NOTA PGFN/CRJ/Nº 286/2013

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1 NOTA PGFN/CRJ/Nº 286/2013 I A Procuradora da Fazenda Nacional da Procuradoria-Seccional da Fazenda Nacional em Guarulhos PSFN/Guarulhos, Sra. Luciana Almeida Silveira, encaminha à Coordenação-Geral da Representação Judicial da Fazenda Nacional CRJ, por intermédio de e- mail, de 22 de março de 2013, questionamento acerca da incidência do Ato Declaratório PGFN nº 3, de 20 de dezembro de 2011, que trata sobre a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílio-alimentação não há incidência de contribuição previdenciária, sobre a Execução Fiscal nº , em trâmite na 3ª Vara da Justiça do Trabalho em Guarulhos SP. II 2. Em breve síntese, a consulente narra que a presente consulta é oriunda da Execução Fiscal nº , com Embargos à Execução, em que se discute a nulidade dos Autos de Infração nº , nº e nº , relativos ao não pagamento das projeções dos valores do salário in natura, nos anos de 1997 e 1998, relacionado com a alimentação de seus funcionários, o que ocasionou diferenças salariais nas férias (AI ), descansos semanais remunerados (AI ) e FGTS (AI ). 3. Ademais, esclarece que a embargante era inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, porém teve sua inscrição cancelada durante os anos de 1997 e 1998, razão pela qual foram lavrados os autos de infração acima mencionados.

2 4. Ao final, questiona a consulente acerca da possibilidade de o Ato Declaratório PGFN nº 3, de 2011, incidir sobre as verbas trabalhistas que têm por base o salário recebido pelo trabalhador, tal como férias, descanso semanal remunerado e FGTS, como no caso concreto que enfrento e solicita resposta até o dia 10 de abril de 2013, prazo final para impugnação dos Embargos à Execução Fiscal nº III 5. O Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.117/2011, que subsidiou a lavratura do Ato Declaratório PGFN nº 3, de 2011, revela que é firme a posição do STJ no sentido de que o pagamento in natura do auxílio-alimentação, ou seja, quando o próprio empregador fornece a alimentação aos seus empregados, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não constituir verba de natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no PAT ou decorra o pagamento de acordo ou convenção coletiva de trabalho. 6. Por outro lado, quando o auxílio-alimentação for pago em espécie ou creditado em conta-corrente, em caráter habitual, assume feição salarial e, desse modo, integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. 7. Nesse diapasão, seguem abaixo julgados do STJ: EMENTA: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. BENEFÍCIO DE ORDEM. 1. A responsabilidade do tomador do serviço pelas contribuições previdenciárias é solidária, nos termos do art. 31 da Lei n / O pagamento in natura do auxílio-alimentação, vale dizer, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito, ou não, no Programa de Alimentação do Trabalhador-PAT, ou decorra o pagamento de acordo ou convenção coletiva de trabalho. 3. Recurso especial provido em parte. (grifou-se) (STJ, REsp /RS, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 18/11/2008) EMENTA: TRIBUTÁRIO. FGTS. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PAT. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. NÃO INSCRIÇÃO. TICKETS. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO RELATIVA AO FGTS. 1. O auxílio alimentação, quando pago em espécie e com habitualidade, passa a integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária, assumindo, pois, feição 2

3 salarial, afastando-se, somente, de referida incidência quando o pagamento é efetuado in natura, ou seja, quando o próprio empregador fornece a alimentação aos seus empregados, estando ou não inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. 2. Aplicação ao Enunciado n. 241, do TST. Há incidência da contribuição social, do FGTS, sobre o valor representado pelo fornecimento ao empregado, por força do contrato de trabalho, de vale refeição. 3. Recurso Especial desprovido. (STJ, REsp /RS, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 17/2/2003) TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. 1. O pagamento in natura do auxílio-alimentação, vale dizer, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT ou decorra o pagamento de acordo ou convenção coletiva de trabalho. 2. Ao revés, quando o auxílio alimentação é pago em dinheiro ou seu valor creditado em conta-corrente, em caráter habitual e remuneratório, integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. 3. Precedentes da Seção. 4. Embargos de divergência providos. (grifou-se) (EREsp /PR, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJ ) EMENTA: TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. REFEIÇÕES REALIZADAS NAS DEPENDÊNCIAS DA EMPRESA E DESCONTADAS, PARTE, DO SALÁRIO DO EMPREGADO. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO- INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. 1. Recurso Especial interposto contra v. Acórdão que entendeu ser indevida a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos pela empresa a título de alimentação a seus empregados, quando efetuados descontos nos salários destes, ainda que não esteja devidamente aprovado pelo Ministério do Trabalho. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido de que o pagamento "in natura" do auxílio-alimentação, isto é, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não constituir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Com tal atitude, a empresa planeja, apenas, proporcionar o aumento da produtividade e eficiência funcionais. 3. Precedentes das 1a, 2a, 3 e 5a Turmas desta Corte Superior. 4. Recurso improvido. (grifou-se) (STJ, REsp /RS, 1ª Turma, Min. Rel. José Delgado, DJ 03/09/2001) 8. Destarte, o caso ora narrado pela consulente não se amolda ao Ato Declaratório PGFN nº 3, de 2011, pois, do relato por ela formulado, entendeu-se que o embargante, nos anos de 1997 e 1998, não forneceu o auxílio-alimentação de forma in natura, ou seja, com a alimentação propriamente dita, tendo efetuado o pagamento do valor a ela correspondente. 3

4 9. Caso seja essa a situação ocorrida nos autos da Execução Fiscal nº , é patente que o ato declaratório em exame não deve ser aplicado, pois, como já esclarecido, a posição do STJ é de que o auxílio-alimentação, quando pago em espécie ou creditado em conta-corrente, em caráter habitual, assume natureza salarial e passa, então, a integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. 10. Outrossim, os atos declaratórios, já que constituem um ato de excepcionalidade, devem sempre ser interpretados de modo restritivo, razão pela qual a dispensa de impugnação definida no Ato Declaratório PGFN nº 3, de 2011, é adstrita tão-somente às ações judiciais relativas a não incidência de contribuição previdência sobre o pagamento in natura do auxílio-alimentação. 11. Portanto, ainda que a situação ora apresentada não seja exatamente a aqui compreendida, jamais o Ato Declaratório PGFN nº 3, de 2011, poderia alcançar as hipóteses de férias, descanso semanal remunerado e FGTS, pois, como acima explicitado, deve ser restritiva a interpretação dos atos declaratórios e o Ato Declaratório PGFN nº 3, de 2011, não contempla expressamente tais situações. 12. Ademais, nada impede que a lei estabeleça situações em que benefícios recebidos pelos trabalhadores repercutam em outras verbas, como parece ser o caso delineado no art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT 1. 1 Art Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. 1º Os valôres atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário-mínimo (arts. 81 e 82). 2 o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; I educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; V seguros de vida e de acidentes pessoais; VI previdência privada; VII (VETADO) (Incluído pela Lei nº , de ) 4

5 13. Por derradeiro, cumpre ainda registrar que traçar orientação em sentido diverso poderia refletir em eventual direito dos trabalhadores. IV 14. Apresentadas as considerações acima, sugere-se o encaminhamento do presente expediente à Procuradoria-Seccional da Fazenda Nacional em Guarulhos PSFN/Guarulhos, em especial, à Procuradora Luciana Almeida Silveira. À consideração superior., em 05 de abril de LORETTA PAZ SAMPAIO Procuradora da Fazenda Nacional De acordo. À consideração superior., em 08 de abril de PAULO MENDES DE OLIVEIRA Coordenador de Consultoria Judicial Aprovo. Encaminhe-se o presente expediente à Procuradoria-Seccional da Fazenda Nacional em Guarulhos PSFN/Guarulhos, em especial, à Procuradora Luciana Almeida Silveira, conforme proposto., em 08 de abril de JOÃO BATISTA DE FIGUEIREDO Procurador-Geral Adjunto de Consultoria e Contencioso Tributário Substituto PA Dúvida AD Contrib Previd sobre auxílio-alimentação in natura VIII - o valor correspondente ao vale-cultura. 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do saláriocontratual. 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário-utilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-habitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. 5