Diretrizes de silvicultura para a gestão do Pinus pinea para a produção de pinha em Portugal
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1 Diretrizes de silvicultura para a gestão do Pinus pinea para a produção de pinha em Portugal João Abranches Freire (1), Abel Rodrigues (2), Isabel Carrasquinho (2), Conceição Santos Silva (3), Mariana Ribeiro Telles (3), Margarida Tomé (1) (1) Centro de Estudos Florestais / Instituto Superior de Agronomia / Universidade de Lisboa (2) Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. (3) Associação dos Produtores Florestais do Concelho de Coruche e Limítrofes 3º Encontro com os Stakeholders do projeto StarTree joaofreire71@gmail.com
2 Índice 1) Sistemas tradicionais de silvicultura em Portugal 2) O pinheiro manso na principal área portuguesa de produção de pinha: Dados disponíveis Produção de pinha ao nível da árvore e do povoamento Casos de estudo 3) Opções para a gestão de plantações (um exemplo): Densidade inicial Desbastes Densidade final Desrama 4) Conclusões 3º Encontro com os Stakeholders do projeto StarTree 2
3 Sistemas tradicionais de silvicultura em Portugal 3
4 Operação Correia& Oliveira (22) Louro et al. (22) Costa et al. (28) Densidade inicial 625 Árv ha -1 5 até 6 Árv ha até 4 Árv ha -1 Desrama Remoção de ramos sem flores femininas (sem indicação da periodicidade) Remoção de 1/3 dos ramos: - Entre 8 e 12 anos - Entre 2 e 25 anos Remoção de ramos sem flores femininas - Entre 35 e 4 anos - Entre 5 e 6 anos Entre 15 e 2 anos até 44 Árv ha -1 Entre 2 e 25 anos até 352 Árv ha -1 Entre 25 e 3 anos até 281 Árv ha -1 Entre 35 e 4 anos até 225 Árv ha -1 Remoção de 1/3 dos ramos: - Entre 5 e 6 anos - Entre 1 e 12 anos - Entre 2 e 25 anos Entre 5 e 6 anos Desbastes Aos 1 anos até 5 Árv ha -1 Aos 15 anos até 3 Árv ha -1 Aos 31 anos até 1 Árv ha -1 Entre 2 e 25 anos Sem informação sobre a densidade após os desbastes Densidade final 1 Árv ha ha -1 Entre 1 e 12 Árv ha -1 Revolução Aos 8 anos Entre 8 e 1 anos Sem informação sobre a revolução Será a forma tradicional de gerir povoamentos de Pinus pinea para a produção de pinha a melhor? 4
5 O pinheiro manso na principal área de produção de pinha
6 Dados disponíveis Rede de 77 parcelas permanentes estabelecidas na região mais produtiva para a produção de pinha 12 campanhas realizadas Amostradas 5839 árvores Recolhidas: Mais de 286 mil pinhas Mais de 73 toneladas de pinhas 6
7 A produção de pinha ao nível da árvore Relação com a dimensão da árvore Número de pinhas por árvore Diâmetro à altura do peito (cm) Número de pinhas por árvore Diâmetro da copa (m) Peso de pinhas por árvore (kg) Peso de pinhas por árvore (kg) Diâmetro à altura do peito (cm) Diâmetro da copa (m) 7
8 A produção de pinha ao nível do povoamento Produção de pinha por hectare e área basal do povoamento Peso de pinhas (kg ha -1 ) Peso de pinhas (kg ha -1 ) Todas as estruturas Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G Povoamentos irregulares com dois andares Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G Peso de pinhas (kg ha -1 ) Povoamentos regulares Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G Irregulares com mais de dois andares (jardinados) Peso de pinhas (kg ha -1 ) Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G 8
9 A produção de pinha ao nível do povoamento Produção de pinha por hectare e densidade do povoamento Peso de pinhas (kg ha -1 ) Peso de pinhas (kg ha -1 ) Todas as estruturas Densidade (Árvha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G Povoamentos irregulares com dois andares Densidade (Árvha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G Peso de pinhas (kg ha -1 ) Povoamentos regulares Densidade (Árvha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G Irregulares com mais de dois andares (jardinados) Peso de pinhas (kg ha -1 ) Densidade (Árvha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G 9
10 A produção de pinha ao nível do povoamento Peso médio de uma pinha e área basal do povoamento Peso médio de uma pinha (g) Peso médio de uma pinha (g) Todas as estruturas Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Parcelas da classe G Povoamentos irregulares com dois andares Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G Média de cada classe G Peso médiode umapinha(g) Peso médiode umapinha(g) Povoamentos regulares Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Parcelas da classe G Irregulares com mais de dois andares (jardinados) Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Parcelas da classe G Média de cada classe G Média de cada classe G 1
11 Casos de estudo Povoamento jovem regenerado naturalmente Campanha Wc kg ha -1 wc g dg cm G m 2 ha -1 N ha -1 24/ / / / / Projecção horizontal das copas e peso de pinhas (kg) em cada uma das árvores na campanha 214/ Co Wc Peso de pinhas por hectare wc Peso médio de uma pinha dg diâmetro quadrático médio G Áreabasal do pinheiromanso N Densidade do pinheiro manso Pinheiro manso Sobreiro 11
12 Casos de estudo Povoamento adulto de regeneração natural muito denso Projecção horizontal das copas e peso de pinhas (kg) em cada uma das árvores na campanha 215/16 (antes do desbaste) Campanha Wc kg ha -1 wc g dg cm G m 2 ha -1 N ha -1 25/ / / Após o desbaste Wc Peso de pinhas por hectare wc Peso médio de uma pinha dg diâmetro quadrático médio G Áreabasal do pinheiromanso N Densidade do pinheiro manso
13 Casos de estudo Povoamento adulto de regeneração natural Projecção horizontal das copas e peso de pinhas (kg) em cada uma das árvores na campanha 215/16 (alguns anos depois do desbaste) Projecção horizontal das copas e peso de pinhas (kg) em cada uma das árvores na campanha 26/7 (antes do desbaste) 24.9 Wc wc dg G N Campanha kg ha -1 g 39. cm m 2 ha -1 ha -1 24/ / / / / / Wc Peso de pinhas por hectare Pinheiro G manso Áreabasal do pinheiromanso wc Peso médio de uma pinha N Densidade do pinheiro manso dg diâmetro quadrático médio Sobreiro 13 13
14 Casos de estudo Povoamentos adultos de regeneração natural sujeitos a competição Projecção horizontal das copas e peso de pinhas (kg) em cada árvore nas campanhas 215/16 e 214/ Campanha 24/ /7 214/15 215/ Wc wc dg G kg ha-1 g cm m2 ha N ha Wc11.9wc dg G N 22.6 Campanha kg ha-1 g cm m2 ha-1 ha / / / / / A apanha de pinha não era rentável Pinheiro manso Wc Peso de pinhas por hectare G Área basal do pinheiro manso wc Peso médio de uma pinha SobreiroN Densidade do pinheiro manso dg diâmetro quadrático médio
15 Casos de estudo Povoamentos adultos de regeneração natural sem evidências de competição anterior Projecção horizontal das copas e peso de pinhas (kg) em cada uma das árvores na campanha 215/16 Campanha Wc kg ha -1 wc g dg cm G m 2 ha -1 N ha -1 24/ / / / Wc Peso de pinhas por hectare wc Peso médio de uma pinha dg diâmetro quadrático médio G Áreabasal do pinheiromanso N Densidade do pinheiro manso Pinheiro manso Sobreiro 15
16 Análise de opções de gestão para plantações (um exemplo) 3º Encontro com os Stakeholders do projeto StarTree
17 Densidade inicial, desbastes e densidade final A ferramenta PineaManage, baseada no modelo para o pinheiro manso desenvolvido por Freire (29) para a predição do crescimento da árvore média, foi utilizada para simular a instalação de diversas plantações numa classe de qualidade baixa considerando: 2 intensidades de desbaste 8 Densidades iniciais Espaçamento (m) Árvores ha -1 3 x x x x x x x x 1 1 5% 75% Os desbastes foram realizados quando as copas estavam quase a tocar-se (considerou-se uma distância mínima de 2 cm entre copas) 17
18 Densidade inicial, desbastes e densidade final As alternativas de gestão foram comparadas tendo em atenção o valor actual líquido (VAL) e uma taxa de actualização de 3% Foram considerados custos com a instalação e a manutenção do povoamento e as receitas com as pinhas e a biomassa Resultados Povoamentos com densidade inicial superior a 24 árvores ha -1 foram desbastados antes dos 2 anos de idade independentemente da intensidade do desbaste VAL foi maior para todas as densidades iniciais quando se removeu 75% das árvores em cada desbaste O intervalo de tempo entre alguns desbastes foi relativamente reduzido ao remover-se 5% das árvores. Tal poderá ser explicado pela reduzida distância entre as distâncias a e b a b
19 Densidade inicial, desbastes e densidade final Independentemente do grau de desbaste e da densidade inicial o modelo simula a ocorrência de desbastes antes de se atingir uma área basal do povoamento de 13 m 2 ha -1 Área basal do povoamento (m 2 ha -1 ) Densidade inicial Idade (anos)
20 Densidade inicial, desbastes e densidade final A produção de pinha por hectare: Numa primeira fase é principalmente devida ao número de árvores por hectare Na segunda fase há menos árvores e a produção de pinhas por árvore ainda é reduzida Na terceira fase a produção de pinha deve-se principalmente à produção de pinhas por árvore 6 Para uma classe de qualidade Fase 1 Fase 2 Fase 3 baixa as produções de pinha só 5 atingem valores elevados com 4 daps superiores a 65 cm Os picos de produção devem-se a valores de precipitação superiores a 5 mm entre Janeiro e Maio 4 anos antes da apanha da pinha Peso de pinhas (kg ha -1 ) Densidade inicial Idade (anos)
21 Densidade inicial, desbastes e densidade final Comparando o impacto da densidade inicial no VAL: Na primeira fase é maior nos povoamentos mais densos Nas fases seguintes é maior nos povoamentos com menor densidade Valor actual líquido (1 ha -1 ) Densidade inicial Fase 1 Fase Idade (anos) Fase 3 21
22 Densidade inicial, desbastes e densidade final Espaçamento Densidade inicial 6x6 7x7 8x8 9x9 1x1 VAL (x 1 3 ) Parâmetros Diâm. Dist. árvores Densidade Área basal Grau coberto dap Ano copa (m) (ha -1 ) (m 2 ha -1 ) (%) (cm) Tratamento (m) Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois Desbastes Plantação 74 9 ou Abate do povoamento adulto As opções seriam outras numa classe de qualidade boa pois as árvores iriam crescer mais rapidamente e produzir pinha mais cedo e em maior quantidade 22
23 Desrama A desrama natural é difícil quando a competição é reduzida, podendo ser encontradas árvores com ramos baixos, de elevado dap (1.4 m no caso da árvore da figura) e relativamente reduzida produção de pinha Árvores com ramos baixos têm maior crescimento em dap o que pode constituir um problema caso se opte pela apanha manual de pinha Após a desrama verificou-se um aumento do peso médio de uma pinha quando comparado com parcelas em que não se realizou a apanha de pinha.23
24 Desrama Deve ocorrer: Entre os 1 e 15 anos para se obter a conformação desejável do tronco Nas árvores que ficam após um desbaste removendo-se os ramos mortos ou caídos Desde que haja ramos mortos ou caídos mesmo que não esteja planeado um desbaste num futuro próximo Até uma altura máxima de 11 m caso se opte por realizar a colheita manual de pinha 3º Encontro com os Stakeholders do projeto StarTree 24
25 Conclusões
26 Os pinheiros mansos na principal região para a produção de pinha: 1) As maiores produções de pinha ocorrem para áreas basais do povoamento compreendidas entre os 14 to 18 m 2 ha -1 2) As pinhas de maior peso ocorrem em povoamentos com reduzida competição 3) Povoamentos jovens e de reduzida densidade (6 árv. ha -1 ) podem apresentar produções de 5 kg ha -1 4) Os pinheiros adultos produzem mais pinhas caso não apresentem sinais de competição anterior (mais de 6 t ha -1 com 18 árv. ha -1 ) 5) O atraso na implementação dos desbastes influenciam a conformação das copas podendo originar reduções da produção de pinha ao nível da árvore e do povoamento 26
27 Análise das opções de gestão para plantações Não existe nenhum regime silvícola universal óptimo para a produção de pinha A selecção de um regime silvícola dependerá: Da qualidade da estação (solo e clima) ao influenciar o crescimento das árvores e a produção de pinha Do horizonte de planeamento que deverá ser optimizado Da necessidade de se definir um compromisso entre a produção de pinha por hectare e o peso médio de uma pinha, variável cada vez de maior importância com a formação do preço de um quilo de pinha atendendo à sua dimensão 27
28 Análise das opções de gestão para plantações A densidade inicial nos sistemas silvícolas tradicionais é demasiado alta Deverão ser consideradas densidades iniciais iguais ou inferiores a 156 árvores por hectare, dependendo da classe de qualidade, de modo a evitar desbastes précomerciais (árvores com reduzidos valores comercial e de produção de pinha) que acabam por competir com os restantes pinheiros Os desbastes não devem ser realizados em anos pré-determinados. Em vez disso a decisão de quando desbastar deverá ter em conta a competição entre as copas O atraso na implementação dos desbastes pode influenciar negativamente a produção de pinha em anos futuros tanto ao nível da árvore como do povoamento A desrama é importante para a definição da conformação do tronco e para alocar os nutrientes para as pinhas nos ramos saudáveis 28
29 Agradecimentos Aos projectos AGRO 451, Motive, Pinea e StarTree por financiarem a recolha de dados À FCT por financiarem a tese de doutoramento com a referência SFRH/BD/75568/21 joaofreire71@gmail.com 29
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