CONSCIÊNCIA ESPÍRITA.

Transcrição

1 CONSCIÊNCIA ESPÍRITA

2 O trabalhador espírita, as questões circunstanciais e as existenciais: sentindo-se espírito imortal; Trabalhador Espírita: um obreiro da última hora; O programa existencial e o trabalho na Seara Espírita;

3 O propósito existencial e as atividades espíritas; A fuga ao propósito existencial e ao programa existencial pela preguiça moral. O sentido do trabalho do bem em nossas vidas as condições para se cumprir o programa existencial e o propósito existencial

4 Leôncio: um caso de deserção atormentadora; A experiência de um trabalhador espírita que se afastou do propósito existencial por permanecer focado nas atividades circunstanciais

5 No trabalho do bem realizado no Movimento Espírita o trabalhador deve refletir sobre duas questões básicas: Realizações Existenciais é tudo aquilo que diz respeito à sua existência como Espírito imortal, resultando na sua evolução por meio da sua transformação moral, desenvolvendo as virtudes essenciais da Vida. São valores permanentes atinentes ao Ser Existencial, realizados de forma individual e intransferível.

6 Realizações Circunstanciais é tudo aquilo que diz respeito às várias atividades que ele realiza no Movimento Espírita, visando o seu aprimoramento espiritual pelo esforço no trabalho do Bem. São transitórias e transferíveis, isto é, outras pessoas podem substituí lo em situações em que ele esteja impossibilitado, transitória ou definitivamente, como, por exemplo, nos casos de sua desencarnação ou deserção da tarefa. Apesar de outras pessoas poderem fazer em seu lugar o trabalho no bem, estas realizações são fundamentais para que ele adquira as virtudes essenciais da Vida, indispensáveis para as realizações existenciais.

7 No trabalho no Movimento Espírita deveremos lidar com as questões existenciais e com as circunstanciais. As circunstanciais representam o meio e as existenciais representam a finalidade maior de nossa vida.

8 Percebe se que muitos trabalhadores do Movimento Espírita têm se afastado das questões existenciais e focado apenas nas circunstanciais. Muitos fazem isso por não entenderem as questões existenciais e outros para fugirem de si mesmos, da própria transformação moral, devido ao trabalho intenso que ela gera.

9 Esse afastamento das questões existenciais tem gerado, coletivamente, muitas distorções no Movimento Espírita. Em nível individual tem causado o desvio de muitos trabalhadores do bem como nos relata os livros de Manoel Philomeno de Miranda: Trilhas de Libertação; Tormentos da Obsessão e Entre dois mundos.

10 Quando não há um desvio deliberado das tarefas do bem por um processo obsessivo, há o resultado das fugas às questões existenciais a partir de se agir apenas externamente por meio de atividades diversas, com foco nas realizações circunstanciais. O trabalhador mantém as suas dificuldades íntimas, ainda que realize as tarefas no bem sem que a sua intimidade esteja sendo transformada com eficiência e eficácia. O livro Voltei de Irmão Jacob traz relatos dessa situação.

11 O Espiritismo é uma ciência e todos nós temos a convicção disto. Com base nisso, perguntamos: qual é o objeto de estudo da Doutrina Espírita? É o Espírito imortal. Por ser uma ciência aplicada, o Espiritismo trabalha com o intuito de revelar como funciona o Espírito imortal em profundidade, de modo que o Espírito encarnado possa aplicar esse conhecimento em sua vida.

12 Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, em igualdade de condições, com todas as oportunidades para progredir utilizando o seu livre arbítrio, adquirindo mérito de todas as suas conquistas.

13 A Lei de Igualdade oferece a todos os Espíritos a mesma oportunidade de progredir. Contudo, a Lei de Progresso somente será cumprida por meio do uso adequado da Lei de Liberdade. Somos convidados a observar o tipo de escolhas que fazemos.

14 É fundamental perguntar se: Estou fazendo exercícios para exercitar a virtude do discernimento que me auxilia a fazer boas escolhas, ou seja, escolhas conscienciais? Estou colocando em prática o dever de viver como Espírito imortal ou apenas estou vivendo como uma criatura efeito?

15 Refletir sobre isso é fundamental porque tudo aquilo que nos acontece de mal, conforme determina as Leis de Justiça e de Causa e Efeito, é fruto de algo de mal que nós fizemos a nós mesmos ou ao próximo, constituindo se apenas na ausência do bem.

16 A ausência do bem é fruto de algum aspecto de ignorância ou de rebeldia que mantemos. Se nós não exercitamos o bem, alguma coisa fica em seu lugar. Portanto, tudo o que estamos experienciando nos caminhos do bem é fruto de grandes conquistas do Espírito, tanto quanto tudo o que nos aflige é também de responsabilidade do Espírito, que tenta se afastar das Leis Divinas.

17 Nós não estamos sendo chamados para o trabalho na Seara de Jesus somente agora. Estamos sendo novamente convidados a aceitar o convite agora. Nós fomos chamados pelos séculos afora a aceitarmos o convite do Cristo e não o aceitamos. Muitos de nós já estamos começando a aceitar, agora, o convite. Outros, se refletirem com profundidade, poderão verificar que talvez ainda não estejam aceitando o convite. É essencial ouvir a voz da consciência para avaliar em que grupo estamos.

18 Isso é necessário porque há um sentimento que a criatura humana cultua subconscientemente: o sentimento de abandono existencial, ou seja, um sentimento de desamparo. A maioria das pessoas, de alguma forma, um pouco mais ou um pouco menos, tem o sentimento de abandono existencial, como se tivéssemos sidos colocados no planeta em circunstâncias tão diversas e adversas, abandonados, gerando os sentimentos de angústia, aflição e inquietação.

19 Estes são os momentos em que somos convidados a nos esforçar mais para buscar nos conhecimentos Espíritas o consolo para que o nosso coração não entre nas faixas da depressão, da revolta, do medo, do pânico etc. Somente por meio do mergulho profundo na investigação das Leis Divinas é que conseguiremos nos manter intactos, desenvolvendo as virtudes que o momento nos pede.

20 Quando não trabalhamos esse sentimento de abandono existencial, de desamparo, dentro do nosso coração, muitas vezes, diante de uma provação, nos permitimos perguntar indevidamente: Por que eu? Por que comigo?

21 Isso acontece porque, diante das experiências desafio a serem trabalhadas na atual reencarnação, por conta da Lei Amorosa do Esquecimento a nos proteger de nós mesmos, muitas vezes ficamos um tanto deslocados do que realmente devemos fazer com a nossa vida, como se pudéssemos, de alguma forma, justificar a tendência à deserção das tarefas pelo fato de não nos lembrarmos, objetivamente, quais são elas e os desafios a serem trilhados, acreditamos que temos o direito de nos permitir destituir dos deveres que a consciência nos traz.

22 É importante lembrar que a Lei do Esquecimento é para nos proteger da lembrança dos desmandos que perpetramos no passado espiritual, usando mal o nosso livre arbítrio por ausência de discernimento. No entanto, ele nunca é total, e sabemos e sentimos dos nossos compromissos na Seara de Jesus pela intuição e inspiração, que o conhecimento da Verdade, por meio da reflexão sobre as Leis Divinas, e o autoconhecimento vão paulatinamente nos revelar que caminho seguir, dentro de nosso programa existencial.

23 É claro que, diante da Lei de Liberdade, temos direito de escolher o que nos aprouver, até voltar a reincidir na preguiça moral, que nos manteve utilizando mal o livre arbítrio, mas o fato é que não temos o direito de abolir as consequências das nossas escolhas. Por isso é fundamental que reflitamos neste trecho da resposta da questão 115: A cada um deu determinada missão com o fim de esclarecê los e fazer chegar progressivamente à perfeição pelo conhecimento da verdade, para aproximá los de si.

24 A nossa missão é o conhecimento da Verdade, que acontecerá pela investigação das Leis Divinas, as quais já existem em nossas consciências, conforme ensina a questão 619 de O Livro dos Espíritos, e também por meio da verdade interior, que é a forma que funcionamos como Espíritos imortais, momentaneamente reencarnados.

25 Somos convidados pela nossa própria consciência a essa investigação, desenvolvendo, principalmente, o sentimento de gratidão a tudo aquilo que nós começamos a apreender. No entanto, há ainda no coração de muitos o sentimento de exigência de perfeição e não a aceitação progressiva do esforço de aperfeiçoamento.

26 A aceitação progressiva do esforço de aperfeiçoamento é um indício no qual podemos identificar se estamos aceitando progressivamente a perfeição ou se estamos exigindonos perfeição sem o trabalho de aperfeiçoamento.

27 Para saber se estamos nos exigindo, é só refletir se, diante de nossas experiências, temos tido um sentimento de ingratidão ou um sentimento de gratidão. O sentimento de gratidão é um grande indício de que estamos progressivamente nos aperfeiçoando. Isso acontece porque na gratidão está estabelecida a diretriz de aprendizado e não de exigência de ser mestre, ou seja, de fazer sempre aquilo que achamos que é correto, exigindo nos nunca errar, quando, na verdade, o dever consciencial nos convida a aprender. É isso o que promove o aperfeiçoamento progressivo.

28 É nesse campo que o Espírito realmente permite que Deus aja com a Sua onipotência, onisciência e onipresença, porque, se o Criador rege o Universo desde as pequenas células até as Galáxias por meio de Suas Leis, Ele não rege as circunstâncias que ficam por conta de nosso livre arbítrio, justamente para nos auxiliar a tomada de consciência, que hora a hora vai se dando, mediante os convites do Senhor da Vinha. Cada Espírito imortal vai amadurecer no seu tempo.

29 Este é o momento em que somos convidados a aceitar o convite do amor, uma vez que já não há mais tempo para desperdiçar, pois estamos na última hora. É essa a essência da consciência espírita. Agir conforme a consciência é um parâmetro fundamental.

30 Todos nós fomos educados a agir por parâmetros que vieram de nossa educação familiar, da sociedade que fazemos parte etc. Contudo, é justamente nesse ponto que, como Espíritos imortais que somos, há um convite consciencial a perceber como estamos nós hoje sendo espíritas dentro do Movimento Espírita. Que tipo de padrões e parâmetros estamos seguindo, os do Espírito imortal ou os do mundo?

31 Por estar ainda centrado nos valores materialistas, hedonistas e utilitaristas, o mundo sempre vai criar parâmetros falsos, porque tudo está focado nos interesses materiais, que nos consomem e desgastam as energias, retirando nos do nosso eixo de discernimento.

32 Por isso, somos convidados a nos perguntar intimamente: se sou Espírito imortal e estou sendo convidado a viver conforme a minha própria consciência, onde trago inscritas as Leis Divinas que regem a vida, o que é que está me fazendo ceder aos apelos da matéria? O que é que têm me feito ceder às imposições do sensualismo, aos convites de todas as ordens? Será que é porque não estou de certa forma me sentindo, subconscientemente, deslocado e quero, então, me sentir incluso?

33 Somente é possível nos sentir inclusos quando exercitamos o autoacolhimento amoroso, em sintonia com as Leis Divinas, especialmente a de Amor, Justiça e Caridade. Sem exercícios de amor, justiça e caridade para conosco, continuaremos a nos sentir deslocados. O sentimento de pertencimento ao Universo é fruto, portanto, da investigação e cumprimento das Leis Divinas, constituindo se um ato de consciência espírita, trabalhar no limite de nossas forças para desenvolver esse paradigma tanto interiormente quanto em nosso Movimento Espírita.

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