A RELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS DA MORAL E DO DIREITO EM KANT

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1 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU MESTRADO EM FILOSOFIA A RELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS DA MORAL E DO DIREITO EM KANT Walter Brotero de Assis Junior SÃO PAULO 2013

2 WALTER BROTERO DE ASSIS JUNIOR A RELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS DA MORAL E DO DIREITO EM KANT Dissertação apresentada à Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Filosofia. Área de Concentração: Epistemologia. Linha de Pesquisa: Epistemologia da Política e do Direito. Orientadora: Profa. Dra. Monique Hulshof. SÃO PAULO 2013

3 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464 A848r Assis Júnior, Walter Brotero de A relação entre os princípios da moral e do direito em Kant / Walter Brotero de Assis Júnior. - São Paulo, f. : il. ; 30 cm. Orientador: Monique Hulshof. Dissertação (mestrado) Universidade São Judas Tadeu, A RELAÇÃO São Paulo, ENTRE OS PRINCÍPIOS DA MORAL 1. Kant, Immanuel, E DO DIREITO - Filosofia. EM KANT 2. Filosofia do direito. 3. São Paulo. I. Hulshof, Monique. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Filosofia. III. Título CDD

4 WALTER BROTERO DE ASSIS JUNIOR A RELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS DA MORAL E DO DIREITO EM KANT Local: Universidade São Judas Tadeu, Campus Móoca. Data: 07 de junho de Banca Examinadora: Profa. Dra. Monique Hulshof Prof. Dr. Maurício Cardoso Keinert Prof. Dr. Paulo Jonas de Lima Piva SÃO PAULO 2013

5 RESUMO A proposta desta pesquisa é o estudo da relação entre os princípios da moral e do direito de Immanuel Kant. A problemática encontra-se em como se estabelece esta relação entre os dois princípios: de que maneira a moral fundamenta o direito e, ao mesmo tempo, como o direito se diferencia da moralidade (Ética). Para tal, a dissertação irá investigar os conceitos de Moral, Ética e Direito, abordados na filosofia prática kantiana, a partir da análise de algumas ideias principais: liberdade, lei moral, imperativo categórico e autonomia da vontade. Palavras-chave: Kant. Moral. Ética. Direito. Lei Moral. Liberdade. Imperativo Categórico. ABSTRACT The aim of this research is to study the relationship between the principles of morality and law in Immanuel Kant. The problematic lies in how this relationship between the two principles is established: in witch way Moral grounds the Right and, as well, how the Right differentiates itself form morality (Ethic). To this end, the dissertation will investigate the concepts of Morals, Ethics and Law, addressed in Kant s practical philosophy, analyzing some of his main ideas: freedom, moral law, the categorical imperative and autonomy of the will. Keywords: Immanuel Kant. Moral. Ethics. Right. Moral Law. Freedom. Categorical Imperative.

6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7 Capítulo 1 Análise preliminar: o princípio supremo da moralidade e o conceito de liberdade como autonomia A razão prática e a noção de imperativo A distinção entre imperativos hipotéticos e o imperativo categórico A solução do problema da obrigação moral a partir do conceito de autonomia da vontade 27 Capitulo 2 Uma aproximação entre o princípio supremo da moralidade e o princípio universal do direito O imperativo categórico da moral e a distinção entre direito e ética liberdade como autonomia, direito inato e livre-arbítrio O princípio universal do direito 57 Capitulo 3- A solução de Kant para o problema da coerção jurídica O caráter coercitivo do direito O direito público e a legitimação da coerção A ideia de uma vontade geral e o uso público da razão 83 Considerações finais 91 BIBLIOGRAFIA 94

7 7 INTRODUÇÃO Esta dissertação tem como objetivo apresentar a relação entre os princípios da moral e do direito, segundo a filosofia de Immanuel Kant. Para tal, iremos analisar como Kant defende, na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a possibilidade da liberdade em sentido estrito como autonomia da vontade, ao apresentar a razão prática pura, ou seja, a capacidade racional do homem de determinar sua própria vontade a agir, de acordo com a lei moral. Mediante esta noção de autonomia Kant explica o conceito de dever ou de obrigação moral, que pode nos levar a agir de maneira independente de nossos desejos particulares, inclinações sensíveis ou interesses egoístas. Procuramos mostrar, seguindo um viés de leitura apontado por Höffe 1 e por Terra 2, como o princípio da moral, definido por Kant como princípio de autonomia da vontade, cumprirá um papel importante na fundamentação do Direito. Para isso examinaremos, de um lado, essa relação entre o conceito de autonomia e a apresentação que Kant faz do princípio supremo do direito. De outro lado, insistiremos na distinção que Kant apresenta entre leis jurídicas e leis éticas, para mostrar que, embora o Direito esteja vinculado à Moral em sentido amplo, ele se diferencia da Moralidade (Sittlichkeit). Com este intuito, dividimos nossas análises em três capítulos. O primeiro capítulo realiza uma análise preliminar sobre o princípio supremo da moralidade e o conceito de liberdade como autonomia. Para cumprirmos esta tarefa, tomaremos como base para nossa investigação a obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, mais especificamente na segunda seção, onde Kant apresenta sua análise acerca da razão prática. Distinguindo o homem das demais coisas na natureza que são regidas por leis mecânicas deterministas, Kant defende que o homem é capaz de agir mediante a representação de seus próprios princípios. Examinaremos o que Kant entende por razão prática e como formula a noção de imperativo, distinguindo entre imperativos hipotéticos e imperativos categóricos. De acordo com Kant, não é possível encontrar, mediante a experiência, ou seja, empiricamente, princípios que sejam válidos de maneira necessária e universal. Por isso sua intenção, nesta seção da Fundamentação, é a de mostrar a partir da análise da estrutura da 1 HÖFFE, O. O imperativo categórico do direito. In: Studia Kantiana. Vol. I número I, 1998, p TERRA, R. A política tensa. Ideia e Realidade na Filosofia da História de Kant. São Paulo: Iluminuras, 1995.

8 8 própria razão prática, se a vontade pode se determinar a agir a partir da representação de leis com caráter universal. Coloca-se assim a questão sobre a possibilidade de a vontade ser determinada a priori, ou seja, de se determinar a agir independentemente de impulsos sensíveis e interesses egoístas. Nesse sentido, Kant apresenta uma razão prática pura,que é capaz de se autodeterminar a partir de princípios a priori, na medida em que compara sua máxima, ou princípio subjetivo de ação, com a representação de uma lei universal válida para todos os seres racionais em geral. Ao introduzir essa possibilidade de determinação mediante a mera representação de uma lei universal, Kant tem de explicar como a vontade humana, que é também patologicamente determinada, ou seja, visa a realização de desejos e interesses particulares, poderia ser obrigada a agir de acordo com essa representação puramente racional. Em suma, Kant tem de solucionar o problema da obrigação moral. Examinaremos como Kant apresenta essa solução a partir da articulação entre máxima e lei universal, que se torna possível mediante o conceito de autonomia ou de auto-legislação da vontade: a vontade só se submete à lei moral, na medida em que ela mesma se considera como universalmente legisladora. No segundo capítulo investigaremos em que medida Kant traz para a fundamentação do direito, na Metafísica dos Costumes, as análises realizadas ao longo da Fundamentação. Nosso intuito é, portanto, o de aproximar o princípio supremo da moralidade ao princípio universal do direito. Nesse sentido, será antes de tudo, necessário compreender a distinção que Kant estabelece entre Direito e Ética, ambos fundados na ideia de uma razão prática pura, expressa no imperativo categórico da moral. Kant divide a Metafísica dos Costumes em duas partes: uma que versa sobre os princípios metafísicos da doutrina do direito e outra que trata dos princípios metafísicos da doutrina da virtude. A ótica do direito refere-se à conformidade da ação com a lei, isto é, à legalidade, ao passo que a perspectiva da virtude é referente à consonância do móbil com a lei, ou seja, à moralidade (Sittlichkeit). Neste ponto, mostraremos como o Direito se diferencia da moralidade, mesmo que ambos estejam fundados no princípio da moral. Num segundo passo, nos centraremos na questão da fundamentação do direito. Será fundamental compreender como Kant retoma o conceito de liberdade como autonomia ao apresentar o direito inato dos homens. Em seguida, procuraremos mostrar como Kant introduz a liberdade como livre-arbítrio, especificando o direito em relação à moral. Essa outra compreensão de liberdade, conduz à elaboração do princípio universal do direito como considerando apenas a coexistência das liberdades externas. Nesses termos, será feita uma

9 9 abordagem sobre o conceito de direito entendido como a soma das condições sob as quais o arbítrio de um indivíduo pode se unir ao de outro em conformidade com uma lei universal de liberdade. Assim, a definição de princípio universal do direito considera justa toda a ação que for apta a coexistir com a liberdade de todos segundo uma lei universal, ou se ao menos na sua máxima a liberdade de escolha de cada um puder coexistir com a liberdade de todos em consonância com uma lei universal. No terceiro e derradeiro capítulo exporemos como Kant introduz, no âmbito do direito, o problema da coerção jurídica e como pretende solucioná-lo. Assim, analisaremos o caráter coercitivo do direito. De acordo com Kant, a coerção consiste em uma autorização para obrigar e todo direito é seguido de uma coerção. Entretanto, é preciso compreender que a coerção não é uma barreira ou impedimento à liberdade. Pelo contrário, ela surge como empecilho ao obstáculo da liberdade. Além disso, será importante compreender como, para Kant, só poderá ser legitimada mediante o direito público. Assim, examinaremos como Kant compreende a ideia de contrato originário e da formação da vontade geral que legitimará a instituição das leis jurídicas.

10 10 Capítulo 1 Análise preliminar: o princípio supremo da moralidade e o conceito de liberdade como autonomia Introdução Tendo em vista o escopo deste trabalho de investigar o problema da relação entre o princípio da moral e o princípio do direito na filosofia de Kant, será antes de tudo necessário realizar um estudo sobre seu princípio da moral, procurando entender em que medida este servirá de fundamento para o direito. Assim no primeiro capítulo pretendemos examinar como Kant apresenta seu princípio supremo da moral que será formulado em um imperativo, na Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Para tanto, será preciso reconstruir a análise que Kant faz na segunda seção da fundamentação sobre o conceito de razão prática ou vontade. A partir dessa análise sobre a razão prática, examinaremos a distinção que Kant apresenta entre os imperativos hipotéticos e o imperativo categórico e como Kant argumenta que o princípio supremo da moral só pode ser expresso em um imperativo categórico. Por fim será importante mostrar como Kant se vale do conceito da autonomia da vontade para justificar o princípio supremo da moralidade A razão prática e a noção de imperativo Na Segunda Seção da Fundamentação Kant afirma que o homem como ser racional, possui uma vontade. Vamos antes de tudo compreender o que ele entende por vontade ou razão prática: Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser racional tem a capacidade de agir segundo a representação das leis, isto é, segundo princípios, ou: só ele tem uma vontade. Como para derivar as ações das leis é necessária a razão, a vontade não é outra coisa senão razão prática. Se a razão determina infalivelmente a vontade, as ações de um tal ser, que são conhecidas como objetivamente necessárias, são também subjetivamente necessárias, isto é, a vontade é a faculdade de escolher só aquilo que a razão, independentemente

11 11 da inclinação, // reconhece como praticamente necessário, quer dizer como bom. 3 Kant entende o conceito de vontade como a faculdade de se determinar a si mesmo a agir em concordância com a representação de certas leis. Esta faculdade encontra-se apenas nos seres racionais. Como a razão é imprescindível para a representação de leis, a vontade nada mais é do que razão prática.o ponto decisivo do entendimento moral encontra-se justamente na consciência da faculdade da razão prática pura, ou seja, na capacidade de decidir, de escolher sua ação independentemente de fundamentos determinantes sensíveis, tais como os impulsos, as carências, entre outros. Desse modo, podemos compreender que uma vontade será boa quando for determinada de modo incondicionado, ou seja, quando for determinada por princípios da razão pura prática, válidos para todo e qualquer ser racional. De acordo com o que já havia exposto na primeira seção da Fundamentação, Kant reitera que uma vontade boa é boa sem limitações, pois está fundamentada no princípio da razão, que é incondicionado e, por conseguinte, é composto apenas pela forma do querer abstraído de toda a matéria de seus objetos. Segundo Guido Antônio de Almeida, o escopo de Kant é "...ligar o conceito da vontade ao conceito da razão prática, na medida em que [i] entendemos por "vontade" um poder de agir com base em princípios e [ii] é preciso da razão para derivar ações de princípios" 4. Ante o exposto, notamos que para que a vontade seja absolutamente boa, é preciso que a razão prática seja pura, ou seja, que ela possa fornecer o princípio universal e necessário da conduta. Para Kant, o homem é capaz de conceber a ideia de uma razão prática pura, todavia, as inclinações e os impulsos aparecem como um grande obstáculo no desenvolvimento dessa ideia. Qualificar a razão prática como pura significa dizer que se trata de faculdades da razão cuja existência não depende de qualquer experiência, isto é, são faculdades dadas, a priori, isentas de qualquer modo de vivência e independentes da atuação do indivíduo sobre o mundo. A ação é considerada livre quando decorre exclusivamente da razão. Seguindo o entendimento de Kant, chegamos então à conclusão de que o homem é um ser composto por razão e sensibilidade, de modo que a vontade humana pode ser determinada 3 KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. Artur Morão. Lisboa: Ed. 70, p ALMEIDA, Guido Antônio de. Immanuel Kant: Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução com introdução e notas. ed. cidade: ano. p. 32

12 12 ou por estímulos empíricos baseados na sensibilidade ou por um elemento puro fundado na razão. Assim, no caso do homem que por sua constituição mista é um ser racional, mas também é sensível, as leis da natureza não são suficientes para determinar a sua vontade. Nesse sentido, como a vontade humana também está subordinada a certos móbiles sensíveis, que nem sempre coincidem com as leis práticas impostas pela razão prática pura, Kant define esta determinação da vontade mediante leis práticas como obrigação: (...) Mas se a razão só por si não determina suficientemente a vontade, se esta está ainda sujeita a condições subjetivas (a certos móbiles) que não coincidem sempre com as objetivas; numa palavra, se a vontade não é em si plenamente conforme à razão (como acontece realmente entre os homens), então as ações, que objetivamente são reconhecidas como necessárias, são subjetivamente contingentes, e a determinação de uma tal vontade, conforme a leis objetivas, é obrigação (Nötigung); quer dizer, a relação das leis objetivas para uma vontade não absolutamente boa representa-se como a determinação da vontade de um ser racional por princípios da razão, sim, princípios esses porém a que esta vontade, pela sua natureza, não obedece necessariamente. 5 Em razão da dupla possibilidade de determinação da vontade humana, Kant entende que "a representação de um princípio objetivo, enquanto obrigante para uma vontade, chamase um mandamento (da razão), e a fórmula do mandamento chama-se Imperativo" 6. Ante os conflitos existentes entre as inclinações da sensibilidade e as leis práticas objetivas que, no caso dos homens, se dão quando o seu querer não coincide necessariamente com a lei objetiva, surge o comando (ou mandamento), que nada mais é do que o imperativo ordenando o que deverá ocorrer. Nesse sentido, a lei prática objetiva será prescrita por um imperativo que por sua vez é traduzido pelo verbo dever. Nas palavras de Kant: Todos os imperativos se exprimem pelo verbo dever (sollen), e mostram assim a relação de uma lei objetiva da razão para uma vontade que segundo a sua constituição subjetiva não é por ela necessariamente determinada (uma obrigação). Eles dizem que seria bom praticar ou deixar de praticar qualquer coisa, mas // dizem-no a uma vontade que nem sempre faz qualquer coisa só porque lhe é representado que seria bom fazê-la. Praticamente bom é porém aquilo que determina a vontade por meio de representações da razão, por conseguinte não por causas subjetivas, mas objetivamente, quer dizer por princípios que são válidos para todo o ser racional como tal.(...) 7 Kant entende que dever constitui a necessidade objetiva de uma ação segundo a obrigatoriedade. Assim, dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei moral. A ideia 5 KANT, I. Fundamentação, p Idem, p Idem, p. 48.

13 13 de dever só é possível para seres racionais sensíveis, que possuem uma vontade que não é absolutamente boa e que, portanto, é imperfeita. Dessa maneira, apenas os seres racionais sensíveis dotados de uma vontade imperfeita precisam agir de acordo com o dever, pois sua ação nem sempre está em consonância com o princípio moral. Assim, Kant argumenta que os imperativos exprimem-se pelo verbo dever e retratam a relação que existe entre uma lei objetiva e uma vontade subjetivamente determinada. Por esse motivo, não são válidos para uma vontade absolutamente pura ou para uma vontade santa, ou seja, uma vontade que esteja totalmente de acordo com a lei. Eles exprimem a relação existente entre leis objetivas e a imperfeição da vontade humana. Para Kant: Uma vontade perfeitamente boa estaria portanto igualmente submetida a leis objetivas (do bem), mas não se poderia representar como obrigada a ações conformes à lei, pois que pela sua constituição subjetiva ela só pode ser determinada pela representação do bem. Por isso os imperativos não valem para a vontade divina nem, em geral, para uma vontade santa; o dever (Sollen) não está aqui no seu lugar, porque o querer coincide já por si necessariamente com a lei. Por isso os imperativos são apenas fórmulas para exprimir a relação entre leis objetivas do querer em geral e a imperfeição subjetiva deste ou daquele ser racional, da vontade humana por exemplo. 8 Nesses termos, a vontade perfeita é aquela que não precisa da obrigação prática para ser conforme à lei, uma vez que, seu querer já está por si só em concordância com a lei. Por outro lado, observamos uma vontade racional capaz de determinar-se exclusivamente pela lei, porém, concomitantemente, carrega consigo a potencialidade de ser influenciada por inclinações e desejos, caracterizando a vontade imperfeita. Nas palavras de Guido Antônio de Almeida: (...) O segundo [dos três passos da análise do conceito de vontade] consiste na distinção entre uma vontade perfeitamente racional (que faz necessariamente tudo aquilo que lhe é representado como bom) e uma vontade imperfeitamente racional (que não faz necessariamente o que é bom, seja por ignorância, seja por fraqueza)... 9 Diante do exposto, conclui-se que o querer da vontade perfeita será sempre um querer moral, na medida em que a ação ligada a ela está sempre concordando com a lei moral. O querer de uma vontade imperfeita, em contrapartida, nem sempre será um querer moral e, consequentemente, a lei moral deve constituir, para tal vontade, uma obrigação. 8 Idem, p ALMEIDA, op. cit., p. 32.

14 14 A distinção entre leis e imperativos exige que se diferenciem os princípios práticos objetivos, que uma vontade imperfeita reconhece como um dever para toda vontade, dos princípios práticos subjetivos, que traduzem o que o sujeito de fato quer e que podem estar, ou não, de acordo com os princípios práticos objetivos. É para esses que Kant reserva a expressão máxima, conforme veremos mais adiante. Kant defende que a real finalidade da razão, enquanto faculdade prática é produzir uma vontade boa em si mesma. Esta vontade, desprovida de qualquer intenção posterior, será o bem supremo e a condição de todas as coisas. Desse modo, o homem como ser racional e podendo agir conforme a boa vontade irá formular leis às quais todos os demais possam estar necessariamente sujeitos. Por conseguinte, o homem poderá tornar-se um legislador universal. Apenas o ser racional é dotado de capacidade de vincular sua vontade à lei, ou seja, de determiná-la através da representação de leis. Tratando especificamente da vontade humana, ela é racional e sensível, isto é, pode transgredir a lei, mesmo a concebendo como incondicional e inviolável. Se a ideia de dever implica, em certo sentido, a noção de vontade boa, a ideia de imperativo é que ajuda na compreensão da própria noção de dever. Imperativo é o princípio por meio do qual o agente racional obriga-se a agir baseado em justificativas, isto é, em razões: O imperativo diz-me, pois, que ação das que me são possíveis seria boa, e representa a regra prática em relação com uma vontade, que não pratica imediatamente uma ação só porque ela é boa, em parte porque o sujeito nem sempre sabe que ela é boa, em parte porque, mesmo que o soubesse, as suas máximas poderiam contudo ser contrárias aos princípios objetivos duma razão prática. 10 A função do imperativo é, necessariamente, ordenar que a vontade siga aquilo que é bom. Desse modo, para Kant, os imperativos podem ser divididos em dois tipos, de acordo com a maneira pela qual ordenam, a saber, hipoteticamente ou categoricamente, conforme examinaremos de forma mais detalhada no próximo tópico: Como toda a lei prática representa uma ação possível como boa e por isso como necessária para um sujeito praticamente determinável pela razão, // todos os imperativos são fórmulas da determinação da ação que é necessária segundo o princípio de uma vontade boa de qualquer maneira. No caso de a ação ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, o imperativo é hipotético; se a ação é representada como boa em si, por conseguinte como 10 KANT, I. Fundamentação, p. 50

15 15 necessária numa vontade em si conforme à razão como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico A distinção entre imperativos hipotéticos e o imperativo categórico Segundo Kant, todos os imperativos classificam-se em hipotéticos ou categóricos: Ora, todos os imperativos ordenam ou hipotética ou categoricamente. Os hipotéticos representam a necessidade prática de uma ação possível como meio de alcançar qualquer outra coisa que se quer (ou que é possível que se queira). O imperativo categórico seria aquele que nos representasse uma ação como objetivamente necessária por si mesma, sem relação com qualquer outra finalidade. 12 O imperativo será hipotético quando a obrigação racional for condicionada à adoção de um fim particular pelo agente. Dessa maneira, o agente realiza algo em função de um fim que é determinado de modo contingente. Podemos entender então, que hipotético aponta para o caráter relativo da ação, ou seja, indica que ela poderia ter ocorrido de modo diferente em relação ao que ocorreu. Dito de outro modo, tanto a ação como o fim poderiam ocorrer de forma diversa. No caso dos imperativos hipotéticos, é necessário que, no antecedente do condicional exista, em primeiro lugar, um fim a ser alcançado, isto é, algo almejado pelo agente.em segundo lugar, tem de haver conhecimento da relação casual entre a ação ordenada e o elemento desejado, ou seja, uma ciência que a ação ordenada constitui um meio para a realização do objeto ansiado. Esse fim desejado pelo agente poderá ser possível ou real, definindo assim dois tipos de imperativos hipotéticos. Segundo Kant, "o imperativo hipotético diz pois apenas que a ação é boa em vista de qualquer intenção possível ou real. No primeiro caso é um princípio problemático, no segundo um princípio assertórico-prático" 13. No caso de um fim possível o imperativo será também chamado de regra da habilidade e, no caso de um fim real, o imperativo poderá também ser denominado como conselho da prudência. Norberto Bobbio explicita essa distinção: 11 Idem, p Idem, p KANT, I. Fundamentação, p. 50

16 16 (...) Destes dois tipos de imperativos hipotéticos, Kant chama os primeiros técnicos (enquanto são próprios de cada arte), os segundos pragmáticos (enquanto se referem ao bem-estar em geral). Um exemplo dos primeiros, pode ser o seguinte: "Se você quer aprender latim, deve fazer muitos exercícios"; um exemplo dos segundos: "Se você quer (ou porque você quer) ser feliz, deve evitar qualquer excesso." Os primeiros prescrevem regras de habilidade, os segundos regras de prudência. Concluindo, segundo Kant existem três espécies de imperativos: 1) categóricos ou morais, cuja fórmula é: "Você deve executar a ação A"; 2) técnicos ou de habilidade, cuja fórmula é: "Se você quer alcançar B, deve executar a ação A"; 3) pragmáticos ou de prudência, cuja fórmula é: "Porque você deve alcançar B, deve executar a ação A". 14 Os imperativos hipotéticos problemáticos (que também podem ser chamados regras de destreza), ordenam ações que são boas como meio para a realização de fins eventualmente aguardados por determinados agentes. Assim, afirmar que a intenção é possível é o mesmo que dizer que é contingente, ou seja, não consiste em uma intenção ou fim que o agente necessariamente deva esperar. Em suma, não é sequer possível presumir que fins são esses, por esse motivo a relação entre antecedente e consequente é problemática. Por outro lado, os imperativos hipotéticos assertóricos (que também podem ser chamados conselhos de prudência), ordenam ações que são boas como meio para a realização de fins realmente/verdadeiramente aguardados pelo agente. É fundamental, no entanto, esclarecer que, seja no imperativo hipotético problemático, quando o fim consiste em uma intenção somente possível, seja no imperativo hipotético assertórico, quando o fim consiste em uma intenção real, estamos diante de princípios empíricos, isto é, que se fundamentam em um juízo empírico e num juízo analítico, ou ainda, em princípios materiais, pois só se pode saber pela experiência quais objetos são almejados e quais inclinações se quer atender. Entretanto, os princípios materiais não são cabíveis para atribuição de valor moral a uma determinada ação, pois o imperativo que ordena que o sujeito venha agir de acordo com a lei moral não pode estar fundado em princípios materiais, devendo basear-se em algum princípio formal, que é a lei moral. Ao inverso dos imperativos hipotéticos, o imperativo categórico é aquele que representa uma ação como objetivamente necessária por si própria, sem relação com qualquer outro fim. Desse modo, a ação não é utilizada como meio para a realização de alguma finalidade, mas sim, é representada como boa em si. O imperativo categórico é independente 14 BOBBIO, Norberto. Direito e estado no pensamento de Emanuel Kant. Trad. Alfredo Fait. Brasília: Editora UNB, 1997, p. 65

17 17 da satisfação de qualquer condição e, não se relaciona com os fins que desejados, mas apenas com o princípio do qual ela deriva. Segundo Kant: Há por fim um imperativo que, sem se basear como condição em qualquer outra intenção e atingir por um certo comportamento, ordena imediatamente este comportamento. Este imperativo é categórico. Não se relaciona com a matéria da ação e com o que dela deve resultar, mas com a forma e o princípio de que ela mesma deriva; e o essencialmente bom na ação reside na disposição (Gesinnung), seja qual for o resultado. Este imperativo podese chamar o imperativo da moralidade. 15 O imperativo categórico que ordena a ação objetivamente necessária por si mesma, isto é, independente de qualquer fim possível ou real na base da ação, é válido enquanto um princípio prático que ordena necessariamente. Para Kant: "(...) O imperativo categórico, que declara a ação como objetivamente necessária por si, independentemente de qualquer intenção, quer dizer sem qualquer outra finalidade, vale como princípio apodíctico (prático)" 16. O imperativo será categórico quando a obrigação for incondicional, o que se traduz para Kant na expressão: quando ela é necessária e universal. Do ponto de vista da moralidade, o agente tem que agir dessa, e não de qualquer outra maneira. Nesse sentido, a lei moral é o princípio supremo que vale previamente para uma vontade boa. Logo, a lei moral é o princípio da vontade perfeita que age sempre e incondicionalmente de acordo com tal princípio. Nesse sentido, para tal vontade, a lei não precisa ser um imperativo, uma vez que existe coincidência entre ela e a moralidade. Entretanto, para uma vontade imperfeita, assim como a vontade humana, que nem sempre age incondicionalmente em conformidade com a lei moral, esta última precisa valer para ele como um imperativo categórico.vejamos Kant: (...) se pensar um imperativo categórico, então sei imediatamente o que é que ele contém. Porque, não contendo o imperativo, além da lei, senão a necessidade da máxima que manda conformar-se com esta lei, e não contendo a lei nenhuma condição que a limite, nada mais resta senão a universalidade de uma lei em geral à qual a máxima da ação deve ser conforme, conformidade essa que só o imperativo nos representa propriamente como necessária KANT, I. Fundamentação, p KANT, I. Fundamentação, p KANT, I. Fundamentação, p

18 18 Quando a vontade é imperfeita, a lei moral apresenta-se na forma de um dever ser, ou seja, na forma de um imperativo. É a razão prática que, pela lei moral, expressa na forma do imperativo categórico, determina a vontade imperfeita, dando-lhe competência racional. Nessa esteira, para que o agir de uma vontade imperfeita possua valor moral, a lei tem que se fazer valer na forma de um dever. Tal dever é expresso no imperativo categórico. A vontade deve ser determinada pelo imperativo categórico pois, essa é a maneira como a lei moral está aplicada a uma vontade imperfeita. O valor moral não se encontra na relação da vontade com a matéria da ação, mas no próprio princípio, ou seja, na determinação da vontade pelo imperativo categórico. Partindo da premissa de que toda lei prática representa uma ação possível enquanto boa, entendemos que no caso de uma ação ser boa apenas como meio para alguma outra coisa, o imperativo correspondente será o hipotético; contudo, no caso de uma ação ser representada enquanto boa em si mesma, então o imperativo correspondente será o categórico. Norberto Bobbio explica os imperativos hipotéticos e o categórico, tornando mais fácil a compreensão a partir de exemplos: Uma vez dito que as leis da conduta humana são preceitos, Kant distingue o gênero "preceito" em duas espécies: categóricos e hipotéticos. Categóricos são os que prescrevem uma ação boa por si mesma, como por exemplo: "Você não deve mentir", e chamam-se assim porque são declarados por meio de um juízo categórico. Hipotéticos são aqueles que prescrevem uma ação boa para alcançar um certo fim, como por exemplo: "Se você quer evitar ser condenado por falsidade, você não deve mentir", e chamam-se assim porque são declarados por meio de um juízo hipotético. Por sua vez, os imperativos hipotéticos distinguem-se em duas subespécies, segundo o fato de que o fim seja, como diz Kant, possível ou real, isto é, com nossas palavras, segundo o fato que o fim seja tal que sua obtenção ou não-obtenção seja indiferente (e portanto seja lícito buscá-lo ou não), como é, por exemplo, o fim de aprender o latim; ou seja tal que dependa de uma necessidade natural, de modo que seja possível afirmar que todos os homens coloquem-no de fato, como, por exemplo, a felicidade. (...) 18 Os imperativos são princípios práticos objetivos pensados em função de uma vontade racional imperfeita. Seguindo o entendimento de Guido Antônio de Almeida, no caso do imperativo categórico, a mesma fórmula,mas para uma vontade que não se especifica como sensivelmente afetada, é o que Kant denomina somente como lei moral: (...) Tendo mostrado que o princípio moral, qualquer que seja o seu conteúdo, tem de ser concebido como um "imperativo categórico", válido para toda vontade imperfeitamente racional, Kant propõe-se mostrar também 18 BOBBIO, Norberto. p

19 19 que é possível determinar a priori o conteúdo de um imperativo categórico a partir do mero conceito de um imperativo categórico. A tese kantiana neste ponto é, pois, que é possível derivar a fórmula (que exprime o conteúdo) de um imperativo categórico a partir da mera consideração da condição que as máximas de nossas ações devem satisfazer para adquirir um valor moral e, assim, serem prescritas (como lícitas, proibidas ou exigidas) por um imperativo categórico. 19 Desse modo, fala-se não em imperativo, mas em lei moral, na hipótese do princípio ser pensado em relação a uma vontade perfeita, especificamente aquela que não é afetada pela sensibilidade, ou a uma vontade em geral, em que não importa se é ou não afetada. Assim, a lei moral, ainda que tenha o mesmo conteúdo que o imperativo correspondente, se refere a conceitos significativamente distintos de vontade, embora intrinsecamente relacionados. A vontade racional perfeita parece idêntica a uma vontade puramente racional, sendo esta uma vontade que sempre conforma suas máximas a princípios racionais puros. A lei moral, por conseguinte, como princípio incondicional, é equivalente a um princípio livre de condições empíricas, ou puramente racional. Por sua vez, a vontade perfeitamente racional consiste na vontade que age necessariamente sob a lei moral. Feita a distinção entre princípios práticos objetivos, que são os imperativos ou leis, cabe analisarmos a seguir, os princípios práticos subjetivos, que são as máximas, com o escopo de entendermos a afirmação de Kant de que as fórmulas do princípio moral servem não apenas para representá-lo, ou seja, torná-lo compreensível como um princípio prático objetivo, mas também e sobretudo para torná-lo aceitável e aplicável como um princípio prático subjetivo. Na Fundamentação, Kant nos mostra que a máxima da ação constitui um princípio subjetivo do querer e o princípio objetivo do querer constitui uma lei prática. No entanto, aponta ainda, que o princípio objetivo, isto é, a lei prática, caberia também como princípio prático subjetivo, ou máxima, se a razão possuísse domínio exclusivo sobre o homem. Isso sugere que um princípio objetivo (lei prática) pode ser um princípio subjetivo (máxima). No tocante à validade, conforme exposto, uma máxima refere-se a um princípio subjetivo, distinguindo-se de uma lei prática que é referente a um princípio objetivo. Isso porque, enquanto uma lei prática é válida para todo ser racional, estabelecendo um princípio orientador por meio do qual ele deve agir, a máxima é uma regra prática fundada em consonância com as inclinações e disposições naturais da pessoa, ou seja, um princípio que 19 ALMEIDA, Guido Antônio de. p. 33

20 20 não possui validade necessária para a vontade de todos os indivíduos, assim como exposto por Guido Antônio de Almeida: (...) é possível fazer duas outras distinções: [i] entre leis (dizendo o que é bom fazer, isto é, o que temos razão de fazer de preferência a não fazer) e imperativos (dizendo o que devemos fazer, mesmo que de fato não o façamos); [ii] entre princípios objetivos (leis ou imperativos, dizendo o que devemos fazer) e princípios subjetivos (máximas, dizendo o que de fato queremos fazer, ou seja, as regras de preferência que de fato aplicamos quando fazemos uma escolha qualquer). (...) 20 Se uma máxima pressupõe a conduta de um indivíduo, então, a partir dessa máxima é plenamente possível analisar as suas ações quanto à moralidade. Ante o exposto, entendemos que apenas um ser capaz de adotar máximas poderá ser classificado como moral ou imoral. Uma máxima será considerada moral quando estiver em conformidade com a lei prática, podendo ser tida, enquanto tal, como universal, nos termos do descrito por Guido Antônio de Almeida: (...) A forma das máximas, diz Kant, consiste na sua universalidade, pois é por sua universalidade que uma máxima se distingue de intenções particulares e contingentes (isto é, o que eu quero aqui e agora). É precisamente por sua universalidade que a máxima se constitui como um princípio subjetivo da vontade, isto é, uma regra geral dizendo o que eu quero mais do que qualquer outra coisa e servindo para a deliberação acerca do que fazer em cada situação particular. (...) 21 Cabe esclarecer, no entanto, que a máxima será universalizada somente formalmente e não positivamente, isto é, a universalidade atinge apenas a forma da ação e não a ação propriamente dita. Para Kant, os princípios práticos do agir podem ser, de um lado, subjetivos ou máximas, caso a condição for considerada pelo indivíduo como válida apenas para a vontade dele. De outro lado, eles podem ser objetivos ou leis práticas, caso a condição for considerada válida para a vontade de todos os seres racionais. Nesse último caso, ela também pode ser tida como a lei da moralidade, sendo apresentada aos entes racionais sensíveis como um dever. No entendimento kantiano, a lei prática consiste em prescrições da forma como se deve agir, não se tratando, no entanto, de como se age. Para Kant é possível agir por dever, respeitando a lei prática. 20 ALMEIDA, Guido Antônio de. Immanuel Kant: Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução com introdução e notas. ed. cidade: ano. p ALMEIDA, op. cit., p

21 21 Agir conforme o dever denota que a ação praticada é correta, uma vez que, aparentemente, ela está em conformidade com as regras práticas do dever, todavia não é executada por dever. Já, agir por dever significa que a ação é praticada exclusivamente por respeito à lei. As noções de dever e de imperativo categórico irão compor o núcleo da teoria da obrigação moral de Kant. O dever enquanto obrigação significa a exigência posta pela vontade para se deixar determinar, racional e livremente, pela lei moral. O respeito é entendido como a consciência dessa exigência, em outras palavras, é a consciência da subordinação da vontade a uma lei. O dever não constitui uma lista daquilo que se deve ou não fazer, ao contrário, constitui uma forma que deve valer para todas as ações morais. Essa forma é imperativa. O imperativo vale incondicionalmente e sem exceções para todas as situações de todas as ações morais. Em função disso, o dever é um imperativo categórico que ordena incondicionalmente, constituindo uma lei moral interior. Segundo Kant, o imperativo categórico é traduzido na fórmula geral: Age em conformidade somente com a máxima que possas querer que se torne uma lei universal. Isto é, o ato moral é aquele que se realiza com a consonância entre a vontade e as leis universais que ela dá a si própria: Uma vez que a universalidade da lei, segundo a qual certos efeitos se produzem, constitui aquilo a que se chama propriamente natureza no sentido mais lato da palavra (quanto à forma), quer dizer a realidade das coisas, enquanto é determinada por leis universais, o imperativo universal do dever poderia também exprimir-se assim: Age como se a máxima da tua acção se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza. 22 O imperativo categórico não exprime o conteúdo particular de uma ação, mas a forma geral das ações morais. As máximas evidenciam a interiorização do dever, uma vez que, este nasce da razão e da vontade legisladora universal do agente moral. A concordância entre a vontade e o dever é o que Kant chama de vontade boa que quer o bem. Agir segundo uma máxima universalizável não significa não fazer aos outros o que não desejamos que nos façam a nós, nem mesmo a fazer aos outros o que desejamos que nos façam a nós. Esses imperativos são hipotéticos, pois resultam na dependência de um desejo. Ora, a universalidade do imperativo categórico tem por característica abstrair a máxima da 22 KANT, I. Fundamentação, p. 59

22 22 particularidade dos meus desejos. Assim, se devo não mentir, não é porque desejo que ninguém minta para mim, mas porque, considerada em si mesma, a mentira não pode ser desejada universalmente. E essa é uma impossibilidade racional. Desse modo, quaisquer razões que a sustentassem num caso particular seriam razões para, em outro caso particular, não a querer.nesses termos, na visão de Ricardo R. Terra, a máxima será moral quando puder ser universalizável: (...) o imperativo categórico, como a própria expressão indica, comanda absolutamente. Uma de suas formulações (presente na Fundamentação da metafísica dos costumes) é a seguinte: "Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal", a máxima sendo uma regra que elaboramos para nós mesmos quando vamos agir, de modo que a questão está em saber se essas regras são morais ou não. A máxima será moral quando for universalizável. O imperativo é o procedimento para testar essas regras subjetivas, isto é, para testar sua capacidade de universalização.(...) 23 É importante esclarecer que quando afirmamos que uma ação para que seja moral não se funda nos resultados pretendidos, não implica dizer que a ação para que tenha valor moral não possa ter um fim. Toda ação é composta de um fim. No entanto, o valor moral da ação não está localizado no fim, em outras palavras, o resultado da ação não interfere em nada na atribuição de valor moral. O que realmente considera-se é a intenção. A máxima que estabelece uma ação nada mais é do que o querer uma ação, o intento de praticá-la. A máxima está presente no princípio da vontade, ou seja, é ela que justifica o que fazer e o porquê fazer. Desse modo, entendemos que toda ação pode ser remetida a uma máxima que a orienta. Quando a máxima é objeto determinante da vontade prescrevendo algo que, de fato se deve fazer, então ela é denominada imperativo. Conforme o que já foi explanado, o valor moral de uma ação não se encontra simplesmente na ação que se observa, porém antes nos princípios da ação e no princípio do querer.dessa maneira, cabe esclarecermos o que Kant entendia por princípio do querer, e como ele justifica que o valor da ação está nesse princípio, buscando compreender com maior clareza a relação entre o princípio do querer e máximas da ação. Com base no pensamento kantiano, uma ação praticada precisamente por dever terá seu valor verificado na máxima que a determina, e não no propósito que se deseja alcançar com ela. Nessa esteira, entendemos a distinção feita por Kant entre o propósito da ação e a máxima da ação. 23 TERRA, op. cit., p. 12

23 23 Se considerarmos a definição de máxima como algo relativo ao meu querer, que determina ou move o meu querer fazer, podemos concluir que propósitos, assim como máximas, constituem institutos que também determinam o meu querer fazer, ou seja, também movem a minha vontade, traduzindo a ideia de que propósitos e máximas seriam equivalentes. Todavia, Kant explica que o valor da ação por dever não está no propósito da ação, mas em sua máxima. A partir do artigo "Máximas" de Rüdiger Bittner, podemos analisar melhor a distinção realizada por Kant com relação à propósitos e máximas. O autor utiliza-se de alguns exemplos de máximas citados pelo filósofo para tratar da diferença entre os dois institutos. De acordo com Bittner, a diferença se dá pois os propósitos não se submetem ao critério de uma possível universalidade, ao contrário de uma máxima. Em outras palavras, uma máxima pode ser universal, sendo assim, as máximas são mais gerais do que meros propósitos: "Regra querida pelo meu próprio querer" não pode, contudo, ser ainda uma determinação suficiente da máxima. Objetou-se a Kant que também uma regra como Eu quero jantar todas as segundas-feiras na casa dos amigos, feita lei geral, revoga-se (se pressupomos que os visitados jantam comigo e que só podemos jantar uma vez ao dia), apesar de não haver nisso nada de imoral. Se comparamos essa regra aos exemplos kantianos de máxima, então a evidente maior generalidade dos últimos torna plausível a defesa contra a objeção, com a indicação de que regras como a do costume da noite de segunda-feira são apenas propósitos, e não máximas, e por isso não estão submetidas à prova moral direta da universalidade possível. O sucesso dessa defesa depende do fato de que a diferença visível entre as máximas citadas por Kant e tais propósitos específicos seja assegurada com critérios. A primeira caracterização era de que máximas são mais gerais que propósitos; a questão é, em que sentido o são. 24 Surge então a necessidade de investigarmos em que sentido uma máxima é mais geral que um propósito. Bittner diz que não é o caso de uma máxima abarcar uma quantidade maior de situações, também não é o caso de uma máxima valer por um tempo maior, uma vez que, os propósitos, bem como as máximas, podem valer e perdurar por uma vida toda. A possível universalidade de uma máxima está muito além de questões quantitativas ou temporais. Bittner indica como central a questão daquilo que podemos imaginar como fundamento razoável do abandono de uma máxima por oposição à mudança de um propósito; segundo ele, evidencia-se ainda mais a diferença entre propósito e máxima no que tange ao 24 BITTNER, Rüdiger. Máximas.

24 24 que podemos ter enquanto um fundamento razoável do abandono de uma máxima da ação por oposição à mudança de um propósito. O autor aponta três possibilidades de abandono de uma regra da ação. A primeira são as circunstâncias particulares e externas; a segunda são as razões morais, que serão entendidas apenas com a exata compreensão do conceito de máxima, e; por fim, o melhor conhecimento dos fatos: Por um lado, se todo meu agir de acordo com a regra estabelecida é frustrado pelas circunstâncias, isso pode ser um motivo para abrir mão da regra. Mas isso vale tanto para máximas quanto para propósitos. O avarento, que apesar de todo seu esforço não consegue aumentar sua fortuna, pode, por fim, abrir mão de sua máxima da mesma maneira que alguém que não desperta com o mais barulhento dos despertadores pode abrir mão de seu propósito de levantar-se cedo. De outro lado, há as razões morais, cuja influência porém só é entendida quando se sabe o que são máximas. Em terceiro lugar, posso mudar a regra de meu agir em razão de melhor conhecer os fatos (Sachverhalte). 25 Circunstâncias simples particulares e externas podem implicar na desistência de um propósito, contudo, não é suficiente para o abandono de uma máxima, salvo se essa circunstância externa vier acrescida de um reconhecimento dos fatos e, assim, não serão as particularidades propriamente ditas que farão o indivíduo mudar sua regra de ação, mas antes, o entendimento dos fatos gerais que serão trazidos à luz mediante tal particularidade. Diante do exposto, Bittner identifica um ponto decisivo na distinção entre um propósito do agir e uma máxima da ação. Supondo que uma melhor compreensão dos fatos leva o homem a uma mudança da sua regra de ação, trata-se de uma máxima, tal entendimento engloba o todo, não apenas esta ou aquela circunstância, caracterizando as máximas da ação, na visão de Bittner, em regra ou plano de vida, sendo assim, mais gerais que os propósitos, que são sempre relativos a determinadas particularidades. Para o autor, quando se age segundo uma máxima (por meio de um princípio determinante da ação), a máxima querida está sempre presente na decisão da ação. O que se realizou ontem segundo uma máxima, deve ser o motivo de agir hoje e, estar presente em todas as situações de um agir futuro. Nesses termos, estamos diante de um agir segundo princípios, não de simples propósitos ou hábitos, possibilitando, assim, uma lei válida em razão da ação. 25 BITTNER, Rüdiger. Máximas.

25 25 Bittner explica que se adotamos uma máxima e a queremos enquanto plano de vida do nosso agir, não basta simplesmente tê-la querido uma única vez, isso descaracterizaria uma máxima, é imprescindível um querer sem ressalvas: "Agir segundo princípios " expressa essa forma de autodeterminação. Eu ajo segundo um princípio, se quero um agir particular como adequado a uma regra universal do meu agir. Isso, porém, somente é possível à medida que quero como válida a própria regra universal. (...) o querer da regra universal precisa estar presente na vontade particular. O que quis ontem como regra do meu agir somente pode determinar-me hoje no meu fazer se ainda quero sempre o universal, a saber, à medida que se trata de um agir segundo princípios, e não apenas de um hábito naturalmente consolidado. (...) se agir segundo princípios exige um querer dos mesmos, então não é suficiente simplesmente tê-los uma vez querido: é preciso querer simultaneamente o fazer particular e a regra universal. Isso significa que preciso, enquanto quero o particular, querer o geral, e vice-versa. Agir segundo princípios pressupõe uma vontade orientada por uma determinada universalidade que lhe seja própria, e, em consonância com isso, direcionada a uma particularidade adequada àquela. Pois apenas nessa unidade a vontade particular toma o princípio como seu, e apenas o princípio próprio é um princípio segundo o qual se pode agir. 26 A lei prática determina a vontade objetivamente, ou seja, tal lei é válida independentemente de como algo é visto/entendido por esse ou aquele sujeito, não dependendo também de toda e qualquer particularidade, não possuindo nenhuma relação com o querer deste ou daquele indivíduo, diferentemente dos propósitos aos quais somos inclinados, que sempre estão ligados a certas particularidades. Seguindo as lições de Kant, o que deve determinar a ação do homem objetivamente é unicamente uma lei prática. Por outro lado, o que deve mover a vontade do homem (caso exista preocupação em ser moral) subjetivamente é o exclusivo respeito por essa lei, isto é, a máxima da ação, a qual pode expor excepcionalmente o princípio do querer. A adoção de uma máxima da ação deve se dar à luz da lei prática objetiva. Conclui-se então, que a máxima da ação está diretamente ligada ao "querer fazer" do agente envolvido na ação. Ao analisar o entendimento de Kant sobre as máximas, Bittner parece ter descoberto a subjetividade que é inerente a toda máxima da ação, como também, a relação existente entre a máxima subjetiva e a objetividade da lei prática. O que é determinado através da máxima é o querer. Bittner aponta que a diferença específica entre alguns conceitos da expressão máxima citados por Kant consiste basicamente em sua subjetividade, isto é, no próprio termo subjetivo e como ele é aplicado. 26 BITTNER, Rüdiger. Máximas.

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