O quê os pais e os professores podem fazer para ajudar? Páginas: 2 e 3

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1 3 de Agosto de 2011 Parte integrante da Edição 1567 Recuperação O quê os pais e os professores podem fazer para ajudar? Páginas: 2 e 3

2 2 Quarta-feira, 3 de Agosto de 2011 Educação Acabou as férias: É hora de pegar nos cadernos e livros para voltar a estudar Com o início das aulas, escolas e professores precisam trabalhar na recuperação do aluno Com o fim das férias, agora os alunos precisam se preparar para mais um semestre, atividades e provas finais. Já os professores têm a missão de ensinar e fazer com que os alunos que não estão muito bem com suas notas corram atrás do prejuízo. E para isso os professores, junto com os coordenadores pedagogos, fazem um cronograma e discutem o que pode ser feito para estimular o interesse dos alunos em aprender as matérias. Cada escola, busca a melhor maneira de recuperar o aluno na matéria que ele apresenta mais dificuldade, no Colégio Bandeiras a Coordenadora pedagógica do ensino Fundamental dois e ensino Médio, Virginia Nazaré explicou que a escola possui dois processos de recuperação que é a paralela e a continua que ocorre a cada final de bimestre. A recuperação contínua vai trabalhar a dificuldade do aluno em sala, para buscar a nota. O professor vai procurar uma maneira de ajudar e se mesmo assim o aluno não conseguir se recuperar até o final do ano letivo, o professor dá uma avaliação final explica a pedagoga. Já na recuperação paralela, os alunos estudam fora do horário de aula que serve como reforço. Nós professores procuramos focar duas áreas que percebemos que os alunos tem mais dificuldade, que é a interpretação de texto na língua portuguesa e o raciocínio lógico na matemática, dessa maneira procuramos conseguir atingir alguns pontos mais críticos em relação ao ensino concluí Virginia. Além dos métodos já conhecidos a escola busca formas alternativas de fazer com que o aluno tenha interesse em aprender as matérias, para que a nota não seja a única preocupação, mas sim o aprendizado no geral. Grupos de estudos no ensino Médio estão sendo testados, e os alunos que tem uma facilidade em entender certas matérias, ajudam outros colegas com problemas para aprender o conteúdo passado em sala. A pedagoga explicou que no ano passado a escola trabalhava de outra forma na recuperação. Nós chamávamos os professores para dar aulas extras, mas não surtiu efeito, quer dizer tínhamos um gasto, os alunos precisavam vir à escola fora do horário da aula e além de não aprender, a nota também não melhorava finaliza a coordenadora. A escola Granleone também utiliza o método de recuperação paralela para que a criança curta as férias sem ter a preocupação de ter que ir à escola fora do período letivo. A coordenadora pedagógica Fotos: Armando Lima/Folha Shirlei de Menezes também é Coordenadora Pedagógica no Granleone Shirlei de Menezes que é responsável pelo ensino Fundamental, A pedagoga frisa que o foco da Shirlei. explica que a escola trabalha com escola é o ensino do aluno. o sistema trimestral. Procuramos fazer uma avaliação qualitativa e não apenas de Nós fazemos o acompanhamento com o aluno e ao invés de quantidade, e isso vai fazer com fechar a nota em dois meses, que ele seja aprovado para o ano fechamos em três, porque acreditamos que é um tempo maior para nem e discutem para avaliar seguinte, os professores se reú- o aluno conseguir assimilar a como está o desempenho do matéria, então fazemos plantão de aluno, quer dizer não adianta dúvidas, colocamos os professores disponíveis para esclareci- nota se não houve o mais impor- fazer a recuperação tirar uma boa mento e se ainda assim o aluno tante que é o aprendizado das não passar na prova, ele tem a matérias finaliza a coordenadora. opção de fazer outra explica Coordenadora Pegagógica Virginia Nazaré do colégio Bandeiras

3 Quarta-feira, 3 de Agosto de 2011 Educação Folha 3 Papel dos pais é fundamental na hora de recuperar o tempo e conteúdo perdido Para coordenadora pedagógica e mãe que ajudou filho no reforço, acompanhamento é a palavra Lúcia Cristiane leciona há 26 anos, quatro deles no Jean Piaget Fotos: Armando Lima/Folha Elas já voltaram. Após o descanso do meio de ano, a volta as aulas já é uma realidade para quase todos os estudantes da região. Fim da diversão, e hora de muito trabalho, principalmente para aqueles que cometeram deslizes nos dois primeiros bimestres do ano. Mas, como os pais podem contribuir para reverter esse jogo? Segundo Lúcia Cristiane, coordenadora pedagógica da escola Jean Piaget, de Ribeirão Pires, e professora da rede pública, a palavra mágica é acompanhamento. É fundamental o acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos. A escola deve fazer o seu papel, mas há coisas que somente os pais podem fazer nesse processo, afirma a coordenadora. Segundo Lúcia, casos de queda no rendimento escolar durante o ano podem ser recuperados no segundo semestre, através não só do apoio dos professores, mas da atenção da família. Pais alertas, verificando lição de casa e notificações dos mestres contribuem de maneira significativa nesse trabalho. Lúcia Cristiane fala também sobre o valor que a educação merece, e vem se perdendo com tempo. Para educadora, falta envolvimento dos pais nas escolas, principalmente nas públicas, onde o índice de notas vermelhas é alto. Alguns pais acham que a escola não é importante, apenas passar de ano já é suficiente, e não é. Pois o mercado de trabalho cobra pessoas com conhecimento, não diploma. E este desgaste já vêm entrando na cultura do brasileiro, diz Lúcia. Reta final de estudos cobra desempenho dentro e fora da sala de aula Professor não consegue sozinho, diz mãe No primeiro momento eu não aceitei, mas depois vi que a professora tinha razão e era o melhor para meu filho, é como Isabele Bertoldo define a situação que viveu com o filho, Cézar Marques Neto, de 13 anos, no ano passado, quando o adolescente caiu em recuperação escolar. O jovem, que estuda no colégio Jean Piaget, estava no 8º ano quando foi colocado no reforço do meio do ano na escola, devido ao baixo rendimento. Ele andava indisciplinado e não demonstrava interesse pelos estudos, mesmo com todo o apoio da escola, afirma a mãe. Segundo Isabele, no começo ela mesma pensou que fosse uma marcação por parte da professora, mas logo percebeu que o filho realmente precisava levar mais a sério os estudos, e começou a ajudar Cézar nas tarefas. Aplicava simulados, estudava junto com ele, e deu resultado. Depois de alguns dias na recuperação, ele mesmo disse que isso foi a melhor coisa que aconteceu com ele, lembra a mãe. Com empenho e ajuda, Cézar passou venceu a recuperação e hoje cursa o 9º ano. Professor não consegue nada sozinho, é um trabalho em conjunto, finaliza a mãe.

4 4 Folha Folhinha Quarta-feira, 3 de Agosto de 2011

5 Quarta-feira, 3 de Agosto de 2011 Folhinha Folha 5

6 6 Folha Educação Quarta-feira, 3 de Agosto de 2011 Estrutura da escola pública dificulta aprendizado, diz pesquisadora da USP É preciso criar ações que produzam incentivos para o aprendizado dos alunos na rede pública de ensino Pesquisa mostra que papel do professor é fundamental para o aprendizado Foto: Divulgação Anoção de que a escola serve paraprepararparaomercado de trabalho é muito presente nosalunos,masasatividades desenvolvidas nela não correspondem a essas expectativas. Essa é uma das conclusões de Flávia da Silva Ferreira Asbahr em sua tese de doutorado, intitulada Por que aprender isso, professora? Sentido pessoal e atividade de estudo na psicologia histórico-cultural, apresentada no Instituto de Psicologia (IP) da USP. Flávia é psicóloga escolar há dez anos e conta que observava que a aprendizagem por ela mesma não era um motivo que levava os estudantes à escola. Seu estudo, cujo objetivo era investigar o sentido que as crianças atribuíam à escola e quais suas motivações para irem até lá, constatou que a ideia de um ambiente que capacita para o mercado de trabalho é muito forte. Para a pesquisadora, as atividades realizadas pelas instituições não condizem com a visão que seus alunos têm, o que faz com que, num primeiro momento, elas percam seu sentido. Deste modo, a formação desejada acaba ocorrendo por intermédio de outros fatores Ṡegundo ela, o nosso modelo escolar é muito antigo e tradicional, e nem sempre a forma com que o conteúdo é trabalhado reflete as necessidades das crianças ou adolescentes. Não é que elas não se interessam, é o jeito que é passado que as deixa distante de suas realidades. Para o estudo, a psicóloga passou um ano junto a uma sala da quarta série do ensino fundamental de uma escola pública municipal de São Paulo. Flávia explica que na quarta série as crianças já estão no fim de um ciclo escolar e possuem capacidade para fazer uma análise de seu ambiente de estudo. Neste período, a pesquisadora observou o cotidiano das crianças, criou situações orientadas de aprendizagem, realizou atividades em grupo para que os alunos pudessem falar sobre o tema por meio de brincadeiras e, por fim, fez entrevistas individuais com a professora e algumas crianças Ȧ psicóloga destaca, em sua tese, a grande importância do professor no processo de formação escolar e nos motivos da aprendizagem. Para ela, são eles que fazem com que os alunos verdadeiramente aprendam e que os auxiliam a perceber a importância daquele ambiente e do conteúdo. Um dos grandes desafios do professor é saber como criar ou lidar com ações que produzam esses motivos pra aprender, completa. Flávia acrescenta que a própria estrutura das escolas públicas acaba fazendo o trabalho dos docentes perder a prática pedagógica: a organização é burocrática, os professores são mal remunerados e, por isso, precisam fazer muitos turnos, as turmas têm muitos alunos (o que dificulta o cuidado individual), um professor não conhece o trabalho do outro. Deste modo, a pesquisadora acredita ser necessário mudar um pouco a cultura escolar, pois a escola e os professores precisam saber como olhar para as crianças para realizarem a prática pedagógica.

7 Quarta-feira, 3 de Agosto de 2011 Educação Folha 539 municípios e 341 escolas técnicas já 7 se inscreveram para participar do Saresp Prefeituras devem enviar a documentação para celebração dos convênios com a Secretaria até o dia 30 julho Saresp virá com nova proposta e as provas acontecem em novembro Foto: Divulgação No total, 539 municípios, 224 escolas da rede particular de ensino e 117 unidades do Centro Paula Souza já se inscreveram para a prova do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), que será realizada nos dias 29 e 30 de n o v e m b r o. Até o dia 30 de julho, as prefeituras deverão enviar à Secretaria de Estado da Educação a documentação requerida para celebração dos convênios, que pode ser conferida no site no link Saresp Assim como nos anos anteriores, o Governo do Estado custeará as despesas referentes à aplicação da avaliação para os alunos de escolas municipais, cujas prefeituras assinarem o convênio com a Secretaria. No caso das escolas particulares, o custo deverá ser arcado pelas próprias instituições. A partir dos resultados do Saresp, a Secretaria de Estado da Educação calcula o Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) de todos os níveis de ensino de cada escola das redes municipais e as respectivas metas desse indicador para o ano seguinte. Cada secretaria municipal também poderá utilizar os dados fornecidos para criar indicadores e estipular metas conforme seus próprios critérios. O Idesp é calculado a partir dos indicadores de desempenho e de fluxo. O desempenho é medido por meio da proporção dos alunos em cada nível de proficiência, avaliada pelo Saresp. Já o fluxo é mensurado pela taxa de aprovação média de cada ciclo. Partindo do Idesp de cada ano, estipulam-se as metas de cada escola para o ano seguinte com base no tempo restante para atingir a meta de longo prazo. Cada escola pode acompanhar sua evolução ano a ano. Com esses indicadores os gestores municipais também podem estabelecer programas de incentivo à melhoria da qualidade de suas escolas pautados nos resultados de desempenho dos alunos, como o Bônus por Resultado. Cabe às gestões locais a decisão de divulgar os resultados do Saresp e do Idesp de suas escolas. Prova A prova, a ser realizada nos dias 29 e 30 de novembro, é voltada a estudantes dos 3º, 5º, 7º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio da rede estadual, além de alunos de escolas municipais e particulares que aderirem à avaliação. O objetivo é aferir o domínio das competências e habilidades básicas em língua portuguesa e matemática previstas para o término de cada ano/série. Também serão aplicadas avaliações de história e geografia para alunos dos 7º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio da rede estadual. Para o 3º ano do Ensino Fundamental, as questões de língua portuguesa e matemática serão abertas. Para os 5º, 7º e 9º anos do Ensino Fundamental e para a 3ª série do Ensino Médio, as questões para cada disciplina avaliada serão de múltipla escolha.

8 8 Folha Educação Quarta-feira, 3 de Agosto de 2011 Projeto Alunos Multiplicadores inova e dissemina conhecimento no Ruth Neves Programa desenvolvido dentro de escola estadual, em parceria com Prefeitura da Estância, é exemplo Parte da equipe de alunos multiplicadores conta atualmente com cerca de 20 agentes, na Escola Ruth Neves Não é novidade que o Estadual Ruth Neves, em A ideia básica do projeto é conhecimento é a Ribeirão Pires. reunir e preparar um grupo de chave para prevenção O programa surgiu em outubro alunos na escola, que irá disseminar de doenças e outros malefícios a nossa saúde. Educar as pessoas, principalmente os jovens, quanto ao risco de contrair doenças é fundamental para garantir o controle desses males. E apostando nessa linha que foi criado o programa Alunos Multiplicadores, do ano passado, a partir de um projeto desenvolvido pelo Programa DST/AIDS e Hepatites Virais, da Prefeitura de Ribeirão Pires, em parceria com nossa escola e a ONG Espaço Saúde, afirma a professora e coordenadora da escola, Cleide Alexandre entre os colegas o conheci- mento em questões relacionadas a saúde, como formas de infecção e tratamentos. Através de conversas informais, seminários, peças teatrais, cartazes e outras atividades, os membros da equipe espalham o conhecimento, ajudando que é exercido na Escola da Silva Gianasi. na prevenção de doenças por falta de informação. Os alunos participam, durante o ano letivo, de aulas do projeto Prevenção Também se Ensina ministradas por professores das diversas áreas do conhecimento e participam também de uma formação fora do período de aulas, desenvolvida pelo agente de saúde Luís Grande, do Departamento de Infectologia, e pela assistente social Ivânia Biagioni, da ONG Espaço Saúde, explica Cleide. Os alunos ficam mais a vontade para conversar com os colegas multiplicadores quando têm alguma dúvida em relação à sexo e sexualidade, DST, AIDS, diversidade de gênero, até mesmo para solicitar preservativos, sendo assim a prevenção acontece em maior escala, avalia a coordenadora. O projeto é muito importante para que os alunos tenham conhecimento de todo assunto envolvendo sexo, sexualidade e prevenção, ouvindo ou solicitando ajuda de outro colega, porque a maioria dos jovens não costuma conversar com pais ou professores sobre o assunto, talvez por medo, insegurança ou timidez, finaliza a professora. Implantado no final do ano passado, o programa irá formar até o final de agosto desse ano cerca de 20 alunos. Foto: Divulgação Mais prevenção O Alunos Multiplicadores é desenvolvido apenas no Ruth Neves, mas as outras escolas também podem desenvolver trabalhos do gênero. O projeto Prevenção Também se Ensina, coordenado pela Secretaria de Estado da Educação, é executado em escolas da rede pública estadual de ensino desde A iniciativa é voltada à promoção da cidadania saudável e à redução da vulnerabilidade da comunidade escolar à gravidez na adolescência, ao uso indevido de drogas e às DST/AIDS. A iniciativa abrange todas as escolas das 91 Diretorias de Ensino do Estado, beneficiando alunos dos ensinos Fundamental e Médio. Entre seus objetivos está a viabilização na rede estadual de ensino de um projeto de educação continuada que propicie condições para o desenvolvimento da autoestima dos alunos e do senso de responsabilidade sobre a saúde individual e coletiva, promovendo a redução do abuso de drogas e a conscientização sobre as complicações relacionadas à gravidez na adolescência e sobre as DST/Aids.