nas instalações internas para uso do Gás Natural. Exemplo de situações em que ocorre a utilização do Gás Natural nas residências: a) Climatização de ambiente: centrais de ar condicionado e de aquecimento. b) Cozinha e banheiro: água quente em pia, banheira e chuveiro, forno/fogão e geladeira a gás. c) Área de serviço e recreação: churrasqueira a gás, piscina, sauna, lava-roupa com água quente, secadora e tanque de água quente USO DO GN NO SETOR AUTOMOTIVO (GNV) - BAHIA A Bahiagás iniciou a sua operação no setor automotivo em 1994, fornecendo Gás Natural Veicular (GNV) para o posto Gasforte, em Catu. A demanda pelo GNV foi crescendo, principalmente devido à procura do combustível pelos taxistas, principais usuários do GNV. Naquela época, existiam muitos problemas: poucos postos comercializavam o GNV e os pontos de abastecimento eram distantes do principal local de trabalho dos taxistas. No setor de Gás Natural Veicular (GNV), a BAHIAGÁS é a líder em vendas no Nordeste, com média de 232 mil m³/dia em Este segmento responde por mais de 9% do gás natural comercializado pela empresa e atende a uma frota de aproximadamente 70 mil veículos, através dos 75 postos que comercializam o GNV. O Gás Natural Veicular (GNV) é o mesmo Gás Natural utilizado na indústria, residências e estabelecimentos comerciais. A única diferença é a pressão, muito superior àquela utilizada em indústrias e residências. É um combustível limpo, atóxico e não irritante, sua queima é mais limpa que a da gasolina, do álcool e do diesel, fator que proporciona redução da emissão de poluentes na atmosfera, atendendo aos controles de poluição que são cada vez mais rigorosos. O GNV proporciona uma economia de cerca de 60% nos gastos com combustíveis. Os mais beneficiados são os usuários que rodam mais de 100 km por dia, pois conseguem recuperar o investimento da conversão em poucos meses. 18

61 Vantagens do GNV (Gás Natural Veicular): a) é mais seguro quanto ao manuseio, já que a temperatura de ignição é superior; b) o abastecimento é feito sem contato com o ar, evitando possibilidades de combustão; c) tem menor densidade que o ar, se dissipando facilmente em caso de vazamento; d) armazenamento em cilindros resistentes até mesmo ao impacto de projéteis de armas de fogo; e) aumento do intervalo das trocas de óleo e das velas de ignição; f) aumento da vida útil do motor; g) economia de até 60% nos gastos com combustível. 19

62 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GÁS NATURAL NO ESTADO DA BAHIA PERÍODO DE ABRANGÊNCIA:ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13 INTRODUÇÃO Aplica-se ao Gás Natural - GN o regime de Substituição Tributária, previsto no Conv. ICMS 110/07, com margens de valor adicionado ou PMPF, definidas no Ato Cotepe nº 21/08. Não se aplica o regime de antecipação quando o produto foi utilizado como matéria-prima ou para queima na em atividade industrial. De igual forma não há substituição tributária quando o GN for para uso ou consumo final. Vislumbramos a possibilidade de tributação antecipada do GN quando o mesmo for destinado à revenda nos postos de combustíveis, para abastecimento da frota de veículos, na forma de GNV. Por não ser combustível derivado diretamente do petróleo o GN se submete ao regime de tributação igual às demais mercadorias nas operações interestaduais (incidência do ICMS na unidade federada de origem e na unidade federada de destino). Há redução da base de cálculo nas operações internas. As sucessivas saídas internas de GN destinado à produção de energia elétrica em termoelétricas são diferidas, para o momento em que ocorrer a saída da energia elétrica. São também diferidas as operações de entrada de gás natural liquefeito (GNL) importado, quando destinado a terminal de regaseificação e a operação de saída subsequente desse produto. 1 SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, nas operações internas, a distribuidora de gás natural (concessionária estadual) e o Importador. Nas operações interestaduais a responsabilidade por substituição é definida pelo Conv. ICMS 110/07. Este convênio, que é de natureza autorizativa, remete à legislação de cada unidade federada a definição do contribuinte substituto nas operações com gás natural. 20

63 Base legal: Cláusula primeira do Conv. ICMS 110/07. Art. 512-A, inc. I, letra d e inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: Art. 8º, inc. III, da Lei nº 7.014/ BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA Operação promovida pela concessionária estadual distribuidora: PMPF (a partir de 1º/01/12). Valor da operação + MVA respectiva (operações até 31/12/11) Operação promovida pelo importador: PMPF (a partir de 1º/01/12). Valor da mercadoria constante do documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos, inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe operações até 31/12/11) Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, sem PMPF ou sem adição de MVA. 1.3 VALOR DO PREÇO MÉDIO PONDERADO A CONSUMIDOR PARA O GÁS NATURAL (PMPF) E MVA s A partir de 1º/01/2012 a base de cálculo da ST do Gás Natural é R$ 1,6650/m³. Base legal: Ato Cotepe /PMPF nº 24, de 22/12/2011, efeitos a partir de 1º de janeiro de Art. 512-B, inc. X, do RICMS/97 e art. 289, 8º, do RICMS/ Até 31/12/2011 a base de cálculo ST do Gás Natural era composta pelo valor da operação + MVA, conforme tabela abaixo: MVA OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO, EM QUE O PRODUTO TENHA POR DESTINO A BAHIA (com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS) PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL e IMPORTAÇÃO 1º/01/09 a 31/12/11 178,18% 178,18% Fonte normativa: Art. 512-B, inc. VII, letra a, item 1 (operações internas e interestaduais) e letra b, item 1 (operações de importação), do RICMS/ Para o Gás Natural Veicular (GNV) a MVA aplicável, antes da instituição do PMPF (item 1.3.1), era a discriminada na tabela abaixo: MVA OPERAÇÕES INTERNAS, INCLUSIVE IMPORTAÇÃO, COM GNV (com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS): Há duas MVA s nas operações internas com GNV, no período de 1º/01/2009 a 31/12/2011, conforme abaixo 21

64 PERÍODO INTERNA SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO 1º/01/09 a 31/12/11 203,53% PRODUTOR NACIONAL DE COMBUSTÍVEIS 1º/01/09 a 31/12/11 178,18% CONCESSIONÁRIA DISTRIBUIDORA Fonte normativa: Art. 512-B, inc. II e inc. VII, letra a, item 1, letra b, item 1, do RICMS/97. Observação: na Bahia o substituto tributário é a concessionária estadual distribuidora do produto - BAHIAGÁS. 2 BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA A base de cálculo é o valor da operação praticado pelo estabelecimento de concessionária estadual distribuidora No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto de importação, com a inclusão do próprio ICMS. 2.3 O Gás Natural é tributado nas operações interestaduais, seguindo o mesmo regime das demais mercadorias: a) tributação na origem e no destino, quando o produto for remetido para comercialização ou industrialização; b) tributação só na origem quando o produto se destinar a consumo final. Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, incisos I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letras a e b, da Lei nº 7.014/ PRAZOS DE RECOLHIMENTO DO ICMS (SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA) 3.1 Prazo de recolhimento nas operações internas - ST: dia 15 do mês subsequente nas operações de saídas Base legal: art. 126, inc. I, do RICMS/97 e art. 332, inc. XIII, do RICMS/12; 3.2 Prazo de recolhimento nas operações interestaduais ST: até o 10º (décimo) dia subseqüente ao término do período de apuração em que tiver ocorrido a operação, a crédito da unidade federada em cujo território se encontra estabelecido o destinatário das mercadorias Base legal: cláusula décima sexta do Conv. ICMS 110/07; 3.3 Prazo de recolhimento nas operações de importação: pagamento do imposto por ocasião do desembaraço aduaneiro, salvo hipótese de diferimento prevista no RICMS (vide item 5.2 abaixo) Base legal: art. 572 do RICMS/97 e art. 332, inc. IV, do RICMS/12. 4 REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO 22

65 É reduzida a base de cálculo nas operações com Gás Natural (GN), no Estado da Bahia, em 29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento). Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS 18/92, 89/94 e 151/94). 5 DIFERIMENTO 5.1 É diferido o ICMS nas sucessivas saídas internas de GN utilizado na produção de energia elétrica em usinas termoelétricas. O lançamento do imposto diferido é dispensado quando a saída da energia elétrica for isenta, não tributadas ou com redução de base cálculo. Base legal: art. 343, inc. LIX e 6º, do RICMS/97 e art. 268, inc. XXXII e 13, inc. V, do RICMS/ É diferido o ICMS nas entradas de Gás Natural Liquefeito (GNL) importado do exterior destinado a terminal de regaseificação, bem como a saída subsequente do produto importado. Base legal: Art. 343, inc. LXXXV, do RICMS/97 efeitos a partir de 19/11/11, por força do Dec. nº /11 (alteração nº 150, ao RICMS/97). Art. 286, inc. LV, do RICMS/12. 4 ALÍQUOTAS 4.1 Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas e de importação do exterior. 4.2 Alíquota efetiva de 12% (doze por cento) nas operações internas e de importação, considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%. Observar que as operações de importação de GNL são diferidas até a saída subsequente do produto regaseificado. 4.3 Alíquota de 12% (doze por cento) nas operações interestaduais, nas operações de remessa de gás natural para outra unidade da Federação. Base legal: Art. 51-A, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, inc. I, letra a (Lei nº 7.014/96). Observação importante: Por disposição expressa da Resolução nº 13/2012, do Senado Federal, não se aplica a alíquota de 4% nas operações interestaduais com gás natural importado. 23

66 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS 1 PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados, processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[autores] André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] Rio de Janeiro: LTC, FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA / Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. 3ª. ed., atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Interciência, PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação, especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah Rio de Janeiro: LTC, REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e Alexandre Gurgel UFRN (disponível na Internet em: 5 TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL / Célio Eduardo Martins Vaz, João Luiz Ponce Maia, Walmir Gomes dos Santos. 1ª ed. - São Paulo: Blücher, INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL: fundamentos técnicos e econômicos / Edmar Fagundes de Almeida, Marcelo Colomer Ferraro Rio de Janeiro: Synergia: FAPERJ IE/UFRJ: UFF, (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis). 8 (Petrobras S/A). 9 (Companhia de Gás da Bahia). 10.mme.gov.br/ (MME Ministério das Minas e Energia) (Statistical Review of World Energy 2010). 24

67 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) GLP Gás Liquefeito Derivado de Petróleo NCM INTRODUÇÃO Define-se Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), também conhecido com gás de cozinha, a mistura formada, em sua quase totalidade, por hidrocarbonetos de três a quatro átomos de carbono que, embora, gasosos nas condições ambientais, pode ser liquefeita por pressurização. Quando liquefeito o GLP ocupa 0,4% do seu volume no estado gasoso. Botijões de 13 kg contendo GLP 2 - COMPOSIÇÃO Os principais hidrocarbonetos parafínicos constituintes do GLP são: C 3 H 6 (propano); C 4 H 10 (butanos normal e iso), propeno e butenos (normal, iso, cis e trans). Além desses hidrocarbonetos o GLP pode conter ainda etano e pentanos em reduzidas porcentagens. Tabela 1 - Exemplo de constituição do GLP (livro Farah, pág. 156) Hidrocarboneto Valor médio % em volume Etano 1,3 Propano 22,5 Propeno 16,1 n-butano 12,6 Isobutano 14,7 Buteno-1 8,2 Cisbuteno-2 6,4 Transbutano-2 8,1 Isobuteno 9,6 Pentanos e mais pesados 0,6 1

68 Nota-se, na tabela acima, o predomínio absoluto dos hidrocarbonetos e três e quatro átomos de carbono que, em média, atingem 98% em volume do GLP. O GLP é incolor e, em regra, inodoro (sem cheiro). Para que sejam facilmente identificados vazamentos de GLP, lhe são adicionados compostos odorizantes à base de enxofre que lhe conferem odor característico, facilmente perceptível pelo olfato humano. A facilidade de liquefação do GLP em relação aos outros combustíveis gasosos lhe dá um diferencial, pois viabiliza a sua distribuição em botijões para o consumidor. As especificações dos gases liquefeitos de petróleo são definidas pela ANP (Resolução nº 18, de 02/09/2004, DOU de 06/09/2004). Taques de armazenamento de GLP 3 - PRINCIPAIS APLICAÇÕES DOS GASES LIQUEFEITOS DE PETRÓLEO Chama decorrente da combustão do GLP A principal aplicação do GLP é na cocção (cozimento) de alimentos, que corresponde a cerca de 90% da demanda brasileira do produto. Pode ser também utilizado como matéria-prima na petroquímica, na fabricação de borracha, polímeros e éteres e como combustível industrial para segmentos especiais, como as indústrias de vidro, cerâmica e alimentícia. O GLP é também utilizado como combustível automotivo em máquinas empilhadeiras, que trabalham em ambientes fechados, e é aplicado ainda como combustível para tratamento térmico e na galvanização. Algumas aplicações requerem produtos com maiores teores de propano ou butano. Para atender a todos os segmentos, além do GLP, são comercializados no Brasil os seguintes hidrocarbonetos gasosos na faixa de três a quatro átomos de carbono: propano comercial; propano especial e, butano comercial e butano desodorizado. O propano e o butano são utilizados como propulsores para sprays aerossóis, especialmente após o banimento dos CFCs (clorofluorcarboneto, clorofluorcarbonato) que atacam a camada de ozônio. O propano, por sua vez, é utilizado na mistura denominada MGR (mixed gás refrigerant), que é fundamental para liquefação do gás natural (GNL) em processos industriais, onde a refrigeração necessária. 4 - PRODUÇÃO 2

69 Conforme já foi abordado nos módulos anteriores (Módulos I e II), o GLP pode ser produzido a partir do petróleo ou do gás natural (GN). O GLP produzido a partir do GN se dá através de processos químicos que ocorrem nas UPGN s (Unidades de Processamento de Gás Natural). Esse GLP é também denominado GLGN (gás liquefeito derivado de gás natural). Para o gás derivado diretamente do petróleo (GLP-P) destaca-se o processo de craqueamento catalítico fluido (FCC) pela quantidade produzida. Os principais processos de produção de GLP e GLGN no Brasil são os seguintes: Destilação atmosférica: ao separar o petróleo em frações com temperaturas crescentes de ebulição, a fração mais leve e o gás combustível (constituído principalmente de metano e etano). A fração seguinte é o GLP, que, usualmente, representa de 1% a 3% do petróleo; Fracionamento do gás natural: a maior parte do gás natural (até 90%) é metano. No entanto, ele contém compostos mais pesados como propano, butanos e outros hidrocarbonetos parafínicos mais pesados. O fracionamento do gás natural gera com subprodutos o GLGN (1% a 13% - que tem a mesma composição do GLP), e o líquido de gás natural (LGN que contém C componente da gasolina). Craqueamento catalítico fluido (FCC): nele as frações pesadas do petróleo são transformadas em frações mais leves como o GLP, naftas e gasóleos. O FCC é responsável por mais de 80% da produção de GLP no Brasil. 3

70 Abaixo o esquema gráfico representando os principais processos de produção de GLP existentes no Brasil 4

71 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GLP NO ICMS DA BAHIA. PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13) PRODUTO: GÁS LIQUEFEITO DERIVADO DE PETRÓLEO GLP NCM O Gás Liquefeito Derivado de Petróleo (GLP) é basicamente uma mistura de propano e butanos, extraído do petróleo, na faixa de destilação de até 28 ºC. Aplica-se ao mesmo no regime de Substituição Tributária, com margens de valor adicionado, definidas no Ato Cotepe nº 21/08. Há redução da base de cálculo nas operações internas. Por ser combustível derivado de petróleo, as operações interestaduais com GLP não são tributadas pelo ICMS, na unidade federada de origem do produto. Assim dispõe o art. 155, 2º, inc. X, letra b, da Constituição Federal, o art. 3º, inc. III, da lei estadual nº 7.014/96 e o RICMS/97 art. 6º, inc. III, letra b. Essa matéria não é tratada no RICMS/12, visto que o regramento se encontra expresso na CF/88, na Lei Complementar 87/96 e na lei estadual do ICMS (Lei nº 7.014/96). As operações interestaduais com GLP, para fins comercialização ou consumo, não são tributadas na unidade federada de origem por se tratar de produto derivado de petróleo. Toda a tributação é deslocada para a unidade federada de destino da mercadoria. O recolhimento do imposto se faz pelo regime da Substituição Tributária, de responsabilidade do estabelecimento industrial refinador, importador ou remetente da mercadoria, conforme disposição do Conv. ICMS 110/07. Vejamos abaixo as principais regras de tributação aplicáveis ao GLP. 1 SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA 1.1. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST: a) Industrial Refinador, nas operações internas; b) Importador; c) Remetente do produto nas operações interestaduais, inclusive quando o produto se destinar a uso ou consumo final (diferencial de alíquotas). 5

72 Base legal: Art. 512-A, inc. I, letra a, item 4; inc.ii; e, inc. III c/c 1º, inc. II, do RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna). Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual). Observação importante: no caso de importação o recolhimento do imposto devido por substituição tributária será efetuado pelo importador, na ocasião do desembaraço aduaneiro ou na entrega da mercadoria, se esta ocorrer antes. Base legal: art. 512-A, 2º, do RICMS/97. Cláusula segunda do Conv. ICMS 110/07 c/c o art. 289, 6º, do RICMS/ MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA s com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS) MVA OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUIAS EM QUE O PRODUTO TENHA POR DESTINO A BAHIA PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL 1º/01/09 até hoje 98,32% 138,97% Base legal: Ato Cotepe nº 21/2008 c/c com art. 512-B, inc. II, do RICMS/97 e Anexo I, do RICMS/12. MVA OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO EM QUE O PRODUTO TENHA POR DESTINO A BAHIA PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL 1º/01/09 até hoje 120,39% 150,45% Base legal: Ato Cotepe nº 21/2008 c/c o art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97 e Anexo I, do RICMS/ BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA Operação promovida pelo industrial refinador para fins de revenda: Preço unitário praticado pelo Substituto (Refinaria) na Unidade, acrescido de frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário + MVA fixada em Ato Cotepe. Base legal: Art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Cláusula oitava do Convênio ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, 6º, do RICMS/ Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos, inclusive ICMS - importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe. Base legal: Art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Clausula oitava, 1º, do Conv. ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, 6º, do RICMS/ Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo, sem adição de MVA. 6

73 Base legal: Art. 512-B, 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv. ICMS 110/07. 2 BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA A base de cálculo é o preço unitário praticado pelo estabelecimento industrial refinador com a inclusão do ICMS (cálculo por dentro). Base legal: Art. 56, inc. I, c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência na RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e 1º, inc. I, da Lei nº 7.014/ No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto de importação, com a inclusão do próprio ICMS. Base legal: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96. 3 REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO É reduzida a base de cálculo nas operações com GLP no Estado da Bahia, em 29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento). Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS 112/89, 92/90, 80/91, 148/92 e 124/93). 4 ALÍQUOTAS 4.1 Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas de importação do exterior; 4.2 Alíquota efetiva de 12% (doze por cento), nas operações internas e de importação, considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%, tratada no item 3 acima. Base legal: Art. 50, inc. I, letras a e c, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 15, inc. I, letras a e c, da Lei nº 7.014/96. 7

74 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GLGN NO ICMS DA BAHIA. PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13) PRODUTO: GÁS LIQUEFEITO DERIVADO DE GÁS NATURAL - GLGN NCM O Gás Liquefeito Derivado de Gás Natural (GLGN) tem a mesma composição do GLP, derivado de petróleo (basicamente uma mistura de propano e butanos), porém, o GLGN é gerado a partir do processamento do gás natural extraído da natureza (associado ou não associado a jazidas de petróleo), com a retirada de algumas frações mais pesadas (C 3 e C 4 ). O produto se submete ao mesmo regime de tributação de gás liquefeito derivado de petróleo (GLP). Aplica-se ao mesmo o regime de Substituição Tributária, com margens de valor adicionado, definidas no Ato Cotepe nº 21/08. Há redução da base de cálculo nas operações internas. Por não ser combustível derivado de petróleo o GLGN se submete ao regime de tributação igual às demais mercadorias nas operações interestaduais (incidência do ICMS na unidade federada de origem e na unidade federada de destino). Vejamos abaixo as principais regras de tributação aplicáveis ao GLP. 1. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA 1.1 RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o Produtor Nacional de Combustíveis (ou seja, o industrial que processa o GLGN) e o Importador. Base legal: Art. 512-A, inc.i, letra a, item 4; inc. II; e, inc. III c/c 1º, inc. III, do RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna). Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual). 1.2 MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVAS com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS) 8

75 MVA s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM GLGN PARA O TERRITÓRIO DO ESTADO DA BAHIA, ATÉ 15/06/2012 PERÍODO OP. OP. OP. IMPORTAÇÃO INTERNA INTERESTADUAL ALIQ. 17% ALIQ. ALÍQ. 1º/01/09 a 15/06/12 7% 12% 98,32% 109,60% 98,32% 98,32% Base legal: Art. 512-B, inc. VII, letra a, itens 2 e 3 e letra b, item 2, do RICMS/97 e o Anexo I, RICMS/12, item 16.5 (redação dada pelo Dec , de 15/06/12, efeitos a partir de 16/06/12). MVA s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM GLGN DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA, A PARTIR DE 16/06/2012 PERÍODO OP. INTERNA OP. INTERESTADUAL 16/06/12 até hoje ALIQ. 17% ALIQ. 7% ALÍQ. 12% 98,32% - produtor nacional; 120,39% - importador 109,60% - produtor nacional 132,91% - importador 98,32% - produtor nacional; 120,39% - importador Base legal: Anexo I, RICMS/12, item 16.5 (redação dada pelo Dec , de 15/06/12, efeitos a partir de 16/06/12). 1.3 BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA Operação promovida pelo produtor nacional para fins de revenda: Preço unitário praticado pelo Substituto (Produtor Nacional) na Unidade + MVA. Base legal: Art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Cláusula oitava do Convênio ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, 6º, do RICMS/ Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos, inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe. Base legal: Art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Clausula oitava, 1º, do Conv. ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, 6º, do RICMS/ Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação sem adição de MVA. Base legal: Art. 512-B, 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv. ICMS 110/07. 2 BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA A base de cálculo é o preço unitário praticado pelo estabelecimento do produtor nacional. Base legal: Art. 56, inc. I. Sem correspondência na RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I, da Lei nº 7.014/96. 9

76 2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto de importação, com a inclusão do próprio ICMS. Base legal: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/ O GLGN é tributado nas operações interestaduais, seguindo o mesmo regime das demais mercadorias: a) tributação na origem e no destino, quando o produto for destinado para comercialização ou industrialização; b) tributação só na origem quando o produto se destinar a consumo final. 2.4 Nas operações interestaduais com GLGN, quando misturado ao GLP, os estabelecimentos industriais e importadores deverão identificar a quantidade deste produto e de GLP (derivado de petróleo), por operação, tendo por referência a média ponderada do dos três meses que antecedem o mês imediatamente anterior ao da realização das operações, indicando no campo da nota fiscal de saída o percentual de GLGN na quantidade total de saída (com base na média ponderada acima citada). O importador, por ocasião do desembaraço aduaneiro, deverá, quando emitir a NF de Entrada, indicar se o produto é derivado de gás natural ou de petróleo. Relativamente à quantidade proporcional de GLGN deverá destacar a base de cálculo e o ICMS devido sobre a operação própria, bem como o devido por substituição tributária, incidente na operação O contribuinte que realizar operações interestaduais com GLGN e GLP deverá calcular o percentual de cada produto nas operações de entrada, considerando a média ponderada dos três últimos meses que antecedem o mês imediatamente anterior ao da realização das operações. Para efeito de cálculo do imposto devido à unidade federada de destino, deverá ser usado o percentual de GLGN calculada na forma acima descrita. No campo informações complementares da NF deverá constar o percentual de cada produto, os valores da base de cálculo, do ICMS normal e do devido por ST, incidente na operação relativamente à quantidade proporcional de GLGN A distribuidora (contribuinte substituído) que promover operação com GLGN recebido diretamente do produtor industrial com ICMS recolhido por ST, em relação à operação interestadual que realizar deverá elaborar relatórios de acordo com os modelos e na forma previstas no Protocolo ICMS 197/10, para que seja efetuado o repasse do imposto devido à unidade federada de destino. Se o valor do imposto a ser repassado for maior que o retido originalmente, a distribuidora deverá fazer a complementação. Caso contrário, se o valor a ser repassado for inferior ao retido na origem, caberá o ressarcimento da parcela excedente Responde perante à unidade federada destinatária o contribuinte remetente de GLGN e GLP, pelo imposto devido e acréscimos legais, nas hipóteses de entrega das informações fora do prazo estabelecido ou no caso de falta de entrega de informações ou sua apresentação com dados falsos ou inexatos Para efeitos do Protocolo ICMS 197/10, distribuidor é aquele com tal definido pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), e, equiparam-se às 10

77 refinarias de petróleo ou sua bases, as unidades de processamento de gás natural (UPGN s) e as centrais de processamento de matéria-prima petroquímica (CPQ s). Base Legal: Protocolo ICMS 197/10. Observação: O Protocolo ICMS 197/10 passou a produzir efeitos a partir de 1º/02/2011. Os Estados signatários do acordo sãos os seguintes: AC, AL, AM, BA, CE, MA, MT, MS, PA, PR, PE, RJ, RN, RS, RO, SC, SE e TO. Antes de 1º/02/2011, o controle das operações interestaduais com GLGN e GLP eram regidas pelo Protocolo ICMS 33/03, vigente entre 1º/01/2004 e 31/01/ REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO É reduzida a base de cálculo nas operações com GLGN no Estado da Bahia, em 29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento). Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS 112/89, 92/90, 80/91, 148/92 e 124/93). 4 ALÍQUOTAS 4.1 Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas de importação do exterior; 4.2 Alíquota efetiva de 12% (doze por cento), nas operações internas e de importação, considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%. 4.3 Alíquotas de 12% (unidades federadas das regiões N, NE e CO e estado do ES) ou 7% (unidades federadas das regiões S e SE, exclusive estado do ES), nas remessas interestaduais com destino ao território da Bahia % nas remessas interestaduais de GLGN quando o produto tiver origem em operação de importação. Base legal: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de

78 TEXTO PARA LEITURA GLP-P e GLP-GN distinções importantes para a tributação do ICMS Por Elizabeth Cunha Bonaparte, advogada tributarista É tema polêmico a diferenciação, para efeitos de tributação do ICMS, entre o GLP-P (derivado do petróleo) e o GLP-GN (derivado do gás natural). Desde 1999, com o Convênio ICMS no. 03/99 (revogado pelo Convênio ICMS no. 110/07), não havia essa diferenciação nas operações interestaduais do GLP. Assim, a totalidade do ICMS era recolhido pela refinaria para o Estado de consumo, pelo regime de substituição tributária, aplicando-se a regra da imunidade constitucional do ICMS nas operações interestaduais (art. 115, parágrafo 2, inciso X, alínea b, da CF/88). No entanto, a Emenda Constitucional no. 33, de 11/12/2001, incluiu o 4º no artigo 155, da CF/88, determinando o seguinte: I nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo; II nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias; III nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem; Assim, nas operações interestaduais realizadas com o GLP-GN, derivado do gás natural, deverá incidir a regra geral de tributação do ICMS, ou seja, o ICMS será repartido entre o Estado de origem e o Estado de destino (CF/88, inciso II, 4º, artigo 155) Ressalte-se, no entanto, que a definição da composição do GLP, se é derivado de gás natural ou de petróleo, é exclusividade do produtor ou do importador. Nesse sentido, em 2003, os Estados produtores de gás natural firmaram, nos termos do CONFAZ, o Protocolo ICMS 33/03, cuja cláusula segunda estabelece os seguintes procedimentos para apuração do valor do ICMS devido ao Estado produtor: 1. deverá ser identificada a quantidade de saída de GLP-GN e de GLP-P, por operação, proporcionalmente à participação de cada produto no somatório do estoque inicial e nas 12

79 quantidades produzidas ou importadas tendo como referência o mês imediatamente anterior; 2. deverá constar no corpo da Nota Fiscal o percentual de GLP-GN na quantidade total de saída, obtido de acordo com o item acima; 3. relativamente à quantidade proporcional de GLP-GN, deverá constar no corpo da Nota Fiscal, de forma destacada, a base de cálculo e o ICMS devido sobre a operação própria, bem como o devido por substituição tributária, incidentes na operação. Fonte do texto: 13

80 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS 1 PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados, processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[autores] André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] Rio de Janeiro: LTC, 2012; 2 FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA / Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. 3ª. ed., atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Interciência, 2012; 3 PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação, especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah Rio de Janeiro: LTC, 2012; 4 REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e Alexandre Gurgel UFRN (disponível na Internet em:

81 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) 1 - Introdução A nafta (do árabe, naft) é um derivado de petróleo utilizado principalmente como matériaprima da indústria petroquímica ( nafta petroquímica ou nafta não-energética ), na produção de eteno e propeno, além de outras frações líquidas, como benzeno, tolueno e xilenos. A nafta petroquímica é um líquido incolor, com faixa de destilação próxima à da gasolina. Este derivado é utilizado como matéria-prima pelas três Centrais Petroquímicas existentes no Brasil - Braskem (Bahia e Rio Grande do Sul) e Petroquímica União (São Paulo), que o processam obtendo como produtos principais, eteno, propeno, butadieno e correntes aromáticas. A Petrobras é a única produtora de nafta petroquímica no Brasil, atendendo parcialmente à procura nacional com produção própria e com importações. As Centrais Petroquímicas realizam importações por conta própria, para complementar suas necessidades. A maior parte da NAFTA utilizada como matéria-prima petroquímica no Brasil é produzida na unidade de destilação atmosférica. Essa corrente pode ser carga do processo de pirólise para a produção de olefinas leves ou pode ser usada para a produção de compostos aromáticos por reforma catalítica. Quanto mais parafínica for a NAFTA, melhor será para a pirólise, e quanto mais naftênica, melhor para a reforma catalítica. Outras possíves correntes de NAFTA PETROQUÍMICA para uso na unidade de pirólise são: o rafinado da unidade de recuperação de aromáticos (URA) e as correntes de NAFTA produzidas em unidades de hidrocraquamento (HCC) e GLT (gas to liquid processo que transforma correntes de gases em hidrocarbonetos líquidos, através do processo Fischer Tropsch). A nafta petroquímica é predominantemente originária do processo de destilação atmosférica (nafta DD destilação direta), e difere das naftas que compõem a gasolina automotiva, pois este último derivado resulta da mistura de diversas correntes oriundas de diferentes processos de refino. As naftas da gasolina diferem entre si pelos tipos e 1

82 porcentagem de hidrocarbonetos que contêm, o que faz variar a constituição da gasolina. A gasolina apresenta em sua composição hidrocarbonetos parafínicos (normais e ramificados) naftênicos, aromáticos e olefínicos, na faixa de C 5 a C 12, originados de diversos processos de refino, a exemplo da destilação, craqueamento catalítico, reforma catalítica, aquilação, isomerização, hidrocraqueamento catalítico, coqueamento retardado. Os processos de reforma catalítica, aquilação e hidrocraqueamento favorecem a produção de gasolina automotiva, pois aumentam a quantidade de octanas deste derivado. 2 - PETROQUÍMICA E PROCESSOS PETROQUÍMICOS A petroquímica é o setor industrial responsável pela transformação de produtos do processamento do petróleo e do gás natural em bens de consumo e industrais para finalidades diversas. Exemplos: filmes, potes, fibras e embalagens Visão Geral da Petroquímica Brasileira A cadeia petroquímica é organizada em produtores de primeira, segunda e terceira geração com base na fase de transformação de várias matérias-primas ou insumos petroquímicos. Representa a transformação de subprodutos do refino do petróleo bruto, principalmente a nafta, em bens de consumo e industriais, utilizados para diversas finalidades. Outra matéria-prima de grande importância na indústria petroquímica é o gás natural. No Brasil, a nafta é a principal matéria-prima da cadeia petroquímica, seguida do gás natural. A Petrobras é praticamente a única produtora de nafta e gás natural no Brasil, atendendo parte da demanda nacional com produção própria e com importações. Seu monopólio foi quebrado em 2002 e desde então, as centrais petroquímicas começaram a importar nafta por conta própria, para complementar suas necessidades. A nafta e/ou gás natural passam inicialmente por um processo chamado craqueamento, que resulta nos petroquímicos básicos, tais como eteno, propeno e aromáticos. O tipo de matéria-prima empregado tem rendimentos variados e determina um mix diferenciado de produtos. 2

83 2.2 - Produtores de Primeira Geração Os produtores de primeira geração do Brasil, denominados "craqueadores", fracionam ou "craqueiam" a nafta (subproduto do processo de refino de petróleo) ou o gás natural, seus principais insumos, transformando-os em petroquímicos básicos. Os craqueadores compram nafta da Petrobras, principalmente, e também de outros fornecedores no exterior. Os craqueadores de base gás têm seu insumo fornecido pela Petrobrás. Os petroquímicos básicos produzidos pelas unidades de craqueamento de nafta incluem: Olefinas, principalmente eteno, propeno e butadieno; e Aromáticos, tais como benzeno, tolueno e xilenos. A Braskem tornou-se a única empresa brasileira de 1ª geração, com quatro unidades de craqueamento. Os petroquímicos básicos são vendidos a produtores de segunda geração, promovendo a integração da cadeia. Os petroquímicos básicos, que apresentam forma gasosa ou líquida, são transportados por meio de dutos às unidades dos produtores de segunda geração, em geral localizadas próximo às unidades de craqueamento, para passarem por processamento adicional Produtores de Segunda Geração Os produtores de segunda geração processam os petroquímicos básicos comprados das unidades de craqueamento de nafta, produzindo petroquímicos intermediários, que incluem: Polietileno, poliestireno e EDC/PVC (produzidos a partir do eteno); Polipropileno e acrilonitrila (produzidos a partir do propeno); 3

84 Cumeno e etilbenzeno (produzidos a partir do benzeno); Polibutadieno (produzido a partir do butadieno). Os petroquímicos intermediários são produzidos na forma sólida em "pallete" de plástico ou em pó e transportados, principalmente, por caminhões aos produtores de terceira geração que, em geral, não ficam situados próximo aos produtores de segunda geração. A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira e segunda geração de resinas termoplásticas no Brasil Produtores de Terceira Geração Os produtores da terceira geração, denominados transformadores, compram os petroquímicos intermediários dos produtores de segunda geração e os transformam em produtos finais, incluindo: Plásticos (produzidos a partir de polietileno, polipropileno e PVC); Fibras acrílicas (produzidas a partir de acrilonitrila); Nylon (produzido a partir de fenol no Brasil); Elastômeros (produzidos a partir de butadieno); Embalagens descartáveis (produzidas a partir de poliestireno e polipropileno). Os produtores de terceira geração fabricam vários bens de consumo e industriais, inclusive recipientes e materiais de embalagem, tais como sacos, filmes e garrafas, tecidos, detergentes, tintas, autopeças, brinquedos e bens de consumo eletrônicos. Existem mais de produtores de terceira geração em atividade no Brasil. Devido à grande importância da redução de resíduos sólidos gerados, a reciclagem de plásticos é considerada a quarta geração da indústria petroquímica. 3 OUTRAS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA GÁS NATURAL (GN): a) Metano: principal constituinte do gás natural é matéria-prima para a produção de metanol e amônia, que são produtos petroquímicos básicos; b) Etano: é a matéria prima mais valorizada quando se deseja produzir eteno com uma mínima geração de coprodutos; c) Propano e butano (principais gases constituintes do GLP): podem ser craqueados a olefinas, e o butano pode ser desidrogenado para a produção de butadieno. O valor final dos produtos é muito superior ao do GLP; 4

85 d) Nafta derivada de GN (C 5 + ): fração correspondente à nafta, denominada líquido de gás natutal (LGN), tem alto teor de compostos parafínicos e baixo teor de enxofre, o que torna excelente carga para a produção de olefinas. Onde existe grande disponibilidade de GN, a indústria petroquímica se desenvolve em torno dessa fonte de matéria-prima, como ocorre nos Estados Unidos e no Oriente Médio FRAÇÕES DO REFINO DO PETRÓLEO Diversas frações do refino do petróleo podem ser também usadas como matérias-primas para a indústria petroquímica. São eles: a) Gás de refinaria: sua principal utilização é como gás combustível na refinaria. No caso de haver excedente desse gás, seus constuintes podem ser separados e aproveitados pela indústria petroquímica. O eteno e o propeno (em pequena quantidade) podem ser utilizados diretamente como petroquímicos básicos e o etano pode ser utilizado como carga na unidade de pirólise a vapor para a produção de eteno. b) GLP: o propeno presente no GLP gerado na unidade de craquamento catalítico fluidico (UFCC) pode ser encaminhado para uma unidade de recuperação de propeno onde se obtem um produto de alta pureza, de alto valor agregado e de elevada demanda no mercado. c) Querosene: As parafinas linerares presentes no querosene (C 10 a C 13 ) são matérias-primas para a produção do LAB (linear alquilbenzeno), intermediário para a fabricação do LASNa (linear alquilbenzeno sulfonado de sódio), principal constituinte dos detergentes biodegradáveis. d) Matérias-primas alternativas: pode-se citar o etanol para a geração de eteno; a glicerina, subproduto da produção do biodiesel, para a produção de propeno; e os açúcares para a produção de ácidos e alcoóis. Existem ainda processos desenvolvidos para produção de petroquímicos a partir de acetileno, gerado em grande quantidade na indústria do carvão. 4 - PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE PETROQUÍMICOS BÁSICOS A PARTIR DA NAFTA PETROQUÍMICA As naftas petroquímicas são utilizadas em processos de obtenção de diversos insumos para a produção de plásticos, borrachas, corantes e outros produtos. Os principais processos que as utilizam são as seguintes: 4.1 Pirólise - Reforma térmica por vapor d água. Este processo consiste no craquamento térmico de 5

86 cargas líquidas e gasosas, na presença de vapor d água, a altas temperaturas (> 700 ºC) em pressões relativamente baixas (< kpa quilopascal), gerando os seguintes produtos: hidrogênio, metano, eteno, propeno, butenos, butadienos e hidrocarbonetos mais pesados (C 5 + ); o eteno é o principal produto. Para esse processo são desejadas naftas com elevados teores parafínico, acima de 75%, para facilitar o craqueamento. 4.2 Reforma catalítica - Por esse processo, a nafta é transformada em compostos aromáticos por um conjunto de reações de desidrogenação e ciclização, ocorrendo um ligeiro craqueamento que conduz à produção de propano e butano, gases que formam o GLP. A carga do processo é a nafta de destilação ou a nafta de coqueamento, após hidrotratamento, rica em hidrocarbonetos saturados, os quais são convertidos, catalicamente, em aromáticos, a exemplo de benzeno, tolueno e xilenos (entre 40% e 65%). Para esse processo, não se necessita de nafta de teores tão elevados de parafínicos, podendo se situar abaixo de 75%. Quanto mais hidrocarbonetos saturados com seis ou mais atómos de carbono houver na nafta, maior será o rendimento de aromáticos, mantidas constantes as demais condições. As especificações da nafta petroquímica são definidas por negociação entre fornecedor e usuário. 6

87 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS) ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13) 1 Da incidência Verifica-se a incidência nas operações de saídas internas e interestaduais. Na importação a incidência se dá na entrada da nafta território nacional. Importante observar que o Estado da Bahia, nas operações internas e de importação adota o diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações com nafta, com se verá no item 6. Por sua vez, as operações interestaduais são tributadas normalmente pelas alíquotas incidentes em função do estado de origem ou de destino (vide itens 11 e 12). Base legal: art. 1º, inc. I e 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 1º, inc. I e art. 2º, inc. V, (Lei nº 7.014/96). 2 Do momento da ocorrência do fato gerador Nas operações internas e interestaduais por ocasião da saída do produto do estabelecimento remetente. Na importação por ocasião da entrada no território nacional. Observar as regras de diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações internas e de importação (item 6). Base legal: art. 2º, incs. I e XI do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, incs. I e IX (Lei nº 7.014/96). 3 Da não incidência Inexiste regra específica de não incidência em relação às operações com nafta. 7

88 4 Da importação O ICMS importação é devido por ocasião da entrada da nafta no estabelecimento importador e não no desembaraço aduaneiro, como se verifica com a maior parte das mercadorias. Aplica-se ao caso as regras de diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS descritas abaixo, no item 6. Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12 Observação Importante: a partir de 15/11/2013 é assegurado ao estabelecimento refinador de petróleo a manutenção integral do crédito fiscal nas entradas decorrentes de importação do exterior de nafta, utilizada como insumo na produção de combustíveis (gasolina ou diesel), cujas saídas interestaduais sejam amparadas pela imunidade (desde que o crédito seja apropriado no mês em que ocorrer o recolhimento do imposto). Base legal: Art. 277-C, do RICMS/12 dispositivo acrescentado pela alteração nº 19, do RICMS, com efeitos a partir da publicação no DOE (15/11/2013). 5 Da exportação Não incide ICMS na operação que destine nafta ao exterior. Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96). 6 Do diferimento (RICMS/97) 6.1 Nas entradas decorrentes de importação do exterior para o momento da entrada do produto no estabelecimento importador situado neste Estado Base legal: Art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09) 6.2 Dispensa do lançamento e pagamento de 60% (sessenta por cento) do ICMS diferido relativamente à importação de nafta para utilização em processo de industrizalição; Base legal: Art. 347, 9º, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09) Observação importante: O 9º foi revogado pelo Decreto nº 11807, de 27/10/09 - DOE de 28/10/09, efeitos a partir de 01/11/09. A redação do 9º do art. 347 foi dada pela Alteração nº 82 (Decreto nº 10174, de 01/12/06. DOE de 02 e 03/12/06), efeitos de 02/12/06 a 31/10/09: " 9º É dispensado o lançamento e o pagamento de 60% (sessenta por cento) do valor do imposto diferido, relativamente às entradas da mercadoria de que trata a alínea a do inciso XXXIII do art. 343, para utilização em processo de industrialização." 6.3 Prazo de recolhimento do ICMS diferido. O pagamento do imposto nas operações de saída de nafta quando não aplicável o diferimento ou encerrado o benefício, será o mesmo prazo assinalado para o recolhimento do ICMS das operações próprias do responsável. 8

89 Base Legal: Art. 348, 3º, inc. V, do RICMS/97. 7 Do diferimento (RICMS/12) Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre estabelecimentos de empresa fabricante de produtos petroquímicos básicos (central petroquímica). A mencionada hipótese de diferimento, em relação à nafta, alcança as operações com o produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre estabelecimentos que operem na atividade de fabricação de produtos petroquímicos básicos, eteno, propeno e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos). Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Alteração promovida pelo Decreto nº /13, de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, para saídas internas de bens e mercadorias entre estabelecimentos pertencentes à mesma empresa, fabricantes de produtos petroquímicos básicos. (centrais petroquímicas). 8 - Do diferimento (Decreto nº /09) 8.1 Nas entradas decorrentes de importação de nafta do exterior, para o momento da entrada da mercadoria no estabelecimento do importador (efeitos de 1º/11/2009 a 31/03/2011) Base legal: art. 2º do Decreto nº /09 (efeitos de 1º/11/2009 a 31/03/2011) Dispensa do lançamento e pagamento de 65,88% (sessenta e cinco e oitenta e oito décimos por cento) do ICMS diferido relativamente à importação de nafta, quando não se aplicar o diferimento previsto no inc. XIII do caput, do art. 2º, do Decreto Estadual nº 6.734/97, desde que o produto seja utilizado pelo importador em processo de industrialização; Base legal: art. 2º, parágrafo único do Decreto nº /09 (efeitos de 1º/11/2009 a 31/03/2011) 8.3 Nas entradas decorrentes de importação do exterior e nas operações internas com nafta para o momento em que ocorrer a saída dos produtos resultantes da industrialização. Alguns produtos resultantes da industrialização da nafta: os gases eteno e propeno que são utilizados, por exemplo, como matérias-primas na indústria de plásticos. Produtos líquidos, a exemplo do benzeno, tolueno e xilenos, utilizados como solventes e na produção de colas. Base legal: art. 3º do Decreto nº /09 (efeitos a partir de 1º/04/2011) 9

90 8.4 - Observação importante: para a fruição do tratamento tributário previsto no Decreto nº /09 o contribuinte que adquirir nafta para elaborar produtos petroquímicos básicos deverá celebar termo de acordo com a Secretaria da Fazenda se comprometendo a: I realizar investimentos em implatação, ampliação po modernização de linhas de produção; II gerar novos empregos; III manter logística de aquisição do produto; IV utilizar créditos fiscais acumulados de ICMS existentes na escrita fiscal, a partir dos efeitos do tratamento tributário previsto no art. 3º do Decreto nº /09, obervando condiçoes e limites acordados. 9 Da isenção Inexiste regra específica de isenção em relação às operações com nafta. 10 Da base de cálculo 10.1 Base de cálculo nas operações de saída: A base de cálculo nas operações de saídas interestaduais de nafta é o valor da operação. Observar em relação às operações internas com nafta que o lançamento e o pagamento do ICMS é diferido para o momento da saída dos produtos resultantes da industrialização (art. 3º, do Decreto nº /09, com efeitos a partir de 1º/04/2011): neste caso o ICMS da nafta será recolhido sobre o valor da operação de saída dos produtos resultantes. Se estes produtos forem exportados, haverá a imunidade do ICMS, com dispensa do pagamento do imposto diferido. Nas operações de saídas internas não alcançadas pelo diferimento (anteriores a 1º/04/2011), a base de cálculo é o valor da operação Base de cálculo na importação de nafta do exterior: Nesta hipótese verifica-se o diferimento do ICMS - importação para o momento da entrada no estabelecimento do importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 efeitos até 31/10/09 e art. 2º, do Decreto nº /09 efeitos de 1º/11/09 a 31/03/2011). A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS, acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes + despesas aduaneiras + demais tributos incidentes) somando-se a estes também as despesas até a entrada no estabelecimento importador. Observar em relação às hipóteses de importação de nafta elencadas acima as dispensas parciais de lançamento e pagamento do ICMS diferido, elencadas nos itens 6.2 e 7.2 acima. 10

91 A partir de 1º/04/2011, com o encerramento da fase de diferimento do ICMS - importação da nafta para a saída dos produtos resultantes da sua industrialização, a base de cálculo será o valor da saída desses produtos. Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, incisos I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letras a e b. 11 Das reduções de base de cálculo Redução de base de cálculo na operação interna que destine o produto a contribuinte que o utilize na produção de produtos petroquímicos básicos, de forma que a carga tributária incidente corresponda aos seguintes percentuais: a. 10% nas operações internas realizadas até março de 2010 b. 8% nas operações internas realizadas de abril a setembro de 2010; c. 5,5% nas operações internas realizadas de outubro de 2010 a março de Base legal: art. 1º, incs. I, II e III, do Decreto nº / Alíquotas % (dezessete por cento), nas operações internas e de importação de nafta Alíquotas de 12% (unidades federadas das regiões N, NE e CO e estado do ES) ou 7% (unidades federadas das regiões S e SE, exclusive estado do ES), nas remessas interestaduais com destino ao território da Bahia % (doze por cento), nas operações interestaduais, em que ocorre a saída do produto da Bahia com destino a contribuintes do imposto localizados em outras unidades da Federação % nas operações interestaduais originado de importação. Observar que as operações de importação através da Bahia são alcançadas pelo diferimento do lançamento e pagamento do ICMS, para o momento da saída dos produtos resultantes da industrialização, a partir de 1º/04/2011 (item 8.3, acima). Base legal: art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de

92 13 - Informação adicional Tratamento tributário dispensado à nafta petroquímica nas operações interestaduais de acordo com o STF. O Supremo Tribunal Federal (STF), no Recurso Extraordinário (RE) nº RS, Relator Min. Ilmar Galvão, decidiu que a nafta petroquímica não está excluída da incidência do ICMS, na forma prevista na alínea b, do inciso X, do 2º, do art. 155 da Constituição, visto que este subproduto, derivado do refino de petróleo, não se encontra incluso no conceito de combustível líquido ou gasoso dele derivado. Em decorrência desse entendimento firmado pelo STF, as operações interestaduais com nafta seguem, no ICMS, o regime de tributação das demais mercadorias. A arrecadação do imposto é compartilhada entre os Estados de origem e de destino do produto. 12

93 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS 1 PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados, processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[autores] André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] Rio de Janeiro: LTC, 2012; 2 FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA / Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. 3ª. ed., atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Interciência, 2012; 3 PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação, especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah Rio de Janeiro: LTC, 2012; 4 REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e Alexandre Gurgel UFRN (disponível na Internet em:

94 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL. NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. PERÍODO DE ABRAGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) MÓDULO V GASOLINA AUTOMOTIVA (NCM ) 1 - INTRODUÇÃO A gasolina automotiva é um combustível derivado de petróleo destinado a uso preponderante para a combustão em motores do Ciclo Otto (motores a explosão acionados por centelha). O motor a combustão interna conhecido como Otto foi desenvolvido em 1876 pelo inventor alemão Nikolaus Otto. A indústria do petróleo (especificadamente nos E.U.A) já tinha cerca de 50 anos quando o primeiro Ford Modelo T entrou em linha de produção, em Este é o marco para o crescimento da indústria do automóvel, que cresceu junto com a produção de gasolina e o consequente desenvolvimento do refino. O principal produto do refino no início do séc. XX era o querosene para iluminação, sendo a gasolina um subproduto mais leve do processamento do petróleo cru (muito volátil para uso em lamparinas). Com a expansão da eletricidade, as vendas de gasolina superaram as de querosene em Os motores a gasolina (Otto) evoluíram em consonância com as especificações da gasolina, ou seja, o motor Otto foi aprimorado de acordo com o combustível disponível no mercado e a gasolina foi gradativamente especificada para melhorar o desempenho de motores Otto. No final do séc. XX a parceria gasolina-motor tornou-se um triunvirato, devido às preocupações ambientais, quando gasolina e motores também evoluíram para atender às demandas de qualidade ambiental e não apenas de performance. A gasolina é constituída basicamente por hidrocarbonetos parafínicos, olefínicos, naftênicos e aromáticos, apresentando faixa de destilação entre 30 ºC e 220 ºC, sendo a

95 maior parte das cadeias de 5 a 10 átomos de carbono. Além de hidrocarbonetos a gasolina contém também, em menor proporção, produtos oxigenados e compostos à base de enxofre e nitrogênio. A gasolina é formada por naftas oriundas de diversos processos de refino do petróleo que contêm diferentes teores de hidrocarbonetos. Essas correntes são misturadas (blends) em proporções adequadas visando conferir requisitos de qualidade para a utilização em motores automotivos. A sua formulação pode demandar a utilização de diversas correntes nobres oriundas do petróleo como a nafta DD (produto obtido a partir da destilação direta do petróleo); a nafta craqueada, (gerada a partir de quebra de moléculas de hidrocarbonetos mais pesados - gasóleos); nafta reformada (obtida por processo que aumenta a quantidade de substâncias aromáticas); a nafta de coque, (originária do processo de coqueamento); e a nafta alquilada (resultante do processo que produz iso-parafinas de alta octanagem a partir de isobutanos e olefinas) etc. Quanto maior a octanagem (número de moléculas com octanos), maior será a resistência do produto a detonação espontânea no motor. Constituintes Processo de Obtenção Faixa de ebulição ( C) Índice de Octano Motor (Clear) Butano destilação e processos de transformação Isopentano destilação, processos de transformação, isomerização Alcoilada Alcoilação Nafta leve de destilação Destilação Nafta pesada de destilação Destilação Hidrocraqueada Hidrocraqueamento Craqueada cataliticamente craqueamento catalítico Polímera polimerização de olefinas Craqueada termicamente coqueamento retardo Reformada reforma catalítica * A tabela acima mostra os principais constituintes da gasolina, como de suas propriedades e processos de obtenção. Toda gasolina automotiva deve atender a diversos requisitos de qualidade, entre eles:

96 a) Vaporizar-se adequadamente para garantir o bom funcionamento de motor desde a partida até a operação a plena carga; b) Entrar em combustão somente a partir da ignição pela centelha, sem haver combustão espontânea, de forma a aumentar o rendimento do motor e não o danificar. c) Não produzir resíduos por oxidação ou na combustão, evitando formação de depósitos no interior do motor; d) Produzir queima limpa, com baixa emissão de poluentes; e) Ser estável nas condições de armazenamento, não formando goma ou depósitos; f) Não ser corrosiva, para evitar desgastes nos componentes do motor; g) Garantir a segurança no manuseio e transporte. 2 - NÚMERO DE OCTANO (NO) No motor ciclo Otto quando há a detonação ocorre a liberação de energia mais rápida do que na combustão normal, causando oscilações de pressão na câmara que não são absorvidas pelo pistão, podendo, em certos casos, ocasionar danos mecânicos. A chama gerada a partir da centelha produzida pela vela deve se propagar uniformemente por toda a mistura ar-combustível. O NO mede a qualidade antidetonante da gasolina e representa a porcentagem volumétrica de iso-octano (2,2,4-trimentilpentano), adotado como padrão 100, em uma mistura de n-heptano, padrão zero, que queima por detonação com a mesma intensidade sonora produzida pela amostra. Quanto maior o percentual de iso-octano melhor a performance da gasolina no motor ciclo Otto. 3 PRODUÇÃO A Petrobras, empresa petrolífera brasileira, produz diversos tipos de gasolina utilizando tecnologia própria, fabricando as variadas frações de petróleo constituintes da gasolina e misturando-as entre si e com os aditivos, através de formulações convenientemente definidas para atender aos requisitos de qualidade do produto. Estas gasolinas possuem aditivos que visam a melhorar a performance do combustível, nomeadamente: a. detergente: visa a reduzir os depósitos no sistema de injecção e no motor de forma a melhorar a combustão; b. inibidor de corrosão: agente que visa a proteger as zonas de circulação de combustível de forma a reduzir a corrosão provocada; c. desemulsificante: promove a separação da água no sistema de distribuição e armazenagem do combustível, de forma a diminuir a corrosão daí resultante; d. agente veículo (solvente sintético): por ser estável a altas temperaturas, provoca resíduos diminutos durante a combustão que se realiza na câmara de combustão do motor. O grande crescimento da produção de gasolina, motivado pelo desenvolvimento da indústria automobilística, foi possível não só através do refino, mas também de

97 processos de transformação de frações pesadas, que fazem aumentar o rendimento total do produto em relação ao petróleo. 4 - TIPOS DE GASOLINA AUTOMOTIVA As diversas tecnologias utilizadas nos motores do ciclo Otto apresentam diferenças que implicam em requisitos de qualidades diferentes do combustível. Os principais são: a) Qualidade antidetonante: diferentes projetos de motores exigem diferentes qualidades antidetonantes da gasolina; b) Uso de aditivos: a tecnologia de injeção eletrônica acarreta um maior nível de exigência de estabilidade da gasolina do que na injeção mecânica. Por isso, aditivos controladores de depósitos são empregados na formulação de gasolinas para veículos com injeção eletrônica. Assim, os tipos de gasolinas, no Brasil, se diferenciam pela qualidade antidetonante e pela presença ou não de aditivos controladores de depósitos, conforme tabela abaixo: TIPOS DE GASOLINA TIPO ADITIVOS QUALIDADE ANTIDETONANTE Comum Antioxidante IAD = 87 Aditivada Antioxidante e detergente IAD = 87 (controlador de depósitos) Premium Antioxidante e detergente (controlador de depósitos) IAD = 91 No Brasil também é comercializado um produto superior à gasolina Premium, a gasolina Podium (Petrobras), com IAD de 95 e teor de enxofre máximo de 30 mg/kg. As diferentes correntes de nafta destinadas à produção de gasolina são misturadas na área final da refinaria, onde é ainda colocado um aditivo antioxidante, produzindo-se a gasolina A (gasolina sem etanol). Na base das distribuidoras de combustíveis ou na Refinaria, são adicionados os corantes, demais aditivos e etanol anidro, na proporção definida na legislação vigente, gerando a gasolina C. A proporção da mistura etanol anidro/gasolina se encontra demonstrada na tabela inserida no item 4 abaixo. 5 GASOLINA ADITIVIDA A gasolina aditivada, disponível em alguns postos revendedores, é uma gasolina comum acrescentada de aditivos detergentes-dispersantes. Esses aditivos têm como finalidade a limpeza do sistema de alimentação de combustível, incluindo linha de combustível, bomba, galeria de combustível, injetores e válvulas de admissão. Seu uso permite que o motor opere nas condições especificadas pelo fabricante por mais tempo, o que reduz consumo e emissões e aumenta o intervalo entre manutenções. Ao contrário do que se pensa, a gasolina aditivada não aumenta a octanagem do combustível. As gasolinas de alta octanagem são chamadas, genericamente, de gasolinas premium.

98 6 GASOLINA ADULTERADA A gasolina adulterada é caracterizada pela adição irregular de qualquer matéria com vistas à obtenção de lucro e sem recolhimento dos impostos. Ela recebe elementos que a diferenciam da gasolina comum, como o dióxido de enxofre e solventes. 7 GASOLINA C A gasolina automotiva comercializada nos postos revendedores varejistas em todo território brasileiro é a do tipo C, resultante da mistura (gasolina A + álcool anidro). A gasolina A é a produzida nas refinarias. O álcool anidro é o etanol isento de água (H 2 O). A mistura do álcool anidro à gasolina A aumenta a octnagem deste produto, ou seja, funciona como elemento antidenotante no motor a explosão. Os antidetonantes são compostos que reagem com os produtos químicos na gasolina e que queimam muito rapidamente, para evitar "batidas do motor". Os principais antidetonantes são o chumbo tetraetila, o etanol, o cloreto de etileno, o metil-tecbutil-éter. A adição do álcool anidro à gasolina melhora a performance do motor do carro e reduz o efeito poluente da gasolina. A mistura Gasolina A /álcool anidro é realizada na distribuidora de combustíveis, em proporção definida em Portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Nos últimos 5 (cinco) anos os percentuais da mistura se encontram demonstrados no quadro abaixo: Portaria do MAPA % Mistura Etanol/Gasolina Período de Vigência Portaria nº 143/ % 01/07/2007 a 31/01/2010 Portaria nº 7/ % 01/02/2010 a 01/05/2010 Portaria nº 7/ % 02/05/2010 a 30/09/2011 Portaria nº 678/ % 01/10/2010 a 30/04/2013 Portaria nº 105/ % 01/05/2013 até hoje Por fim, as especificações da gasolina comercial, ou seja, do produto a ser comercializado para o consumidor final, são disciplinadas pela ANP (Resolução nº 38, de 09/12/2009, DOU, de 10/12/2009). 8 CONSUMO DE GASOLINA C E PARTICIPAÇÃO NA ARRECADAÇÃO DO ICMS DO ESTADO DA BAHIA Segundo dados do Sindicom/ANP (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes/Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

99 Biocombustíveis), o volume de vendas de Gasolina C, em 2012, nos postos revendedores, em bilhões de litros, foi de 39,3. No ano de 2011, o volume de vendas correspondeu a 35,1 bilhões de litros. Houve, portanto, um incremento de aproximadamente 12% no consumo de gasolina C no Brasil. Por sua vez, tomando-se por referência os dados do PGM, ferramenta de planejamento e gerenciamento de mercado da Secretaria da Fazenda da Bahia, a gasolina representou, entre janeiro e junho de 2012, cerca de 23,4% da arrecadação do segmento de combustíveis do Estado, algo em torno 339 milhões de reais, englobando o ICMS próprio e a substituição tributária.

100 PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS) ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13) 1. Da incidência 1.1 Nas saídas de gasolina automotiva nas operações internas promovidas por estabelecimento industrial refinador, Central Petroquímica (CPQ) ou formulador de combustíveis. Base Legal: art. 1º, 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei do ICMS: art. 1º, inc. I (Lei nº 7.014/96) Na entrada, no território do Estado, de gasolina originária de outra unidade da Federação, quando não destinado a comercialização ou industrialização. Base Legal: art. 1º, 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96). 1.3 Nas operações de importação de gasolina e nas hipóteses de arrematação ou aquisição em licitação pública em caso de apreensão e abandono do produto. Base legal: art. 1º, 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. V (Lei nº 7.014/96). 2 Do momento da ocorrência do fato gerador Por ocasião da saída da gasolina automotiva do estabelecimento industrial refinador, CPQ ou formulador de combustíveis. Base Legal: art. 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. I (Lei nº 7.014/96) Por ocasião da entrada da gasolina automotiva originária de outro Estado, não destinada a comercialização ou industrialização (tributação no destino). Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96).

101 2.3 Por ocasião do desembaraço aduaneiro na hipótese de importação de gasolina automotiva do exterior. Base Legal: art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. XI (Lei nº 7.014/96). 2.4 Por ocasião da arrematação ou aquisição em licitação pública de gasolina automotiva apreendida ou abandonada Base Legal: art. 2º, inc. XII, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. X (Lei nº 7.014/96). 3 Da não incidência Não incide ICMS nas saídas para exportação, direta ou indireta, de gasolina automotiva. Base legal: art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96). Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: art. 155, 2º, inc. X, letra a Não incide ICMS nas operações de saídas interestaduais de gasolina (combustível líquido derivado de petróleo). Base legal: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96). Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais com combustíveis líquidos e gasosos, derivados de petróleo têm por fonte originária as disposições da Constituição Federal: art. 155, 2º, inc. X, letra b. 2 Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de gasolina automotiva é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada para unidade federada de destino onde se verificará a comercialização e consumo subseqüente do produto. Objetiva a norma em questão excluir a incidência do ICMS das operações na unidade federada de origem da gasolina. O legislador prestigiou a arrecadação do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do(s) Estado(s) produtor(es), dado ser grande o número de unidades federadas consumidoras e poucas as unidades onde se localiza a produção. 4 Da substituição tributária (sujeição passiva) 4.1 Operações internas 1 Art Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; 2 Art Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá: b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

102 A responsabilidade pelo recolhimento do imposto por substituição tributária da gasolina automotiva, nas operações internas, desde a produção até o consumo, é do estabelecimento industrial refinador ou do estabelecimento formulador de combustíveis. O industrial refinador é aquele que opera o processamento e o refino do petróleo com vistas à obtenção dos componentes que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como, combustíveis, a exemplo da gasolina automotiva, lubrificantes etc. É também estabelecimento industrial a Central Petroquímica (CPQ), que no processo de fabricação de produtos químicos, a partir da nafta, gere como subproduto, correntes de hidrocarbonetos que após serem misturadas resultam na produção de combustíveis líquidos derivados de petróleo, a exemplo da gasolina. A Braskem, localizada na Bahia, é uma das Centrais Petroquímicas em operação no Brasil. O formulador de combustíveis é definido no art. 2º, parágrafo único, da Lei Federal nº /2001, nos seguintes termos:... considera-se formulador de combustível líquido, derivados de petróleo e derivados de gás natural, a pessoa jurídica, conforme definido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) autorizada a exercer, em Plantas de Formulação de Combustíveis, as seguintes atividades: I - aquisição de correntes de hidrocarbonetos líquidos; II - mistura mecânica de correntes de hidrocarbonetos líquidos, com o objetivo de obter gasolinas e diesel; III - armazenamento de matérias-primas, de correntes intermediárias e de combustíveis formulados; IV - comercialização de gasolinas e de diesel; e V - comercialização de sobras de correntes. Por sua vez, correntes de hidrocarbonetos são líquidos derivados de petróleo e os hidrocarbonetos líquidos derivados de gás natural utilizados em mistura mecânica para a produção de gasolinas ou de diesel, de conformidade com as normas estabelecidas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo). Base legal (sujeição passiva por ST nas operações internas): art. 512-A, inc. I,letra a, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 8º, inc. IV (Lei nº 7.014/96). 4.2 Operações interestaduais A adoção do regime de substituição tributária em operações interestaduais depende de acordos específicos celebrados entre os Estados interessados. Assim dispõe o art. 9º, caput, da Lei Complementar 87/96 e o art. 10, caput, da Lei do ICMS do Estado da Bahia (Lei nº 7.014/96). Em relação à gasolina e os demais combustíveis líquidos e gasosos, derivados ou não de petróleo, a ST interestadual é regrada pelas disposições do Convênio ICMS 110/07. O citado Convênio estabelece, em sua cláusula primeira, que os Estados e o DF, quando destinatários, ficam autorizados a atribuir ao remetente de combustíveis, derivados ou não de petróleo, a condição de sujeito passivo por substituição. Sendo Convênio ICMS 110/07, de natureza autorizativa, cabe à legislação de cada unidade federada definir o contribuinte que integrará o pólo passivo da ST.

103 Para a gasolina automotiva, o substituto tributário de toda a cadeia de circulação da mercadoria, da produção até o consumo, no Estado da Bahia, é o industrial refinador; o formulador de combustíveis ou a central petroquímica que produzir a gasolina. A gasolina automotiva originária de outro Estado da Federação com destino à Bahia deverá ter o ICMS retido ou recolhido pelo estabelecimento refinador ou uma de suas bases. Nesta hipótese, não haverá tributação sobre a gasolina automotiva no Estado de origem e o recolhimento será efetuado integralmente para o Estado da Bahia. De forma diversa, nas operações de remessa de gasolina automotiva da Bahia para outra unidade da Federação, não haverá incidência neste Estado e o imposto será integralmente recolhido para o Estado de destino, atribuída a responsabilidade ao industrial refinador ou suas bases ou o estabelecimento de formulador de combustíveis. Todavia, as operações de comercialização de gasolina automotiva são realizadas pelas distribuidoras, que recebem o produto da refinaria ou se duas bases, na operação anterior de aquisição com o ICMS já retido por ST. Neste caso as distribuidoras informam à refinaria ou uma de suas bases para que esta processe o repasse do imposto ao Estado de destino do produto. Em relação ao imposto já recolhido anteriormente haverá o ressarcimento, caso a base de cálculo seja inferior. Base legal (sujeição passiva por ST nas operações interestaduais): art. 512-A, inc. III, letra a, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 10, caput e correspondente 2º (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira do Conv. ICMS 110/07. ] Observação importante: Em razão da mistura (Gasolina A + álcool anidro = Gasolina C), o ICMS do álcool anidro é apurado e recolhido de forma englobada com o ICMS-ST da Gasolina. O detalhamento desta apuração será melhor explicado no item nº..., abaixo, que tratar da base de cálculo da ST da gasolina automotiva. 5 Do diferimento Inexiste regra específica de diferimento do ICMS em relação às operações com gasolina automotiva. 6 Da isenção Inexiste regra específica de isenção do ICMS em relação às operações com gasolina automotiva. 7 Da importação As operações de importação de gasolina são tributadas pelo ICMS devendo o imposto ser recolhido por ocasião do desembaraço aduaneiro da mercadoria. Obs.: a PETROBRAS possui regime especial para não recolher o ICMS/Importação no desembaraço aduaneiro. Base legal: art. 1º 2º, inc. V e art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 2º, inc. V e art. 4º, inc. IX (Lei nº 7.014/96).

104 8 Da exportação Não incide ICMS na operação que destine gasolina automotiva para o exterior. Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96). 9 Da base de cálculo OPERAÇOES PRÓPRIAS Entrada de gasolina de outro Estado (para consumo final): Nesta situação, a tributação é integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo incidência de ICMS no Estado de origem da gasolina. A operação rege-se pelas regras da ST e a base de cálculo é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo da operação, sem adição de MVA. A responsabilidade pelo recolhimento do imposto é deslocada para o remetente do produto, ainda que localizado em outra unidade da Federação, nos termos da cláusula primeira e 1º, inc. IV, do Conv. ICMS 110/07. Observação importante: se a operação interestadual de gasolina para consumo final for realizada por distribuidor de combustíveis, este deverá informar, via o SCANC, para que o imposto seja repassado ao Estado de destino do produto, seguido a sistemática prevista no Capítulo V, do Conv. ICMS 110/07, que trata dos procedimentos da refinaria de petróleo ou suas bases. Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira e 1º, inc. IV, do Conv. ICMS 110/ Base de cálculo na importação de gasolina do exterior: O valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS, acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes + despesas aduaneiras + demais tributos incidentes). Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra b. Observação importante: por ser a gasolina, produto enquadrado na ST, a operação de importação se sujeita também ao pagamento antecipado do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro. O assunto será tratado quando da análise da base de cálculo da ST (item 9.2.3) Base de cálculo - saídas de gasolina nas operações internas Trata-se das operações próprias promovidas pelo industrial refinador, estabelecimento formulador ou estabelecimento de central petroquímica. A base de cálculo da operação própria é o valor da mesma.

105 Base legal: art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 17, inc. I (Lei nº 7.014/96) BASE DE CÁLCULO SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA operações que destinem o produto para comercialização Operações internas O valor da operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados, do percentual de MVA de 78,60% (Ato COTEPE nº 21/08) Base legal: art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96), Anexo I do RICMS/ Operações interestaduais Nesta hipótese o imposto é devido ao Estado de destino da gasolina automotiva. A BC é o da operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados do percentual de MVA de 144,66 % (Ato COTEPE nº 21/08) Base legal: cláusula oitava, do Conv. ICMS 110/07 Observação importante: considera-se operação interna, para efeito de aplicação de alíquotas, o abastecimento de combustíveis em veículos de fora do Estado em trânsito pelo território baiano Operações de importação O montante formado pelo valor da mercadoria constante no documento de importação, que não poderá ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o Imposto de Importação, acrescido dos valores correspondentes a tributos, inclusive o ICMS devido pela importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionados do percentual de MVA de 78,60% (Ato COTEPE nº 21/08). Para efeitos de tributação pelo ICMS, a importação é também uma operação interna. Base legal: art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96) e Anexo I do RICMS/ TABELA COM MARGENS DE VALOR AGREGADO PARA A GASOLINA (MVA s com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS) OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS 01/01/09 até hoje 78,60% 144,66% Ato Cotepe MVA 21/2008 OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS 01/01/09 até hoje 166,72% 265,37% Ato Cotepe MVA 21/2008

106 10 DA SOLIDARIEDADE NA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA DA GASOLINA AUTOMOTIVA É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto e demais acréscimos devidos pelo contribuinte de direito: 10.1 o contribuinte destinatário de mercadorias enquadradas no regime de substituição tributária por antecipação, em virtude de convênio ou protocolo, oriundas de outra unidade da Federação, quando o remetente não possua inscrição estadual ativa como substituto tributário: (regra com efeitos a partir de 31/03/2010 Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela Lei nº /10) o contribuinte substituído localizado em outra unidade da Federação que remeter combustíveis derivados do petróleo, biodiesel B100 e álcool etílico anidro combustível para este Estado, em relação ao recolhimento do imposto devido por substituição tributária, se a operação não tiver sido informada ao responsável pelo repasse, conforme determinado em acordo interestadual: (regra com efeitos a partir de 29/12/10, em relação aos combustíveis derivados de petróleo, a exemplo da gasolina Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela Lei nº /10). Base legal: Matéria sem correspondência no RICMS/97 e no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 6º, incisos XV e XVII (Lei nº 7.014/96). 11 Alíquotas 25% (vinte e cinco por cento) nas operações relativas à gasolina automotiva. Adicional de 2% (dois por cento) para o Fundo Estadual de Combate e Erradicação à pobreza. Base legal:art. 51, inc. II, letra e e art. 51-A, inc. II do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 16, inc. II, letra e e art. 16-A, caput (Lei nº 7.014/96). Observação importante: considera-se operação interna, para efeito de aplicação de alíquotas, o abastecimento de combustíveis em veículos de fora do Estado em trânsito pelo território baiano.

107 GASOLINA DE AVIAÇÃO - GAV NCM A gasolina de aviação é usada exclusivamente em aviões de pequeno porte que possuem motores com ignição por centelha. As especificações de qualidade são determinadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), definidas pela ASTM. (VIDE RESOLUÇÃO ANP Nº 5, DE DOU ) A gasolina de aviação (GAV ou AVGAS-100) apresenta propriedades, requisitos de desempenho e cuidados diferenciados das demais gasolinas. Por conter chumbo tetratila em sua composição, o seu uso é proibido em veículos automotivos. Em todo o processo de manuseio, transporte e armazenamento da GAV são usados equipamentos exclusivos para o produto, sendo o sistema periodicamente inspecionado para garantir que esteja meticulosamente limpo e isento de qualquer possibilidade de contaminação. O mercado brasileiro de gasolina de aviação é abastecido pela Petrobrás, que produz esse derivado numa instalação bastante complexa, projetada e construída para esse fim. Segundo o esquema apresentado no livro FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA / Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. 3ª. ed., atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Interciência, 2012, às páginas 190 a 224, a gasolina de aviação é produzida na Refinaria Presidente Bernardes, localizada no município de Cubatão-SP, pertencente à Petrobras. O monitoramento constante do produto inclui a drenagem diária do tanque de armazenamento e das unidades abastecedoras, filtragem do produto antes do abastecimento (filtro micrômetro) e inspeção periódica dos respectivos filtros. REGIME DE TRIBUTAÇÃO DA GAV NO ICMS DA BAHIA 1 A gasolina de aviação (GAV) é um produto combustível derivado de petróleo, destinada a uso em aeronaves com motor do ciclo Otto (acionado por centelha). Em geral é utilizada em aeronaves de pequeno porte, movidos à hélice, que não trafegam em elevadas altitudes. A gasolina não é um combustível adequado para aeronaves de grande porte, por ser suscetível de congelar a baixas temperaturas. Por isso as aeronaves de grande porte utilizam o querosene de aviação (QAV), que se mantém líquido e com boa fluidez a temperaturas negativas. 2 A GAV segue o mesmo regime de tributação da gasolina automotiva, com regime de tributação normal e antecipado no estabelecimento industrial refinador, ressalvadas as diferenças apontadas nos itens 3, 4 e 5, abaixo. 3 À GAV não é adicionado etanol anidro.

108 4 - Este produto foi tributado à alíquota de 17% (dezessete por cento) de 2007 até 31/03/2012 (durante a vigência do RICMS/97, aprovado pelo Dec. nº 6.284/97). 5 - A partir de 1º/04/2012, a Gasolina de Aviação GAV, passou a ser tributada à alíquota de 25% (vinte e cinco por cento), com o adicional de 2% (dois por cento) para o Fundo Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza - a partir da vigência do RICMS/12, aprovado pelo Dec. nº /12 1º/04/2012). Alíquota efetiva: 27%.

109 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS 1 PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados, processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[autores] André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] Rio de Janeiro: LTC, 2012; 2 FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA / Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. 3ª. ed., atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Interciência, 2012; 3 PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação, especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah Rio de Janeiro: LTC, 2012; 4 REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e Alexandre Gurgel UFRN (disponível na Internet em:

110 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos) MÓDULO VI ÁLCOOL ANIDRO ÁLCOOL HIDRATADO COMBUSTÍVEL E ÁLCOOL PARA OUTROS FINS 1 INTRODUÇÃO O etanol (álcool etílico), CH 3 CH 2 OH, é um líquido incolor, inflamável, com um odor característico. Pertence a um grupo de compostos químicos cujas moléculas contêm um grupo hidroxila (-OH), ligado a um carbono (grupo álcoois). A palavra álcool deriva do arábico al-kuhul, que refere-se a um fino pó de antimônio, produzido pela destilação do antimônio, e usado como maquiagem para os olhos. Os alquimistas medievais ampliaram o uso do termo para referir-se a todos os produtos da destilação e isto levou ao atual significado da palavra. O ponto de fusão do etanol sólido é de C, e de ebulição e de 78.5 C. É menos denso que a água: 0,789 g/ml a 20 C. É utilizado como fluído em termômetros, principalmente para temperaturas baixas, uma vez que o mercúrio congela a 40 ºC. Existem basicamente 3 (três) processos utilizados para a fabricação do etanol: a fermentação de carboidratos (o mais comum no Brasil), a hidratação do etileno, e a redução do acetaldeído (normalmente preparado pela hidratação do acetileno). O etanol é produzido desde a antiguidade pela fermentação de açúcares. Todas as bebidas alcoólicas e mais da metade do etanol industrial ainda é feito por este processo. Uma enzima, a zimase, é responsável pela conversão dos açúcares em álcool e gás carbônico, conforme representação química abaixo. C 6 H 12 O 6 2 CH 3 CH 2 OH + 2 CO 2 1

111 2 - A PRODUÇÃO DO ETANOL POR FERMETAÇÃO DE CARBOIDRATOS A cana-de-açúcar é cultivada por meio do sistema de rebrotamento, no qual o primeiro corte é feito 18 meses após o plantio e os demais anualmente, por um período de quatro a cinco anos, com redução gradual do rendimento. Depois de cortada, a cana inteira é levada para a usina, onde é lavada e esmagada, para extrair o caldo, sendo este processado para a obtenção do álcool. Resumidamente temos: a. tratamento: é a neutralização e a esterilização do caldo para que possa receber o fermento (leveduras, ou seja, organismos microbiológicos que se alimentam da glicose do caldo e expelem o álcool); b. fermentação: é a fase em que os açúcares do caldo são transformados em álcool, sendo que o teor alcoólico gira em torno de 7% a 10%; nessa fase tem-se o vinho. c. destilação: o vinho é aquecido e o álcool é recolhido pela utilização dos diferentes pontos de ebulição das substâncias presentes nas chamadas colunas de destilação. O processo será descrito abaixo, de forma sucinta: A - Extração do Caldo A fabricação, tanto do álcool como do açúcar, começa pela extração do caldo, que se realiza pelo processo de moagem. Porém, antes, a cana-de-açúcar passa por um processo de lavagem, a fim de eliminar as impurezas, facilitando as etapas seguintes de fabricação. A cana é levada por uma esteira de ferro a um conjunto de facas, que corta em pedacinhos, em seguida a mesma esteira leva para o desfibrador, onde deixa totalmente triturada. A cana triturada passa por separador magnético, a fim de separar pedaços de ferros e metais, que por ventura esteja misturado. Em seguida essa cana triturada passa por um conjunto de rolos que são denominados ternos, onde extrai todo o caldo existente na cana. O caldo extraído passa por uma peneira vibratória, para retirar todos os bagacilhos, em seguida o caldo é bombeado para um tanque pulmão, de onde será enviado para o tratamento de caldo. B - Produção de Energia Elétrica 2

112 Através da queima do bagaço da cana realizado nas caldeiras, é possível que seja gerado calor. Este calor transformará nas caldeiras a água em vapor. Parte do vapor é enviado aos turbo geradores encarregados de produzir energia elétrica que será utilizada em todo o parque industrial podendo até futuramente seu excedente ser comercializado. O bagaço excedente é comercializado para outras indústrias que o utiliza em várias atividades. C - Tratamento do Caldo O objetivo do tratamento de caldo é eliminar todas as impurezas, que seriam prejudiciais as outras etapas do processo. Consiste de uma série de operações: peneiramento, calagem, aquecimento, decantação e filtração. Depois do caldo peneirado é adicionado Cal. Certos não açúcares, sob a ação da cal, se tornam insolúveis, sendo eliminado pela filtração. Outros sob ação combinada da cal e do calor são decompostos e os produtos de decomposição são eliminados parcialmente. Outra função da cal é neutralizar os ácidos livres presentes, para que não invertam a sacarose quando se aplica calor. O aquecimento esteriliza o caldo, eliminando certas bactérias. Este aquecimento não deverá ser inferior a 90 o C. Nem superior a 105 o C. Sob pena de sofrerem perturbações desfavoráveis na composição do líquido em tratamento. O caldo peneirado caleado e aquecido vai para o decantador ou clarificador. O objetivo desta etapa do tratamento é evitar impurezas, como terra, fragmentos de bagacilhos e outros elementos estranhos que venham perturbar a fermentação. O caldo clarificado entra em um conjunto de evaporadores de múltiplo efeito para a retirada da maior parte da água nele encontrado, tornando-se xarope. Este xarope é bombeado aos tachos de cozimento para a cristalização do açúcar e transforma-se em massa cozida que são os cristais de açúcar envolvidos em uma película de açúcar não cristalizado (mel). Tanto na evaporação do caldo como no cozimento é utilizado vapor como fonte de calor. D - Centrifugação do Açúcar Na centrifugação é separado da massa cozida o mel e o açúcar. O mel com o mínimo de sacarose possível é enviado para a fabricação do álcool, e o açúcar propriamente dito, é enviado ao secador de açúcar. Na etapa de secagem, o açúcar passa pelo secador para que seja retirada dos cristais toda umidade neles contida. Assim o açúcar poderá ser armazenado e enviado ao cliente sem que haja perda na qualidade. Depois desta etapa o caldo de cana denomina de mosto o qual é enviado para o processo de fermentação. E - Fermentação 3

113 É na fermentação que ocorre a transformação do açúcar em álcool. Este processo acorre nas dornas com à ação de organismos vivos denominados Leveduras (Sacharomyces cerevisiae) os quais através de reações transformam os açúcares em álcool. O resultado desta transformação é o vinho fermentado onde estão contidas as leveduras, o álcool e outros resíduos. Após a fermentação, a levedura é separada do vinho através do processo de centrifugação, para ser reutilizada. A Levedura ou fermento, com uma concentração de aproximadamente 60%, é enviado às cubas de tratamento onde recebe nutrientes para se fortalecer e ser novamente utilizado na fermentação. F- Destilação O vinho com pequena quantidade de levedura irá para as colunas de destilação, que através de aquecimento e evaporação separam o álcool, e em seguida o álcool é concentrado e purificado atingindo os padrões normativos do mercado. A vinhaça é um subproduto resultante da destilação do vinho e ela é um importante fertilizante, pois é rica em água, matéria orgânica, nitrogênio, potássio e fósforo, e é utilizada na lavoura como adubo da cana. Além da produção de Açúcar e de Álcool outros derivados também são produzidos tais como: Bagaço Hidrolizado, Vinhaça Concentrada, Melaço, Óleo Fusel, Levedura. 3 - Derivados processo industrial de produção de álcool Bagaço de Cana são as fibras resultantes da extração do caldo da cana-de-açúcar. É utilizado para gerar o vapor das caldeiras. Serve também como ração animal depois de hidrolisado. Vinhaça Concentrada é o resíduo líquido da transformação do açúcar em álcool (vinho centrifugado). Com ela se faz a adubação da lavoura de cana-de-açúcar. Melaço subproduto do açúcar obtido através da centrifugação. É um dos componentes utilizado na fermentação para a fabricação do álcool. Óleo Fusel líquido viscoso extraído em pequena quantidade no processo de destilação do álcool, empregado na indústria química e na indústria de cosméticos. 4

114 Levedura microrganismo responsável pela transformação da sacarose em álcool, obtida a partir do processo fermentativo. Depois de seca, pode servir como ração animal. Energia Elétrica através da queima do bagaço, gera-se o vapor, que se transforma em energia mecânica e depois em elétrica. A energia obtida aciona os motores elétricos e ilumina toda indústria. 4 - ABAIXO REPRODUZIMOS UM FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE ÁLCOOL ANIDRO (CEDIDO PELA USINA DA AGROVALE EM JUAZEIRO-BA) 6 ALGUNS DADOS SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO DE ETANOL O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, o maior exportador mundial, e é considerado o líder internacional em matéria de biocombustíveis e a primeira economia em ter atingido um uso sustentável dos biocombustíveis. Os principais países produtores de etanol são: Brasil (que se utiliza principalmente da cana-de-açúcar); Estados Unidos (que se utilizam do milho, através de um processo de moagem seca); Canadá (trigo e milho); China (mandioca); Índia (cana e melaço); e, Colômbia (cana e óleo de palma). Desses principais países produtores, Brasil e Estados Unidos são os que se destacam, sendo responsáveis pela produção de 85% do etanol 5

115 mundial (o Brasil produziu 21,5 bilhões de litros e os EUA, 24,5 bilhões, na safra ocorrida no primeiro semestre de 2009). O terceiro colocado é a China, com 2,7% de participação nesse mercado. Em quarto lugar se encontra a União Européia, com 2,5%. Juntos, Brasil e Estados Unidos lideram a produção do etanol e foram responsáveis em 2008 por 89% da produção mundial e quase 90% do etanol combustível. Em 2008 a produção brasileira foi de 24,5 bilhões de litros, equivalente ao 37,3% da produção mundial de etanol. A indústria brasileira de etanol tem 30 anos de história e o país usa como insumo agrícola a cana-de-açúcar. Além disso, por regulamentação do Governo Federal, toda a gasolina comercializada no país é misturada com 25% de etanol. A evolução dos percentuais de mistura etanol/gasolina se encontram detalhados na tabela constante da fl. 12 deste módulo. Desde julho de 2009 circulam no país mais de 8 milhões de veículos, automóveis e veículos comerciais leves, que podem rodar com 100% de etanol ou qualquer outra combinação de etanol e gasolina, e são chamados popularmente de carros "flex". Segundo dados do SINDICOM (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) e da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o volume de vendas de etanol hidratado no Brasil, promovidas pelos postos revendedores, entre 2008 e 2012, apresentou os seguintes números (em bilhões de litros): ,1 16,2 14,9 10,7 9,7 A queda no consumo de etanol hidratado no Brasil se deu principalmente em razão da perda de competitividade deste produto em relação à gasolina. A política de preços desse derivado de petróleo adotado pelo governo federal, através da Petrobras, desestimulou o consumo de etanol, pois o abastecimento com o combustível renovável só é vantajosa se a relação preço etanol/preço gasolina for superior a 0,7. 6

116 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL ANIDRO NO ICMS DA BAHIA PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS). ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13) ÁLCOOL ETANOL ANIDRO (AEAC NCM ) O álcool etanol anidro é um combustível renovável, obtido a partir da fermentação alcoólica de açúcares e amidos, que apresenta um elevado poder antidetonante. Por essa razão é misturado à Gasolina Pura (Gasolina A ), produzida na refinaria, para formar a Gasolina C. Possui teor alcoólico de no mínimo 99,3º INPM, ou seja, cada litro dever conter não menos de 993 ml de etanol para 7 ml de água. TRIBUTAÇÃO PELO ICMS - ALCOOL ETÍLICO ANIDRO COMBUSTÍVEL (AEAC) OPERAÇÕES INTERESTADUAIS E OPERAÇÕES INTERNAS 1 - Diferimento nas operações internas e interestaduais com AEAC, quando destinado a distribuidora de combustíveis, para o momento em que ocorrer a saída da gasolina resultante da mistura com o AEAC. (Convênio ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima Primeira). 2 - Pagamento: o pagamento do imposto diferido deverá ser efetuado de uma só vez, englobadamente com o imposto retido por substituição tributária incidente sobre as operações com gasolina, até o consumidor final Se a operação diferida com o AEAC for interna o ICMS diferido será recolhido, de forma englobada, com a operação de saída da gasolina C (mistura da Gasolina A com AEAC) Na hipótese de operação interestadual com AEAC deverá ser observado o seguinte a) o ICMS incidente sobre a operação será devido ao Estado de origem do AEAC; b) para o cálculo da parcela do imposto incidente sobre o AEAC destinado à unidade federada remetente desse produto, o programa de computador adotará 7

117 como base de cálculo o valor total da operação, nele incluído o respectivo ICMS e sobre este valor aplicará a alíquota interestadual correspondente (Conv. ICMS 110/07 -Cláusula vigésima quinta, 6º). 3 Encerramento do diferimento: a saída isenta ou não tributada do AEAC, inclusive para a ZFM (Zona Franca de Manaus) e para áreas de livre comércio. Nesta hipótese a distribuidora de combustíveis deverá efetuar o pagamento do imposto diferido à unidade federada remetente do AEAC. 4 Obrigações das Distribuidoras de Combustíveis: na remessa interestadual de AEAC a distribuidora de combustíveis, destinatária do AEAC, deverá: 4.1 registrar os dados relativos à operação no SCANC (anexos IV, V e VIII cláusula vigésima quinta); 4.2 identificar o sujeito passivo por ST que tenha retido anteriormente o imposto relativo à gasolina A, com base na proporção da sua participação no somatório das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês, relativamente à gasolina A adquirida diretamente de sujeito passivo por substituição tributária (operação de compra direta na Refinaria ou suas bases 1ª operação); 4.3 identificar também os demais fornecedores de gasolina A, quantificando a proporção das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês (operação de compra em outras distribuidoras 2ª operação); 4.4 enviar as informações eletronicamente, nos prazos fixados em Ato COTEPE para: a unidade federada de origem; a unidade federada de destino; o fornecedor do combustível; a refinaria de petróleo ou suas bases. 4.5 Com base nas informações prestadas pelo contribuinte, o programa de computador aprovado pela Comissão Técnica Permanente do ICMS COTEPE/ICMS ( 2º, da Cláusula Vigésima Terceira), gerará os relatórios nos modelos previstos (os denominados Anexos ) e efetuará o cálculo da parcela do imposto incidente sobre o AEAC destinado à unidade federada remetente desse produto regra contida na Cláusula Vigésima Quinta, inc. II. Será efetuado também no Programa de computador o cálculo do estorno de crédito previsto no 10, da Cláusula Vigésima Primeira (inc. III, da Cláusula Vigésima Quinta). 4.6 O pagamento (repasse) do imposto para a unidade federada de origem do AEAC será efetuado pela refinaria de petróleo ou sua base, que tenha efetuado a retenção do ICMS relativo à Gasolina A, até o 10º dia do mês subsequente àquele em que tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao valor do imposto ao que foi efetivamente retido e ao relativo à operação própria. 8

118 4.7 - No caso de operações interestaduais promovidas por contribuintes que já tenham recebido o imposto retido da mistura gasolina A + AEAC, em operação anterior (a chamada 2ª operação), o pagamento do ICMS diferido (repasse), será provisionado pela refinaria ou sua bases, para ser realizado até o 20º dia do mês subsequente àquele em que tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao valor ao efetivamente recolhido à unidade federada de destino da gasolina C. A UF de destino tem até o 18º dia do mês seguinte para verificar a ocorrência do efetivo pagamento e manifestar-se sobre a dedução da parcela do AEAC. (Conv. ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima Primeira, 4º, 5º, incisos I e II e 6º). 5 Do estorno de crédito Os contribuintes que efetuarem operações interestaduais com gasolina resultante da mistura de AEAC com aquele produto deverão efetuar o estorno de crédito do imposto correspondente ao volume de AEAC contido na mistura. Esse estorno será efetivado pelo recolhimento do valor correspondente ao ICMS diferido que será apurado com base no valor unitário médio e na alíquota média ponderada das entradas de AEAC ocorridas no mês. Base legal: 10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Conv. ICMS 110/07. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI 4171) É CONTESTADA A CONSTITUCIONALIDADE DO ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM GASOLINA C, RESULTANTE DA MISTURA COM O ÁLCOOL ANIDRO. 1 Requerente: Conselho Nacional de Comércio (CNC); 2 Requerido: Conselho Nacional de Política Fazendária; 3 Dispositivos questionados: 10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Convênio ICMS nº 110, de 28 de setembro de 2007, com a redação alterada pelo Conv. ICMS 101, de 30 de julho de 2008 e pelo Conv. 136, de 05 de dezembro de 2008 (aditamento da petição inicial em relação às operações com biodiesel B100). 4 A autora afirmou que os preceitos hostilizados impõem às distribuidoras de combustíveis o dever de estorno do ICMS recolhido por substituição tributária, quando estas efetuarem operações interestaduais, com gasolina misturada ao AEAC, nas quais não há creditamento do imposto. Haveria no caso uma dupla tributação, em ofensa à legislação de regência do ICMS. 5 Afirmou também que os dispositivos questionados estabeleceram a criação de um novo tributo, o que ofenderia: a) o princípio da legalidade (art. 150, I, da CF); b) o princípio da não cumulatividade (art. 155, 2º, da Carta Magna); c) o regime constitucional da destinação da arrecadação do ICMS para o Estado de destino, nas operações com petróleo e derivados (art. 155, 4º, inc. I, da Lei Maior); e, d) o princípio da capacidade contributiva (art. 145, 1º, da CF), por aumento da carga tributária nas operações com AEAC. 6 Os estados prestaram informações (Manifestação da Bahia) 7 A AGU se manifestou pela improcedência do pedido. (Manifestação da AGU) 8 - A PGR se manifestou também pela improcedência do Pedido. 9 A Relatora, Ministra Ellen Gracie julgou o pedido procedente. 9

119 10 Divergiram o Ministro Luiz Fux e a Ministra Carmen Lúcia. 11 Pediu vistas o Ministro Ricardo Lewandowski. 6 DO ALCOOL ANIDRO PARA OUTROS FINS (ANTECIPAÇÃO PARCIAL APLICAÇÃO DAS REGRAS DO PROTOCOLO ICMS 17/04) O álcool anidro originário de outra unidade da federação, destinado estabelecimentos comerciais ou industriais, para outros fins, que a não a mistura na gasolina A, se submete ao regramento do Protocolo ICMS 17/04, que estabelece o pagamento do ICMS - antecipação parcial antes da realização da operação de saída da mercadoria (cláusula sexta do Protocolo ICMS 17/04) Nas operações originárias de Estados signatários do Protocolo ICMS 17/04, o imposto deve ser recolhido de forma antecipada, antes da saída da mercadoria, sobre o valor da operação, antes de iniciada a remessa. A GNRE (guia nacional de recolhimento de tributos estaduais), comprovando o pagamento antecipado do imposto, deverá acompanhar a mercadoria no trânsito. Caso o remetente não efetue o pagamento do ICMS, o destinatário deverá proceder ao pagamento do tributo por ocasião da passagem da mercadoria pela primeira repartição fiscal do percurso. Base legal: clausula terceira c/c a clausula quarta (segunda parte), do Protocolo ICMS 17/ Nas operações originárias de Estados não signatários do Protocolo ICMS 17/04, o imposto também deve ser recolhido de forma antecipada, antes da saída da mercadoria, de responsabilidade do remetente, sobre o valor da operação, antes da saída da mercadoria. A GNRE, comprovando o pagamento antecipado do imposto, deverá acompanhar a mercadoria no trânsito. Caso o remetente não efetue o pagamento, o destinatário deverá pagar o imposto por ocasião da passagem da mercadoria pela primeira repartição fiscal do percurso. Base legal: clausula quarta do Protocolo ICMS 17/ O pagamento antecipado do imposto, se aplica também às operação internas, com álcool anidro para outros fins, antes da saída da mercadoria do estabelecimento remetente (Usina) para estabelecimento industrial ou comercial localizado no território baiano. Base legal: clausula segunda do Protocolo ICMS 17/04. Observação: O pagamento do ICMS antecipado nas operações com álcool anidro não se aplica aos estabelecimentos industriais que tenham autorização do Diretor da DAT, após parecer técnico da COPEC. Nesta hipótese o ICMS será recolhido no dia 25 do mês seguinte à entrada da mercadoria no estabelecimento credenciado. 7 - LEGISLAÇÃO INTERNA (disposições do RICMS/97 e RICMS/2012) A legislação interna reproduz as mesmas regras do Conv. ICMS 110/07. Diferimento do imposto nas operações com AEAC, quando o produto for destinado a distribuidora de 10

120 combustíveis, para o momento em que ocorrer a saída da gasolina resultante da mistura com o AEAC. Tributação normal, com recolhimento antecipado do imposto, a quando o álcool anidro for destinado a outros fins. Base Legal: RICMS/97: Art. 343, inc. XXIX e art. 511, RICMS/97. RICMS/12: Art. 286, inc. XIV, 7º, 8º e 9º. 8 DA SOLIDARIEDADE É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto o contribuinte substituto que realizar operação interestadual com AEAC se a operação não tiver sido informada ao responsável pelo repasse ao estado de origem do álcool (capítulos III e IV do Conv. ICMS 110/07). Base legal: art. 39, inc. XIV, do RICMS/97 (Conv. 110/07 cláusula trigésima). Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 6º, inc. XVII (Lei nº 7.014/96). 9 DAS ALÍQUOTAS % (vinte e cinco por cento) nas operações internas, com adicional de 2% para o fundo de pobreza; % (doze por cento) nas operações interestaduais de álcool anidro produzido no Brasil; 9.3-4% (quatro por cento) nas operações interestaduais com álcool anidro importado do exterior; % (dezessete por cento) nas operações internas que destine álcool anidro para outros fins. Base legal: Art. 15, inc. II, da Lei nº 7.014/96 (alíquota interestadual de 12%); Art. 16, inc. II, letra e, c/c o caput do art. 16-A (alíquota interna de 25% e adicional de 2%, para o fundo de pobreza) DISPENSA DE HABILITAÇÃO PARA OPERAR NO REGIME DE DIFERIMENTO É dispensada a habilitação para operar no regime de diferimento aos estabelecimentos de distribuidoras de combustíveis, adquirentes ou destinatários do AEAC. Base Legal: Art. 344, inc. VII, do RICMS/97. Art. 287, 1º, inc. V, letra b, do RICMS/ EXPORTAÇÃO DE AEAC É dispensado o pagamento do imposto diferido na operação de exportação de AEAC, cuja operação anterior tenha sido processada ao amparo do regime de diferimento. 11

121 Base legal: Art. 460, do RICMS/97; 12 - ENCERRAMENTO DO DIFERIMENTO AEAC NÃO DESTINADO À MISTURA COM A GASOLINA A saída isenta ou não tributada do AEAC, inclusive para a ZFM e para áreas de livre comércio: nesta hipótese a distribuidora de combustíveis deverá efetuar o pagamento do imposto diferido à unidade federada remetente do AEAC. Base legal: Art. 286, 9º, do RICMS/ MISTURA GASOLINA AUTOMOTIVA/ÁLCOOL ANIDRO A TABELA ABAIXO APRESENTA EM ORDEM CRONOLÓGICA, DESDE JULHO DE 2OO7 OS PERCENTUAIS DE MISTURA DO ETANOL ANIDRO NA GASOLINA. NORMAS PERCENTUAIS INTERVALO TEMPORAL Portaria do MAPA % Mistura Etanol/Gasolina Período de Vigência Portaria nº 143/ % 01/07/2007 a 31/01/2010 Portaria nº 7/ % 01/02/2010 a 01/05/2010 Portaria nº 7/ % 02/05/2010 a 30/09/2011 Portaria nº 678/ % 01/10/2010 a 30/04/2013 Portaria nº 105/ % 01/05/2013 até hoje *Fonte: MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). 12

122 13

123 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL HIDRATADO COMBUSTÍVEL NO ICMS DA BAHIA PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS). ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13) PRODUTO: ÁLCOOL ETÍLICO HIDRATADO COMBUSTÍVEL - AEHC (NCM ) O álcool etílico hidratado combustível (AEHC) é utilizado para a queima direta nos motores ciclo Otto, tendo as mesmas características do álcool anidro, diferindo deste por teor alcoólico especificado entre 92,6º e 93,8º INPM, ou seja, cada litro do produto contém entre 926 e 938 ml de álcool e 74 e 62 ml de água. O AEHC funciona com substituto da gasolina nos motores de combustão interna ciclo Otto. Com o desenvolvimento da tecnologia flex os veículos podem ser abastecidos com AEHC e gasolina C em qualquer proporção. O consumidor pode optar também em utilizar somente gasolina ou álcool. 1 SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA 1.1- RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS até 14/12/2012 a distribuidora de combustíveis, assim definida pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás, Combustíveis e Biocombustíveis) a partir de 15/12/2012 até hoje o remetente ou alienante da mercadoria (aquele que promover a 1ª operação no território ou para o território da Bahia Lei Estadual nº /12, que promoveu alteração na Lei nº 7.014/96). 14

124 1.2 - MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA s com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS) OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA OP. PERÍODO INTERNAS OPERAÇÕES INTERESTADUAIS ALÍQ. 7% ALIQ. 12% ALIQ 4% ORIGINADO DE IMPORTAÇÃO 01/01/09 a 31/12/10 31,69% 63,30% 54,53% - 01/01/11 a 15/02/13* 31,69% 51,21% 43,07% - 16/02/13 até hoje** 31,69% 51,21% 43,07% 56,08% * Ato Cotepe MVA modificador: 11/2010 **Ato Cotepe MVA modificador: 01/ PREÇOS MÉDIOS PONDERADOS A CONSUMIDOR PARA O AEHC (PMPF s) OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA PERÍODO VALOR DO PMPF ATO COTEPE MODIFICADOR 01/05/08 a 15/06/09 R$ 1,8000/litro 08/ /06/09 a 31/12/10 R$ 2,0000/litro 11/ /01/11 até hoje R$ 2,2500qlitro 24/ BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA A regra nº 1 da base de cálculo do ICMS-ST é a seguinte: utilização do preço máximo ou único de venda a consumidor fixado por autoridade competente. O PMPF se enquadra nesta categoria O PMPF para o AEHC passou a valer a partir de 16/08/04 (Ato Cotepe PMPF nº 31/2004) Com a alteração nº 140 ao RICMS/97 (via Dec. nº /10), efeitos a partir de 23/11/10, a BC-ST do AEHC poderia ser: o valor da operação + MVA ou o PMPF, o que fosse maior (art. 512-B, 1º-A, do RICMS/97) Essa regra foi reproduzida no RICMS/12, no art. 289, 9º (Dec. nº /12), e posteriormente revogada, pela alteração nº 09 (Dec. nº /12), efeitos a partir de 29/12/ Conclusões que podem ser tiradas das disposições acima transcritas (PERÍODO ) i) até 22/11/2010: a BC-ST para o AEHC era o PMPF; ii) entre 23/11/2010 e 28/12/2012: a BC-ST para o AEHC poderia ser o PMPF ou o valor da operação + MVA, o que fosse maior; iii) a partir de 29/12/2012: a BC-ST do AEHC passou a ser somente o PMPF. 15

125 1.5 - MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS-ST NAS OPERAÇÕES COM AEHC O imposto a ser recolhido pelo regime da ST, nas operações com etanol combustível hidratado, até 14/12/2012, deveria ser efetuado antes das saídas mercadorias, podendo o contribuinte, mediante autorização competente, recolher o ICMS-ST até o dia 15 do mês subseqüente ao das operações, sendo que: em operações promovidas por indústrias, mediante autorização do Diretor da DAT do domicílio fiscal, após parecer técnico da COPEC; em operações promovidas por distribuidoras de combustíveis, mediante autorização da COPEC A partir de 15/12/2012, a obrigação de retenção nas operações internas e interestaduais com álcool hidratado carburante, passou a ser de responsabilidade do estabelecimento remetente da mercadoria. Nas operações internas, o pagamento do ICMS- ST poderá ser feito até o dia 15 do mês subsequente ao da saída do AEHC, conforme disposto no art. 332, inc. XIII, alínea a, do RICMS/ Nas operações interestaduais, se o remetente for inscrito, o ICMS-ST deverá vir destacado no corpo da nota fiscal, situação em que o imposto deverá ser recolhido até o dia 10 do mês subsquente ao da operação (Cláusula Décima sexta, do Conv. ICMS 110/07, c/c o 6º, do art do RICMS/12) Nas operações interestaduais, se o remetente não for inscrito, a GNRE, com a quitação do recolhimento do imposto deverá acompanhar a nota fiscal que acobertar o trânsito do AEHC O distribuidor de combustíveis, até 15/12//2012, submetido a Regime Especial de Fiscalização e Pagamento do ICMS, era obrigado a efetuar o pagamento do ICMS-ST antes do início da operação com AEHC, hipótese em que o posto revendedor varejista assumia a condição de responsável solidário caso adquirisse AEHC com nota fiscal desacompanhada do respectivo documento de arrecadação, conforme disposição contida no art. 6º, inc. XVI, da Lei nº 7.014/96. A partir de 15/12/2012, a sistemática criada pelo Regime Especial de Fiscalização e a solidariedade decorrente foram derrogadas, em função da mudança da sujeição passiva por ST para o remetente da mercadoria. 2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA A base de cálculo da operação própria com AEHC, nos últimos cinco anos ( ) é a reproduzida na tabela abaixo: PERÍODO BASE DE CÁLCULO ATO NORMATIVO Até 30/03/12 Valor da operação ou pauta RICMS/97 art. 515-B fiscal, o que for maior De 01/04/12 a 14/12/12* Valor da operação RICMS/12 A partir de 15/12/12 até hoje Valor da operação ou pauta fiscal, o que for maior Lei nº /12 (acrescentou o inc. V-A, ao art. 19, da Lei nº 7.014/96). 16

126 *A regra prevista no RICMS/97, de prevalência do valor da operação ou da pauta fiscal, o que fosse maior, não foi reproduzida no RICMS/12. Somente com a Lei nº /12, foi re-introduzida na legislação essa possibilidade quanto à BC das operações normais com AEHC Na tabela abaixo se encontra discriminada a evolução da pauta fiscal para o AEHC PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO De 29/06/07 a 30/11/10 R$ 1,00/litro Instr. Normativa nº 34/ /12/10 até hoje R$ 1,50/litro Instr. Normativa nº 56/ MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS DA OPERAÇÃO PRÓPRIA AECH Até 14/12/2012, o recolhimento do ICMS próprio, nas saídas internas e interestaduais de AEHC, deveria ser efetuado por ocasião da saída da mercadoria, devendo ser observado: o DAE devidamente quitado deveria acompanhar a mercadoria na respectiva circulação; o nº de autenticação bancária do DAE deveria ser indicado no campo informações adicionais da nota fiscal de saída e o nº desta no campo informações complementares do respectivo DAE; A obrigação de pagamento antecipado do ICMS próprio não era aplicável às distribuidoras de combustíveis, como tais definidas pela ANP, desde que autorizadas pela COPEC A partir de 15/12/2012, a operação própria promovida pelo estabelecimento remetente do álcool combustível hidratado continuou a ser exigido de forma antecipada, antes da circulação da mercadoria (art. 332, inc. V, letras i e j, do RICMS/12) Depois da alteração nº 10, ao RICMS/12, promovida pelo Dec , de 31/01/013, efeitos a partir de 01/02/2013, o recolhimento do imposto da operação própria com AEHC, poderá ser efetuado no dia 9 do mês subseqüente, desde que o contribuinte seja autorizado pela repartição fiscal a que estiver vinculado. 3 ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO ICMS PARA O AEHC 3.1 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Exigência de antecipação parcial para o AEHC, nas operações originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04, de forma antecipada, de responsabilidade do remetente pagamento antes da saída da mercadoria, via GNRE; Exigência de antecipação parcial para o AEHC, por solidariedade, nas operações originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04 quando o remetente não efetuar o pagamento antecipado do imposto, atribuindo-se responsabilidade ao adquirente para pagar o ICMS antes da entrada da mercadoria no território baiano; 17

127 3.1.3 Exigência de antecipação parcial para o AEHC, nas operações originárias de Estado não signatário do Protocolo ICMS 17/04, de responsabilidade do adquirente antes da entrada da mercadoria no território baiano Após a publicação da Lei nº /12, efeitos a partir de 15/12/2012, a antecipação parcial para o AEHC deixou d existir, pois esta norma atribuiu responsabilidade por substituição tributária (ST), ao remetente da mercadoria (aquele que promovesse a primeira operação no território ou para o território da Bahia). Com isso o Protocolo ICMS 17/04 se encontra parcialmente revogado, nas disposições atinentes ao AEHC Tabela Antecipação Parcial do AEHC (período 2009 a 2012) PERÍODO RESPONSÁLVEL TRIBUTÁRIO ATO NORMATIVO Até 14/12/2012 REMETENTE Protocolo ICMS 17/2004 Até 14/12/2012 Até 14/12/2012 A partir de 15/12/2012 ADQUIRENTE (estabelecimento comercial ou industrial) nas remessas de Estado signatário do Protoc. ICMS 17/04, quando o remetente não efetuar o pagamento antecipado do imposto ADQUIRENTE (estabelecimento industrial ou comercial) nas remessas de Estado não signatário do Protoc. ICMS 17/04 Inexigibilidade da antecipação parcial nas operações com AEHC Art. 515-D, do RICMS/97 Art. 296, caput, do RICMS/12 Art. 515-S, do RICMS/97 Art. 296, caput, do RICMS/12 Lei nº / BASE DE CÁLCULO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL As especificadas no item 2 deste módulo, acima. 3.3 MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO AEHC (EFEITOS ATÉ 15/12/2012) Nas operações originárias de unidade federada signatária do Protocolo ICMS 17/04: antes da saída da mercadoria, devendo a GNRE, com a quitação do imposto, de responsabilidade do remetente, acompanhar a nota fiscal; Nas operações originárias de unidade federada signatária do Protocolo ICMS 17/04, quando o remetente não efetuar o pagamento antecipado do imposto: antes da entrada do AEHC no Estado da Bahia, sendo a obrigação de responsabilidade do adquirente, por solidariedade. 18

128 3.3.3 Nas operações originárias de unidade federada não signatária do Protocolo ICMS 17/04: antes da entrada do AEHC no Estado da Bahia, de responsabilidade do contribuinte adquirente. 4 ALÍQUOTAS 4.1 Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de importação do exterior, com o adicional de 2% (dois por cento) para o Fundo Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza. Alíquota interna efetiva: 19% (dezenove por cento) Alíquota de 12% (doze por cento) nas remessas para fora do Estado, com origem no território da Bahia; 4.3 Alíquota de 7% (sete por cento), nas operações originárias do Sul e Sudeste, exceto ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia; 4.4 Alíquota de 12% (doze por cento), nas operações originárias do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, inclusive ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia Alíquota de 4% nas remessas interestaduais de etanol hidratado quando o produto tiver origem em operação de importação. Fonte Normativa: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de

129 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL (ETANOL) DESTINADO A OUTROS FINS NO ICMS DA BAHIA PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS). ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13) PRODUTO: ÁLCOOL (ETANOL) PARA OUTROS FINS, TRANSPORTADO A GRANEL (USO NÃO AUTOMOTIVO) - (NCM ) 1 SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA O etanol transportado a granel, para outros fins (uso não automotivo), se encontra no regime de substituição/antecipação tributária, com o encerramento das fases subsequentes de tributação, tão somente nas operações internas RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS A responsabilidade pelo recolhimento do imposto, nas operações internas, é do estabelecimento remetente que promover a primeira operação no território da Bahia No caso de aquisição em outra unidade federada, cabe a antecipação tributária total, na entrada, com a dedução, a título de crédito, do ICMS incidente na origem e do ICMS pago a título de antecipação parcial pelo responsável; No caso de importação a responsabilidade é do contribuinte importador Não há a obrigatoriedade de se fazer a retenção por ST/antecipação total se o etanol de uso não automotivo for destinado a indústria para fins de utilização como matériaprima o Pagamento do ICMS-ST deve ser efetuado antes da saída da mercadoria ou da entrada do álcool proveniente de outra unidade federada no território baiano, salvo estabelecimentos de distribuidoras, autorizados pela COPEC, conforme tabela abaixo: 20

130 PRAZO DE RECOLHIMENTO DO ICMS-ST PARA CONTRIBUINTES CREDENCIADOS PRAZO FONTE NORMATIVA DISPOSITIVO Dia 15 do mês subsequente RICMS/97 até 31/03/12 Art. 126, inc. IV Dia 09 do mês subsequente RICMS/12 até hoje Art. 332, 5º BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA A base de cálculo da ST nas operações com álcool (etanol), transportado a granel, para outros fins (uso não automotivo), nos últimos 5 anos (2009 a 2013), é a pauta fiscal ou o valor da operação + MVA (fixada em ATO COTEPE), prevalecendo o que for maior, conforme tabelas abaixo (Art. 61, inc. X, do RICMS/97): TABELA: PAUTA FISCAL OPERAÇÕES SUJEITAS À SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA ÁLCOOL PARA OUTROS FINS, VENDIDO A GRANEL (USO NÃO AUTOMOTIVO) PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO 11/06/08 a 09/06/09 R$ 1,80/litro Instr. Normativa nº 20/ /06/09 a 27/02/13 R$ 2,00/litro Instr. Normativa nº 56/ /02/2013 até hoje R$ 2,25/litro Instr. Normativa nº 09/ Com a entrada em vigor do RICMS/12 (efeitos a partir de 1º/04/12), a base de cálculo do ICMS-ST para o etanol para outros fins, transportado a granel (uso não automotivo), passou a ser somente a pauta fiscal (art. 289, 11, inc. III, do RICMS/12 APLICAÇÃO TÃO SOMENTE DA TABELA: PAUTA FISCAL OPERAÇÕES SUJEITAS À SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA ÁLCOOL PARA OUTROS FINS, VENDIDO A GRANEL - USO NÃO AUTOMOTIVO ). 2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA A base de cálculo da operação própria com álcool (etanol), transportado a granel, para outros fins (uso não automotivo), nos últimos cinco anos ( ) é o valor da operação ou a pauta fiscal, prevalecendo o que for maior Tabela com a evolução da pauta fiscal, nas operações internas, reproduzida abaixo: PAUTA FISCAL OPERAÇÕES PRÓPRIAS E ANTECIPAÇÃO PARCIAL ÁLCOOL PARA OUTROS FINS, VENDIDO A GRANEL (USO NÃO AUTOMOTIVO) PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO 29/06/07 a 30/11/10 R$ 1,00/litro Instr. Normativa nº 34/ /02/10 até hoje R$ 1,50/litro Instr. Normativa nº 56/

131 3 ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO ICMS PARA O ETANOL, TRANSPORTADO A GRANEL, PARA OUTROS FINS (USO NÃO AUTOMOTIVO) 3.1 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, nas operações originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04, de responsabilidade do remetente pagamento antes da saída da mercadoria, via GNRE; Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, por solidariedade, nas operações originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04 quando o remetente não efetuar o pagamento antecipado do imposto: responsabilidade do adquirente, antes da entrada da mercadoria no território baiano; Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, nas operações originárias de Estado não signatário do Protocolo ICMS 17/04, de responsabilidade do adquirente antes da entrada da mercadoria no território baiano. 3.2 BASE DE CÁLCULO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL As especificadas no item 2 deste estudo. 4 ALÍQUOTAS 4.1 ALÍQUOTA INTERNA: alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de importação do exterior. Alíquota interna efetiva: 17% (dezessete por cento). 4.2 ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS: Alíquota de 12% (doze por cento) nas remessas para fora do Estado, com origem no território da Bahia; Alíquota de 7% (sete por cento), nas operações originárias do Sul e Sudeste, exceto ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia; Alíquota de 12% (doze por cento), nas operações originárias do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, inclusive ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia Alíquota de 4% nas remessas interestaduais de etanol para outros fins quando o produto tiver origem em operação de importação. Fonte Normativa: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de

132 BIBIOGRAFIA CONSULTADA E SITE VISITADOS PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS: Abordagem econômica, politica e científica em um texto avançado para conhecer, decidir e pesquisar sobre biocombustíveis / Luiz Vicente Gentil Brasília: SENAC DF,

133 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: 2009 a 2013 (últimos 05 anos) PARTE I OLEO DIESEL NCM/SH Figura 1 amostra de óleo diesel 1 - INTRODUÇÃO O óleo diesel é um combustível de origem fóssil, derivado de petróleo, constituído por hidrocarbonetos de 10 a 25 átomos de carbono com faixa de destilação situada entre 150 ºC e 400 ºC, que apresenta um conjunto de propriedades que permite a sua adequada utilização, majoritariamente, em veículos movidos por motores que funcionam segundo o ciclo Diesel. O diesel, assim como a gasolina, é na verdade uma mistura (pool) de centenas de compostos químicos. Recebeu este nome em homenagem ao engenheiro alemão Rudolf Diesel que inventou um meio mecânico para explorar a reação química originada da mistura de óleo e de oxigênio presente no ar. Esse combustível destaca-se como o mais usado no país, principalmente no setor rodoviário, em função da matriz de transporte brasileira. O óleo diesel comercializado no Brasil recebe a adição de biodiesel por força de lei federal, em porcentagem definida e regulamentada pela ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. 2 - CONSTITUIÇÃO Os hidrocarbonetos parafínicos são os constituintes do óleo diesel que apresentam as melhores características de combustão, e inversamente, os aromáticos são os hidrocarbonetos menos desejáveis, por apresentarem baixa qualidade de ignição no motor diesel. Os hidrocarbonetos naftênicos estão presentes no óleo diesel em quantidades importantes, não trazendo, entretanto impactos positivos ou negativos no que diz respeito à qualidade. As proporções destas diferentes classes de hidrocarbonetos no diesel é que definirá a sua qualidade. 1

134 A composição média e máxima em volume (% vol) de hidrocarbonetos presentes no óleo diesel obtido por destilação direta é a seguinte: a) Parafínicos: entre 30% a 62% em volume; b) Naftênicos: entre 45% a 71% em volume; c) Aromáticos: entre 20% a 45% em volume. Além dos hidrocarbonetos, pode ocorrer no óleo diesel a presença de compostos de enxofre, de nitrogênio e de oxigênio. Os compostos de enxofre causam corrosão e contribuem para o aumento da emissão de gases poluentes, prejudiciais ao meioambiente e à saúde humana. Os compostos de nitrogênio provocam instabilidade no combustível e também são responsáveis pela emissão de poluentes (óxidos de nitrogênio Nox). Os compostos de oxigênio conferem acidez e corrosividade ao produto. Normalmente o diesel é um combustível mais pesado que a gasolina: a cadeia carbônica do diesel apresenta de 10 a 25 átomos; já a cadeia carbônica da gasolina, varia de 4 a 12 átomos. 3 - UTILIZAÇÃO O óleo diesel é utilizado principalmente em motores automotivos de combustão interna por compressão. Pode ainda ser utilizado como combustível para máquinas agrícolas, ferroviárias, marítimas e para aquecimento doméstico. O motor Ciclo Diesel foi inventado pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel, em 1892, e é considerado uma das máquinas mais versáteis quanto ao uso de combustíveis. A máquina diesel é bastante flexível quanto ao tipo de combustível utilizado, podendo ela operar com uma ampla faixa de produtos, desde o gás natural até os óleos pesados, com as devidas adaptações. Atualmente outros combustíveis não derivados de petróleo podem ser utilizados nos motores diesel, tais como os biocombustíveis, que foram os primeiros combustíveis a serem usados por Rudolf Diesel, quando inventou esta máquina. O óleo diesel, de acordo com sua aplicação, é comercializado como: Rodoviário; Marítimo; A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autoriza a utilização do óleo diesel para outras aplicações, denominado off road, e prevê sua futura regulamentação. Assim dispõe a Resolução ANP nº 42, no art. 16: "Art. 16. O uso de óleo diesel para fins ferroviários, agropecuários, industrial e geração de energia elétrica está autorizado até que se estabeleça especificação para uso não rodoviário (off road)." 2

135 3.1 - ÓLEO DIESEL RODOVIÁRIO Figura 2: veículo abastecido com óleo diesel O óleo diesel rodoviário é classificado como do tipo A (sem adição de biodiesel) ou do tipo B (com adição de biodiesel). A Resolução da ANP nº 42, no art. 3º, apresenta a seguinte nomenclatura para o óleo diesel rodoviário: "Art. 3º Fica estabelecido, para feitos desta Resolução, que os óleos diesel A e B deverão apresentar as seguintes nomenclaturas, conforme o teor máximo de enxofre: a) Óleo diesel A S50 e B S50: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 50 mg/kg. b) Óleo diesel A S500 e B S500: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 500 mg/kg. c) Óleo diesel A S1800 e B S1800: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 1800 mg/kg." TIPOS DE ÓLEO DIESEL AUTOMOTIVO Figura 3 Diesel S-50 Em função de diferentes exigências regionais relativas ao meio ambiente e para atender aos requisitos dos diversos motores, existem atualmente no Brasil, os seguintes tipos de óleo diesel: Comum: atende às especificações da ANP, que abrange três tipos de produtos, diferenciados pelo teor de enxofre, densidade, faixa final de destilação e número de cetano, características que influem nas emissões atmosféricas. Esses produtos são, pelas especificações vigentes em O S50, o S500 e o S1800, cujos teores máximos de enxofre são, respectivamente, de 50 mg/kg, 500 mg/kg e 1800 kg/kg. A utilização de cada um deles depende da localidade de consumo (interior e metropolitano) e da tecnologia do motor. Aditivado: qualquer dos produtos anteriores com a adição de um pacote de aditivos; Óleo diesel Podium r : produto exclusivo da Petrobras Distribuidora com elevado número de cetano e formulação específica de aditivos; Óleo diesel padrão: utilizado por montadoras, fabricantes de motores e pelos órgãos responsáveis por sua instalação, em ensaios de avaliação de consumo e de emissões de poluentes para motores Diesel. Nas distribuidoras, o óleo diesel pode receber aditivos tais como: a) biocidas: usado a fim de reduzir o crescimento de microrganismos; b) antiespumante: usado com o fim de reduzir a formação de espuma quando do reabastecimento do veículo, proporciona maior rapidez no enchimento do tanque; 3

136 c) melhorador do número de cetano: Substâncias do tipo alquilnitratos são usadas com o fim de melhorar o número de cetano, o que facilita a autoignição. d) Melhorador de lubricidade: forma uma película protetora que reduz o contato entre as superfícies metálicas do motor a diesel; e) Melhorador de escoamento a frio: interagem com os cristais de parafinas formados no óleo diesel, em baixas temperaturas, reduzindo os efeitos de obstrução e de restrição do fluxo ÓLEO DIESEL MARÍTIMO Também ocorrem subdivisões no caso do óleo diesel marítimo de forma a se dispor da qualidade requerida pelo usuário. São encontrados os seguintes tipos, comercializados no país ou destinados à exportação. Todos os tipos de diesel utilizados em embarcações devem conservar como especificação um alto ponto de fulgor (no mínimo 60 C), a fim de prevenir explosões nos porões das embarcações. Ponto de fulgor: a temperatura mais baixa (inicial) na qual um derivado de petróleo gerará vapor suficiente de forma que a mistura ar-vapor acima da superficie do liquido propagará uma chama a partir de fonte de ignição. Óleo Diesel Marítimo comercial - Destinado a motores diesel é utilizado em embarcações marítimas. Difere do óleo diesel automotivo comercial principalmente pela necessidade de se especificar a característica de ponto de fulgor relacionada a maior segurança deste produto em embarcações marítimas Óleo Diesel Especial para a Marinha / Ártico: São produzidos para atender necessidades militares, e apresentam maior rigidez quanto às características de ignição, de volatilidade, de escoamento a baixas temperaturas e de teor de enxofre. Sendo, portanto, vantajoso em condições adversas na utilização em embarcações militares, ou outras, nas baixas temperaturas da Antartida. No Brasil, em torno de 73% do óleo diesel produzido é destinado ao transporte rodoviário. O setor agropecuário consome cerca de 17% da produção. Algo em torno de 3% é alocado para a produção de eletricidade. Os setores da indústria e de transporte ferroviário absorvem cada um, 2% da produção. A demanda brasileira de óleo diesel é cerca de 35% do petróleo processado, podendo alcançar 45% nos meses de pico de consumo, que correspondem à colheita da safra agrícola. Segundo dados do SINDICOM (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), e da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o volume de vendas de óleo diesel no Brasil, entre 2008 e 2012, nos postos revendedores (em bilhões de litros), é o da tabela abaixo: ,2 25,2 27,7 29,4 31,7 4

137 4 - MUDANÇA DE PADRÃO DO ÓLEO DIESEL UTILIZADO NO BRASIL Em outubro de 2009 foi publicada a Resolução 6, de 16 de setembro de 2009, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabelecendo o mínimo de 5% de adição de biodiesel ao óleo diesel mineral comercializado ao consumidor final. O B5, que estava previsto em lei para começar a vigorar em 2013, passou a ser obrigatório em todo o território brasileiro a partir de 1º de janeiro de 2010 (esse assunto será tratado com maiores detalhes neste Manual na parte relativa ao Biodiesel 2ª parte). Através do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE), criado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), foi estabelecido níveis de emissões veiculares mais baixos a serem atingidos na homologação de veículos automotores, movidos a diesel. Esses veículos requerem uma tecnologia mais sofisticada nos motores e necessitam do uso do Arla 32 no sistema catalítico relacionado a emissão de gases de escapamento. Essas inovações, para o correto funcionamento, implicam que os veículos sejam abastecidos com óleo diesel com baixo teor de enxofre (Diesel S-10). O Diesel S-10 passou a estar disponível no mercado, a partir de 1º/01/2013, para uso em veículos leves e pesados, fabricados a partir de 2012, com as novas tecnologias, a exemplo do uso do Arla 32 no sistema de gases de escapamento. Os veículos com data de fabricação anterior a 2012 poderão também ser abastecidos com o Diesel S-10. O Diesel S-10 é o óleo com o teor de enxofre máximo de 10 mg/kg (ou partes por milhão, ppm). Tem o número de cetano de 48, contra 42 do diesel S-500/1800 e 46 do Diesel S-50. O número de cetano mede a qualidade de ignição do combustível quanto maior o número de cetanos maior a qualidade do diesel para fins de combustão. O Arla 32 é abreviação de Agente Redutor Líquido de Óxidos de Nitrogênio (Nox) Automotivo. O nº 32 refere-se ao nível de concretação da solução (32,5%), em água desmineralizada (solução aquosa de uréia). Atua nos sistemas de exaustão com agente redudor das emissões de óxidos de nitrogênio (Nox). É uma solução não inflamável, não tóxica e não explosiva. Não é nocivo ao meio ambiente e está classificado na categoria de fluidos transportáveis de baixo risco. A Petrobras Distribuidora comercializa esse produto na sua rede de postos com a marca Flua Petrobras. O Arla 32 reage com os óxidos de nitrogênio (Nox), transformando-os em vapor d água e nitrogênio (gás). É um agente redutor de até 98% de emissões de Nox (óxidos de nitrogênio). A partir de 1º janeiro de 2014, o óleo diesel de teor de enxofre 1800mg/kg (S1800) será integralmente substituído pelo de 500mg/kg (S500); A partir de 1º janeiro de 2016, o óleo diesel de teor de enxofre 500mg/kg (S500) será integralmente substituído pelo de 50mg/kg (S50). 5

138 5 - PRODUÇÃO A produção de óleo diesel, no Brasil e no mundo, é baseada principalmente no processo de destilação, a partir de cortes de gasóleos atmosféricos, leve e pesado, seguido de hidrodessulfurização (processo que reduz os teores de enxofre no diesel). Figura 4: No esquema representado acima, o óleo diesel é uma fração retirada da destilação do petróleo cru, situado na faixa entre 150 ºC a 360 ºC. É o processo básico de uma refinaria de petróleo para a produção de combustíveis e demais derivados A partir do refino do petróleo obtém-se, pelo processo inicial de destilação atmosférica, entre outras, as frações denominadas de óleo diesel leve e óleo diesel pesado, básicas para a produção de óleo diesel. A elas podem ser agregadas outras frações como a nafta, o querosene e o gasóleo leve de vácuo, resultando no produto conhecido como óleo diesel. A incorporação dessas frações e de outras obtidas por outros processos de refino, a exemplo das citadas no subitem 5.2 (abaixo), dependerá da demanda global de derivados de petróleo no mercado consumidor A produção de óleo diesel é complementada por frações (cargas) de outros processos, como: a) Coqueamento Retardado: a partir, por exemplo, da carga (ou resíduo) originária da destilação a vácuo (destilação a baixa pressão), as moléculas de cadeia aberta de carbono, submetidas a condições severas de operação, são craqueadas e as moléculas aromáticas polinucleadas, resinas e asfaltenos são coqueadas, produzindo-se gases, nafta, diesel, gasóleo e, principalmente, coque de petróleo (material componente dos eletrodos na indústria de produção de alumínio e na metalurgia em geral). A crise do petróleo tornou o coqueamento um processo importante, pois, nele, frações depreciadas (resíduos 6

139 do processo de destilação), são transformadas em outras de maior valor comercial, como GLP, nafta, diesel e gasóleo. b) Craqueamento Catalítico (FCC FLUID CATALYTIC CRACKING): processo químico de transformação de frações de petróleo pesadas em outras mais leves, através da quebra (cracking, em inglês) das moléculas dos constituintes com a utilização de catalisadores. Os constituintes das frações mais pesadas, quando submetidas a condições bastantes severas de pressão e temperatura, na presença do catalisador, é decomposto em várias frações mais leves, produzindo gás combustível, GLP, gasolina (nafta), gasóleo leve (óleo leve ou diesel de craqueamento) e gasóleo pesado de craqueamento (óleo decantado ou óleo combustível). Outros processos podem ser utilizados para a produção de óleo diesel, a exemplo do hidrocraqueamento brando, que permite a produção de grandes volumes de óleo diesel sem gerar grandes quantidades de gasolina, a partir de uma carga de gasóleo convencional. 7

140 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÓLEO DIESEL NO ICMS DA BAHIA PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS) ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº /13) Introdução: O regime de tributação do óleo diesel, no ICMS, apresenta alguns aspectos que são comuns a todos os combustíveis derivados de petróleo (ex. tributação de toda a cadeia de circulação concentrada no estabelecimento refinador; não incidências nas saídas interestaduais etc.). Todavia, há regras aplicáveis ao diesel, no sistema de normas do ICMS, que são bem específicas em razão deste produto representar um dos insumos mais importantes do segmento de transporte rodoviário de cargas e passageiros (ex. Reduções de base de cálculo, isenções para a atividade pesqueira etc). A seguir passaremos a detalhar as principais regras incidentes nas operações com óleo diesel e as respectivas fontes normativas. 1. Da incidência 1.1 Nas saídas de óleo diesel nas operações internas promovidas por estabelecimento industrial refinador de combustíveis. Base Legal: art. 1º, 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei do ICMS: art. 1º, inc. I (Lei nº 7.014/96) Na entrada, no território do Estado, de óleo diesel originário de outra unidade da Federação, quando não destinado a comercialização ou industrialização. Base Legal: art. 1º, 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96). 1.3 Nas operações de importação de óleo diesel e nas hipóteses de arrematação ou aquisição em licitação pública em caso de apreensão e abandono do produto. 8

141 Base legal: art. 1º, 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. V (Lei nº 7.014/96). 2 Do momento da ocorrência do fato gerador Por ocasião da saída do óleo diesel do estabelecimento industrial refinador de combustíveis. Base Legal: art. 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. I (Lei nº 7.014/96) Por ocasião da entrada do óleo diesel originário de outro Estado, não destinado a comercialização ou industrialização (tributação no destino). Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96). 2.3 Por ocasião do desembaraço aduaneiro na hipótese de importação de óleo diesel do exterior. Base Legal: art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. XI (Lei nº 7.014/96). 2.4 Por ocasião da arrematação ou aquisição em licitação pública de óleo diesel apreendido ou abandonado Base Legal: art. 2º, inc. XII, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. X (Lei nº 7.014/96). 3 Da não incidência Não incide ICMS nas saídas por exportação, direta ou indireta, de óleo diesel. Base legal: art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96). Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: art. 155, 2º, inc. X, letra a 1. 1 Art Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; 9

142 3.2 - Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de óleo diesel destinada a abastecer embarcações e aeronaves de bandeira estrangeira, aportadas no país. Base legal: Conv. ICM 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv. ICMS 124/ Não incide ICMS nas operações de saídas interestaduais de óleo diesel (combustível líquido derivado de petróleo). Base legal: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96). Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais com combustíveis líquidos e gasosos, derivados de petróleo têm por fonte originária também as disposições da Constituição Federal: art. 155, 2º, inc. X, letra b. 2 Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de óleo diesel é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada para unidade federada de destino onde se verificará a comercialização e consumo subseqüente do produto. Objetiva a norma em questão excluir a incidência do ICMS das operações na unidade federada de origem da gasolina. O legislador prestigiou a arrecadação do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do(s) Estado(s) produtor(es), dado ser grande o número de unidades federadas consumidoras e poucas as unidades onde se localiza a produção. 4 Da substituição tributária (sujeito passivo na ST) 4.1 Operações internas A responsabilidade pelo recolhimento do imposto por substituição tributária do óleo diesel, nas operações internas, desde a produção até o consumo, é do estabelecimento industrial refinador. O industrial refinador é aquele que opera o processamento e o refino do petróleo com vistas à obtenção dos componentes que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como, combustíveis, a exemplo do óleo diesel. O óleo diesel é produzido através da formulação de diversas correntes de hidrocarbonetos. As correntes de hidrocarbonetos são líquidos derivados de petróleo e derivados de gás natural, utilizados em mistura mecânica, para a produção de combustíveis e demais derivados, de conformidade com as normas estabelecidas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo). O enquadramento do óleo diesel no regime de ST, nas operações internas, decorre de disposições, combinadas, da lei estadual do imposto e do RICMS. 2 Art Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá: b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; 10

143 Base legal (sujeição passiva por ST nas operações internas): art. 512-A, inc. I,letra a, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 8º, inc. IV, letra a (Lei nº 7.014/96). Base legal (enquadramento do produto no regime da ST nas operações internas): art. 8º, inc. II e do Anexo I, item 29, da Lei nº 7.014/96. Art. 512-A, inc. I, letra a, item 2 e Anexo 88, item..., do RICMS/97. Art. 289 (caput) e Anexo I, item..., do RICMS/ Operações interestaduais A adoção do regime de substituição tributária em operações interestaduais depende de acordos específicos celebrados entre os Estados interessados. Assim dispõe o art. 9º, caput, da Lei Complementar 87/96 e o art. 10, caput, da Lei do ICMS do Estado da Bahia (Lei nº 7.014/96). Em relação ao óleo diesel a ST interestadual é regrada pelas disposições do Convênio ICMS 110/07. O citado Convênio estabelece, em sua cláusula primeira, que os Estados e o DF, quando destinatários, ficam autorizados a atribuir ao remetente de combustíveis, derivados ou não de petróleo, a condição de sujeito passivo por substituição. Sendo Convênio ICMS 110/07, de natureza autorizativa, coube à legislação de cada unidade federada definir o contribuinte que integrará o pólo passivo da ST. Para o óleo diesel, o substituto tributário de toda a cadeia de circulação da mercadoria, da produção até o consumo, no Estado da Bahia, é o industrial refinador. O óleo diesel originário de outro Estado da Federação com destino à Bahia deverá ter o ICMS retido ou recolhido pelo estabelecimento refinador ou uma de suas bases localizadas na unidade federada remetente. Nesta hipótese, não haverá tributação sobre a operação com óleo diesel no Estado de origem e o recolhimento será efetuado integralmente para o Estado da Bahia. De forma diversa, nas operações de remessa de óleo diesel originárias na Bahia para outra unidade da Federação, não haverá incidência neste Estado e o imposto será integralmente recolhido (repassado), para o Estado de destino, atribuída a responsabilidade da obrigação tributária ao industrial refinador ou suas bases. As operações interestaduais de comercialização de óleo diesel são realizadas pelas distribuidoras de combustíveis, assim definidas pela ANP, que recebem o produto da refinaria ou se duas bases, na operação anterior de aquisição, com o ICMS já retido por ST. Neste caso as distribuidoras informam à refinaria ou uma de suas bases, via SCANC (Sistema de Captação e Auditoria dos Anexos de Combustíveis) para que esta processe o repasse do imposto ao Estado de destino do produto. Caso o valor do imposto retido na origem seja inferior ao que deverá ser repassado à unidade federada de destino, caberá à distribuidora fazer a complementação do ICMS, correspondente à diferença entre o valor repassado pela refinaria e o devido à UF de destino, através de recolhimento via GNRE, até o dia 10 do mês subsequente à apuração (Cláusula décima sexta do Conv. ICMS 110/07). 11

144 Caso o valor do imposto retido na origem seja superior ao que deverá ser repassado à unidade federada de destino, terá a distribuidora o direito ao ressarcimento do ICMS, correspondente à diferença entre o valor repassado pela refinaria e o que foi recolhido para o Estado da Bahia. Base legal (sujeição passiva por ST nas operações interestaduais): art. 512-A, inc. III, letra a, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 10, caput e correspondente 2º (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira do Conv. ICMS 110/07. Observação importante: Em razão da mistura (óleo diesel + biodiesel = Diesel B5), o ICMS do biodiesel é apurado e recolhido, de forma englobada com o ICMS-ST da operação com óleo diesel. O detalhamento desta apuração será melhor explicado no subitem nº 10.2 abaixo, que trata da base de cálculo da ST do óleo diesel. 5 Do diferimento Diferimento, até 15/11/2013, nas sucessivas saídas de óleo diesel destinado à produção de energia elétrica por usinas termoelétricas. Encerramento do diferimento quando da saída da energia elétrica gerada, do estabelecimento gerador ou da concessionária ou permissionária de serviços públicos de distribuição para consumidor final. Base legal: Art. 343, inc. LIX c/c o 6º, do RICMS/97. Art. 286, inc. XXXII, c/c 13, inc. V e 17, do RICMS/12. Observação importante 1: o diferimento para óleo diesel destinado à produção de energia elétrica nas Termoelétricas alcançava desde a saída promovida pela refinaria, sendo que: a) a distribuidora deveria ser credenciada pela COPEC; b) emissão de NF demonstrando que a operação não foi onerada com ICMS; c) cada distribuidora deveria enviar à refinaria uma relação mensal com as notas fiscais das operações com ICMS diferido, com indicação das quantidades e destinatários; d) a refinaria, de posse dos dados acima, deveria fornecer à distribuidora a mesma quantidade de óleo diesel, indicando no corpo da NF: mercadoria destinada a termoelétrica nos termos( dispositivo do RICMS). Observação importante 2: este diferimento, em relação ao óleo diesel, foi revogado pela alteração nº 19, ao RICMS/12 (dec. nº /13, com efeitos a partir 15/11/13). 6 Da isenção 6.1 Operações de saídas de distribuidoras de combustíveis, como tal definida pela ANP, desde que previamente credenciadas pela SEFAZ-Ba, no fornecimento de óleo diesel a ser consumido por embarcações pesqueiras nacionais que estejam registradas no órgão controlador ou responsável pelo setor. Base legal: Convênio ICMS 58/96 e Protocolo 08/96. Decreto Estadual nº /2008 (a partir de 28/05/2008). RICMS/97: art. 21, inc. IV até 27/05/

145 6.2 Operações de saídas de óleo diesel (combustível) para abastecimento de embarcações nacionais com destino ao exterior. Base legal: Convênio ICMS 84/90 (prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv. ICMS 151/94). Art. 21, inc. I, do RICMS/97. Art. 265, inc. XX, do RICMS/12. 7 Da importação As operações de importação de óleo diesel são tributadas pelo ICMS devendo o imposto ser recolhido por ocasião do desembaraço aduaneiro da mercadoria. Obs.: a PETROBRAS possui regime especial para recolher o ICMS-importação de combustíveis por ocasião do desembaraço aduaneiro Base legal: art. 1º 2º, inc. V e art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 2º, inc. V e art. 4º, inc. IX (Lei nº 7.014/96). 8 Da exportação Não incide ICMS na operação que destine óleo diesel para o exterior. Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96). 9 Da redução de base de cálculo 9.1 Redação com efeitos a partir de 1º/01/13 - É reduzida a base de cálculo do ICMS nas operações internas com óleo diesel de forma que a carga tributária incidente corresponda a 17%. (efeitos a partir de 1º/01/13 Dec. Estadual nº , DOE, de 15 e 16/12/2012 alteração nº 7 do RICMS/12). Base legal: art. 268, inc. XXIII, do RICMS/12. Exceção à regra da redução da base de cálculo, com carga tributária de 17%: I) as operações internas de óleo diesel efetuadas por distribuidoras ou TRR (transportador revendedor retalhista), destinadas a empresas de serviço de transporte urbano ou metropolitano, para abastecimento de seus veículos, a base de cálculo poderá ser reduzida de forma que a carga tributária incidente corresponda a 15%. II) Condições para a fruição do benefício pelas empresas de transporte urbano e metropolitano: a) celebração de termo de acordo; b) fixação de cota para a redução da carga tributária em função da média de consumo Base legal - 7º, do art. 268, do RICMS/12. 13

146 9.2 - Redação anterior do RICMS, vigente entre 20/09/2003 e 31/12/2013: É reduzida a base de cálculo do ICMS nas operações internas com óleo diesel em 40%, de forma que a carga tributária incidente corresponda a 15%. Base legal: Art. 87, inc. XIX, do RICMS/97. Art. 268, inc. XXIII, do RICMS/ Da base de cálculo OPERAÇOES PRÓPRIAS Entrada de óleo diesel de outro Estado (para consumo final): Nesta situação, a tributação é integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo incidência de ICMS no Estado de origem do óleo diesel. A operação rege-se pelas regras da ST e a base de cálculo é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo da operação, sem adição de MVA. A responsabilidade pelo recolhimento do imposto é deslocada para o remetente do produto, ainda que localizado em outra unidade da Federação, nos termos da cláusula primeira e 1º, inc. IV, do Conv. ICMS 110/07. Observação importante: se a operação interestadual de óleo diesel para consumo final for realizada por distribuidor de combustíveis, este deverá informar, via o SCANC, para que o imposto seja repassado ao Estado de destino do produto, seguido a sistemática prevista no Capítulo V, do Conv. ICMS 110/07, que trata dos procedimentos da refinaria de petróleo ou suas bases. Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira e 1º, inc. IV, do Conv. ICMS 110/ Base de cálculo da operação própria na importação de óleo diesel do exterior: O valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS, acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes + despesas aduaneiras + demais tributos incidentes). Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra b. Observação importante: por ser o óleo diesel produto enquadrado na ST, a operação de importação se sujeita também ao pagamento antecipado do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro. O assunto será tratado quando da análise da base de cálculo da ST (item 9.2.3) 14

147 Base de cálculo - saídas de óleo diesel nas operações internas para fins de comercialização Trata-se das operações próprias promovidas pelo industrial refinador. A base de cálculo da operação própria é o valor da mesma (preço de partida estabelecido pela Refinaria). Base legal: art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 17, inc. I (Lei nº 7.014/96) BASE DE CÁLCULO SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA aplicável às operações que destinem o produto para comercialização Operações internas O valor da operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados, do percentual de MVA de 31,79% (Ato COTEPE nº 21/08) Base legal: art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96), Anexo I do RICMS/ Operações interestaduais Nesta hipótese o imposto é devido ao Estado de destino do óleo diesel. A BC é o da operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados do percentual de MVA de 55,05 % (Ato COTEPE nº 21/08) Base legal: cláusula oitava, do Conv. ICMS 110/07 Observação importante: considera-se operação interna o abastecimento de combustíveis em veículos de fora do Estado em trânsito pelo território baiano. Exemplo - veículo com placa de outra unidade federada, em trânsito pelo território baiano, que abasteça com diesel em posto varejista localizado neste estado, não enseja direito de repasse do imposto via SCANC para a unidade de origem do veículo Operações de importação B.C. da substituição tributária O montante formado pelo valor da mercadoria constante no documento de importação, que não poderá ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o Imposto de Importação, acrescido dos valores correspondentes a tributos, inclusive o ICMS devido pela importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionados do percentual de MVA de 31,79% (Ato COTEPE nº 21/08). Para efeitos de tributação pelo ICMS, a importação é também uma operação interna. Base legal: art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96) e Anexo I do RICMS/12. 15

148 Observação importante: Na importação deverá ser observado o princípio do destino físico, ou seja, o ICMS para o Estado onde se dará a efetiva entrada do produto, ainda que o desembaraço aduaneiro se dê em território de outra unidade federada TABELA COM A EVOLUÇÃO DAS MARGENS E VALOR AGREGADO DE OLEO DIESEL, ESTABELECIDAS NO ATO COTEPE 21/2008 (MVA s com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS) OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS QUE DESTINEM O PRODUTO PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS 01/08/08 a 31 a 31/01/09 27,84% 50,40% 01/02/09 a 15/02/13* 31,79% 55,05% 16/02/13 até hoje** 31,79% 58,79% Fontes Normativas: *Ato Cotepe MVA modificador: 01/2009 **Ato Cotepe MVA modificador: 01/2013 OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO QUE DESTINEM O PRODUTO PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS 01/08/08 a 31 a 31/01/09 86,16% 135,65% 01/02/09 a 15/02/13* 31,79% 55,05% 16/02/13 até hoje** 31,79% 58,79% * Ato Cotepe MVA modificador: 01/2009 **Ato Cotepe MVA modificador: 01/ DA SOLIDARIEDADE NAS OPERAÇÕES SUBMETIDAS AO REGIME SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA COM ÓLEO DIESEL É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto e demais acréscimos devidos pelo contribuinte de direito: 11.1 o contribuinte destinatário de mercadorias enquadradas no regime de substituição tributária por antecipação, em virtude de convênio ou protocolo, oriundas de outra unidade da Federação, quando o remetente não possua inscrição estadual ativa como substituto tributário: (regra com efeitos a partir de 31/03/2010 Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela Lei nº /10) o contribuinte substituído localizado em outra unidade da Federação que remeter combustíveis derivados de petróleo para este Estado, em relação ao recolhimento do imposto devido por substituição tributária, se a operação não tiver sido informada ao responsável pelo repasse (estabelecimento refinador ou suas bases), conforme determinado em acordo interestadual: (regra com efeitos a partir de 29/12/10, em relação aos combustíveis derivados de petróleo, a exemplo do óleo diesel Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela Lei nº /10). 16

149 Base legal: Matéria sem correspondência no RICMS/97 e no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 6º, incisos XV e XVII (Lei nº 7.014/96). 12 Das alíquotas 12.1 alíquota de 25% (vinte e cinco por cento) nas operações internas, inclusive importação, relativas a óleo diesel. Observação 1: as operações interestaduais não são tributadas, em face da imunidade prevista no art. 155, 2º, inc. X, letra b, da CF/88 não há, portanto, aplicação de alíquotas nas remessas interestaduais de óleo diesel. O ICMS, nas operações interestaduais, deverá ser repessado integralmente para o UF de destino, via SCANC). Observação 2: considera-se operação interna o abastecimento de combustíveis em veículos de fora do Estado em trânsito pelo território baiano. Observação 3: O óleo diesel foi excluído da incidência da alíquota de 2%, destinada ao fundo de combate e erradicação à pobreza, por força no disposto no art. 15, da Lei Estadual nº 8.534/03. Observação 4: as operações com óleo diesel têm o benefício da redução da base de cálculo do ICMS ver item 9 acima e respectivas observações. 17

150 PARTE II BIODIESEL NCM/SH INTRODUÇÃO O aumento do consumo dos derivados de petróleo, a provável redução de suas reservas, a fragilidade das relações internacionais envolvendo os principais países produtores e as preocupações ambientais e climáticas relacionadas com a emissão de gases de efeito estufa, a exemplo do CO 2, têm direcionado os países a desenvolver programas alternativos de produção de energia, a partir de biocombustíveis, direcionados ao segmento de transporte. No Brasil, ao longo das quatro últimas décadas, foram adotados dois programas que assumiram importância fundamental nesse cenário de desenvolvimento de fontes alternativas de energia: a) o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL ) e, mais recentemente, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB ). Através do PNPB, o Governo Federal organizou a cadeia produtiva do biodiesel, definiu as linhas de financimanrto, estruturou a base tecnológica, definiu os marcos regulatórios e estabeleceu as diretrizes do programa. O PNPB foi concebido, tendo por principal diretriz, a promoção da inclusão social e a redução das disparidades regionais, garantindo espaço para a agricultura familiar. Assim, as empresas de produção de biodiesel e que apoiam a agricultura familiar, obtêm uma certificação, o Selo Combustível Social. O Selo é concedido aos produtores que comprarem matéria-prima da agricultura familar em percentual mínimo de 15%, para aquisições provenintes das regiões norte e centro-oeste; 30% para as aquisições originárias das regiões sul, sudeste e nordeste. Essas empresas têm as alíquotas do PIS/PASEP e COFINS reduzidas e acessos a melhores condições de financiamento junto ao BNDES e instituições financeiras credenciadas (Banco da Amazônia, Banco do Nordeste do Brasil e Banco do Brasil). Outra exigência é que sejam feitos contratos entre as indústrais e os agricultores familiaes, estipulando prazoz, valores de compra, critérios de reajuste de preços e condições de entrega de matéria-prima. O Selo Social tenta evitar que o mercado de biodiesel seja dominado apenas por um produto (por exemplo, a soja) e, consequentemente, pelas regiões que tradicionalmente são grandes produtoras. A ANP realiza, desde 2005, os leilões de biodiesel, onde refinarias compram o biodiesel para misturá-lo ao óleo diesel derivado de petróleo. No sistema de leilões e releilões, o produtor de biodiesel vende para a PETROBRAS (leilão), que vende para as distribuidoras (releilão), que depois diluem o biodiesel em B5 e levam até os postos de combustíveis. 18

151 Na formação do preço do biodiesel, o óleo ou a gordura utilizados na sua formulação respondem por 80 a 85% do preço final do combustível. Os outros 20% correspondem ao custo do processo, incluindo aí outros insumos (produtos químicos, energia, água, vapor) e salários e encargos de funcionários. 2 - O BIODIESEL O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável, obtido comumente a partir da reação química de lipídios, óleos ou gorduras, de origem animal (e.g., sebo) ou vegetal, com um álcool (metanol ou etanol), na presença de um catalisador (reação conhecida como transesterificação). O catalisador é um produto usado para provocar uma reação química entre o óleo e o álcool (etanol ou metanol). Depois o álcool é separado da glicerina (glicerol), para ser usada na fabricação de sabonetes e diversos outros cosméticos. O biodiesel pode ser obtido também pelos processos de craqueamento e esterificação. Como regra geral, 1000 kg de óleo vegetal reagem com 100kg de álcool gerando 1000 kg de biodiesel e 100 kg de glicerina. Figura 1: Esquema representando a produção de óleo diesel a partir de grãos fontes de origem vegetal. Figura 2: Esquema representando a reação química que resulta na produção de biodiesel. Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se pode produzir o biodiesel, tais como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras. Segundo a ANP (informações referentes ao mês de setembro 2010), a principal matériaprima utilizada para a produção de biodiesel no Brasil é o óleo de soja, que contribui com 81,36% da produção; em segundo lugar está a gordura bovina com 13,36%, em terceiro o óleo de algodão com 4,11% e o restante é composto por outros materiais 19

152 graxos (0,56%): óleo de fritura usado (0,19%), gordura de porco (0,18%), óleo de palma (0,10%), gordura de frango (0,09%) e óleo de girassol (0,05%). Gráfico 1: Principais matérias utilizadas na produção de biodiesel no Brasil. O óleo de soja surgiu como um subproduto do processamento do farelo de soja e, atualmente, tornou-se um dos líderes mundiais no mercado de óleos vegetais. Pela importância que o agronegócio da soja representa para o mercado brasileiro, é relativamente fácil identificar que essa oleaginosa detém o maior potencial para servir como paradigma no desenvolvimento de um programa nacional de biodiesel. Devido a sua vasta extensão territorial, o Brasil apresenta uma grande diversidade de matérias-primas de origem vegetal para a produção de biodiesel. Como podemos observar na Tabela 1, cada região do país possui diversas opções de matérias-primas para produção de biodiesel. Tabela 1: Plantas oleoginosas disponíveis para a produção de biodiesel no Brasil O nome biodiesel muitas vezes é confundido com a mistura petrodiesel+biodiesel, disponível nos postos de combustível. A designação correta para a mistura vendida nestes postos deve ser precedida pela letra B (do inglês Blend). Neste caso, a mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2; a mistura de 5% é denominada de B5, e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B

153 O biodiesel vem sendo pesquisado e já é conhecido desde o início do século passado, particularmente na Europa. Segundo registros históricos, o Dr. Rudolf Diesel (engenheiro alemão), desenvolveu o motor diesel, em 1895, tendo levado sua invenção à mostra mundial em Paris, em 1900, usando óleo de amendoim como combustível. Apesar de o motor chamado ciclodiesel ter funcionado incialmente com óleo vegetal, os baixos preços do petróleo acabaram adiando o seu uso. A intensificaçao das pesquisas e o interesse crescente por combustíveis substitutos do óleo diesel mineral têm sido crescentes depois dos choques do petróleo. Atualmente a União Européia, em especial a Alemanha, os Estados Unidos e o Brasil são os maiores mercados mundiais de biodiesel. A Argentina, grande produtor de oleaginosas, é um importante produtor de biodiesel. O Brasil já foi detentor de uma patente para a fabricação de biodoesel, registrada a partir de estudos, pesquisas e testes desenvolvidos na Universidade Federal do Ceará, nos anos de Esta patente acabou expirando, sem que o país adotasse o biodiesel. Hoje o Brasil conta com uma indústria de biodiesel consolidada, com mais de 50 usinas aptas a produzir e comercializar biodiesel, com uma capacidade instalada superior a 6 milhões de metros cúbicos. Esse combustível renovável permite a economia de divisas com a importação de petróleo e óleo diesel e também reduz a poluição ambiental, além de gerar alternativas de empregos em áreas geográficas menos atraentes. Desde o início do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o Brasil produziu 8,2 milhões de m³ de biodiesel. O Programa, durante os 7 primeiros anos (2005 a 2012), reduziu as importações de diesel mineral em um montante de US$ 5,3 bilhões, contribuindo positivamente para a balança comercial brasileira. 3 MISTURAS DIESEL/BIODIESEL Misturas (composições) de biodiesel e combustível diesel convencional à base de hidrocarbonetos são os produtos mais comummente distribuídos para uso no mercado de varejo de combustível diesel. Grande parte do mundo usa um sistema conhecido como o "fator" B " para indicar a quantidade de biodiesel em qualquer mistura de combustível: Biodiesel a 100% é referido como B100, enquanto Biodiesel a 20% é rotulado B20 Biodiesel a 5% é rotulado B5 Biodiesel a 2% é rotulado B2 No Brasil atualmente o biodiesel é vendido nos postos misturado ao biodiesel na proporção de 5% /95%, em volume. A mistura é denominada de óleo diesel B5. O biodiesel funciona, neste caso, como um aditivo. (vide a evolução no tempo das proporções de mistura diesel/biodiesel no item 5 deste manual de biodiesel, abaixo.) 21

154 4 PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS O diesel mineral e o biodiesel têm características muito parecidas no que diz respeito a aspectos físico-químicos, como densidade e poder calorífico, conforme se pode ver na tabela abaixo. Tabela 2 - Fontes: Petrobras e TecPar Pelo fato do tamanho das cadeias de carbono serem semelhantes os dois produtos apresentam características também semelhantes quanto ao poder calorífico e quanto ao número de cetano. O poder calorífico nos dá a idéia da energia contida no combustível que é liberada no processo de combustão do motor. O poder calorífico do biodiesel é de cerca de 37,27 MJ/L (megajoules/litro). Esta é 9% inferior ao óleo diesel derivado de petróleo. Já o número de cetano é uma característica especialmente importante para motores ciclo diesel, onde a combustão é acionada por compressão (ao contrário do motor ciclo Otto que utiliza gasolina - onde existe uma centelha para ignição). Sendo assim, quanto maior o índice de cetano do combustível maior sua resistência à detonação, o que explica o porquê da melhora da qualidade do diesel convencional quando se adiciona uma proporção de biodiesel. Como o biodiesel possui um número de cetano superior, a mistura eleva o número de cetano do diesel mineral. O biodiesel tem propriedades lubrificantes melhores que o diesel mineral, proporcionando menor desgaste do sistema de combustíveis, aumento da vida útil do equipamento e melhoria da combustão quando misturado ao óleo mineral. As diferenças entre os dois combustíveis só se acentuam de forma relevante quando incluímos na comparação elementos poluentes. Conforme detalhado na Tabela 2, a emissão de CO 2 (principal gás associado ao efeito estufa) é sempre positiva na utilização do diesel mineral enquanto o biodiesel mantém um balanço equilibrado dada sua característica de renovabilidade. Quando analisamos o teor de enxofre, que é um 22

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