USO DO SOLO E MAPEAMENTO DE ÁREAS DE EROSÃO ACELERADA
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- Afonso Dinis de Abreu
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1 USO DO SOLO E MAPEAMENTO DE ÁREAS DE EROSÃO ACELERADA Patrícia Martins de Oliveira 1 ; Homero Lacerda 2 1 Voluntaria de Iniciação Cientifica Geografia UNUCSEH patrícia.geografia@yahoo.com.br 2 Orientador UNUCSEH - homerolacerda@yahoo.com.br Av. JK, CEP: Anápolis (GO) PALAVRAS-CHAVE: Assoreamento, Uso do Solo, Erosão Acelerada, Bacia Hidrográfica 1 INTRODUÇÃO No presente trabalho temos como objetivo tratar da importância do mapeamento do uso do solo na identificação e cartografia de áreas de erosão acelerada. O motivo para a realização deste estudo foi analisar as causas do assoreamento da Represa do Silvestre (Figura 1), totalmente assoreada no período entre 1989 e Figura 1: Mapa de Localização da Bacia do Córrego São Silvestre, mostrando a Represa 1
2 do Silvestre. Para definir as causas do assoreamento é preciso definir as áreas fontes de sedimentos. Estas áreas são os locais de erosão acelerada, que se estabeleceram juntamente com o processo de ocupação e, neste trabalho, elas foram identificadas através do mapeamento do uso do solo. 2 MATERIAL E MÉTODOS As bases cartográficas utilizadas foram: carta topográfica com equidistância de 20 metros e escala 1/ (ME/DSG, 1974); fotos aéreas de 1989; imagem orbital de alta resolução de 2001 (Ikonos); imagem de alta resolução de 2005 (obtida no GoogleEarth). O trabalho de identificação e análise das zonas de erosão acelerada foi feito em duas etapas: na primeira fase foram elaborados os mapas de uso do solo em 1989, 2001 e 2005; na segunda etapa foram elaborados mapas das áreas de erosão acelerada, a partir dos mapas de uso do solo. De posse dos mapas de erosão acelerada em 1989, 2001 e 2005 foi possível analisar as causas do assoreamento da Represa do Silvestre. Todos os mapas foram elaborados na escala 1/ RESULTADOS E DISCUSSÃO A apresentação dos resultados da pesquisa inicia-se com a análise temporal do assoreamento da Represa do Silvestre, segue com a apresentação da metodologia do mapeamento do Uso do Solo e sua utilização para definir as áreas de erosão acelerada e termina com a apresentação e discussão dos mapas das áreas de erosão acelerada para o período Assoreamento da Represa do Silvestre 2
3 A denominação da Represa do Silvestre é feita com base na carta topográfica do Serviço Geográfico do Exército (ME/SGE, 1974). Foi realizada a análise multitemporal do assoreamento, atráves da interpretação de imagens e fotos aéreas do périodo (Figura 2). Podemos observar que em 1989 a Represa do Silvestre mantinha completo seu espelho d agua e não tinha sofrido com o assoreamento. Seu entorno era ocupado principalmente por campo antrópico. Havia uma pequena área parcelada na parte norte da área (Figura 2). Existia uma erosão linear próxima a represa, porém acredita-se que o material erodido não interferiu no assoreamento, pois a incisão está a jusante do reservatório. 3
4 Figura 2: Análise temporal do assoreamento da Represa do Silvestre no período Na parte superior estão as imagens e, na parte inferior da figura, os mapas elaborados a partir das imagens. Fonte: Elaborado por Patricia M. de Oliveira a partir de Lacerda (2009). No ano de 2001, a represa encontrava-se bastante assoreada. O assoreamento era recente, conforme indicado pela ausência da vegetação sobre os depósitos tecnogênicos. Nota-se um aumento da área parcelada no entorno da represa e a estabilização da erosão. No ano de 2005 é quando a Represa se encontrava em pior estado quanto ao assoreamento. Ela está totalmente assoreada e os depósitos tecnogênicos estão cobertos por vegetação. O assoreamento fez com que o reservatório perdesse todas suas funções reais e potenciais, incluindo lazer para 4
5 a população local e habitat para fauna silvestre. Podemos concluir que o assoreamento ocorreu no período de 1989 a 2005 e as fontes dos sedimentos devem ser procuradas no interior da bacia hidrográfica do Córrego São Silvestre, a montante da represa. Tendo demonstrado o assoreamento da represa, passamos agora a investigação de suas causas, por intermédio da análise entre uso do solo e erosão acelerada na bacia hidrográfica. 3.2 Uso do Solo e Mapeamento de Áreas de Erosão Acelerada Neste tópico são abordadas as relações entre uso do solo e alteração dos processos geomorfológicos, com ênfase nos processos erosivos na Bacia do Córrego São Silvestre (Figura 3). 5
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11 Para esta abordagem será utilizado o mapa de uso do solo de 1989, elaborado a partir da adaptação da proposta de Almeida e Freitas (2005). Foram cartografadas as seguintes classes de uso e cobertura do solo (Figura 3A): Formações Florestais e Mata Secundária; Campo Antrópico; Chácaras Urbanas; Áreas Agrícolas; Área Urbana Consolidada; Área Urbana em Consolidação; Área Urbana Parcelada Pouco Ocupada; Rodovias; e Mineração (Figura 3A). O mapa das áreas de erosão acelerada (Figura 3B) foi construído a partir do mapa de uso e cobertura do solo hierarquizando as áreas de erosão intensa, moderada e reduzida, conforme explicado a seguir Áreas de Erosão Intensa As áreas de erosão intensa são aquelas cujo uso do solo resulta em áreas de solo exposto, associado ao aumento e concentração do escoamento superficial. As classes consideradas foram: Urbana em Consolidação, Urbana Parcelada Pouco Ocupada, Mineração e Rodovias. A classe Urbana em Consolidação consiste em áreas loteadas, com média densidade de ocupação, com áreas ou lotes vagos e ausência total ou parcial de pavimentação. Geralmente são ocupadas pela população de baixa 11
12 renda, em sistemas de autoconstrução. Contém solo exposto nas áreas em construção, praças não urbanizadas e arruamento. O aumento e a concentração do escoamento, bem como o lançamento de águas servidas, favorecem a erosão acelerada, com ocorrência de sulcos, ravinas e voçorocas. Trata-se de uma das áreas com maiores disponibilidades de cargas sedimentares, que provocam o assoreamento das drenagens. A classe Urbana Parcelada Pouco Ocupada é caracterizada pela ocupação periférica e, como indicado no nome, pela baixa taxa de ocupação. Trata-se de loteamentos em fase de implantação, destinados a classe social menos favorecida, onde há total falta de infra-estrutura e equipamentos urbanos. Nessas áreas os problemas são os mesmos das áreas Urbanas em Consolidação, porém com intensidades muito maiores, devido à falta total de pavimentação. A classe Mineração compreende locais onde foi minerado material para aterro. Nestes locais as porções superiores do solo foram retiradas, deixando expostos os horizontes inferiores, bastante suscetíveis a erosão laminar e linear, constituindo grande fonte de sedimentos. A classe Rodovias tem pouca expressão cartográfica, porém geralmente provoca o surgimento da erosão acelerada devido ao aumento do escoamento e seu lançamento concentrado em cabeceiras de drenagens ou vertentes. Na área em estudo, existe uma voçoroca nas cabeceiras do Córrego Silvestre, a jusante da rodovia GO Áreas de Erosão Moderada Para delimitar as áreas com Erosão Moderada foram consideradas as classes Áreas Agrícolas e Chácaras Urbanas. Elas têm em comum a presença de solo exposto em determinado período do ano, quando da preparação do solo para o plantio de hortaliças ou, mais raramente, grãos. As Chácaras Urbanas caracterizam-se pelo parcelamento em lotes maiores do que os das áreas urbanas mais centrais. São chácaras de lazer ou de 12
13 produção de hortaliças, localizadas nas proximidades das drenagens. A erosão acelerada ocorre no solo exposto, durante o processo do plantio, e ao longo do arruamento, geralmente sem pavimentação. A classe Áreas Agrícolas caracteriza-se pelas extensões relativamente importantes de solo exposto, presumivelmente preparados para o cultivo de grãos. Algumas destas áreas situam-se próximo às drenagens o que aumenta seu potencial de geração de sedimentos Áreas de Erosão Reduzida As áreas com Erosão Reduzida foram delimitadas utilizando as classes Matas e Vegetação Secundária, Campo Antrópico e Área Urbana Consolidada. A classe Matas e Vegetação Secundária ocorre em áreas restritas, geralmente nos fundos de vales. Trata-se de remanescentes de mata ciliar e vegetação secundária que se desenvolveu após o desmatamento dos fundos de vale. A classe Campo Antrópico é caracterizada por uma vegetação antropogênica de gramíneas, geralmente exóticas, que já tiveram a função de pastagem. Localizam-se normalmente na franja do sítio urbano, próximo as áreas rurais adjacentes. As áreas de Matas e Vegetação Secundária e Campo Antrópico permanecem com cobertura vegetal durante todo ano, razão pela qual foi considerado que são locais de erosão menos intensa. A Área Urbana Consolidada caracteriza-se por ser densamente ocupada por habitações e construções destinadas à indústria, comércio e prestação de serviços. A Área Urbana Consolidada conta com pavimentação e contém pouco solo exposto, o que justifica considerá-la como local de erosão menos intensa. O próximo tópico é dedicado à aplicação da sistemática ora apresentada para toda a bacia, no período , visando compreender as causas do assoreamento da Represa do Silvestre. 3.3 Causas do Assoreamento da Represa do Silvestre 13
14 A análise dos mapas de Erosão Laminar e Linear para o período (Figura 4) permite identificar as áreas fontes de sedimentos na bacia. Desta forma é possível entender os processos que levaram ao total assoreamento da Represa do Silvestre Figura 4: Áreas de erosão acelerada na bacia do Córrego do Silvestre. Fonte: Elaborado por Patricia M. de Oliveira a partir de Lacerda (2009). A observação dos mapas permite, de imediato, constatar a existência de grandes áreas de erosão intensa e moderada na bacia e, também, a permanência desta situação ao longo de todo o período de 1989 a Os locais de erosão intensa são significativos em termos de área e os locais de erosão moderada a montante da represa estão próximo ao canal fluvial. Estes dois aspectos explicam o assoreamento da Represa do Silvestre. Considerando, de forma mais detalhada, as áreas de erosão intensa observa-se que elas ocorrem na parte sul da bacia em todo o período , 14
15 com variações pequenas de área e contornos (Figura 4). Em 2001 e 2005 aparecem áreas de erosão intensa na parte centro-norte da bacia sendo que algumas destas áreas estão à jusante da represa, em ambas as margens do Córrego São Silvestre. Não há mudanças significativas nas áreas de erosão moderada mas, conforme assinalado acima, elas sempre estão presentes e localizadas próximo às drenagens. 4 CONCLUSÕES A Represa do Silvestre foi totalmente assoreada no período A causa do assoreamento foi a ocupação inadequada, sem medidas de controle da erosão acelerada. Com efeito, conforme demonstrado pelos mapas de uso e cobertura do solo e mapas das áreas de erosão acelerada, a ocupação resultou no aparecimento de grandes áreas de solo exposto. A ocupação resultou no aumento do escoamento superficial devido à supressão da vegetação original. Também ocorreu a concentração do escoamento ao longo das ruas e à jusante de rodovias. As fontes de sedimentos na bacia do São Silvestre estão relacionadas ao uso do solo, principalmente nas classes Urbana em Consolidação, Urbana Parcelada Pouco Ocupada, Mineração e Rodovias, que constituem áreas de erosão intensa. As classes Áreas Agrícolas e Chácaras Urbanas também contribuíram significativamente para o assoreamento, pois embora o solo seja exposto apenas em determinadas épocas, estão próximas às drenagens. O resultado foi a perda da Represa do Silvestre pelo assoreamento, com danos ao meio ambiente e a população. Foram perdidos todos os benefícios que uma represa urbana poderia fornecer ao local, incluindo lazer, manutenção da fauna silvestre e controle de inundações. Destaca-se a utilidade dos mapas como ferramenta de análise das ações antropogênicas no meio ambiente. No caso estudado, o mapeamento do uso da terra tornou possível a análise das ações antrópicas que provocaram o 15
16 assoreamento da Represa do Silvestre. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ALMEIDA, M.C.J. de; FREITAS, C.G.L. de. Uso do Solo Urbano: suas relações com o meio físico e problemas decorrentes. In: Simpósio Brasileiro de Cartografia Geotécnica 2, 1996, São Carlos. Anais... São Paulo: ABGE, p LACERDA, H. Bases cartográficas da Bacia do Córrego São Silvestre. Anápolis: UEG, UnUCSEH, Licenciatura em Geografia, Atividade da Disciplina Geomorfologia, 2009 (inédito). MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, DIRETORIA DO SERVIÇO GEOGRÁFICO ME/SGE Mapa topográfico 1/50.000, Folha Anápolis. Brasília: ME/SGE,
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