ATA DE AUDIÊNCIA. Às 10h39min, aberta a audiência, foram, de ordem do Exmo(a). Juiz do Trabalho, apregoadas as partes.

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1 ATA DE AUDIÊNCIA PROCESSO: AUTOR: AGUINALDO GREGORIO DE ASSIS RÉU: TASSIMIN QUIMICA COMERCIAL LTDA Em 19 de maio de 2015, na sala de sessões da MM. 5ª VARA DO TRABALHO DE BETIM/MG, sob a direção do Exmo(a). Juiz ORDENISIO CESAR DOS SANTOS, realizou-se audiência relativa ao processo identificado em epígrafe. Às 10h39min, aberta a audiência, foram, de ordem do Exmo(a). Juiz do Trabalho, apregoadas as partes. Presente o(a) autor, acompanhado(a) do(a) advogado(a), Dr(a). ANA CRISTINA FERREIRA VALADARES, OAB nº 67612/MG. Presente o preposto do(a) réu, Sr(a). CRISTIANO DA SILVA AMARAL, acompanhado(a) do(a) advogado(a), Dr(a). RENATA SANTANA PEGO, OAB nº /MG. Conciliação recusada. DEPOIMENTO PESSOAL DO(A) RECLAMANTE: "o depoente iniciou como auxiliar de produção, e depois passou a exercer a função de motorista, não sabendo precisar a data; o depoente tinha um ajudante de carregamento e descarregamento de produto químico, através da empilhadeira; o depoente também realizava o carregamento e descarregamento ajudando o carregador a puxar e organizar os tambores dentro do veículo; na época havia na reclamada cerca de 08 motoristas e todos eles com um ajudante, os quais também auxiliavam os ajudantes no carregamento e descarregamento; era o próprio depoente que registrava corretamente o início da jornada de trabalho nos cartões de ponto, sendo que a saída era registrada pelo encarregado da reclamada, Sr. Edilson, e o depoente conferia o registro, mas verificava que não era registrada corretamente a saída, porque o reclamante retornava das viagens direto para sua residência com o veículo da empresa, encerrando a jornada, na sua residência, às 19h/20h, e no outro dia, o encarregado só assinava o cartão; são do depoente as assinaturas constantes nos espelhos de ponto anexados ao processo; o depoente tinha 15/20 minutos de intervalo para refeição algumas vezes, quando estava fazendo entrega, o que ocorria 03/04 vezes por semana, porque era obrigado a adiantar os serviços e fazer entregas de forma rápida; o depoente ficava dentro da cabine do veículo, outras vezes fora da cabine, durante o abastecimento; o depoente abastecia o veículo 03/04 vezes por semana, sendo que cada asbatecimento demorava cerca de 10 minutos; o depoente ficava 02 vezes por semana dentro da cabine; quando o depoente ficava fora da cabine ficava cerca de 01 metro do abastecimento." Nada mais. Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 1

2 DEPOIMENTO PESSOAL DO(A) RECLAMADO(A): "o reclamante não era obrigado a ajudar a carregar e descarregar o veículo e se fizesse o fazia por conta própria porque o reclamante e todos os motoristas da reclamada têm um ajudante; a jornada de trabalho normalmente é registrada pelo próprio motorista no ponto eletrônico, tanto início quanto término, de forma correta; o reclamante tinha 01 hora de intervalo para refeição, assim como todos os motoristas da reclamada; o reclamante realizava cerca de 02/03 abastecimentos por semana, não sabendo precisar o tempo gasto em cada abastecimento, não sabendo informar onde o motorista fica durante o abastecimento." Nada mais. Passou o Juízo a ouvir as testemunhas trazidas pelo(a) reclamante. 1a. TESTEMUNHA DO(A) RECLAMANTE: Sr(a). Alex Junior da Rocha, brasileiro(a), nascido(a) em 22/11/1989, CI no.: MG , SSP/MG, solteiro(a), desempregado, residente na rua Inconfidentes, 234, Alvorada, Betim/MG. Testemunha advertida e compromissada, inquirida, respondeu que: "o depoente trabalhou na reclamada na função de ajudante de motorista; todos os motoristas da reclamada auxiliam os ajudantes no carregamento e descarregamento de mercadoria, sem exceção, e esse auxílio integra as atribuições do motorista; era o depoente que registrava sua jornada de trabalho, corretamente, nos espelhos de ponto, todos os dias, o que ocorria com demais motoristas; o depoente gozava 01 hora de intervalo, mas quando estava em viagem tinha 10/15 minutos de intervalo porque tinha que cumprir horário de entrega, o que ocorria umas 03/04 vezes por semana; normalmente, durante o abastecimento, os motoristas ficam dentro da cabine do veículo; o ajudante não conseguiria carregar e descarregar sozinho a mercadoria porque era somente um ajudante; além do ajudante, às vezes havia um operador de empilhadeira para auxiliar no carregamento e descarregamento de mercadorias." Nada mais. Passou o Juízo a ouvir as testemunhas trazidas pelo(a) reclamado(a). 1a. TESTEMUNHA DO(A) RECLAMADO(A), Sr(a). Daniel Henrique da Gama Catarino, brasileiro(a), nascido(a) em 25/04/1984, CI no.: MG , SSP/MG, solteiro(a), ajudante de motorista, residente na rua Vinte, 36, Jardim Primavera, Ribeirão das Neves/MG. Testemunha advertida e compromissada, inquirida, respondeu que: "o depoente é ajudante na reclamada desde 2010; o depoente não consegue carregar e descarregar o veículo, necessitando de ajuda do motorista e também com ajuda da empilhadeira; a jornada de trabalho é registrada nos cartões de ponto; o depoente sempre goza de intervalo para refeição de 01 hora, sem exceção, mesmo quando saía para entregas; os motoristas sempre ficam dentro da cabine durante o abastecimento." Nada mais. Indefiro a seguinte pergunta do reclamante: "se acontecia do reclamante chegar tarde do serviço e o portão estar fechado e ter que levar o caminhão para casa." Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 2

3 As partes declararam que não dispunham de mais provas a produzir e requereram o encerramento da instrução, o que foi deferido. Razões finais orais remissivas. Conciliação novamente recusada. Passa-se ao julgamento. 1- Relatório AGUINALDO GREGORIO DE ASSIS ajuizou ação trabalhista em face de TASSIMIN QUIMICA COMERCIAL LTDA afirmando que foi admitido em 27/09/2011 e dispensado em 28/05/2014, formulando pedidos de pagamento de adicional de insalubridade/periculosidade, plus remuneratório por acúmulo/desvio de função, horas extras, indenização por danos morais e honorários advocatícios obrigacionais, atribuindo à causa o valor de R$ ,81. A reclamada apresentou defesa afirmando que: o reclamante foi admitido na função de auxiliar de produção e passou a exercer a função de motorista em 01/08/2012; as condições de trabalho do reclamante não eram insalubres/perigosas; as atividades do reclamante são compatíveis com a função para a qual foi contratado, reportando-se ao art. 456, parágrafo uníco, da CLT; a jornada de trabalho do reclamante era corretamente registrada nos cartões de ponto; as horas extras laboradas foram pagas no percentual de 100% até janeiro/2013 e no percentual de 50% daí em diante, conforme cláusula 10ª, da CCT; o reclamante gozava regualrmente do intervalo de 01 hora para refeição e descanso; não há que se falar em dano moral, requerendo ainda a observância da compensação de verbas pagas a idêntico título. (ID 471d287). Com a inicial e defesa vieram documentos. Impugnação à defesa e documentos (ID 757c927). Laudo pericial (ID ). Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 3

4 Esclarecimentos periciais (ID b8549ca e d). Indeferido requerimento da reclamada de realização de nova diligência pericial (ID d9a779a). Prova oral colhida com depoimento pessoal do reclamante e do preposto da reclamada e a oitiva de duas testemunhas, uma do reclamante e outra da reclamada. Razões finais orais finais remissivas. Proposta de conciliação recusada. 2- Fundamentação Adicional de insalubridade/periculosidade Não caracterizada a insalubridade, e caracterizada a periculosidade por inflamáveis, de acordo com o anexo 2 da NR-16, da Portaria 3.214/78, a partir de dezembro/2011, conforme conclusão pericial (ID ). A perita apurou que de dezembro/2011 a 31/07/2012, o reclamante acompanhava o motorista do caminhão até o posto de combustíveis credenciado pela empresa, para que o caminhão fosse abastecido com óleo diesel pelo frentista, mediante autorização da empresa, cerca de 02 vezes por semana, gastando em média 10 minutos por vez, e no período de 01/08/2012 a 28/05/2014, o reclamante conduzia o caminhão até o posto de combustíveis credenciado pela empresa, para que o caminhão fosse abastecido com óleo diesel pelo frentista, também durante cerca de 02 vezes por semana, gastando em média 10 minutos por vez. Todos os quesitos apresentados pelas partes foram respondidas pela perita. Respondeu, também, a perita, a todos os esclarecimentos solicitados pela reclamada, valendo destacar a afirmação da mesma de que o reclamante permanecia no veículo durante o abastecimento. A prova oral respalda a conclusão pericial, uma vez que a própria testemunha da reclamada, Sr. Daniel, informou que normalmente o motorista permanece na cabine do veículo. Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 4

5 Segundo a perita, o abastecimento ocorria duas vezes por semana, gastando 10 minutos por vez, ou seja, de forma habitual ou intermitente, na forma prevista na Súm. 364, do TST. Não havendo nada no processo capaz de infirmar a conclusão pericial, resta concluir que a partir de dezembro/2011, o reclamante esteve exposto a condição perigosa de trabalho decorrente da exposição de inflamável. Sendo assim, devido adicional de periculosidade à razão de 30% do salário base do reclamante, com reflexos em horas extras pagas, aviso prévio indenizado, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%. Indevidos reflexos nos RSRs, estando estes inclusos na base de cálculo mensal do adicional de periculosidade deferido Acúmulo/Desvio Funcional O auxílio prestado pelo reclamante, ao carregamento/descarregamento de produto, é compatível com a função para o qual foi contratado, a partir de 01/08/2012, aplicando-se a hipótese o disposto no parágrafo único do art. 456, da CLT. Ressalte-se a afirmação do reclamante, em depoimento pessoal, de que todos os motoristas da reclamada contam com um ajudante e auxiliam no carregamento e descarregamento de produto e a informação de sua testemunha, de que tal atribuição integra as atividades do motorista. Pedido indeferido Horas Extras: Prorrogação, diferenças e intervalo intrajornada Os espelhos de ponto anexados ao processo expressam a real jornada de trabalho do reclamante (ID 36a7c4c, 0b6c4a1, cc705e6, 888a69b,52db940, , 3b3a833 e 1ec683d), conforme informação unânime das testemunhas. A afirmação do reclamante e de sua testemunha de que não havia intervalo regular quando saíam para realizar entregas, não deve ser levada em consideração porque nada há no processo indicando a existência Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 5

6 de cobrança da reclamada quanto ao cumprimento ao horário de entrega a ponto de suprimir do empregado direito ao intervalo intrajornada, prevalacendo assim, a afirmação do preposto da reclamada, respaldada na testemunha da reclamada, no sentido de gozo regular de intervalo intrajornada. As horas extras laboradas eram pagas no percentual de 100% até dezembro/2012, e a partir de janeiro/2013 passou ao percentual de 50%, conforme recibos de pagamento anexados ao processo (ID d19e61b), nos termos da claúsula 10ª da CCT 2014/2015 (ID d04e85e). As horas extras laboradas eram pagas, conforme demonstrativos de pagamento anexados ao processo, não prosperando a mostragem realizada pelo reclamante em sede de impugnação à defesa e documentos, mesmo porque na referida impugnação o reclamante apenas menciona horas extras laboradas sem precisar especificamente os recibos aos quais se referem, dizendo apenas genericamente que não foi comprovado o pagamento da "totalidade das horas extras pleiteadas" (ID 757c927). Entretanto, a redução do percentual de horas extras de 100% para 50%, viola direito fundamental do empregado à inalterabilidade lesiva do contrato, conforme art. 468, da CLT, valendo ressaltar que o reclamante já vinha recebendo horas extras no percentual de 100% há mais de um ano, já que admitido em 27/09/2011. Sendo assim, devidas diferenças entre o percentual de horas extras pago de 50% e o percentual de horas extras devido, de 100%, a partir de janeiro/2013, conforme se apurar em liquidação, observando-se os demonstrativos de pagamento anexados ao processo e, na sua ausência, a média apurada, com reflexos em adicional de periculosidade, RSRs, aviso prévio indenizado, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40% Danos Morais O reclamante postula o pagamento de indenização pro danos morais, no importe de R$20.000,00, com base na alegação de dano existencial e cumprimento habitual de sobrejornada. A jornada de trabalho do reclamante, contudo, constante dos espelhos de ponto anexados ao processo, não se caracteriza como extenuante, capaz de ensejar violação a direito da personalidade, honra e dignidade do mesmo, valendo ressaltar que o reclamante gozava regularmente do intervalo intrajornada e do descanso semanal remunerado e não trabalhava em horário noturno. Pedido indeferido Compensação / Dedução Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 6

7 Ausente pagamento de verba a idêntico título, não há compensação/dedução a ser realizada Justiça Gratuita Defiro ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, tendo em vista a declaração de hipossuficiência vinda com a inicial Honorários periciais Os honorários periciais, arbitrados em R$1.200,00, a cargo do(a) reclamado(a), os quais devem ser devidamente atualizados a partir desta data, de acordo com a legilação específica Honorários Advocatícios Sem assistência sindical, indevido honorários advocatícios, nos termos da Súm 219, do TST, inaplicável, por incompatível, o disposto nos art. 389 e 404, do Código Civil. Nada a deferir. 3 - Dispositivo Isto posto, na reclamação trabalhista movida por AGUINALDO GREGORIO DE ASSIS em face de TASSIMIN QUIMICA COMERCIAL LTDA julgo procedentes em parte os pedidos, para condenar a reclamada, a pagar ao reclamante, no prazo legal, conforme se apurar em liquidação, as seguintes verbas: a- Adicional de periculosidade à razão de 30% do salário base do reclamante, com reflexos em horas extras pagas, aviso prévio indenizado, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%; b - diferenças entre o percentual de horas extras pago de 50% e o percentual de horas extras devido, de 100%, a partir de janeiro/2013, observando-se os demonstrativos de pagamento anexados ao processo e, na sua ausência, a média apurada, com reflexos em adicional de periculosidade, RSRs, aviso prévio indenizado, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%. Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 7

8 Juros e correção monetária, bem como recolhimento fiscal e previdenciário, nos termos da lei. Para fins do art. 832, parágrafo 3º, da CLT, declaro que à exceção dos reflexos em férias indenizadas e FGTS + 40%, todas as verbas deferidas tem caráter salarial, sobre as quais deve a reclamada comprovar o recolhimento da contribuição previdenciária correspondente, no prazo legal, sob pena de execução. Na apuração de imposto de renda deve ser observada a Súm. 368, item 2, e OJ 400, do TST. Os honorários periciais, arbitrados em R$1.200,00, a cargo do(a) reclamado(a), os quais devem ser devidamente atualizados a partir desta data, de acordo com a legislação específica. Custas no importe de R$300,00 calculadas sobre R$15.000,00, valor arbitrado à condenação, pela reclamada. Após o trânsito em julgado da decisão, OFICIE-SE A SRTE/MG, COM CÓPIA DA SENTENÇA, tendo em vista a constatação de labor em condição perigosa, por exposição a inflamáveis a partir de dezembro/2011. Cientes as partes e seus procuradores. Encerrou-se. Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 8

9 Número do documento: Num. 0f94cd4 - Pág. 9