A assinatura do autor por IVANISE MARIA TRATZ MARTINS:15222 é inválida

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1 A assinatura do autor por IVANISE MARIA TRATZ MARTINS:15222 é inválida APELAÇÃO CÍVEL N.º , DA VARA DE REGISTROS PÚBLICOS E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA. APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ APELADOS : LUCIANE ABRANTES HIRAKURI LEONARDO PRESENDO BET RELATORA : DES.ª IVANISE MARIA TRATZ MARTINS REVISOR : JUIZ SUBSTITUTO EM 2º GRAU LUCIANO CARRASCO FALAVINHA SOUZA (DES.ª DENISE KRUGER PEREIRA) DIREITO PROCESSUAL CIVIL E REGISTROS PÚBLICOS. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARA ACRESCER AO SOBRENOME DA AUTORA O PATRONÍMICO DO MARIDO. AUSÊNCIA DE PRECLUSÃO TEMPORAL PARA O DESIDERATO. JUSTIFICATIVA IDÔNEA. IDENTIFICAÇÃO PERSONALÍSSIMA DA ENTIDADE FAMILIAR. INTERPRETAÇÃO CONJUNTA DA REGRA DOS ARTS. 109, DA LEI DE REGISTROS PÚBLICOS (LEI Nº 6.015/1.973) E ART , DO CÓDIGO CIVIL. 1. Não obstante seja de estilo a adoção do patronímico do cônjuge por ocasião da celebração do casamento, a lei não impede taxativamente que não possa ocorrer em momento posterior, justamente porque não há limitação às hipóteses de modificação do nome, cujo pedido será levado sob justificativa à apreciação judicial. 2. Em sendo manifesto o interesse na adoção do patronímico do marido, inclusive como forma de identificação da família no meio social, não há por que privarem-se as pessoas desse direito personalíssimo. RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. Página 1 de 7

2 Apelação Cível n.º fl. 2 VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível sob o nº , em que figuram como Apelante MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ e como Apelados LUCIANE ABRANTES HIRAKURI e LEONARDO PRESENDO BET. I RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível interposta por MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, em face da sentença proferida na Ação de Retificação de Registro Civil promovida por LUCIANE ABRANTES HIRAKURI e LEONARDO PRESENDO BET, sob nº , que julgou procedente o pedido (mov. 54.1). Inconformado, interpôs o Ministério Público do Estado do Paraná a presente Apelação Cível, pugnando pela reforma da sentença. Aduziu em suas razões que somente autorizava a lei à Apelada que acrescesse o patronímico do marido por ocasião da celebração do casamento, não sendo lhe dado optar por fazê-lo posteriormente. Arguiu assim a improcedência da pretensão da Autora (mov. 65.1). Em sede de contrarrazões, os Autores pugnaram pela manutenção da sentença. Destacaram jurisprudência favorável à sua pretensão e, ainda, a completa ausência de prejuízo, pois não haverá qualquer alteração em seu nome, apenas o acréscimo do sobrenome do marido, inexistindo prejuízos à ancestralidade ou à sociedade. Sustentaram que a intenção dos autores é suficiente para ensejar o deferimento do pleito, sobretudo em se considerando que a legislação não impõe limite temporal para a opção do cônjuge de acrescer o sobrenome do outro (mov. 74.1). Página 2 de 7

3 Apelação Cível n.º fl. 3 Subidos os autos, a d. Procuradoria Geral de Justiça manifestou-se pelo desprovimento do Recurso, sob o fundamento de que inexiste qualquer óbice legal à pretensão dos recorrentes (fls. 13/16-TJ). É o relatório. II FUNDAMENTAÇÃO O Recurso preenche adequadamente os requisitos da espécie e, no mérito, não comporta provimento. Aduziu o Ministério Público do Paraná, que a Lei reserva o acréscimo do patronímico do cônjuge somente ao momento da celebração do casamento, não sendo dado à Apelada fazê-lo posteriormente. O argumento não prospera. Não prevalece o entendimento de que a opção legal de uso do patronímico do cônjuge, estaria sujeita à preclusão temporal que pretende o Parquet conferir. Inclusive a lei permite a posterior retificação do nome, sem especificar taxativamente suas hipóteses, bastando à parte que submeta o pedido à apreciação judicial, com justificativa. É a inteligência da interpretação conjunta da norma dos artigos 109 da Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/1.973) e 1.565, 1º, do Código Civil: Art Quem pretender que se restaure, supra ou retifique assentamento no Registro Civil, requererá, em petição fundamentada e instruída com documentos ou com indicação de testemunhas, que o Juiz o ordene, ouvido o Página 3 de 7

4 Apelação Cível n.º fl. 4 órgão do Ministério Público e os interessados, no prazo de cinco dias, que correrá em cartório. Art Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. 1 o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. Compulsando os autos verifica-se que os recorridos pretendem tão somente a inclusão do patronímico do marido, LEONARDO PRESENDO BET, ao nome de sua esposa, LUCIANE ABRANTES HIRAKURI, ou seja, a fim de que esta passe a se chamar LUCIANE ABRANTES HIRAKURI BET, ou seja, sem qualquer outra alteração em seu nome. Assim, não se vislumbra qualquer violação à segurança jurídica ou ao princípio de imutabilidade de nome em decorrência do acréscimo a posteriori do patronímico do cônjuge. Observa-se, ainda, do referido dispositivo legal, que não há qualquer limitação temporal à possibilidade de acréscimo do sobrenome do cônjuge pelo outro. Assim, considerando que o direito ao nome diz respeito também a uma dimensão privada atinente a um direito da personalidade, não se sustenta o argumento de que a inclusão do sobrenome do cônjuge só possa ser feita no momento do casamento. Isto porque, além de inexistir previsão legal neste sentido, o caso em comenta enseja discussão acerca de um direito da personalidade, o qual, como se sabe, é imprescritível, e, no caso em comento, reflexo da própria dignidade da pessoa perante o seio social e a família. Tal entendimento se coaduna à doutrina: Página 4 de 7

5 Apelação Cível n.º fl. 5 Qualquer dos cônjuges, pode, assim, incluir algum ou alguns dos nomes de família do outro, mantendo os seus, ou extirpando-os, total, ou parcialmente. E se não o fizer no momento do casamento, poderá, a qualquer tempo, justificadamente, requerer a alteração. 1 E a jurisprudência desta Corte adotou este posicionamento em casos análogos, nos quais pretendeu a esposa adotar o nome do marido após o ato da celebração do casamento: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. (1) LEGITIMIDADE DA ATUAÇÃO DO MEMBRO DO PARQUET, PORQUE INSTITUIÇÃO DESTINADA A PROMOVER A DEFESA DOS INTERESSES INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS. EXEGESE DO ARTIGO 127 DA CONSTITUIÇÃO. (2) PRETENSÃO DE ACRÉSCIMO DO PATRONÍMICO DO CÔNJUGE VARÃO. (2.1) POSSIBILIDADE. (2.1.1) INEXISTÊNCIA DE LIMITAÇÃO TEMPORAL PARA A ADIÇÃO. FINALIDADE REGISTRAL QUE É A DE SER EXPRESSÃO DA VERDADE. (2.1.2) NOME ENQUANTO EXPRESSÃO DO DIREITO DA PERSONALIDADE, ÍNSITO À DIGNIDADE HUMANA.- RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 11ª C.Cível - AC Curitiba - Rel.: Renato Lopes de Paiva - Unânime - - J ) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL DE CASAMENTO - PEDIDO DE INCLUSÃO DO PATRONÍMICO DO CÔNJUGE - VIABILIDADE - RELATIVIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO NOME - CIÊNCIA DO ART. 57 DA LEI 6.015/1973 E DO 1º DO ART DO CÓDIGO CIVIL - AUSÊNCIA DE LIMITAÇÃO TEMPORAL À POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO DO PATRONÍMICO DO CÔNJUGE - PRECEDENTE DO STJ - INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZOS A TERCEIROS - NOME QUE SE DESTACA COMO UM DOS ASPECTOS DA PERSONALIDADE INDIVIDUAL - SENTENÇA REFORMADA. Revela-se possível a retificação do registro civil para a inclusão do patronímico do cônjuge no sobrenome do outro, ainda que posteriormente à celebração do casamento, considerando- se que o direito ao nome é atributo da personalidade individual e merece especial tutela jurídica. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 12ª C.Cível - AC Astorga - Rel.: Rosana Amara Girardi Fachin - Unânime - - J ) -- 1 BRANDELLI, Leonardo. Nome civil da pessoa natural. São Paulo: Saraiva, p Página 5 de 7

6 Apelação Cível n.º fl. 6 APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL - PEDIDO DE INCLUSÃO DO PATRONÍMICO DE SOLTEIRA AO LADO DO SOBRENOME DO MARIDO - VIABILIDADE - MERA INCLUSÃO QUE NÃO AFETA A IDENTIFICAÇÃO DA AUTORA NEM CAUSA PREJUÍZOS A TERCEIROS - PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - NOME COMO EXPRESSÃO DA PERSONALIDADE - PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO NOME - RELATIVIDADE - SENTENÇA REFORMADA. - O nome da pessoa natural é elemento revelador de sua personalidade e, portanto, de sua trajetória pessoal no decorrer da vida, razão pela qual poderá ser alterado quando não houver prejuízos à identificação do indivíduo. APELO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 12ª C.Cível - AC Curitiba - Rel.: Angela Maria Machado Costa - Unânime - - J ) REGISTROS PÚBLICOS - AUTOS DE RETIFICAÇÃO NO REGISTRO CÍVIL - CASAMENTO - PATRONÍMICO DO CÔNJUGE - CORREÇÃO - CABIMENTO. RECURSO PROVIDO. Demonstrado nos autos equívoco quando da declaração da nubente com relação ao seu nome após o casamento, é possível a retificação de assentamento civil para constar que após a celebração deste passou a assinar também o patronímico do cônjuge. (TJPR - 12ª C.Cível - AC Curitiba - Rel.: Costa Barros - Unânime - - J ) Destaque-se que, para além da previsão legal, o uso do nome configura direito personalíssimo, de substancial importância na esfera íntima do cidadão, e, no caso em apreço, consoante se viu, possui extrema relevância para as partes, que querem ver refletida sua verdade de instituição familiar inclusive em seu nome, com a adoção, pela esposa, do patronímico do marido. E a anuência do cônjuge à pretensão exordial veio estampada, compondo, inclusive, o polo ativo da demanda. Destarte, patente a possibilidade de acréscimo do sobrenome do cônjuge, ainda que após a celebração do casamento, e, comprovada a completa ausência de prejuízo a terceiros, não só porque o nome da Apelada não sofreu qualquer supressão, apenas uma inclusão, Página 6 de 7

7 Apelação Cível n.º fl. 7 como tendo havido a juntada das certidões exigíveis, é que deve prevalecer a sentença. III VOTO Diante do exposto, voto por conhecer e negar provimento ao Recurso do Ministério Público do Estado do Paraná. IV DISPOSITIVO ACORDAM os integrantes da Décima Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento ao recurso, nos termos do voto. O julgamento foi presidido pela Excelentíssima Desembargadora Joeci Machado Camargo, com voto, e dele participou o Excelentíssimo Juiz Substituto em Segundo Grau Luciano Carrasco Falavinha Souza, em substituição a Excelentíssima Desembargadora Denise Kruger Pereira. Curitiba, 28 de setembro de DESª. IVANISE MARIA TRATZ MARTINS RELATORA Página 7 de 7