Portugal: ambientes online de crianças e jovens. Resultados do Projecto EU Kids Online, Conferência nacional, Cristina Ponte, FCSH-UNL

Transcrição

1 Portugal: ambientes online de crianças e jovens Resultados do Projecto EU Kids Online, Conferência nacional, Cristina Ponte, FCSH-UNL

2 Estrutura 1) Contextos familiares 2) Acesso à internet e locais onde acedem; 3) Meios pelos quais acedem à internet 4) Frequência do acesso 5) Actividades 6) Competências 7) Fechando e abrindo

3 Características da amostra 1000 crianças (9-16 anos), 50% de cada género, entre 11 a 13% de cada faixa de idade e um dos seus pais (3/4 dos respondentes: mães). 53% dos agregados de estatuto socioeconómico baixo; 33% de estatuto médio e 15% de estatuto elevado Maior envolvimento dos pais nas entrevistas aos filhos em famílias de estatuto socioeconómico elevado ou médio (cerca de 20%) Cerca de dois terços das crianças são os únicos que, entre os 9 e os 16 anos, usam a internet em casa; A maioria dos agregados são compostos por pai e mãe (80%) Um em cada quatro crianças vive com mais de dois adultos no lar. Amostra pelo sistema random walk, no território continental Entrevistas nos lares entre 29 de Abril e 30 de Julho de 2010.

4 Acessos à internet Taxa de acesso: 78% (22% não acede) Portugal: 67% das crianças e jovens declaram aceder à internet nos seus quartos (média europeia: 50%) e cerca de 1 em 4 declara não poder aceder à internet aí. Espanha: 42% podem aceder no quarto e outros 42% não podem. Bélgica, França, Irlanda: mais de metade não pode aceder no quarto Contexto nacional de acesso aos portáteis A verdade é que temos internet em casa, não há necessidade de ele ter net pessoal. Claro que ele queria para poder estar no quarto sozinho, para falar no Messenger mas agora é assim, quem quer ir à internet vai à sala comum Aliás é uma forma de controlo. Mãe de um rapaz de 12 anos, ensino secundário, 41 anos, Uso frequente da internet, entrevista em Janeiro de 2009

5 Do quarto à casa dos amigos Acesso à internet do quarto: valores superiores apenas em 2 dos 25 países: Dinamarca (74%) e Suécia (68%) Semelhança com outros países do sul europeu: Itália e Chipre: 62%; Grécia, 52% Mais uso no quarto do que fora dele apenas entre rapazes mais velhos (13-16) Raparigas mais novas (9-12) acedem menos 10% do que rapazes dessa idade (painel 3) Metade acede também em casas de amigos e de familiares dois terços dos rapazes mais velhos (13-16) refere casas de amigos; Raparigas mais novas (9-12) com menor acesso noutras casas

6 Em escolas e bibliotecas Venho para aqui quando a net em casa acaba. É uma pen e tem limite de tempo. Aqui também posso ver o que gosto, é como em casa. (Luís, 15 anos, Biblioteca Municipal de Ponte de Sor, 2011) Escola: proximidade de género por idades Escolas e bibliotecas menos referidas por crianças e jovens de E.S.E elevado Bibliotecas: 25%; dobro da média europeia. Procura sobretudo por raparigas mais velhas Venho aqui mais para conviver. Comecei a gostar das pessoas que vinham cá e comecei a vir mais. (Cláudia, 13 anos, Espaço Jovem de Linda-a-Velha, Oeiras, 2011)

7 Meios de acesso à internet Disp. Móvel Consola Aparelho TV Telemóvel PC pessoal Portátil partilhado PC partilhado Portátil pessoal Europa Portugal Domínio do PC partilhado na Europa Portugal lidera nos portáteis: 65%, Noruega,62%... Suécia, 45%, Holanda, 30% Ligeira vantagem de famílias com E.S.E baixo na posse de portáteis Janeiro 2009, sobre Magalhães: Já pedi, não faço ideia, mas sei que é para os meninos das escolas do 1º ciclo. Esta minha filha não vai ter o Magalhães, ele está pedido é para a mais nova que tem seis anos. Também está pedido para esta mais velha um computador do e-escola, mas também ainda não veio. (Mãe de duas raparigas, de 13 e 6 anos; ensino básico, 43 anos, uso ocasional da internet)

8 Frequência do acesso Idade do primeiro acesso: Portugal: 10 anos Suécia, 7 anos; Dinamarca, Reino Unido, Holanda: 8 anos Frequência diária: menor diferença por E.S.E (52-56%) do que na média europeia (49-64%) % Child uses daily TR RO EL PT BG PL LT UK SI ES CY HU DE IT AT IE EE SI NL BE FR DK FI SE NO Democratização no acesso, mas valores mais baixos do que média europeia, por parte de crianças e pais % Parent (of internet using child) uses daily

9 Em 15 actividades Hegemonia dos trabalhos de casa, liderados por raparigas (90-92%) Diferenças nos agregados E.S.E elevado: lideram em 8 actividades; ver vídeo-clips (81%), trocar mails (80%), usar Messenger (73%) E.S.E médio: tiram mais partido da Web 2.0: 25% criam avatares; 18% põem mensagens em blogues; E.S.E baixo: descarregam mais filmes e música (44%) e visitam mais chatrooms (21%) Por idade e género Raparigas mais novas só lideram nos trabalhos de casa Raparigas mais velhas lideram também no Messenger (91%), troca de mails (86%), visitar perfis em redes sociais (80%), uso de webcam (43%) e criação de avatar (22%) Jogos online entre anos: 77% (M), 29% (F) Escrever um blogue: 11% dos anos, M e F

10 Competências (11-16 anos) Jovens de E.S.E elevado declaram mais competências relacionadas com maximizar oportunidades e minimizar conteúdos negativos; Jovens de E.S.E baixo declaram mais competências relacionadas com defesa da privacidade Mudar preferências Comparar websites Bloquear spam IDADE IMPORTA Encontrar inf. sobre segurança Mudar definições de privacidade 14 a 16 anos 11 a 13 anos Apagar registos Bloquear mensagens indesejadas Marcar nos Favoritos

11 Competências comparadas rapariga É muito verdade que eu sei mais da internet do que os meus pais rapaz rapariga 9-12 rapaz 9-12 ESE baixo ESE médio ESE elevado Em minha casa ninguém usa a internet, nem mesmo eu, porque os meus pais não querem, dizem que é perigosa mas eu acho que não. Tem que se ter cuidado mas eu sei usar. Não se fala com ninguém a não ser com os amigos da escola e só se adicionam pessoas que se conhecem. Não tenho morada nem escola no meu Facebook, mas os meus pais não gostam da internet na mesma. Só uso na escola e nas bibliotecas. (Rapariga, 11 anos)

12 A fechar, abrindo Dos acessos e das mediações Cerca de 1 em cada 5 crianças e jovens ainda fora da internet Acentuada diferenciação social, atenuada diferença na posse de computadores Facilitação e privatização do acesso à internet nos lares, do zero para o portátil individual Desigualdades nas modalidades de acesso à internet relacionada com desigualdades de recursos procura das bibliotecas e de espaços wireless gratuitos Bibliotecas e espaços juvenis também locais de socialização potencial para intervenção activa em matéria de segurança e de estimulação a outras actividades, mais criativas e interventivas alargamento do sentido do mundo inclusão e participação digital e social Escola e democratização por género Pais: importância de chegar às mães

13 Obrigada pela atenção

14 Comentários Ana Nunes de Almeida, Instituto de Ciências Sociais, UL Rita Espanha, ISLA e OBERCOM Graça Simões, UMIC