PARTE 3 INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS
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- Margarida Schmidt Cruz
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1 PARTE 3 INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS 3.1 CONCEITUAÇÃO Basicamente, há dois tipos de investimentos: Temporário e Permanente. Investimentos Temporários: Adquiridos com a intenção de revenda e tendo geralmente caráter especulativo. São classificados no Ativo Circulante ou no Ativo Realizável a Longo Prazo. Investimentos Permanentes: Adquiridos com a intenção de continuidade. Representam extensão da atividade operacional da investidora. São classificados no Ativo Permanente, subrupo Investimentos. 3.2 CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL As participações permanentes em outras sociedades são classificados no grupo INVESTIMENTOS, e as temporárias no AC ou no RLP, conforme o caso. Ativo Circulante Realizável a L. Prazo Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Passivo Circulante Exig. a Longo Prazo Res. de Exerc. Fut. Patrimônio Líquido Os investimentos temporários podem ser: Letras de Câmbio, CDB, ouro, ações de outras empresas, etc. Nos investimentos permanentes podem ser encontradas: participações em outras empresas, obras de arte, prédios alugados a terceiros etc. Para melhor entendimento da classificação contábil, analise o Plano de Contas disponível no Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. (Iudícibus et al, 2000). 3.3 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO Estão disciplinados nos arts. 183, I e III da lei 6.404/76: Investimentos Temporários: avaliados pelo custo de aquisição ou pelo valor de mercado, dos dois o menor; Investimentos Permanentes: avaliados pelo custo de aquisição, deduzida a provisão para perdas na realização do valor (perdas permanentes) ou pelo método da equivalência patrimonial. 35
2 Lei 6.404/76 - Critérios de Avaliação do Ativo Art No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores mobiliários não classificados como investimentos, pelo custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as provisões adequadas para ajustá-lo ao valor provável de realização, e será admitido o aumento do custo de aquisição, até o limite do valor do mercado, para registro de correção monetária, variação cambial ou juros acrescidos (grifo nosso); II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior; III - os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas; IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior;[ ] Assim, os investimentos temporários são registrados pelo custo de aquisição (custo histórico). Perdas prováveis devem ser reconhecidas antecipadamente. Já os lucros são reconhecidos quando da efetiva venda ou quando do recebimento de rendimentos (dividendos) Aquisição A aquisição é registrada pelo custo (valor pago). Contabilização da aquisição de ações da empresa Y, à vista, por R$ 1,00 cada, com intenção de revenda em 18 meses: D Investimentos temporários a longo prazo (ARLP) Participação não permanente na empresa Y C Bancos conta movimento Provisões para perdas Se após a aquisição do investimento o contabilista identificar que ocorreu perda provável na realização do investimento, deverá efetuar provisão para perdas. Exemplo: O valor da ação adquirida anteriormente passou para R$ 0,80 cada. D Resultados não operacionais (DRE) Provisão para perdas prováveis na realização de investimentos 200 C Investimentos temporários a longo prazo (ARLP) (-) Provisão para perdas 200 As perdas ocorrem por diversos motivos, dentre eles: Queda do valor patrimonial das ações; Prejuízos sucessivos sem perspectiva de melhora; Falência; Sinistro não coberto por seguros etc.. 36
3 A legislação fiscal não permite que a despesa com a provisão constituída seja dedutível na apuração do Lucro Real (RIR 99, art 335, 336 e 337). Mesmo assim, a provisão deve ser constituída e os ajustes fiscais efetuados no Livro de Apuração do Lucro Real Lalur Dividendos Quando a empresa recebe dividendos relativos a investimentos temporários, deve contabilizá-los como receita operacional se recebidos após 6 meses da data da aquisição do investimento, ou como redução do custo se recebidos até 6 meses da data de aquisição do investimento: ou D Bancos conta movimento ou Dividendos a Receber (AC) C Outras Receitas Operacionais (DRE) Dividendos de investimentos C Investimentos temporários a longo prazo (ARLP) Participação não permanente na empresa Y A explicação para tal procedimento é que, quando o dividendo é pago em até 6 meses da data de aquisição do investimento, a investidora pagou um valor maior pelas ações ou quotas da investida porque estas estavam cheias (esperava-se que houvesse distribuição de lucros ou dividendos). Após a distribuição, as ações ou quotas estão vazias e têm menor cotação no mercado. Por isso, deve-se contabilizar o valor recebido como redução do montante do investimento no Ativo da Investidora. (Neves & Viceconti: 2001, 118) Os dividendos não integram o lucro tributável, ou seja, para as empresas tributadas pelo Lucro Real os dividendos são excluídos do Lalur (RIR 99, art 379 e 380) Lucros na venda Quando a empresa vende um investimento por valor superior ao registrado contabilmente, há um ganho, que deve ser assim contabilizado: e D Bancos conta movimento ou Contas a Receber (AC) C Resultados não operacionais (DRE) Ganhos na alienação de investimentos C Participação não permanente na empresa Y (ARLP) Exercícios 1. A empresa Laranja adquiriu ações da empresa Amarela, no valor total de R$ , e não as considera permanente. Efetue o registro contábil. 2. Após 10 meses a empresa Laranja (exercício anterior) efetuou análise da empresa investida e das características do investimento, e concluiu que o valor realizável é de R$ 1,40 por ação. Faça os cálculos da perda e o registro contábil. 37
4 3. Decorridos 2 anos a empresa Laranja (exercício anterior) vendeu a participação na empresa Amarela, por R$ Efetue os lançamentos contábeis e indique o que acontece do ponto de vista fiscal, considerando que a empresa Laranja apura tributos com base no Lucro Real. 4. A empresa Violeta possui duas participações societárias temporárias. O investimento na empresa Beija-Flor foi adquirido em X1 e corresponde a 5% de seu capital social, tendo sido pago R$ na aquisição. O investimento na empresa Sabiá foi adquirido em 01-04X1, por R$ , com 8% de participação no capital social. Todas as ações são preferenciais. Em X1 a empresa Beija-Flor distribuiu R$ a título de dividendos e a empresa Sabiá distribuiu R$ Quais são os lançamentos contábeis? Como os dividendos são tratados, para fins fiscais? 5. Assinale a(s) alternativa(s) verdadeira(s): a) são exemplos de títulos de crédito: papéis emitidos por entidades financeiras, tais como Letras de Câmbio, Certificados de Depósitos Bancários ou por entidades não financeiras, tais como as debêntures; b) o estoque de ouro deve ser classificado no ativo circulante e deve ser avaliado pelo custo ou mercado, dos dois o menor; c) todas as aplicações financeiras oferecem liquidez imediata, portanto, devem ser consideradas, para efeito de análise de balanço, como disponibilidades; d) os investimentos em participações societárias devem ser sempre classificados contabilmente no grupo do ativo permanente; e) sempre que a investida apresentar prejuízo no exercício, a investidora deve efetuar uma provisão para desvalorização. Respostas: alternativas A e B. 6. (Oliveira, 2001) Pode-se afirmar, com relação às perdas comprovadas como permanentes nos investimentos em participações societárias, que (pode haver mais de uma alternativa correta): a) a investidora deve constituir, sempre, provisão para perdas prováveis no total dos investimentos, independentemente da proporção das perdas esperadas; b) a investidora deve constituir provisão para perdas prováveis nos investimentos em participações societárias em empresas falidas, de difícil recuperação; c) a investidora deve constituir provisão para perdas prováveis na proporção das perdas esperadas; d) a provisão para perdas prováveis deve constar no Ativo, como conta redutora, no grupo correspondente. Respostas: alternativas B, C e D. 7. (AFTN). No Balanço Patrimonial, as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa serão classificados: 38
5 a) no ativo imobilizado; b) no ativo diferido; c) em investimentos; d) no ativo realizável a longo prazo; e) no exigível a longo prazo. 8. (AFTN). São métodos de avaliação das participações societárias: a) método de custo e custo ou mercado, dos dois o menor; b) método do valor presente e equivalência patrimonial; c) método do custo e equivalência patrimonial; d) método do valor de realização e equivalência patrimonial; e) método do valor de realização e valor presente. Resposta: alternativa C. Resposta: alternativa C. 9. A Empresa Beta adquiriu, em 31-8-X1, determinada quantidade de ouro, ao custo de $ , a título de investimentos temporários. Em X1, o valor de mercado desse investimento era de $ Em 30-6-X2 foi efetuada a venda de todo o estoque de ouro, por $ Efetue os lançamentos contábeis correspondentes em 31-8-X1, X1 e em 30-6-X2: 10. (Adaptado de Oliveira, 2001) Com base nas informações apresentadas a seguir, efetue os lançamentos contábeis na Investidora CompraBem Ltda., durante o exercício de X1. A Investidora Comprabem Ltda. adquiriu em 31-5-X1 participação societária na Empresa Maldaspernas Ltda. O investimento efetuado pela Comprabem, pago à vista, foi de $ , para adquirir 30% das ações da Maldaspernas. A intenção da Investidora era revender tal investimento. Em X1, o patrimônio líquido da Maldaspernas estava assim constituído: Histórico Capital social Reservas Resultados Acumulados Em R$ mil Total 31-5-X1 - Saldo (200) X1 Prejuízo do exercício (400) (400) Saldo em X (600) 800 A Maldaspernas enfrentava uma difícil situação financeira, com poucas possibilidades de recuperação, visto que seus principais produtos tornaram-se inviáveis em razão da grande concorrência dos produtos importados e do significativo aumento do custo de suas matérias-primas essenciais. Pede-se: efetue os lançamentos contábeis da aquisição da participação societária e constitua a provisão para perdas para ajuste ao valor de realização. 39
Dessa forma, os investimentos podem ser classificados de caráter temporários ou permanentes, como define Viceconti e Neves (2013).
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