UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA TRABALHO ESCRAVO HODIERNO NO BRASIL ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA 1 TRABALHO ESCRAVO HODIERNO NO BRASIL ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA Por: Mônica Tinoco da Trindade Orientador Prof. William Rocha Rio de Janeiro 2012

2 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA TRABALHO ESCRAVO HODIERNO NO BRASIL ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho Por Mônica Tinoco da Trindade

3 3 AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado forças para concluir este trabalho, diante das circunstâncias em que realizado. A meus pais pela dedicação e valores a mim transmitidos. A meus parentes pelo cuidado dispensado. Aos amigos do Gabinete, pelas mensagens de carinho, solidariedade e de fé. Ao professor William Rocha, pela prorrogação concedida para conclusão do trabalho. Ao meu filho Rodrigo, pela força, pelo carinho e, sobretudo, por acreditar neste projeto. A todos que, de alguma forma, contribuíram para realização deste trabalho.

4 RESUMO 4 O presente trabalho discorre acerca de um tema que representa o grau máximo de exploração do homem pelo homem, e que, infelizmente, ainda é uma realidade em a nossa sociedade. O trabalho escravo hodierno não apenas subtrai do ser humano a sua liberdade, como também o despe de sua própria essência: a dignidade. Não raro, têm-se notícias de ocorrência de trabalho escravo em regiões do País, sendo a forma mais comum a escravidão por dívidas. Objetiva-se apresentar neste trabalho uma explanação acerca do trabalho escravo no Brasil nos dias atuais, enfatizando a escravidão por dívidas, apontar as medidas implementadas para combatê-lo, bem como discorrer acerca da atuação dos órgãos envolvidos no combate dessa prática abominável. Palavras-chave: trabalho escravo; exploração; servidão por dívidas; liberdade; dignidade.

5 SUMÁRIO 5 1 INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO DE TRABALHO ESCRAVO ESCRAVIDÃO POR DÍVIDAS HISTÓRICO ESCRAVIDÃO POR DÍVIDAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO MEDIDAS DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO GRUPO ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO MÓVEL COORDENADORIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO - CONAETE COMISSÃO NACIONAL PARA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO - CONATRAE PLANO NACIONAL PARA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO (I E II) PLANO MDA/INCRA PARA A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO PACTO NACIONAL PELA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS - PNDHII PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 438/ PORTARIA Nº 540/ LISTA SUJA PROJETO DE LEI 2108/ INSTRUMENTOS LEGAIS QUE COIBEM O TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO NORMAS INTERNACIONAIS LEGISLAÇÃO NACIONAL COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 149 DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA ATUAÇÃO DAS AÇÕES UTILIZADAS...26

6 6 7.3 DA DENÚNCIA À AÇÃO - PROCEDIMENTO DA ATUAÇÃO CONJUNTA DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA E DA AÇÃO COLETIVA, COMO MEDIDAS JUDICIAIS UTILIZADAS NO COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO DO DANO MORAL COLETIVO E SUA DESTINAÇÃO O PODER JUDICIÁRIO NO COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO DAS MEDIDAS INOVADORAS E CONSCIENTIZAÇÃO DIRECIONADAS AO COMBATE DO TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS...39

7 1 INTRODUÇÃO 7 Não obstante oficialmente tenha a escravidão sido abolida no Brasil em 13 de maio de 1888, indubitavelmente pode-se dizer que, passados mais de um século, ela persiste até os dias de hoje. A escravidão contemporânea manifesta-se na clandestinidade, pois é ilegal e é marcada pelo autoritarismo, corrupção e, sobretudo, pelo desrespeito ao ser humano. Ela dispensa grilhões, porém é mais perversa, na medida em que o trabalhador submetido à condição de escravo é aliciado, explorado e, finalmente, descartado. A ocorrência de trabalho escravo, hodiernamente, está relacionada à miserabilidade, à baixa instrução e à falta de oportunidades, daqueles trabalhadores que partem em busca de recursos para sustento próprio e de sua família. O escravo de hoje é diferente do de outrora. Antigamente, o escravo era um investimento dispendioso, ao passo que o custo do de hoje é quase zero, na medida em que pagase apenas o transporte e, no máximo, a dívida que o sujeito tinha em algum comércio ou hotel. Na escravidão contemporânea, não faz diferença se a pessoa é negra, amarela ou branca, não há distinção de cor ou credo. Porém, tanto na escravidão de outrora como na do Brasil de hoje, a ordem é mantida por meio de ameaças, terror psicológico, coerção física, punições e assassinatos. O governo brasileiro assumiu em1995 a existência de trabalho escravo no País, criando já naquele ano estruturas governamentais para combatê-lo. Quem escraviza no Brasil não são proprietários desinformados, escondidos em propriedades atrasadas e arcaicas, mas sim, grandes latifundiários, que produzem com alta tecnologia para o grande mercado consumidor interno ou para o mercado internacional. Nas fazendas, não raramente, são identificados campos de pouso de aviões e gado com tratamento de primeira, enquanto, por sua vez, os trabalhadores vivem em piores condições do que as dos animais.1 O trabalho escravo contemporâneo ocorre não apenas no Brasil, como também nos outros países. Em 2005, estimava-se que cerca de 12,3 milhões de pessoas eram vítima de trabalho forçado no mundo.2 Com mais frequência os meios de comunicação tem anunciado notícias acerca de ocorrência de trabalho escravo no território brasileiro. A título exemplicativo, citam-se as 1 (Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE). Mentiras mais contadas sobre trabalho escravo. Disponível em Acesso em: 14 mar ) 2 Uma Aliança Global contra o trabalho Forçado - Relatório Global do Seguimento de Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. Genebra. OIT, p. 11). Disponível em - Acesso em: 03 mar 2012.

8 seguintes manchetes das notícias mais recentes, até então: Presidente da Câmara promete votar PEC do Trabalho Escravo na semana da Abolição.3 O interesse pelo tema suscitou de um sentimento de indignação pela ocorrência de tal prática cruel, repugnante e, sobretudo, desumana, que é uma grave doença que está acometida a sociedade e, como tal, deve ser extirpada. O presente estudo é fruto de uma pesquisa realizada nesses últimos meses baseada em publicações de órgãos estatais e não governamentais, em sites da internet, e em livros doutrinários a respeito do tema em pauta. É ele dividido em quatorze, sendo o primeiro a presente introdução. No capítulo seguinte será abordada a definição de trabalho escravo. No terceiro capítulo será dada ênfase à escravidão por dívidas; seu histórico e de que forma ocorre atualmente no Brasil. O quarto capítulo discorrerá acerca das medidas mais importantes adotadas para erradicação do trabalho escravo contemporâneo, como: a criação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel; da Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Escravo; do Plano Nacional para erradicação do Trabalho Escravo (I e II); do Plano MDA/INCRA para erradicação do Trabalho escravo; do Pacto Nacional pela erradicação do Trabalho Escravo; do Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDHII; da Proposta de Emenda Constitucional nº 438/2001; da Portaria nº 540/ lista suja ; e do Projeto de Lei 2108/2003. O capítulo seguinte aponta os instrumentos legais que coibem o trabalho escravo; as normas internacionais e legislação nacional. O capítulo seis versará sobre a competência para julgamento do crime previsto no artigo 149 do Código Penal brasileiro. Por sua vez, o capítulo seguinte é dedicado ao Ministério Público do Trabalho, onde se: discorrerá acerca de sua atuação, das ações utilizadas, do procedimento da denúncia à ação, bem como de sua atuação conjunta. No capítulo oitavo será enfatizado a utilização de ações civis pública e coletiva como medidas judiciais no combate ao trabalho escravo. O nono capítulo tratará do dano moral coletivo e sua destinação. O capítulo posterior está direcionado para o papel do Poder Judiciário no combate ao trabalho escravo, enfatizando a criação das Varas Itinerantes Trabalhistas. 8 3 Disponível em ( Acesso em: 14 mar. 2012

9 9 O décimo primeiro capítulo, por sua vez, tecerá considerações acerca das medidas inovadoras e de conscientização direcionadas ao combate do trabalho escravo contemporâneo. Posteriormente, seguem os três últimos capítulos, referentes à conclusão, à referência e aos anexos, respectivamente. 2 DEFINIÇÃO DE TRABALHO ESCRAVO A ideia básica que se tem de escravidão está relacionada com o trabalho exigido pela força, em troca de alimento e de roupas, sem remuneração ou qualquer direito reconhecido, sem respeito à liberdade de locomoção, e, sobretudo, à dignidade humana.4 No entendimento do Procurador Luis Antonio Camargo de Melo, considerar-se-á trabalho escravo ou forçado toda modalidade de exploração do trabalhador em que este esteja impedido, moral, psicológica e/ou fisicamente, de abandonar o serviço, no momento e pelas razões que entender apropriados, a despeito de haver, inicialmente, ajustado livremente a prestação de serviços. 5 O crime previsto no artigo 149 do Código Penal, com redação determinada pela Lei nº /2003, está tipificado nos seguinte termos:6 Art Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada excessiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 1º Nas mesmas penas incorre quem: I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I - contra criança ou adolescente; II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. 4 Disponível em ( Acesso em: 20 mar.2012); MPT processa Pernambucanas e pede R$ 5 milhões por exploração de escravos (Notícia veiculada em 09/03/2012. Disponível em - Acesso em20 mar.2012); Fazendeiro admitiu ao MPT que explorava trabalho escravo e infantil (notícia veiculada em 09 mar Disponível em - Acesso em 21 mar MELO, Luis Antonio Camargo de. Premissas para um eficaz combate ao trabalho escravo. In: Revista do Ministério Público do Trabalho nº 26. São Paulo: LTr, p Disponível em Acesso: em 11 jan 2012.

10 10 Para o Procurador José Cláudio Monteiro de Brito Filho, a denominação própria para o ato ilícito é trabalho em condições análogas à de escravo, nos termos do mencionado dispositivo legal. Entretanto, nada impede a utilização dessa expressão de forma mais reduzida, ou seja, trabalho escravo, sendo necessário ter consciência de que é apenas uma redução da expressão mais ampla e utilizada pela lei.7 Prossegue definindo o trabalho em condições análogas à de escravo como o exercício do trabalho humano em que há restrição, em qualquer forma, à liberdade do trabalhador, e/ou quando não são respeitados os direitos mínimos para o resguardo da dignidade do trabalhador. 8 A Convenção 29 de 1930 da Organização Internacional do Trabalho, em seu artigo 2º, 1, dispõe que: a expressão "trabalho forçado ou obrigatório" compreenderá todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente... 9 Por sua vez, a Convenção nº 105 de 1957, deste mesmo organismo internacional, (1957), proíbe o uso de toda forma de trabalho forçado ou obrigatório como meio de coerção ou de educação política; como castigo por expressão de opiniões políticas ou ideológicas; a mobilização de mão-de-obra; como medida disciplinar no trabalho, punição por participação em greves, ou como medida de discriminação. 10 A Liga das Nações Unidas, em 1926, definiu a escravidão como: o estado e a condição de um indivíduo sobre o qual se exercem, total ou parcialmente, alguns ou todos os atributos do direito de propriedade.11 O artigo 1º da Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura, do Tráfico de Escravos e das Instituições e Práticas Análogas da Escravatura, da ONU, 1956, sucessora da Liga, proíbe a escravidão por dívida que é, conforme a mais antiga organização de Direitos Humanos, a Anti-Slavery International: o estado e a condição resultante do fato de que um devedor tenha se comprometido a fornecer em garantia 7.BRITO FILHO, José Cláudio Monteiro de. Trabalho com redução à condição análoga à de escravo: análise a partir do tratamento decente e de seu fundamento, a dignidade da pessoa humana. In: VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Trabalho Escravo Contemporâneo - O desafio de superar a negação. São Paulo: LTr, p BRITO FILHO, José Cláudio Monteiro de. Trabalho com redução à condição análoga à de escravo: análise a partir do tratamento decente e de seu fundamento, a dignidade da pessoa humana. In: VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Trabalho Escravo Contemporâneo - O desafio de superar a negação. São Paulo: LTr, p BRITO FILHO, José Cláudio Monteiro de. Trabalho com redução à condição análoga à de escravo: análise a partir do tratamento decente e de seu fundamento, a dignidade da pessoa humana. In: VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Trabalho Escravo Contemporâneo - O desafio de superar a negação. São Paulo: LTr, p. 133) (OIT. Convenção 29. Disponível em Acesso: em 19 mar Aceso em: 03 mar

11 11 de uma dívida, seus serviços pessoais ou de alguém sobre o qual tenha autoridade, se o valor desses serviços não for eqüitativamente avaliado no ato da liquidação da dívida ou se a duração desses serviços não for limitada, nem sua natureza definida.12 As diversas modalidades de trabalho forçado no mundo têm sempre em comum duas características: o uso da coação e a negação da liberdade. No Brasil usa-se o termo trabalho escravo, que é resultante da soma do trabalho degradante com a privação de liberdade. O trabalhador fica preso a uma dívida, tem seus documentos retidos, é levado a um local isolado geograficamente que impede o seu retorno para casa ou não pode sair de lá, impedido por seguranças armados.13 (Independente do termo utilizado, trabalho escravo contemporâneo, escravidão por dívidas, trabalho forçado, trabalho obrigatório, redução à condição análoga a de escravo, indubitavelmente esta prática viola não somente o direito de ir e vir garantido constitucionalmente, mas também infringe um bem maior que é a dignidade do ser humano. 3 ESCRAVIDÃO POR DÍVIDAS 3.1 HISTÓRICO A forma mais comum de escravização no Brasil contemporâneo é a denominada escravidão por dívidas, instituto há muito conhecido na história da humanidade e largamente utilizado nas diversas épocas da história do nosso país.14 Na Roma Antiga, era comum a escravização dos plebeus (homens livres, sem status de cidadãos, que se dedicavam ao comércio, ao artesanato e ao trabalho agrícola) por dívidas contraídas junto aos Patrícios (cidadãos romanos, grandes proprietários de terras, rebanhos e escravos). Foi proibida oficialmente quando da edição da lei que proibia a escravidão de romanos por dívidas, por volta de 366 a.c. No Brasil, a escravidão por dívidas teve início no período do colonato. Os colonos que chegaram ao Brasil em 1853 eram sujeitos à escravidão por dívidas. 11 FIGUEIRA, Ricardo Rezende. O escravo é o estranho tratado como mercadoria. Artigo disponível em Acesso: em 03 mar Disponível em - Acesso em: 10 mar Disponível em Acesso em: 23 mar (SANTOS, Ronaldo Lima dos. A escravidão por dívidas nas relações de trabalho no Brasil contemporâneo. In: Revista do Ministério Público do Trabalho nº 26. São Paulo: LTr, p )

12 ESCRAVIDÃO POR DÍVIDAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO Na atualidade, a escravidão por dívidas, também conhecida como servidão por dívida, truck system ou sistema de barracão, tem sido o modo de escravidão mais presente em nossa sociedade, incidente em todas as regiões do país, em maior concentração na região norte região Amazônica, zona rural.15 Os trabalhadores submetidos à escravidão são oriundos principalmente dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará. São pessoas analfabetas ou com pouca instrução; a maioria do sexo masculino (98%) e com idade entre 18 e 40 anos (75%). Possuem como único capital de trabalho a força bruta e são utilizados, principalmente, na derrubada da floresta ou na limpeza da área já devastada para o plantio de pastos (80% dos casos) ou de outros insumos agrícolas. Ante a ausência de opção de sobrevivência em suas comunidades de origem, eles aceitam qualquer promessa de emprego, a fim de obter uma situação econômica que lhes permita garantir o sustento de suas famílias.16 Os recrutadores de mão de obra escrava são conhecidos como gatos. Na primeira abordagem, esses aliciadores se mostram pessoas extremamente agradáveis, portadores de excelentes oportunidades de trabalho. Oferecem serviço em fazendas, com salário alto e garantido, boas condições de alojamento e comida farta. Para seduzir o trabalhador, oferecem adiantamentos para a família e garantia de transporte gratuito até o local do trabalho. O transporte é realizado por ônibus em péssimas condições de conservação ou por caminhões improvisados sem qualquer segurança. Ao chegarem ao local do trabalho, eles são surpreendidos com situações completamente diferente das prometidas. Para começar, o gato lhes informa que já estão devendo. O adiantamento, o transporte e as despesas com alimentação na viagem já foram anotados no caderno de dívida do trabalhador que ficará de posse do gato. Além disso, o trabalhador percebe que o custo de todos os instrumentos que precisar para o trabalho foices, facões, motosserras, entre outros também serão anotados no caderno de dívidas, bem como botas, luvas, chapéus e roupas. Finalmente, despesas com os improvisados alojamentos e com a precária alimentação serão anotados no conhecido caderninho, a preços muito superiores aos praticados no comércio LOTTO, Luciana Aparecida. Ação civil pública trabalhista contra o trabalho escravo no Brasil. São Paulo: LTr, AUDI, Patrícia - A escravidão não abolida. In: VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Trabalho Escravo Contemporâneo - O desafio de superar a negação. São Paulo: LTr, p CONATRAE (Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo). Mentiras mais contadas sobre

13 13 Ao contabilizar todas essas despesas, os trabalhadores descobrem que os valores devidos ao empregador são muito superiores aos salários inicialmente prometidos. Muitos deles realmente acreditam que são devidos aqueles valores a eles atribuídos de forma fraudulenta. Se o trabalhador pensar em ir embora, será impedido sob a alegação de que está endividado e de que não poderá sair enquanto não pagar o que deve. Muitas vezes, aqueles que reclamam das condições ou tentam fugir são vítimas de surras, podendo perder a própria vida.18 As promessas de que no final das tarefas para as quais são contratados receberão os salários acordados, também representam uma maneira de manter os trabalhadores durante um longo tempo naquela situação de escravidão. Ao término das tarefas para as quais foram contratados, após meses ou anos, os trabalhadores permanecem sem ter como sair das fazendas ou são abandonadas nas cidades mais próximas sem nenhum dinheiro. Acontece, então, que eles ficam sem ter como retornar para casa, nem para onde ir, ou até mesmo o que comer. Então são acolhidos em pensões hospedeiras, aonde assumem novas dívidas para sobreviverem. A cada dia que se passa aumentam as despesas de hospedagem e alimentação, e que novamente são pagas pelo gato, pelo gerente ou pelo próprio dono de uma outra fazenda, que assumem essas dívidas. Então, reinicia-se o ciclo da escravidão. Esses trabalhadores - conhecidos como peões de trecho - são comercializados como mercadorias nas pensões, que vivem de acolhê-los, contabilizar suas dívidas e vendê-lo aos mercadores de escravos contemporâneos. Nas palavras de Ronaldo Lima dos Santos: O trabalhador envolvido nessa situação é privado da sua condição de ser humano, deixa de ser destinatário dos bens e produtos por ele produzidos para assumir a condição de instrumento de trabalho,. Perde sua dignidade, sua imagem e, não raramente, sua própria identidade, uma vez que se vê desprovido até de laços de família e dos valores de cidadania. Seu trabalho perde o valor social e humano estampado no artigo 1º da Constituição Federal de Essa prática viola cláusulas pétreas asseguradoras de direitos fundamentais contidas na nossa Carta Política, especialmente a não-permissão da imposição de pena de morte, de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e tratamentos cruéis (artigo 5º, inciso XVII), e um Estado que permite essa prática por particulares está, de toda forma, descumprindo o preceito constitucional, a cuja observância ele está, indubitavelmente, obrigado. 19 trabalho escravo. Disponível em Acesso em: 14 fev AUDI, Patrícia - A escravidão não abolida. In: VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Trabalho Escravo Contemporâneo - O desafio de superar a negação. São Paulo: LTr, p SANTOS, Ronaldo Lima dos. A escravidão por dívidas nas relações de trabalho no Brasil contemporâneo. In: Revista do Ministério Público do Trabalho nº 26. São Paulo: LTr, p. 60.

14 14 4 MEDIDAS DE ERRADICAÇÃO AO TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO No Brasil, as primeiras denúncias sobre a existência de novas formas contemporâneas de escravidão ocorreram na década de 70, feitas por Dom Pedro Casaldáliga - Defensor dos direitos humanos na Amazônia.20 Somente em 1995, através de um pronunciamento do Presidente da República perante a nação, o governo brasileiro assumiu formalmente a existência do trabalho escravo no Brasil. A partir de então, foram criadas estruturas governamentais para combate desse crime GRUPO ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO MÓVEL. O Grupo Especial de Fiscalização Móvel foi criado em 1995, com o fim de agir diretamente nos casos de prática de trabalho escravo diante das denúncias provindas de vários pontos do território nacional. Este Grupo possibilitou ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer mecanismos mais adequados de ação, o que permitiu à fiscalização do trabalho atuar de forma eficiente no combate ao trabalho escravo. A criação da Fiscalização Móvel decorreu das seguintes necessidades: centralizar o comando para diagnosticar e dimensionar o problema; garantir a padronização dos procedimentos de supervisão direta dos casos fiscalizados; assegurar o sigilo absoluto na apuração das denúncias; e deixar a fiscalização local livre de pressões e ameaças.22 Conduziu sua criação à obtenção de resultados significativos na repressão de trabalho escravo a partir de O grupo consegue atuar de forma ágil e mais ou menos independente das pressões de grupos políticos e econômicos influentes nos Estados. Exemplificando, apenas no ano de 1997, atuou em cinco fazendas na repressão à escravidão, constando in loco a existência da prática de escravidão, e libertou 455 trabalhadores.23 (Em 2009 foram fiscalizadas 200 fazendas e resgatados trabalhadores em 85 operações realizadas, lavrados 219 autos de infração e pagas indenizações que totalizam em R$ 3, 5 milhões. No Pará foram lavrados 427 autos de infração (maior índice brasileiro), correspondendo a R$ 230,6 mil em multas. Neste 20 AUDI, Patrícia - A escravidão não abolida. In: VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Trabalho Escravo Contemporâneo - O desafio de superar a negação. São Paulo: LTr, p ). 21 Disponível em: Acesso em: 22 mar.2012). 22 MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Secretaria de Inspeção do Trabalho. A experiência do Grupo Especial de Fiscalização Móvel Disponível em Acesso em: 19 mar SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo - A Abolição Necessária. São Paulo: LTr, 2008.

15 15 Estado foram deflagradas 16 operações e fiscalizadas 30 fazendas. Ao todo, 177 empregados que viviam em condições inadequadas foram resgatados. O segundo que mais tem infrações é o Paraná, 283, responsáveis por indenizações na ordem de R$ 188,8 mil. Foram deflagradas 10 operações e fiscalizadas 33 propriedades, sendo resgatados 106 trabalhadores. No Estado de Pernambuco ocorreu o maior número de trabalhadores libertados, 369. As 6 operações realizadas percorreram 9 propriedades e foram lavrados 280 autos de infração que ensejaram o pagamento de indenizações na ordem de R$ 755, 8 mil. Por sua vez, no Rio de Janeiro foram resgatados 361 trabalhadores das 3 fiscalizações efetuadas em uma única operação, lavrados 69 autos que deflagraram o pagamento de indenizações na ordem de R$229,2 mil.24 Na mesma ocasião em que instituído o Grupo Especial de Fiscalização Móvel,em 1995, também foi criado o Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Escravo (GERTRAF). A partir de 2003 foi alterado o objetivo de combate a essa prática, para o compromisso de sua erradicação. O GERTRAF foi substituído pela Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), que elaborou o Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, hoje em sua segunda edição COORDENADORIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO CONAETE A Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Escravo foi criada em outubro de 2002 com o objeto de erradicar o trabalho análogo ao de escravo e coibir o trabalho degradante, resguardando o direito à liberdade, à dignidade no trabalho, bem como todas as garantias decorrentes da relação de emprego. Ela atua através de fiscalizações efetuadas nos locais de trabalho por equipe de trabalho formada por Membros do Ministério Público do Trabalho, Auditores-Fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, servidores do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho e Emprego, policiais federais e/ou policiais militares ambientais e, algumas vezes, por integrantes de organizações não governamentais. As fiscalizações são programadas tendo em vista as denúncias e notícias de irregularidades trabalhistas e tem como objeto inibir atitudes de empregadores e pessoas que submetem 24 Disponível em Acesso em: 03 fev Disponível em Acesso em: 15 mar

16 16 trabalhadores à situação degradante ou análoga a de escravo, na maioria das vezes culminando no resgate desses. Estas fiscalizações dão ensejo à assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e podem, ainda, resultar em ações judiciais inibitórias, reparatórias, indenizatórias e condenatórias COMISSÃO NACIONAL PARA A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO - CONATRAE Esta comissão foi criada em agosto de É um órgão colegiado vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, tem a função primordial de monitorar a execução do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo PLANO NACIONAL PARA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO (I e II) Este plano foi lançado em março de 2003 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, objetivando alertar a sociedade brasileira e mobilizar os formadores de opinião. Contava com 76 medidas punitivas a serem aplicadas àqueles que submetessem trabalhadores em estado análogo à de escravo.28 Este plano sofreu atualização, advindo o 2º PLANO NACIONAL PARA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO. Ele foi produzido pela Conatrae- Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e representa uma ampla atualização do primeiro plano. Entre as ações de repressão econômica, estão a proibição de acesso a créditos aos relacionados no cadastro de empregadores que utilizam mão-de-obra escrava, tanto de instituições financeiras públicas, mas também de privadas, e a proibição de participar de licitações públicas. Segundo dados da Organização Mundial do Trabalho, 68,4% das metas do primeiro plano foram total ou parcialmente atingidas. Houve avanços significativos na área de sensibilização e capacitação de atores para o combate ao trabalho escravo e na conscientização de trabalhadores pelos seus direitos. A fiscalização melhorou e, em conseqüência, houve um salto no 26 Disponível em Acesso em: 20 jan Disponível em httt:// Acesso em: 17 jan LOTTO, Luciana Aparecida. Ação civil pública trabalhista contra o trabalho escravo no Brasil. São Paulo: LTr, p

17 17 número de libertados. O Ministério Público do Trabalho passou a estar presente em quase todas as operações de libertação de trabalhadores. Com isso, houve um aumento de ações civis públicas sendo ajuizadas. Apesar dos avanços, o Brasil ainda encontra dificuldades para pôr em prática soluções que diminuam a impunidade. Não conseguiu avançar significativamente nas metas de promoção e cidadania. 4.5 PLANO MDA/INCRA PARA A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), através do seu Plano para a Erradicação do Trabalho Escravo, de Maio de 2005, reafirmam o compromisso do presidente da República com a erradicação do trabalho escravo no Brasil. Inspirado no Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, apresentado em março de 2003, o plano em tela orienta-se pela idéia de aportar com mais intensidade ações institucionais e recursos humanos e financeiros a determinados segmentos das áreas de atuação do MDA e do Incra, em busca de melhor performance na execução de missões que contribuam para diminuir a vulnerabilidade do cidadão ao aliciamento, acelerar o resgate da cidadania e a reinserção sociolaborativa dos trabalhadores libertos. As propostas apresentadas neste Plano decorrem de discussões e consensos obtidos por um Grupo de Trabalho especialmente criado no âmbito do MDA. O Grupo é composto por representantes do Ministério e do INCRA, e significativamente prestigiado com contribuições de outros órgãos governamentais e de entidades da sociedade civil ligadas à questão. 29 As propostas do MDA e do INCRA para a erradicação do trabalho escravo, constantes do plano, foram dividas em quatros tópicos: diminuição da vulnerabilidade e prevenção ao aliciamento; repressão à utilização de trabalho escravo; reinclusão de trabalhadores libertados e resgate da cidadania; e internalização institucional da temática no MDA/INCRA e divulgação. Pode-se chegar a conclusão de que o Ministério do Desenvolvimento Agrário mantém eficazes ações de repressão e prevenção, bem como de oferta de oportunidades Disponível em - Acesso em: 20 fev Disponível em - Acesso em: 20 mar

18 4.6 PACTO NACIONAL PELA ERRADICAÇÃO DE TRABALHO ESCRAVO 18 Lançado em maio de 2005 com o objetivo de implementar ferramentas para que o setor empresarial e a sociedade brasileira não comercializem produtos de fornecedores que usaram trabalho escravo.31 Em 2003, a Repórter Brasil fez um piloto para verificar a possibilidade de sucesso de uma metodologia de pesquisa de cadeias produtivas e, no ano seguinte, a entidade junto com a Organização Internacional do Trabalho realizaram uma extensa pesquisa para mostrar como mercadorias produzidas com trabalho escravo estavam inseridas na economia brasileira e global. Com a pesquisa pronta - em um processo coordenado pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a Organização Internacional do Trabalho e a Repórter Brasil - foram convidadas as empresas brasileiras e multinacionais que apareceram nessa rede para criar mecanismos que barrassem fornecedores que utilizaram essa forma de exploração. Os diálogos deram origem ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. A iniciativa já conta com 220 empresas, associações comerciais e entidades da sociedade civil, que possuem um faturamento equivalente a mais de 20% do PIB brasileiro. O Instituto Observatório Social desenvolveu uma inovadora plataforma de monitoramento digital para verificar o cumprimento dos acordos do Pacto Nacional pelos signatários. Devido à importância dos resultados das pesquisas de cadeia produtiva e do Pacto Nacional, a promoção e defesa desse pacto foi incorporada ao 2º Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. O Pacto Nacional tornou-se política pública, porquanto as informações obtidas nos estudos de cadeia produtiva são utilizados pelos três poderes em atividades e leis visando ao combate ao trabalho escravo. Estima-se que cerca de 25 mil pessoas tornam-se escravas anualmente em fazendas e carvoarias no Brasil. Contudo, a atuação do Pacto Nacional no combate ao trabalho escravo gera melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores rurais do país como um todo. Seus princípios prevêem não apenas a erradicação desse crime, mas a promoção do trabalho decente. O Comitê do Pacto oferece gratuitamente capacitação de funcionários das empresas signatárias para que possam colocar em prática os princípios estabelecidos. Criou-se um canal de comunicação ( que contribui com políticas de responsabilidade social empresarial ligadas ao combate à escravidão. Esse canal é mantido com recursos de signatários do Pacto. 31 Disponível em - Acesso em: 21 mar

19 19 Atende-se a convites de governos e entidades sociais e empresariais de outros países para expor o que é o Pacto Nacional e como ele contribui para excluir os maus empresários sem que seja necessário erguer barreiras comerciais a um país. Articula-se com entidades da sociedade civil, empresários e organismos internacionais, a extensão do Pacto para outros países, como Bolívia, Paraguai, Peru. O objetivo é fomentar a criação de um Pacto Sul Americano pela Erradicação do Trabalho Escravo. 4.7 PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS - PNDH II O Programa Nacional de Direitos Humanos II foi lançado em 2002, com o intuito de atender às fortes demandas pela efetivação dos Direitos Humanos. Além do objetivo de promover as políticas constantes do primeiro Plano (PNDH), contemplou novos parâmetros e temas referentes aos Direitos Humanos baseados nas discussões que sucederam ao ano de 1996, data de lançamento do programa original.32 No PNDH II foram estabelecidas 518 metas. A mobilização gerada pela preparação desta nova versão estimulou a construção da proposta de reforma do Poder Judiciário, na qual se incluiu a chamada "federalização" dos crimes de direitos humanos. A aprovação da reforma do Judiciário constituiu uma das principais metas do PNDH II no campo da garantia do direito à justiça. O novo programa expandiu as metas do PNDH original no campo dos direitos civis e políticos, incorporou os direitos econômicos, sociais e culturais, bem como reforçou as medidas de combate à discriminação contra os grupos mais vulneráveis da sociedade. Ele representa a salvaguarda dos anseios da sociedade brasileira no campo da proteção e promoção dos direitos humanos. 4.8 PORTARIA Nº 540 de LISTA SUJA O Ministério do Trabalho e Emprego através da Portaria nº 540/04 instituiu o cadastro com os nomes de empregadores e empresas flagrados explorando trabalhadores na condição análoga à de escravos. A relação restou conhecida como lista suja. Consoante as regras do MTE, a inclusão do nome do infrator na lista acontece somente após o final do processo administrativo criado pelo auto da fiscalização que flagrar o 32 Disponível em Acesso em: 16 mar.2012.

20 20 crime de trabalho escravo, que inclui o direito de defesa do envolvido. A exclusão, por sua vez, depende de monitoramento do infrator pelo período de dois anos. Se durante esse período não houver reincidência do crime e forem pagas todas as multas resultantes da ação de fiscalização e quitados os débitos trabalhistas e previdenciários, o nome será retirado do cadastro PROJETO DE LEI 2108/2003 Este projeto proíbe que empresas brasileiras ou sediadas no Brasil mantenham contratos (de natureza civil ou comercial) com empresas sediadas no exterior que explorem direta ou indiretamente trabalho degradante em suas bases de atuação. Define trabalho degradante como "formas de trabalho violadoras da dignidade da pessoa, especialmente o trabalho realizado em condições ilegais, a escravidão, o trabalho forçado, o trabalho infantil e todos os demais tipos mencionados em acordos, tratados ou atos internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil".34 A obrigação de avaliar previamente a situação da empresa estrangeira no que se refere às condições trabalhistas cabe à empresa brasileira ou sediada em território nacional, que, em caso de descumprimento, será impedida de firmar contratos com quaisquer entes ou órgãos públicos, de participar de licitações ou de se beneficiar de recursos públicos de qualquer natureza, por um período de cinco anos. Já aprovada em caráter terminativo na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, a matéria aguarda votação no Senado Federal. 5 INSTRUMENTOS LEGAIS QUE COIBEM O TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO internacional. A prática de trabalho escravo é coibida por toda a comunidade: nacional e 33Disponível em Acesso em: 14 mar (notícia veiculada no site m-fora-do-pa%eds - Acesso em: 18 jan 2012)

21 NORMAS INTERNACIONAIS Uma série de normas internacionais tratam da escravidão contemporânea. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, promulgada pela Organização das Nações Unidas em 19 de dezembro de 1948, em seu artigo 4º dispõe que ninguém será obrigado à escravidão, nem em servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Por sua vez, o artigo 5º declara que Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante, assinalando no artigo 13 que todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. Esta Declaração consagra o livre direito à escolha do trabalho ao estabelecer que toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de seu trabalho e à proteção contra o desemprego (artigo 23, item 1).35 Foram aprovadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) duas convenções internacionais acerca do trabalho forçado ou obrigatório. A Convenção nº 29, de dispõe sobre a eliminação do trabalho forçado ou obrigatório em todas as suas formas -; e a de nº 105, de proíbe o uso de toda forma de trabalho forçado ou obrigatório. Há de se ressaltar, ainda, a Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, que consagra a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório, dentre os princípios fundamentais a serem observados pelos Estados.36 O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, em seu artigo 8º, reitera que ninguém poderá ser submetido à escravidão, proibindo a escravidão e o tráfico de escravos, em todas as suas formas. Acrescenta, ainda, que ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios. Não obstante o seu artigo 4º estabelecer a possibilidade de os Estados adotarem medidas excepcionais restritivas de direitos, quando situações excepcionais ameacem a existência de nação e sejam proclamadas oficialmente, este mesmo dispositivo é claro ao alertar 35 (CARLOS, Vera Lucia. Estratégia de atuação do Ministério Público do Trabalho no combate ao trabalho escravo urbano. In: VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Trabalho Escravo Contemporâneo - O desafio de superar a negação. São Paulo: LTr, p PIOVESAN, Flavia. Trabalho escravo e degradante como forma de violação aos direitos humanos. In: VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Trabalho Escravo Contemporâneo - O desafio de superar a negação. São Paulo: LTr, p

22 22 que não autoriza qualquer derrogação dos artigos 6º, 7º, 8º (parágrafos 1º e 2º), 11, 15, 16 e 18 do Pacto. Consoante os termos do artigo 4º da Convenção Européia de Direitos Humanos, ninguém pode ser mantido em escravidão ou servidão e nem tampouco pode ser constrangido a realizar trabalho forçado ou obrigatório. No mesmo sentido, a Convenção Americana de Diretos Humanos, em seu artigo 6º, determina que ninguém pode ser submetido à escravidão ou à servidão, proibindo-as em todas as suas formas. Acrescenta que ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Registre-se que a Convenção Americana e a Convenção Européia de Direitos Humanos, ainda que permitam a suspensão de garantias, vedam a derrogação da proibição da escravidão, mesmo em estado de guerra, perigo público ou outra situação emergencial (artigo 27, parágrafo 1º, da Convenção Americana; e artigo 16 da Convenção Européia). A Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos reza que todo indivíduo tem direito ao respeito da dignidade inerente à pessoa humana e ao reconhecimento da sua personalidade jurídica. Veda todas as formas de exploração e de aviltamento da pessoa humana: a escravatura, o tráfico de pessoas, a tortura física ou moral e as penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Acresce-se que a Organização Internacional do Trabalho, na Convenção nº 122 sobre Política do Emprego, de 1964, estabeleceu o princípio de que cada Estado membro deverá seguir uma política ativa para promover o emprego livremente escolhido total e produtivo. O conceito de emprego livremente escolhido, segundo a OIT, alarga a área de preocupação, para além da imposição do trabalho forçado, para incluir todas as situações nas quais a liberdade de escolha de um trabalhador seja de algum modo restringida. 37 Na Recomendação nº 198 sobre Relação de Trabalho, de 2006, a OIT sugere diversas medidas que podem se adotadas pelos Estados membros a fim de reforçar a proteção concedida aos trabalhadores em uma relação de trabalho. 37 Disponível em - Acesso em 24 jan 2012

23 5.2 - LEGISLAÇÃO NACIONAL 23 O ordenamento jurídico brasileiro veda a prática do trabalho escravo contemporâneo. 1) Constituição Federal de 1988: A atual Carta Magna estabelece como um de seus princípios fundamentais a dignidade da pessoa (artigo 1º, inciso III). Este princípio garante a todo ser humano que seus meios de sobrevivência estejam à altura dos padrões morais, culturais, e econômicos no meio social em que vive, atingidos por meio do trabalho honesto e digno, dando ensejo a outro princípio fundamental, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, insculpido no inciso IV do mesmo dispositivo constitucional. Prescreve o artigo 5º, inciso XIII, in verbis: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer - o direito a qualquer tipo de trabalho. Nesta ordem, a Lei Maior preocupou-se não só em garantir o direito ao trabalho, mas também os direitos sociais (artigos 6º e 7º, e incisos). Ocorre ainda afronta ao artigo 5º: caput -... inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,.. -; inciso III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano -; inciso X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas... - ; XLVII - não haverá penas:...c) de trabalhos forçados. Destaque-se que a Constituição Federal de 1988 consagra, em seu artigo 4º, inciso II, a observância do princípio da prevalência dos direitos humanos, que resta desprezado nas relações de trabalho em que vigora a servidão por dívidas.38 Acrescenta-se a ordem econômica, prevista constitucionalmente, fundada na valorização do trabalho humano, com a finalidade de uma vida digna e objetivando a justiça social. 2) Consolidação das leis do Trabalho: A Consolidação Trabalhista, em seu artigo 462, 2º e 3º, da CLT, veda a prática do truck system, determinando, no artigo 463, o pagamento do salário em espécie e em moeda corrente do País. No caput do artigo 462 está inserto o princípio da intangibilidade do salário, e no 464, por sua vez, o princípio da pessoalidade. Ressalte-se, que somente são permitidos os descontos permitidos por lei. 38. (LOTTO, Luciana Aparecida. Ação civil pública trabalhista contra o trabalho escravo no Brasil. São Paulo: LTr, 2008.

24 24 A Consolidação das Leis do Trabalho, por meio de artigos que protegem a saúde e o meio ambiente de trabalho, proíbe a escravidão contemporânea. Inúmeras são as infrações que podem ser encontradas no trabalho exercido em condições análogas à de escravo, tais como: ausência de registro em carteira de trabalho; más condições de higiene (falta de água potável e alojamentos em céu aberto), falta de fornecimento de equipamentos de segurança; ausência de higiene nos locais para refeições;desrespeito à jornada de trabalho; labor em locais insalubres e perigosos; pagamento do salário in natura, descontos ilícitos, dentre outros. 3) Código Penal Brasileiro: A legislação penal brasileira penaliza aqueles que violam ou que procuram fraudar a liberdade do trabalhador. 2003, assim dispõe: Em seu artigo 149, com redação alterada pela Lei nº de 1º de dezembro de Art Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada excessiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. violência. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, além da pena correspondente à 1º Nas mesmas penas incorre quem: I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I - contra criança ou adolescente; II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. Reporta-se aqui às considerações tecidas pela Drª Ela Wiecko V. de Castilho, Subprocuradora-Geral da República, acerca da interpretação jurídico-penal do dispositivo em comento.

25 25 6 COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DO CRIME PREVISTO NO ART. 149 DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO A questão da competência para julgar o crime de redução a condição análoga à de escravo (art. 149 do CP) restou definida em prol da Justiça Federal no fim do ano de Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), quando do julgamento final do Recurso Extraordinário RE em 30/11/ reconheceu da competência da Justiça Federal para julgar crime de redução à condição análoga à escravidão. O recurso foi interposto pelo Ministério Público Federal contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que declarou a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar crime de redução à condição análoga à de escravo (artigo 149, Código Penal), ao analisar denúncia envolvendo fazendeiro paraense. Outrora, o julgamento fora interrompido ante o pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes. Naquela ocasião, o ministro relator Joaquim Barbosa havia votado pelo provimento do Recurso sob o fundamento de que, no contexto das relações de trabalho, a prática do crime previsto no artigo 149 do CP caracteriza-se como crime contra a organização do trabalho, determinando a competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito, de acordo com o artigo 109 da Constituição Federal. Os ministros Eros Grau, Carlos Ayres Britto e Sepúlveda Pertence acompanharam o voto do relator. Foram divergentes os ministros Cezar Peluso e Carlos Velloso. O ministro Gilmar Mendes pediu vista dos autos. Em seu voto de vista, ele entendeu pelo provimento do recurso. Afirmou, citando jurisprudência da Corte, que serão da competência da Justiça Federal apenas os crimes que ofendem o sistema de órgãos e institutos destinados a preservar, coletivamente, os direitos e deveres dos trabalhadores - previsto no artigo 109, inciso VI, da Constituição Federal. Entendeu que, no caso concreto, ficou patente a violação ao bem jurídico "organização do trabalho", justificando a competência federal para analisar a matéria. Em seguida, o ministro Marco Aurélio seguiu a divergência aberta anteriormente para votar pelo não provimento do RE. Para ele, as "tintas fortes" do caso concreto não são suficientes por si para se concluir pela competência da Justiça Federal. Na linha do voto-vista proferido pelo ministro Gilmar Mendes, o ministro Celso de Mello votou pelo provimento do recurso, ressalvando que a mudança dos casos da jurisdição estadual para a federal se justifica apenas nos casos de "violação dos direitos humanos" Disponível em Acesso em: 24 jan 2012.

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