EDUCAÇÃO SEXUAL: UMA ABORDAGEM NECESSÁRIA NO ÂMBITO EDUCACIONAL Jacineirde Gabriel Arcanjo. Paulo Ricardo dos Santos

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1 EDUCAÇÃO SEXUAL: UMA ABORDAGEM NECESSÁRIA NO ÂMBITO EDUCACIONAL Jacineirde Gabriel Arcanjo Universidade Federal Rural de Pernambuco Paulo Ricardo dos Santos Secretária de Educação de Pernambuco Introdução Partindo do pressuposto de que a escola é um espaço oficial de aprendizado, em que os/ as jovens passam um grande número de horas por dia, por vezes iniciando suas relações afetivas, e onde a educação sexual tem um espaço curricular formal. Diante disto temos o objetivo de identificar até que ponto a escola assume o papel de informar os jovens para as questões de sexualidade, gravidez precoce, DST s e métodos contraceptivos no seu contexto social. É inegável a pertinência de se incluir no currículo escolar esta temática, sabendo a multiplicidade de questões que podem ser abordadas no âmbito educacional, não esquecendo dos desafios tecidos para se trabalhar a temática sexualidade. Não podemos deixar de enfocar que não só se restringe a escola esta responsabilidade, envolvendo vários outros fatores mais amplos. A proposta de inclusão da educação sexual nas escolas de todo o país retomou com grande intensidade a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), cujo caderno sobre Pluralidade Cultural e Orientação Sexual (1997), apresenta a política do governo federal para a área. O documento introdutório dos PCNs aponta que a proposta (...) para educação sexual é que a escola trate da sexualidade como algo fundamental na vida das pessoas (BRASIL, 1998,p.67). Nesta perspectiva, a escola por sua vez assume uma grande tarefa, de informarem jovens e adolescentes sobre os riscos que são propostos pela falta de informações quando nos referimos a prática sexual sem maiores cuidados. Com este pensamento buscamos identificar o papel da Escola Estadual Conselheiro Samuel Mac Dowell na abordagem dos temas anteriormente citados com alunos da 8ª. Série do ensino fundamental II, no que diz respeito a questão abordada.

2 Referencial Teórico Sabemos que em diferentes contextos, como na sala de aula, alunos e alunas procuram respostas para as suas inquietações, principalmente quando nos referimos a sexualidade. Os aspectos que envolvem a sexualidade do adolescente na escola envolvem todo um processo de construção de identidade sexual, para a auto-afirmação perante a sociedade da qual fazem parte. Para Foucault (1997 p.100): A sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico: não à realidade subterrânea que se apreende com dificuldade, mas à grande rede de superfície em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação dos conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências, encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas grandes estratégias de saber e de poder. Nos dias atuais falar sobre a sexualidade na é mais um tabu, pois vivemos numa sociedade moderna que busca não se fala pouco e sim de outra maneira o assunto, a partir de pontos de vista diferentes e com objetivo de obter outros efeitos; é nesta prática que a identidade sexual dos sujeitos é (re) constituída. Diante de vários estudos podemos perceber que ter a disciplina de educação sexual na escola, nos leva a ter a pretensão de mudar os números para a realidade social, econômica e cultural do nosso país. Pois pesquisas apontam que parte da gravidez precoce e DST s estão intimamente relacionadas com a classe sócio-econômica menos favorecidas e a sua trajetória familiar. Estudos realizados no contexto brasileiro ajudam a entender a complexidade da questão da sexualidade em nossa sociedade. A pesquisa Gravidez na Adolescência: estudo multicêntrico sobre jovens, sexualidade e reprodução no Brasil (GRAVAD) De acordo com estudo, a jovem que não tem perspectiva profissional enxerga na gravidez a realização de um papel social. A pesquisa aponta que, no primeiro ano após o nascimento do bebê, 25% das jovens param de estudar temporariamente, 17% param definitivamente e 42% já estavam fora da escola antes da gravidez. (Heilborn et al., 2002). Diante destes dados podemos perceber que a educação é problema nacional descontínuos, com grande defasagem entre idade e série e interrupções que antecedem a ocorrência de gravidez ou nascimento de um filho. Nesta perspectiva, a escola por sua vez assume uma grande tarefa, de informar jovens e adolescentes sobre os riscos que são propostos pela falta de informações quando nos referimos a prática sexual sem maiores cuidados. Com este pensamento buscamos identificar o papel da escola neste processo.

3 Metodologia O contexto da pesquisa foi a Escola Estadual Conselheiro Samuel Mac Dowell, situada na cidade de Camaragibe/PE, tendo como sujeitos participantes da pesquisa 90 alunos das 8ª. Series do ensino fundamental II. A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário investigativo e observações feitas durante palestras realizadas pelos próprios alunos no período de culminância do projeto sexualidade desenvolvido na escola. Lakatos & Marconi (1979, p ) chamam a atenção para o fato de que: a observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar. Para André (2002) o questionário foi um instrumento muito utilizado nas pesquisas educacionais nas décadas de , mas foi gradativamente recrudescendo na década de 1980, até que nos anos 1990 chegou quase a desaparecer e hoje ele volta a ser utilizado com mais freqüência nas pesquisas educacionais. Durante uma semana a escola se voltou para as questões relacionadas a sexualidades, onde professores e coordenação escolar sentiram a necessidade de mobilizar toda a escola para a problemática abordada. Inicialmente foram listados várias questões a ser discutidas durante a execução do projeto, mas alguns foram colocado como pontos de grande relevância para serem discutidos neste primeiro momento, entre eles: DST s, gravidez precoce e métodos contraceptivos. Desta forma as ações foram traçadas e levadas até os alunos, que seriam o público alvo para as atividades. Muitos dos alunos do ensino médio se colocaram a disposição para ajudar na execução das atividades, entre elas realizar as palestras para os alunos do ensino fundamental II. Das ações previstas os alunos confeccionaram cartazes, folhetos informativos, foram até os postos de saúde convidar os profissionais para participarem do evento, exibição de vídeos de trabalhe a temática, exibição de filmes, entre outras. Na culminância do evento aplicando o questionário apenas em três turmas das 8ª. Series. Resultados O ato de falar sobre sexualidade na escola é entendido pelos professores como algo que rompe com as tradições. Foucault diz que se o sexo é reprimido, isto é, fadado à

4 proibição, à inexistência e ao mutismo, o simples fato de falar dele e de sua repressão possui como que um ar de transgressão deliberada (Foucault, 1997, p.12). De acordo com os dados obtidos podemos perceber é na escola o local onde eles tem mais acesso a informações relacionados à sexualidade, pois em casa já se fala do assuntos mas ainda de forma muito fechada sem muita clareza. Apenas 30% afirmam que os pais já pararam para falar dos assuntos em algum momento da vida. Quando falamos em primeira relação sexual os adolescentes apontam que ainda existe um certo tabu sobre a questão nos ambientes familiares, principalmente quando se fala de sexo antes do casamento, 47% relatam que o momento certo para acontecer primeira relação é quando os dois se sentirem prontos para o ato, agindo com responsabilidade. E que um ato deste sem os prévios cuidados poderão resultar em conseqüências até certo ponto drástica, como uma gravidez indesejada que segundo 85% deles acontece por descuido de ambos, afirmado que eles tem a informação e conhecimento das conseqüências mas acha que nunca acontecerá com eles. Questionamos os mesmos para o uso continuo de métodos contraceptivos que impediriam de contrair uma DST ou de uma gravidez precoce, 90% aponta no momento eles nunca acham que isto poderá acontecer, achando que nunca acontecerá isto com eles.perguntamos quais os métodos contraceptivos mais conhecidos por eles, o mais citado foi a camisinha e o anticoncepcional. A DST mais focada por eles durante todo o processo,foi a AIDS se remetendo sempre a ainda não cura da doença. Para focarmos no objetivo de nossa pesquisa perguntamos a quem eles recorrem quando apresentam duvidas com DST, sexo, gravidez e métodos contraceptivos, 56% deles afirmam que recorrem sempre aos amigos mais próximos,e a postura adotada pelas escolas em trabalhar os temas é bastante pertinente, uma vez que em casa não há espaço para conversas deste tipo. Considerações Finais É imperativo abordar o tema da sexualidade na escola. O currículo transversal nomeado de orientação sexual é destinado a cobrir essa preocupação. Mas há muito por fazer. É necessária uma capacitação continuada dos professores em relação ao tema para que abordem questões relativas a sexualidades. Segundo Paulo Freire:

5 O educador que 'castra' a curiosidade do educando em nome da eficácia da memorização mecânica do ensino dos conteúdos, tolhe a liberdade do educando, a sua capacidade de aventurar-se. Não forma, domestica. A autonomia, a dignidade e a identidade do educando tem de ser respeitada, caso contrário, o ensino tornar-se-á, inautêntico, palavreado vazio e inoperante. (1997, pg. 63 e 69). De acordo com resultados tecidos podemos concluir que existe ainda um grande distanciamento em pais e filhos quando se trata de conversar sobre sexualidade. A família repassa um pouco da responsabilidade para ser divididas entre a educação e saúde pública. È importante ressaltar que a escola está abrindo espaço para estes diálogos, mais os atores destes estabelecimentos ainda não estão preparados o suficiente para esta nova abordagem. Mais o primeiro passo foi dado e concluímos que a escola exerce uma papel importantíssimo nesta trajetória. Como agentes multiplicadores os educadores abraçaram esta causa, buscando mudar as nossas estatística,tentando ascender com resultados positivos por um país com menos problemas sociais. Referências ANDRÉ, M. Formação de Professores no Brasil ( ). Brasília, MEC/INEP/ Conped, 2002 (Série Estado do Conhecimento). BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais (3º e 4º ciclos): introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília - DF, FAIRCLOUGH, N. Discurso e Mudança Social. Brasília - DF: Editora UNB, FOUCAULT, M. História da Sexualidade. A Vontade do Saber. 12ª Ed. RJ: Graal Ltda, Microfísica do Poder. 18º Ed. RJ: Edições Graal, FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. SP: Paz e Terra, HEILBORN, M. L. et al. Aproximações sócio-antropológicas sobre a gravidez na adolescência. Horizontes Antropológicos. Vol. 8, nº. 17, Porto Alegre RS, Disponível em: acessado em: 28 de março de LAKATOS, E. & MARCONI, M. Fundamentos de Metodologia Científica. SP: Atlas, 1979.

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