Empresas treinam alunos nas 5 regiões do Brasil
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- Orlando Sá Cruz
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1 Empresas treinam alunos nas 5 regiões do Brasil A quarta edição do Rumos Jornalismo Cultural se propôs a mapear os programas de treinamento para estudantes de Jornalismo ou jornalistas recém-formados em veículos de comunicação distribuídos nas cinco regiões do país. Das 40 empresas que responderam ao questionário, 25 delas mantém algum tipo de atividade nesses moldes, ou seja, 63% das respondentes possuem alguma modalidade de treinamento. Programas de treinamento concentram-se no Sudeste Diferenças geográficas marcantes no que tange à concentração dos programas de treinamento para jornalistas recém-formados foram perceptíveis na análise do levantamento. O estudo mostra que as empresas que investem nesse tipo de programas concentram-se no Sudeste do Brasil. Nessa região estão 60% das atividades ofertadas no país, concentrando 15 das 25 empresas que possuem alguma modalidade de treinamento. Em seguida vem a região Sul com 06; Nordeste com 02; Centro-Oeste e Norte com 01 cada. Das 25 empresas que possuem modalidades de treinamento, 08 atuam com os suportes jornal impresso e online; 06 com TV; 05 com TV, jornal impresso, online e rádio; 03 com rádio; 02 com jornal impresso, online e rádio; 01 com rádio e TV. Modalidade trainee é a mais adotada Das modalidades de atividade extracurricular que as empresas ofertam o modelo trainee/programa de treinamento é o mais comum. Das 25 empresas que possuem alguma modalidade de treinamento, 12 (48%) declararam ter programa para trainee; 7 (28%) declaram ter estágios e 6 (24%) afirmam ter cursos, oficinas, palestras. O modelo trainee também é mais comum no Sudeste, que concentra 09 dos 12 programas mapeados. Os outros 07 veículos disseram manter estágio. Destes últimos, 03 estão situados na região Sudeste, todos com atuação em Belo Horizonte (um deles também no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília). Das 25 empresas que possuem modalidades de treinamento, 6 indicaram workshop, curso, palestra, oficina. Dessas, 03 estão no Sul, 01 no Centro-Oeste, 02 no Rio de Janeiro. Onze, das 25 empresas que possuem modalidades de treinamento, responderam sobre orientação acadêmica nos programas de treinamento. Destas, 05 declararam haver orientação acadêmica; 01 informou que o modelo se baseou na experiência do próprio jornal; 01 diz seguir o modelo de estágio oferecido pela Central Globo de Jornalismo; 01 informa basear-se em um modelo tradicional das redações ; e 02 declararam não haver orientação acadêmica formal/específica, mas salientaram o fato de que muitos dos profissionais envolvidos no treinamento são também acadêmicos. Apenas 01 declarou não haver orientação acadêmica. Estágio é visto como importante para a formação do jornalista Quanto aos nomes e formatos que os programas recebem dos veículos, a palavra estágio aparece com maior frequência, mesmo sendo este proibido pela lei que regulamenta a profissão de jornalista no Brasil. Conforme indicam as respostas, o estágio é amplamente praticado pelas empresas, com a possibilidade da não existência de supervisão por instituições de ensino e entidades de classe da categoria. Provas de seleção e cargas horárias variadas caracterizam os cursos Com relação ao público alvo desses cursos ofertados pelas empresas de Comunicação, a maioria é voltado para estudantes de Jornalismo a partir do terceiro período (58%); os demais (42%) não especificaram o curso de graduação exigido. Isso não significa necessariamente a abertura para outros cursos, podendo indicar somente a não especificação dos cursos nas respostas.
2 O número de vagas por edição oscila entre 05 e 20 (36%) e indeterminado/variável (64%). A carga horária das modalidades varia muito também. As respostas mostram programas de duas horas num mesmo dia (por exemplo, no caso de palestras/oficinas) a 560 horas no total. Para a maioria dos casos, a duração é de até 6 meses (39%) ou de seis meses a um ano (43%). São oferecidas bolsas ou outras formas de financiamento aos participantes em 77% das empresas com modalidades de treinamento. Quanto ao processo de seleção, das 25 empresas respondentes, nas quais existe alguma modalidade de treinamento, 11 aplicam provas nos candidatos, dentre as quais 06 também na modalidade online. As provas abordam, em geral, temas de atualidade e conhecimento humanístico como: instituições, economia, filosofia, filosofia política, cultura contemporânea, história e atualidades (citado por uma empresa); conhecimentos gerais, editoriais, específicos (opcionais: ciências políticas, economia, direito e história) e língua estrangeira (citado por uma empresa); conhecimentos gerais/econômicos e exames de português e inglês (citado por uma empresa), redação e tradução. O grupo Folha de São Paulo detalhou que a prova de conhecimentos gerais avalia a formação cultural dos candidatos e o grau de acompanhamento do noticiário (nacional e internacional), língua portuguesa e matemática. Também pode haver questões envolvendo conhecimento de idiomas. Vale ressaltar ainda que 12 empresas utilizam entrevistas na seleção de candidatos; 06 empresas citaram análise de currículos como parte do processo seletivo; 03 empresas fazem seleção por análise de texto; e 01 empresa que trabalha somente com pessoas a ela vinculadas citou a validação dos candidatos inscritos por gestores da área em que atuam. Em geral o processo seletivo é divulgado nos sites das empresas, num link específico, com anúncios enviados às escolas de comunicação, e através da própria mídia. Das empresas participantes 04 detalharam o processo seletivo Folha de S. Paulo: Entre 250 e 300 candidatos são chamados para uma prova PRESENCIAL de múltipla escolha, com questões de conhecimentos gerais (que avaliam a formação cultural dos candidatos e o grau de acompanhamento do noticiário nacional e internacional), língua portuguesa e matemática. Também pode haver questões envolvendo conhecimento de idiomas. Há ainda uma prova dissertativa que pode ser feita no mesmo dia da prova de múltipla escolha presencial ou numa etapa seguinte. Os 40 candidatos mais bem classificados na prova, no caso de reportagem e redação, são chamados para uma semana de palestras e passam por uma entrevista. No final do processo, até 12 são selecionados para o programa. Para o programa de Jornalismo Gráfico, há duas etapas: 1) É preciso preencher e enviar a ficha de inscrição, que fica disponível na página do programa de treinamento da empresa quando novo processo seletivo é aberto. 2) Até 50 candidatos são chamados para teste prático, de conhecimentos gerais e entrevistas. GRPCOM - Grupo Paranaense de Comunicação: O processo de seleção acontece uma vez ao ano, sempre no segundo semestre, com as seguintes etapas: Inscrições: Uma vez aberto o processo, podem ser realizadas através do site do programa. Os candidatos terão a oportunidade de indicar se possuem interesse e disponibilidade para participar do curso, tendo em conta a carga horária e necessidade de dedicação total durante o período. Além disso, poderá indicar qual o veículo de comunicação de seu interesse: Jornalismo Impresso e online, Jornalismo Televisivo e Reportagem Cinematográfica. Prova online: Após a inscrição, o candidato poderá realizar a primeira prova seletiva. São perguntas relacionadas a temas da atualidade e conhecimentos humanísticos como: instituições, economia, filosofia, filosofia política, cultura contemporânea, história e atualidades. Teste presencial: Nessa etapa, o candidato realiza uma prova específica, de acordo com a opção feita na
3 inscrição. No caso de jornalismo impresso, televisivo e online, esta prova consiste na avaliação de conhecimentos gerais, editoriais, específicos (opcionais: ciências políticas, economia, direito e história) e língua estrangeira. Para reportagem cinematográfica há avaliação de conhecimentos gerais, editoriais, específicos (opcionais: ciências políticas, economia, direito e história), língua estrangeira e conhecimentos de leitura de imagem. Os locais de provas são Curitiba, São Paulo, Londrina, Ponta Grossa, podendo haver modificações de acordo com o número de inscrições em cada localidade. Entrevista presencial: São realizadas entrevistas com os finalistas do processo e elas são gravadas para análises futuras. Após essas etapas são definidos os profissionais que comporão o banco de talentos da empresa. O Estado de S. Paulo: No geral, o processo de seleção é feito em duas fases: 1ª fase (online) - análise de currículo, justificativa de interesse, testes de conhecimentos gerais/econômicos e exames de português e inglês. 2ª fase (presencial, em São Paulo) - teste de conhecimentos gerais, texto jornalístico e entrevista com integrantes do Grupo Estado. O POVO Novos Talentos: O processo de seleção é aberto a cada semestre, de acordo com o calendário a ser apresentado pelo veículo. Só podem participar estudantes de Jornalismo que, no início do treinamento, estejam entre o quinto e oitavo semestre. Somente são aceitas inscrições de estudantes de cursos de Jornalismo localizados na cidade de Fortaleza. A seleção passa por sete fases: 1. Envio de ficha preenchida que fica disponível no período de inscrição. As inscrições somente podem ser feitas online. 2. A partir da análise das fichas de inscrição são selecionados até 200 estudantes que se submetem a provas de Língua Portuguesa, Redação e Conhecimentos Gerais (memória, atualidades locais, nacionais e internacionais). 3. São selecionados, nesta etapa, até 20 candidatos, com as melhores médias. 4. Os selecionados na etapa das provas seguem para entrevistas com a área de Recursos Humanos da empresa, das quais são selecionadas até 12 pessoas. 5. Os selecionados na etapa anterior participam de um ciclo de palestras com jornalistas do Grupo de Comunicação O POVO e convidados. 6. Após o ciclo de palestras, os participantes fazem uma entrevista com o coordenador do curso Novos Talentos e com um diretor da UniOPOVO, quando são selecionados até oito estudantes que participarão do curso. 7. Os selecionados desenvolvem um programa de formação nas redações do jornal, rádio, portal e TV, sob a supervisão dos editores, e têm aulas sobre técnicas jornalísticas [Técnicas de Redação e Apuração Jornalística] e Língua Portuguesa. Aulas expositivas e palestras são adotadas por 40% dor programas de treinamento Sobre a metodologia empregada nas modalidades de treinamento, 10 empresas (40%) declararam adotar aulas expositivas e palestras. Inclusive, 01 empresa informou que os alunos são apresentados a todos os preceitos éticos, de responsabilidade e eficiência adotados pela empresa e que o programa contempla uma grade de aulas teóricas, dentre as quais são abordadas questões relacionadas à filosofia, à geopolítica e ao jornalismo digital. Ainda assim, as atividades práticas são as mais comuns nos programas de treinamento oferecidos pelos veículos. 17 (68%) declararam adotar procedimentos práticos no treinamento. atividades são baseadas na prática diária dos jornalistas profissionais ; Produção de textos, com base na cobertura diária, em especial da Editoria de Cidades ; a oportunidade de vivenciar o cotidiano das redações ; Na parte prática, o aluno acompanha o trabalho dos profissionais do GRPCOM e desenvolve atividades supervisionadas por responsáveis pelo treinamento ;
4 [O programa] prioriza o aprimoramento prático, dando ao aluno a oportunidade de vivenciar o cotidiano da redação, de acompanhar o trabalho dos jornalistas do Grupo, e de desenvolver atividades práticas supervisionadas por profissionais responsáveis pelo treinamento ; Produção de Textos ; A metodologia é o aprendizado na prática - on the Job ; Treinamento prático na redação do Jornalismo (Edição /Produção/Reportagem) ; Atividades de reportagem; Os estudantes são preparados para desenvolver as atividades dos jornalistas da redação como produção, reportagem, apresentação e edição de texto; O estagiário aprende a rotina diária da redação e da reportagem de rua. Apuração, produção, edição, sempre com orientação direta da Chefia de Reportagem e da Coordenação de Jornalismo e a supervisão da Gerência de Jornalismo ; Acompanhamento do material produzido dentro da redação ; Produção de textos orientada pelos editores com discussão de critérios de avaliação ; Os estagiários são alocados nas diversas editorias dos jornais da Infoglobo (O Globo, Extra e Expresso) e passam a acompanhar o dia-a-dia dos repórteres, apurando e escrevendo reportagens, para todas as plataformas de publicação (inclusive o ipad) ; produção de textos, saída a campo. Quatro empresas detalharam o processo de treinamento: Folha de S. Paulo (em referência ao website) Reportagem -Trainees acompanham o trabalho dos repórteres; - Fazem reportagens a partir de pautas sugeridas por eles; - Elaboram pautas diariamente. Redação e multimídia -Os participantes acompanham todos os passos da produção do jornal; -Assistem a reuniões de pauta e de edição e fazem exercícios diários de fechamento; -Fazem ainda exercícios de jornalismo multimídia, envolvendo a produção de áudio e vídeo. Entrevistas - Os participantes entrevistam personalidades e produzem perfis; - Repórteres especiais, editores e colunistas da Folha falam sobre questões ligadas à profissão. Cursos - Os professores que prestam consultoria à Redação dão aulas de português à turma; - O especialista em ensino de direito para jornalistas Gustavo Romano explica como tratar temas judiciais; - Especialistas em reportagem investigativa ensinam como procurar documentos, checá-los e usá-los jornalisticamente; - A cada edição são organizados cursos específicos sobre temas como história, economia, cinema, cultura, eleições; - Os trainees aprendem ainda a trabalhar com novas tecnologias de comunicação, como podcasts. Edição especial Ao longo do programa, pesquisam assuntos e pautas. Nas últimas três semanas, realizam as entrevistas, escolhem fotos, elaboram gráficos e tabelas, redigem os textos, sugerem títulos e fazem o acabamento. GRPCOM - Grupo Paranaense de Comunicação: O curso tem duração de quatro meses e está dividido em duas partes. Ao longo das aulas, os alunos são apresentados a todos os preceitos éticos, de responsabilidade e eficiência adotados pela empresa. Também são estimulados a refletir sobre o papel da comunicação e do jornalismo na construção da sociedade. Ao final do curso, os alunos recebem o certificado de extensão emitido pelo IICS. Parte Teórica Busca desenvolver o conhecimento de temas que permitam compreender o mundo atual e estimular a capacidade de reflexão. O programa contempla uma grade de aulas teóricas, dentre as quais são abordadas questões relacionadas à filosofia, à geopolítica e ao jornalismo digital. As primeiras três semanas são
5 realizadas em São Paulo, nas instalações acadêmicas do Instituto Internacional de Ciências Sociais. As demais aulas teóricas acontecem em Curitiba. Parte Prática Prioriza o aprimoramento prático, dando ao aluno a oportunidade de vivenciar o cotidiano da redação, de acompanhar o trabalho dos jornalistas do Grupo, e de desenvolver atividades práticas supervisionadas por profissionais responsáveis pelo treinamento. O Estado de S. Paulo Os dois programas (Jornalismo e Jornalismo Econômico) têm uma mescla de aulas teóricas e práticas, com produção de texto, pela manhã. À tarde, os alunos têm contato com as redações do Grupo Estado (Estadão, JT, Portal, Agência Estado e Rádio Estadão/ESPN). Nos dois casos, há respaldo acadêmico. Curso Estado de Jornalismo - Certificado válido como curso de Extensão pela Universidade de Navarra, na Espanha. Curso Estado de Jornalismo Econômico - Certificado válido como curso de extensão em Macroeconomia e Finanças pela FGV/EESP. Novos Talentos O POVO (por meio do site) O curso Novos Talentos O POVO para estudantes de Jornalismo, do Grupo de Comunicação O POVO, oferece treinamento sobre aspectos práticos e teóricos da profissão, de modo a preparar novos profissionais para atuarem nos meios impresso e eletrônico. Estudantes de jornalismo têm a oportunidade de conhecer a rotina das redações dos diversos meios de comunicação (jornal, rádio, TV e Portal), participando também de oficinas e cursos com jornalistas do grupo e professores contratados. O curso tem duração de três meses, aproximadamente. Nesse período, os participantes: a) Acompanham o trabalho dos repórteres, escrevem matérias e participam das reuniões de pauta, tendo a oportunidade de conhecer todas as etapas de produção de conteúdo do jornal, portal e programas de rádio e TV, sempre com o acompanhamento de profissionais qualificados. b) Participam de palestras, oficinas e aulas. 85% das empresas mantêm relacionamento com universidades Das 40 empresas que responderam à pesquisa, 34 (85%) disseram manter algum tipo de relacionamento com as universidades, do convênio de estágio e organização de visitas técnicas, às publicações de produções de alunos, entre outras. Esse número, ainda que considerado apenas em termos quantitativos, aponta para a valorização dessa relação entre academia e mercado. Apenas 6 delas, o que corresponde a 15% do total, admitiram não ter nenhum tipo de relacionamento entre a empresa e universidade/alunos. As respostas negativas vieram de empresas do Sudeste e Sul. Num total de 6 (100%), 2 (33,3%) são do Sul e 4 (66,7%) do Sudeste. O percentual de respostas negativas também é expressivo e, mais inquietante é verificar que as mesmas partiram de veículos importantes. Dos 06 veículos que responderam não a parcerias com a academia, 02 (Infoglobo e Estado de S. Paulo) têm programas de treinamento; 01 (Grupo Sinos) realiza oficinas, 01 (Correio do Povo), tem workshop; e 02 (Televisão Verdes Mares e Rádio JB FM/RJ) não oferecem nenhuma modalidade de treinamento (pergunta 1). Esse é um cruzamento que pode render conclusões interessantes já que encontramos veículos que investem em treinamentos próprios sem qualquer interação com a academia, apesar do enorme apelo que exercem sobre os estudantes. O maior número de respostas veio da rádio Guaíba/Porto Alegre/RS e do grupo RBS, cada qual com um total de 4. Rádio Guaíba: 1 para estágio, 1 para visita técnica, 1 para palestra e 1 para outros em que um blog é um canal direto entre empresa e universidade; grupo RBS: 1 para estágio, 1 para palestra, 1 para publicação e 1 para outros (programa 1ª Pauta de acompanhamento de reportagem por aluno). Estas empresas parecem contemplar o maior número de recursos de interação entre empresa e universidade.
6 Estágio e visita técnica são as modalidades mais comuns para aproximar empresas e universidades O estágio e a visita técnica são as duas ferramentas mais comuns adotadas pelas empresas para promover a aproximação com as universidades. Das empresas que responderam positivamente sobre a manter algum tipo de aproximação com as instituições de ensino a maioria apontou o estágio como sendo a modalidade mais comum. Ato todo, 26 empresas declararam manter convênio de estágio com as universidades. As respostas que não detalharam sobre a existência ou não de convênio de estágio foram consideradas conveniadas, já que a pergunta especifica o tipo de relacionamento. Aquelas que especificaram como Estágio sem convênio foram categorizadas em outros. A única empresa a especificar o estágio sem convênio foi o Sistema Globo de Rádio/Belo Horizonte. A segunda atividade mais citada foi a vista técnica, sendo esta apontada em 16 respostas. O estágio, com 26 respostas, obteve o maior número (5) de respostas do Rio de Janeiro (19,2 % do total), seguido dos estados de MG e MS, com 4 respostas cada, ou seja, 15,3% do total; e do RS, com 3 respostas (11,5%). A região Sudeste equivale a 50% do total, com 13 respostas positivas para o estágio. Seguido das regiões Centro-Oeste, representada por MS; Nordeste (com AL, PE e MA) e o Sul, com 4 respostas cada, o que equivale a 15,3% do total. A região Norte, com AM, obteve 1 resposta, 3,8%. Das 16 respostas que apontaram a visita técnica como a modalidade praticada para aproximar a empresa das universidades e alunos, 4 pertencem ao RJ (25%), enquanto que 9 pertencem à região Sudeste como um todo, com 56,25% das respostas para essa modalidade. Esse dado mostra que nesta região há a tendência de reconhecer nesta atividade uma forma eficaz de treinar os alunos, aproximando-os da redação e da rotina diária dos profissionais. Pelo restante do país, outras regiões também apontaram esse formato como efetivo. O Mato Grosso do Sul representa a região Centro-Oeste com 3 respostas positivas para a adoção da visita técnica como uma boa alternativa na relação entre mercado e universidade. Esse número representa 18,75% do total. No Nordeste, os estados do Maranhão e Paraíba, cada qual com 1 resposta, somam 12,5 % do total, assim como o Sul com 1 resposta do Paraná e 1 do Rio Grande do Sul. Já na região Norte, o Amazonas, com 1 resposta, contabiliza 6,25 % do total. As respostas que consideraram o estágio (26, ou 42,6% do total) e as visitas técnicas (16, ou 26,2% total) como forma de relacionamento com as universidades somam 42 entre 61 respostas registradas, ou seja, 68,8% do total. Isto significa que as duas atividades mais utilizadas pelas empresas para treinar os alunos implica num movimento unidirecional, dos alunos para as empresas. Tanto nas visitas técnicas, quanto nos estágios, os alunos tendem a ficar em contato com o dia a dia da redação e não o contrário, a empresa não participa do cotidiano da universidade. Comparadas as duas modalidades de aproximação do aluno com a realidade de uma redação jornalística, o estágio sobressai como a de maior representatividade. Os programas de treinamento da grande mídia são os mais ambicionados pelos estudantes, mas o contato da imensa maioria dos alunos de jornalismo com a realidade de sua futura profissão, no Brasil, se dá pela via do estágio. Tendo em vista esse dado e o contexto em que essa prática se dá proibição legal, mas admitido pelas entidades de classe como estágio acadêmico supervisionado, através de convênios a modalidade suscita alguns questionamentos, como: qual o papel pedagógico do estágio na formação do jornalista? Em que condições está sendo realizando? Como se dá efetivamente essa relação academia-mercado? Como ela afeta a relação do estudante com a academia? Etc. Outras atividades Além dessas, outras atividades citadas foram: publicação ou transmissão de produções de alunos (5), palestras (4), cursos ou programas com equivalência de créditos em disciplinas universitárias (2), outros (8).
7 Na especificação de Outros foram catalogadas as seguintes atividades entendidas como relação da empresa com a universidade: Bolsa de estudo em universidade local para funcionários da empresa (2); Estágio e visitas técnicas sem convênio (1); Não especificou o tipo de relacionamento (1); Contato regular com coordenadores e alunos (1); Blog Oficina de Jornalismo (1); Certificado do programa por universidades, sem especificar se há vinculação à disciplina (1); Projeto específico (Primeira Pauta, grupo RBS) que seleciona estudante para acompanhamento de produção multimídia na redação (1). Interessante notar aqui que, depois do estágio e das visitas técnicas, publicação ou transmissão de conteúdo produzido por alunos é a modalidade com maior incidência de respostas (5), um total de 8,1%; seguido de palestras (4), que equivale a 6,5%, enquanto que equivalência a créditos de disciplinas somam 2, com 3,2% das respostas. Nesse contexto as palestras, que configuram um modelo de bidirecionalidade do movimento empresauniversidade, quando profissionais acabam conhecendo o cotidiano e intervindo no dia a dia da universidade, têm uma representatividade muito baixa, ocorrendo somente nas seguintes empresas e estados: * Folha de São Paulo/São Paulo/SP * Sistema Globo de Rádio/Belo Horizonte/BH * Rádio Guaíba/Porto Alegre/RS * Grupo RBS Mercado procura jornalista com gramática e redação perfeitas Domínio da gramática e redação perfeita foram apontadas pelos veículos como as principais características no processo de seleção do novo jornalista. Num total de 123 respostas contabilizadas para a questão sobre que característica o jovem jornalista deveria ter, 41 indicaram o conhecimento como o quesito mais importante e, destas, 15 apontaram a gramática e a redação impecável como sendo prioridade. Ou seja, 38% das respostas mostram preocupação com aspectos estruturais da produção do texto; seguido de formação cultural e humanística, com 36% (14 respostas); e atualização do conhecimento (estar bem informado), com 28% (11 respostas). Ainda nesse item, o embasamento teórico apareceu em 3% dos apontamentos. Por outro lado, domínio técnico, citado como faro jornalístico e conhecimento de ferramentas de comunicação, só aparecem em 6 das 123 respostas. Isso representa menos que 5% do total e mostra que o mercado está muito mais flexível para habilidades específicas da profissão, e muito mais interessado num profissional que tenha amplo domínio do seu idioma, escrita coesa e embasamento cultural e humanístico. Mas além do conhecimento, um outro aspecto muito citado pelos veículos, no que tange sua expectativa sobre o perfil do novo profissional, diz respeito às suas características pessoais. Inclusive, no montante de citações, qualidades que abarcam essa categoria foram as mais citadas, estando presentes em 43 respostas, o que representa 34% do total. Nesse aspecto a curiosidade foi apontada como o traço mais importante no perfil desse profissional, acumulando 26% das respostas. Em seguida, aparecem com quatro indicações cada (10%) a ética, criatividade, inovação e ousadia. Com 8%, ou seja, 3 respostas, estão
8 empatadas as seguintes particularidades: comunicabilidade e agilidade. Ainda voltado para as características pessoais, aparecem com 5% vocação e gosto pela profissão. Por último, com 3% das respostas, os veículos elencaram outros pontos importantes na personalidade do novo jornalista: responsabilidade, visão holística, ser multifuncional, ter interesse pelas pessoas, ter preocupação social, perseverança, adaptação às mudanças, humildade, desprendimento, ser questionador. A terceira particularidade que o mercado busca para selecionar seus profissionais diz respeito à postura deste diante do seu trabalho, ou seja, sua atitude frente às atividades propostas. Respostas que apontaram esse quesito como o mais importante apareceram 33 vezes, ou seja, 26% dos veículos analisam esse aspecto na hora de avaliar seus profissionais. A pró-atividade foi citada 10 vezes, contabilizando 26% do total de respostas e ocupa um lugar de destaque entre outras características procuradas nesse mesmo quesito. Depois dela, nessa categoria, as outras marcas apontadas não chegam a 10% das indicações, ou seja, ser pró-ativo é, substancialmente, uma das posturas mais importantes do novo jornalista diante do seu trabalho. Em seguida são citadas interesse e vontade de aprender, com 8%. Contabilizando 5% das respostas aparecem: dedicação, determinação, comprometimento, relacionamento em equipe e bom relacionamento interpessoal. Por último, com uma citação apenas, e contabilizando 3% das respostas, estão desempenho, cumprimento de prazos, precisão, disponibilidade para o trabalho e disposição para viagens. Veículos deixam dicas e analisam o mercado A última questão proposta no questionário do Itaú Cultural era um espaço aberto para que os veículos que pudessem destacar alguma informação que considerassem relevante. Do total de veículos que responderam ao questionário, 11 veículos fizeram algum comentário nesta questão, ou seja, 27,5% aproveitaram o espaço para complementar suas respostas. Representantes de 04 das cinco regiões do Brasil aproveitaram o espaço para fazer alguma colocação. Apenas os veículos da região Norte não fizeram colocação alguma nesse espaço. A maior participação foi da região Sudeste, que contabilizou resposta de 6 veículos, o que corresponde a 54,5% do total de respostas. A segunda região mais participativa foi a Centro-Oeste, que contabilizou 3 respostas, o que lhe garantiu um total de 27,2%. Em seguida, as regiões Sul e Nordeste aparecem empatadas no total de veículos que responderam a última questão. Apenas um representante da cada região aproveitou o espaço para fazer algum apontamento, sendo, assim, cada um contabilizou 9% do total das respostas. O que responderam? Em geral as respostas foram sucintas e serviram para reforçar algum aspecto da expectativa do mercado com relação ao profissional ou mesmo para falar mais algum detalhe do próprio curso. De uma maneira didática as respostas foram categorizadas da seguinte maneira: a) Dicas para o futuro profissional Respostas que reforçaram o que o mercado espera do profissional que sai da universidade e jovem jornalista que ingressa no programa do veículo. b) Detalhes do programa de treinamento Respostas que disponibilizam dados do programa de treinamento ou sobre como se faz para ser selecionado. c) Crítica à Universidade Respostas que teceram críticas à grade ofertada nas universidades.
9 d) Elogios e Agradecimentos Respostas que agradeceram a participação no questionário ou teceram elogios à iniciativa. Do total, 4 veículos usaram o espaço para deixar dicas para o futuro profissional, que de certa forma, demonstram a expectativa do mercado com relação ao novo jornalista. Entre as orientações e características apontadas estão: Ouvir outro lado; Ser interessado; Ser proativo; Ser cético; Ter assiduidade. Além disso, 5 veículos aproveitaram o espaço para comentar detalhes do programa de treinamento, indicando datas de inscrição, destacando o sucesso de contratação entre os que passam pelo veículo etc. No espaço, apenas um 1 veículo teceu crítica à universidade, mais especificamente a grade curricular do curso. Sugeriu que o último ano fosse como uma redação jr e 2 veículos elogiaram o programa Rumos Itaú Cultural ou agradeceram à participação. Quem respondeu o quê? Destacamos as dicas para o futuro profissional e detalhes do programa de treinamento com o objetivo de compartilhar essas informações com os leitores: Mídia Max News Campo Grande (MS) Todo bom jornalista deve imaginar que do outro lado de sua reportagem há um público interessado, assim como ele foi um dia. Então busque sempre obter o máximo de informação possível para esclarecer as pessoas e acima de tudo não seja apenas um repassador da informação, se intere do assunto e cobre informações TV Bandeirantes - Rio de Janeiro (SP) O interessado em fazer parte de um programa de estágio precisa mostrar que não é apenas mais um número. Se destacar em um mercado já sobrecarregado de gente. Rádio Guaíba Porto Alegre (RS) Vejo a proatividade como um elemento fundamental na formação de qualquer universitário. Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul - Campo Grande (MS) Precisa ser muito desconfiado
10 Rede Minas de televisão - Belo Horizonte (MG) Assiduidade, comprometimento com as tarefas, e iniciativa própria, são fatores importantes para uma boa avaliação do estagiário que almeja um cargo na empresa. A Rede Minas, tem um media 60 a 70 % de aproveitamento do corpo de estagiários formados na empresa (seja por contratação definitiva, seja para substituições temporárias). Rede Gazeta de Comunicação - Vitória (ES) Os participantes fazem uma avaliação do curso no início, sobre as expectativas, e no final, sobre os resultados. São também avaliados, no início, por uma banca formada por profissionais de jornal, rádio,tv e internet e, no final, pela coordenação do curso.
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