Palavras-chave: Didática. Educação de Jovens e Adultos. Formação de professores.
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- Iago de Andrade Henriques
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1 O PAPEL DA DIDÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES DA EJA NO PROGRAMA MAIS VIVER Maria Noraneide Rodrigues do Nascimento-UFPI Rosimar da Silva Feitosa Soares Costa-UFPI RESUMO Este artigo tem como objetivo refletir sobre o papel da didática na formação inicial e continuada dos professores alfabetizadores que atuam na EJA no Programa Mais Viver Alfabetização de Jovens e Adultos e inclusão social, que integra ações propostas pelo governo do Estado do Piauí através da Secretaria Estadual de Planejamento em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEDUC), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e as prefeituras municipais. Para tanto, definimos como objetivos específicos: discutir o papel da didática na formação de professores alfabetizadores do Programa Mais Viver e identificar na percepção dos professores alfabetizadores sobre a formação continuada e as implicações dessa ação para a aprendizagem dos alfabetizandos. Na busca de responder a seguinte problemática: em que medida a didática contribui para a formação de professores alfabetizadores do Programa Mais Viver? Nesse contexto, foram investigadas três alfabetizadoras dos municípios que participam do Programa em discussão. Do universo dos trinta municípios, selecionamos como amostra os seguintes municípios: São João da Serra com 10 turmas, 126 alfabetizandos, 10 professores alfabetizadores e um supervisor; São João da Fronteira com 09 turmas, 103 alfabetizandos, 11professores alfabetizadores e um supervisor; e Assunção do Piauí com 12 turmas, 105 alfabetizandos, 12 professores alfabetizadores e dois supervisores. Esse estudo consiste em uma abordagem qualitativa do tipo descritiva. Na busca de responder a problemática fundamentada nos teóricos, tais como: Freire (2011), Marin (2005), Haidt (2002) e entre outros. Em decorrência da natureza do estudo fizemos opção pela Análise de Conteúdo em Bardin (2009). Os resultados parciais evidenciam impactos sociais do Programa, tendo em vista os indicadores significativos de aprendizagem dos alfabetizandos. Palavras-chave: Didática. Educação de Jovens e Adultos. Formação de professores. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A didática na formação de professores consiste em uma área de estudo de abrangência do processo de ensino ou da ação docente. No contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA) essa discussão assumiu relevância a partir dos anos 1990, quando a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) lei nº 9.394/96 instituiu essa modalidade no contexto da educação básica. Nesse sentido, a relevância do estudo da temática nos impulsiona a refletir sobre o papel da didática na formação inicial e continuada dos professores que atuam na EJA, no desenvolvimento de sua prática pedagógica como alfabetizadores no Programa Mais Viver Alfabetização de Jovens e Adultos e inclusão social. Definimos como objetivos específicos: discutir o papel da didática na formação de professores do 04734
2 2 Programa Mais Viver e identificar na percepção dos professores alfabetizadores sobre a formação continuada e as implicações dessa ação para a aprendizagem dos alfabetizandos. Na busca de responder a seguinte problemática: em que medida a didática contribui para formação de professores alfabetizadores do Programa Mais Viver? Nesse contexto, foram investigadas três professoras alfabetizadoras dos municípios selecionados que participam do Programa em discussão. Portanto, esse estudo consiste em uma abordagem qualitativa do tipo descritiva, fundamentada na base teórica de Minayo (2012). Nesse sentido, a análise interpretativa dos dados foi ancorada nos estudos de Bardin (2009), assim como em alguns estudos de teóricos, tais como: Freire (2011), Marin (2005), Haidt (2002), Minayo (2012) e entre outros. O PAPEL DA DIDÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Segundo a literatura a Didática é definida como a ciência e a arte do ensino. Nesse sentido a essência do seu papel é contribuir na articulação do professor, isto é, no desenvolvimento da sua prática em relação à aprendizagem. Marin (2008) diz que a didática tem a sua especificidade sobre o modo de realização pedagógica em todas às situações inerentes à sala de aula ou tudo o que a envolve em todos os momentos, isto é, antes, durante e depois de sua realização. A prática de formação inicial e continuada de professores alfabetizadores desenvolvida no Programa Mais Viver, articula propostas transformadoras voltadas para a realidade das pessoas jovens e adultas, em que há valorização das suas experiências vivenciadas, na perspectiva de tornar significativas as aprendizagens. A sala de aula torna-se, pois, um espaço de aprendizagens que privilegia a construção e socialização de saberes, respeitando a diversidade da existência humana, reconhecendo os jovens e adultos sujeitos históricos sociais de direitos. Conforme afirma Haidt (2002) ensinar e aprender são dois lados de uma mesma moeda. Concorda-se com esse pensamento da autora, visto que ensinar e aprender se constituem num processo de relações interpessoais, mediante a troca de experiências entre os protagonistas do processo ensino e aprendizagem: professores e alunos, no cotidiano da sala de aula ou fora dela. Isso implica dizer que o objeto de estudo da didática não deve ser direcionado somente para o professor, pois ela se concretiza no processo de ensino e aprendizagem, por sua vez, a ênfase recai na relação de construção do conhecimento entre alunos e professores
3 3 CONTEXTUALIZANDO O PROGRAMA MAIS VIVER Dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) mostram que na região nordeste o índice de analfabetismo é maior do que o restante do país. O estado do Piauí possui cerca de , na faixa etária de 15 anos ou mais de analfabetos, o que corresponde a 22,93%, distribuídos na sua expressiva maioria entre a população de baixa renda beneficiária dos programas sociais mantidos pelo governo federal. Diante disso, o governo através da Secretaria Estadual de Planejamento (SEPLAN) em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Piauí (SEDUC/PI), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e as prefeituras municipais firmou o compromisso de implantar um programa presencial de superação do analfabetismo. O Programa chamado Mais Viver integra ações de alfabetização nos seguintes municípios: Alagoinha, Assunção do Piauí, Belém do Piauí, Brasileira, Boa Hora, Brejo, Caraúbas, Caxingo, Campo Largo, Floresta, Itainópolis, Jaicós, Joca Marques, Massape, Miguel Alves, Milton Brandão, Murici dos Portelas, Padre Marcos, Novo Santo Antonio, Passagem Franca, Patos, Paquetá, São Francisco de Assis, São José do Piauí, São João da Fronteira, São Julião, São Miguel da Baixa Grande e Vera Mendes. Justifica-se na contenção dos elevados índices de analfabetismo no Estado, atendendo preferencialmente às famílias beneficiárias dos programas sociais do Governo Federal. Sua concretização se deu no ano de 2014 com 600 turmas nos municípios já mencionados. A formação inicial e continuada contempla a qualificação profissional baseada nos princípios de inclusão social de pessoas jovens e adultas e sua permanência na escola, na perspectiva de emancipação humana (FREIRE, 2011). As abordagens teórico-metodológicas priorizadas no processo de alfabetização de adultos encontram-se centrada na formação integral do ser humano, com o objetivo de ampliar seu espaço de conquista na sociedade visando sua inclusão social. A estrutura curricular do curso está organizada em módulos, com carga horária total de 120 horas, onde os professores alfabetizadores ao longo da formação serão capazes de desenvolver múltiplos e simultâneos processos de interação para o conhecimento/domínio de conteúdos com foco na alfabetização e estratégias didáticometodológicos para subsidiar sua prática docente
4 4 PROGRAMA MAIS VIVER: O QUE DIZEM OS ALFABETIZADORES? A pesquisa de cunho qualitativa foi realizada com uma amostra de professores alfabetizadores dos seguintes municípios: São João da Serra que possui 10 turmas, 126 alfabetizandos, 10 professores alfabetizadores e um supervisor; São João da Fronteira que possui 09 turmas, 103 alfabetizandos, 11 professores alfabetizadores e um supervisor; e Assunção do Piauí que possui 12 turmas, 105 alfabetizandos, 12 professores alfabetizadores e dois supervisores. Para tanto, realizou-se a entrevista semiestruturada, pela aproximação entre pesquisados e o objeto de estudo (MINAYO, 2012). Objetivou refletir sobre o papel da didática na formação inicial e continuada dos professores que atuam na EJA no Programa Mais Viver. As falas das três alfabetizadoras entrevistadas, aqui nomeadas com nomes fictícios: Rosa, Margarida e Violeta, fundamentaram-se na análise de conteúdo proposta por Bardin (2009). Nela, as palavras ganham sentido nas entrelinhas dos discursos ditos, possibilitando ao pesquisador a interpretação da linguagem expressa pelo sujeito investigado. Ao questionar a respeito das contribuições das formações vivenciadas no Programa Mais Viver para o desenvolvimento da didática no processo de alfabetização de pessoas jovens e adultas, obteve-se as seguintes respostas: A experiência que aprendi na formação do Programa Mais Viver foi de grande importância, pois estou conseguindo desenvolver a didática da alfabetização, também em outros níveis de ensino, especialmente, com o uso do livro da professora Glória Moura. Eu percebo que os alunos aprendem com mais facilidade (ROSA). Observa-se que há relação existente entre a didática e a formação de professores, pelo fato da alfabetizadora enfatizar com veemência: [...] estou conseguido desenvolver a didática da alfabetização, também em outros níveis de ensino [...] significa que houve o envolvimento e o compromisso da alfabetizadora sobre a continuidade da experiência obtida na formação, considerada positiva. No relato da alfabetizadora Margarida: [...] pra mim foi um grande desafio, mas estou muito satisfeita com o Programa ao observar o avanço dos meus alfabetizandos no que diz respeito ao domínio da escrita, ao assinarem a frequência diária com autonomia, há clareza no resultado do trabalho que vem sendo desenvolvido e proporcionado pela formação obtida pelo Programa. Ela demonstra está motivada ao expressar: [...] estou muito satisfeita [...]. A justificativa vai ao encontro dos resultados evidenciados pelo comportamento dos seus alunos ao apontar: [...] no que diz respeito ao domínio da escrita, ao assinarem a frequência diária com autonomia. A fala de 04737
5 5 Margarida coaduna com a de Violeta, porém a mesma diz: meus alfabetizandos mesmo já sabendo assinar o nome, apresentam ainda dificuldades de leitura e junção de sílabas em palavras complexas. Violeta demonstra afetividade pelos seus alunos ao externar o seu sentimento: meus alfabetizandos. É importante destacar que essa proximidade entre professor e aluno é imprescindível na relação da didática, sendo esta uma de suas finalidades conforme afirma Haidt (2002). Compreende-se que no interior desse processo a didática cumpre o seu real papel na formação das professoras alfabetizadoras, revelado na aprendizagem dos alunos, a partir dos interesses e ritmos diferenciados, não pela maturidade, mas pela especificidade de cada ser. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados parciais evidenciados pela amostra coletada nessa investigação sinalizam que a didática das ações realizadas pelo Programa Mais Viver na concretude da formação inicial e continuada de professores alfabetizadores foram suficientes para se compreender o impacto social do Programa nos três municípios investigados. Infere-se com base nas falas analisadas a necessidade de uma pesquisa de amplitude maior, sobretudo de um monitoramento contínuo das ações propostas do Programa. A preocupação das professoras alfabetizadoras com as interações, as mediações e as intervenções nas dificuldades manifestadas pelos alfabetizandos influencia no cumprimento do papel da didática para o ensino. Conclui-se, portanto, que a interação entre alfabetizador, alfabetizando e conhecimento que se dá através da interação ensino e aprendizagem constitui elementos imprescindíveis da didática. REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, BRASIL. IBGE. Censo Demográfico. Disponível em: < Acesso em: 25 fev FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. 7. ed. São Paulo: Ática, MARIN, A. J. Didática e trabalho docente. Araraquara: Junqueira & Marin, MINAYO, M. Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 31ª Ed. São Paulo: Vozes,
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