PREFEITURA MUNICIPAL DE CANOAS Gabinete do Prefeito

Transcrição

1 PROJETO DE LEI Nº 19, DE 09 DE FEVEREIRO DE Dispõe sobre a distribuição de vagas públicas para a educação infantil e fundamental no ano letivo de Art. 1 Esta Lei regula o processo de matrícula para os alunos da educação infantil e fundamental domiciliados no Município de Canoas para o ano de Art. 2º Os alunos já inscritos por meio do programa de compra de vagas, previsto nas Leis nº 5.038, de 20 de dezembro de 2005, e nº 5.160, de 23 de fevereiro de 2007, nas escolas privadas de ensino infantil e fundamental para o ano letivo de 2009, terão suas vagas garantidas na Instituição em que se inscreveram, até o dia 27 de janeiro de 2009, desde que essa tenha apresentado à Secretaria Municipal da Educação os seguintes documentos: I comprovante de residência em nome do pai, da mãe ou do responsável do aluno ou declaração de residência registrada em cartório; II cópia do comprovante de renda do pai, da mãe ou do responsável do aluno ou, em caso de desemprego, declaração registrada em cartório, demonstrando insuficiência de recursos. 1 Os documentos enviados pelas escolas privadas serão considerados tempestivos se recebidos pela Secretaria Municipal da Educação até o dia 03 de fevereiro de 2009 para o ensino infantil, e 10 de fevereiro de 2009 para o ensino fundamental, de acordo com os Ofícios Circulares nº 01 e 02/2009, datados de 27 de janeiro de Considera-se, para os efeitos desta lei, insuficiência de recursos a renda familiar mensal per capita que não exceda o valor de até um salário mínimo e meio, conforme disposto no 1º do art. 1º da Lei Federal n , de 13 de janeiro de Art. 3º Os alunos que se inscreveram na rede pública para o ano letivo de 2009 e que remanesçam sem a matrícula deferida na data da publicação desta Lei serão alocados prioritariamente na rede pública caso ainda existam vagas disponíveis na área de abrangência da sua Subprefeitura Distrital. 1 Não havendo vagas na rede pública, os alunos poderão ser destinados às escolas da área de abrangência da Subprefeitura Distrital mais próxima. 2 Será garantido o transporte escolar sempre que necessário. Art. 4º Preenchidas todas as vagas da rede pública de ensino, fica o Poder Executivo Municipal autorizado a destinar verbas para a aquisição de bolsas de estudo para a Educação Infantil e Fundamental, no ano letivo de 2009, em instituições de ensino comunitárias, confessionais ou filantrópicas, para os alunos remanescentes que demonstrarem insuficiência de recursos.

2 Cont. P.L. 19/09 fl. 02 Parágrafo único. Caso uma determinada instituição comunitária, confessional ou filantrópica tenha suprido todas as suas vagas por meio da aquisição de bolsas, ela poderá ser considerada pública para os fins desta Lei. Art. 5º Em caso de inexistência devidamente atestada de vagas em instituições de ensino comunitárias, confessionais e filantrópicas, fica o Poder Executivo Municipal autorizado a destinar recursos para a aquisição de bolsas de estudo em instituições privadas com fins lucrativos para o ano letivo de 2009, para os alunos remanescentes que demonstrarem insuficiência de recursos. 1º Devem ser preenchidas primeiramente as vagas em escolas privadas com fins lucrativos aprovadas pelo Conselho Municipal de Educação e posteriormente as vagas nas demais escolas. 2º As vagas disponíveis nas escolas privadas com fins lucrativos serão adquiridas conforme a necessidade e disponibilidade de caixa do Município, utilizando-se como critério de preferência, entre os alunos, a prioridade para aqueles com menor renda per capita familiar e, entre os níveis de ensino, o fundamental ao infantil. Art. 6º As bolsas de estudos previstas nos art. 4º e 5º desta Lei serão distribuídas, dentro da área de abrangência da Subprefeitura Distrital, priorizando-se o menor preço. Parágrafo único. Havendo coincidência de preços entre as escolas, o Município optará pela de maior proximidade com o domicílio do aluno. Art. 7º A insuficiência de recursos deverá ser comprovada junto à Secretaria Municipal da Educação, por meio de cópia do comprovante de renda do pai, da mãe ou do responsável do aluno, ou em caso de desemprego, declaração registrada em cartório. Art. 8º As bolsas de estudos em instituições de ensino comunitárias, confessionais e filantrópicas serão adquiridas por meio de convênios celebrados entre as entidades e o Município. Parágrafo único. O acompanhamento e a fiscalização do cumprimento dos convênios competem à Secretaria Municipal da Educação. Art. 9º As bolsas de estudos em instituições de ensino privadas com fins lucrativos serão adquiridas por meio de contratos emergenciais firmados entre as entidades e o Município.

3 Cont. P.L. 19/09 fl. 03 Executivo. Art. 10. O valor das bolsas de estudos será definido pelo Poder Art. 11. É vedado às escolas conveniadas ou contratadas exigir qualquer espécie de cobrança financeira do contemplado com a bolsa de estudos, sob pena de denúncia do convênio ou rescisão do contrato. Art. 12. As despesas decorrentes da presente Lei correrão por dotação orçamentária do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e pelo Salário Educação, podendo dispor também de recursos livres do caixa próprio. Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as Leis Municipais nº 5.038, de 20 de dezembro de 2005, nº 5.160, de 23 de fevereiro de 2007, e o Decreto nº 180, de 17 de abril de PREFEITURA MUNICIPAL DE CANOAS, JAIRO JORGE DA SILVA Prefeito Municipal

4 Of/GP/CM/038/09 Canoas, 09 de fevereiro de Senhor Presidente, Temos a honra de submeter ao exame dessa Egrégia Câmara Municipal o Projeto de Lei nº 19/09, que Dispõe sobre a distribuição de vagas públicas para a Educação Infantil e Fundamental no ano letivo de Para tanto, expõem-se os motivos que levam à revogação das Leis Municipais n 5.160, de 23 de fevereiro de 2007, e n 5.038, de 20 de dezembro de 2005, bem como do Decreto n 180, de 17 de abril de A educação é um direito fundamental constitucionalmente assegurado em nosso Estado Democrático de Direito, sendo amplamente regulado pelo sistema legislativo federal. Para tanto, cabe aos municípios uma parcela da promoção efetiva desse direito, tanto no ensino fundamental este de uma forma prioritária, quanto no ensino infantil (art. 11º, V, da Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Observa-se, no entanto, que o Município de Canoas possui uma rede pública insuficiente para comportar todos os alunos em idade escolar, o que gera um enorme número de crianças sem acesso à educação. A legislação vigente no Município prevê a compra de vagas para alunos carentes, por meio de uma celebração de convênios com escolas particulares (de ensino infantil e fundamental), quando não houver disponibilidade do seu atendimento na rede pública municipal. No entanto, tal previsão não se adapta às diretrizes constitucionais, isso porque a Constituição Federal prevê, em seu artigo 213, que os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que I comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação; II - assegurem a destinação de seu patrimônio à outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades [...]. Depreende-se, portanto, que a chamada compra de vagas não poderia ser realizada em escolas privadas que não respeitassem os requisitos expostos pelo legislador constituinte. Acontece que no Município de Canoas as vagas estavam sendo compradas unicamente em escolas privadas conveniadas pelo Município, sem qualquer fiscalização. Excelentíssimo Senhor Vereador NELSON LUIZ DA SILVA Presidente da Câmara Municipal de Canoas Nesta

5 Cont. Of/GP/CM/038/09 fl. 02 Para resolver esse impasse, é necessário que os alunos sejam encaminhados, primeiramente, à rede pública municipal e, seu excedente, às escolas comunitárias, filantrópicas e confessionais. A situação agrava-se no momento em que essas entidades não possuem capacidade estrutural para receber toda essa demanda de alunos do Município de Canoas. Observa-se, assim, que ainda que se considerem todas as vagas da rede pública municipal e das escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas, haverá insuficiência para a alocação de todos os alunos. No caso em questão, temos o dever de promover o acesso à educação pública, o que torna necessária a efetivação de um contrato emergencial com as escolas privadas do Município, sob pena de deixarmos as crianças sem o acesso a esse direito fundamental. O contrato será por um período excepcional, até que os investimentos do Município na educação uma de suas prioridades permitam a ampliação da rede pública, bem como a firmação de convênios com as entidades comunitárias, filantrópicas e confessionais, medidas que estão sendo priorizadas pela nova gestão. Outrossim, as crianças dos ensinos infantil e fundamental que já freqüentam a rede de escolas públicas e privadas terão suas vagas garantidas, respeitando-se, assim, uma legítima expectativa de direito, amparada em legislação que ora se revoga, eivada de evidente inconstitucionalidade. Desse modo, desde que apresentada a documentação exigida pela Secretaria Municipal da Educação, consoante na cópia do comprovante de renda do pai, da mãe ou do responsável do aluno, ou em caso de desemprego, declaração registrada em cartório, objetivando a comprovação da hipossuficiência das famílias, ficarão mantidas as matrículas realizadas por meio do programa de compra de vagas na escola em que tenha sido inscrita a criança para o ano letivo de Ademais, a obrigatoriedade de aquisição de bolsas de estudos em escolas comunitárias, filantrópicas e confessionais, assim como em escolas privadas com fins lucrativos, quando o Município não tem estrutura para alocar todas as crianças em sua rede pública, têm precedentes jurisprudenciais em nosso Estado, demonstrando a preocupação do Judiciário em conceder acesso ao ensino infantil e fundamental. Ao longo do ano de 2009, além de uma série de medidas tendentes a ampliar a rede pública e dignificar a rede de ensino sem fins lucrativos, a atual gestão do Executivo Municipal envidará todos os esforços necessários para formar um marco legal republicano e democrático para a matrícula dos estudantes canoenses, sistema que se colocará em prática já no ano de Todos os atores sociais serão convocados a opinar sobre este novo sistema que esperamos seja o paradigma de transparência, moralidade e bom uso das verbas públicas. matéria. Em síntese, estas são as razões que nos levam a solicitar a aprovação da

6 Cont. Of/GP/CM/038/09 fl. 03 Aproveitamos o ensejo para renovar a Vossa Excelência nossos protestos de elevada estima e consideração. JAIRO JORGE DA SILVA Prefeito Municipal