SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: A INFLUÊNCIA DA ISO NAS EMPRESAS
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- Cássio Angelim Gonçalves
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1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: A INFLUÊNCIA DA ISO NAS EMPRESAS Mara Rúbia Rocha - mararubia_santos@yahoo.com.br Mba Perícia Auditoria e Governança Ambiental Instituto de Pós-Graduação e Graduação IPOG Goiânia, GO, 05 de Abril de 2013 Resumo A preocupação das empresas com o meio ambiente ocorreu principalmente devido às pressões da sociedade que, por volta das décadas de 1960 e 1970, já manifestava a percepção de que a natureza é o meio em que se vive e que proporciona a sobrevivência; esse meio natural forma uma cadeia de dependência, que uma vez afetada determinada área, provoca um distúrbio natural que pode se tornar irreversível. Partindo desse ponto, este estudo tem como objetivo analisar os aspectos organizacionais administrativos da Norma NBR ISO na empresa Evoluti Tecnologia e Serviços Ltda, a partir de uma pesquisa de campo. Ao final do estudo, foi possível compreender que a implantação da NBR ISO oferece métodos estruturados e sistemáticos para alcançar novos padrões de gestão ambiental que atuam como ferramentas para estabelecer práticas e procedimentos apropriados em direção à meta do desenvolvimento sustentável. Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável Sistema de Gestão ambiental NBR ISO Introdução Nessa Nova Era as organizações estão compreendendo a necessidade de existir uma consciência ambiental nas empresas. Desse modo, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é uma forma das organizações gerenciarem e controlarem suas atividades que podem causar algum impacto ambiental, proporcionando novas concepções para os líderes empresariais. A elaboração da norma ISO foi fundamentada no princípio da melhoria contínua, na Motivação Ambiental, em função da crescente preocupação com a questão ambiental, o foco no desenvolvimento sustentável e outros aspectos, como a evolução das legislações ambientais. A ISO enfatiza a integração entre o sistema de gestão ambiental e o sistema de gestão global da empresa com o objetivo de conciliar questões ambientais, estratégicas e competitivas. Para muitos clientes, é importante saber que as empresas com as quais estão se relacionando são parceiras do meio ambiente, e, por isso, se sentem mais seguras.
2 Atualmente os consumidores, governos, ONG s, associações e instituições privadas, estão cada vez mais atentas e exigentes com os produtos e serviços disponíveis no mercado, e, também dos impactos ambientais causados por eles. Essas pressões fizeram com que as empresas percebessem a sua ligação com o meio externo. Sua imagem e credibilidade perante a sociedade são fundamentais para assegurar a competitividade e sua sobrevivência no mercado. Nesse sentido, muitas organizações já perceberam que o compromisso com o meio ambiente passa a ter significado de confiança para os empreendimentos, levando as mesmas a implantarem Sistemas de Gestão Ambiental. Diante dessas considerações, foi realizado um estudo de caso na EVOLUTI Tecnologia e Serviços Ltda., uma empresa que atua no ramo de serviços urbanos, engenharia, redes de computadores e comunicação de dados, oferecendo assessoria, consultoria, projetos de internet e sistema de cabeamento estruturado para clientes corporativos. Nesse contexto, a intenção deste trabalho é mostrar de que forma o Sistema de Gestão Ambiental é vantajoso para a empresa e a sociedade como um todo, na medida em que, para a sociedade essa política garante a preservação ambiental, a melhoria da qualidade de vida, redução dos efeitos das mudanças climáticas globais, e, para as empresas acaba por gerar novas oportunidades de negócios, um marketing social bastante favorável, e ganhos de competitividade através da certificação ambiental que a diferenciará positivamente de sua concorrente, tudo isso gerando um maior lucro. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo analisar os aspectos organizacionais administrativos da Norma ISO na EVOLUTI, a fim de mostrar de que forma o Sistema de Gestão Ambiental é vantajoso para a empresa e a sociedade como um todo. Para tanto, o trabalho foi estruturado em quatro capítulos. No capítulo 1 foram desenvolvidos os objetivos da pesquisa a partir de elementos como problematização, hipóteses, justificativa e objetivos visando demonstrar a importância do estudo para a empresa EVOLUTI. O segundo capítulo apresenta os referenciais teóricos utilizados para fundamentar a pesquisa, tendo por base diversos autores que tratam do tema Gestão Ambiental, na normativa da ISO 14001, dentre eles Seiffert (2008, 2009), Barbiere (2004, 2006, 2007), Donaire (1995, 1999), Tachizawa (2001) e outros. O terceiro capítulo descreve a metodologia utilizada para construir o estudo a partir de uma abordagem exploratória e descritiva, por meio de pesquisa bibliográfica, documental e estudo de caso. Por fim, no quarto é demonstrada a pesquisa realizada na empresa através dos resultados obtidos durante a entrevista, checklist, aplicação de questionários junto aos colaboradores e observação in loco, o que permitiu obter as informações necessárias para analisar os aspectos organizacionais e a influência da norma ISO na EVOLUTI. CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO DOS OBJETIVOS 1.1 Problematização
3 A questão ambiental é um tema que se inseriu definitivamente nas organizações. Deixou de ser uma preocupação de ambientalistas e passou a ser de interesse global, o fato é que, os empresários estão percebendo que ter consciência ambiental é vantajoso, e, consolida uma imagem institucional favorável. A implantação de um SGA, além de ser uma tendência mercadológica é uma necessidade, pois, além das empresas estarem atendendo a legislação, normas e leis de sua localidade, elas poderão desfrutar de várias vantagens que o SGA proporciona. Nesse novo cenário, os clientes adotaram uma postura rigorosa, preferindo manter relações com empresas que sejam éticas e que exercem uma postura ecologicamente responsável. Nesse contexto, as empresas procuram por estratégias competitivas e a ISO é um diferencial para a consolidação da empresa no mercado competitivo. As organizações estão reconhecendo a importância de exercer um papel social perante a sociedade, e, percebendo que é necessário manter uma relação harmônica entre economia e meio ambiente. Diante do exposto, a base para a realização desta pesquisa abordou o seguinte problema: As empresas estão utilizando a normativa ISO como estratégia mercadológica ou como um compromisso com o meio ambiente? Assim, o presente trabalho se propõe a desenvolver um estudo de caráter descritivo, exploratório, qualitativo e quantitativo em uma empresa goiana do ramo de prestação de serviços no município de Aparecida de Goiânia GO. 1.2 Hipóteses Existe a hipótese de que as organizações que têm a certificação ambiental e possuem uma postura de responsabilidade sócio-ambiental podem comunicar esse fato de maneira estratégica e alcançar resultados positivos, no que diz respeito à imagem e a valorização da empresa com os públicos que ela interage ou pretende interagir. Várias empresas passam a adotar práticas ambientais como marketing, visando melhorar a imagem e suprir uma exigência de um mercado globalizado. Segundo Luigi (1999, p. 19) gestão ambiental tornou-se moeda forte, tanto para o mercado interno, como, principalmente, para a inserção no mercado internacional e atendimento às exigências para financiamentos. A implementação da normativa ISO é além de um instrumento de promoção da imagem da empresa, uma oportunidade de revisão de todo os processos produtivos, identificação de desperdícios e aproveitamento de resíduos, é também uma oportunidade de garantir o desenvolvimento, preservando os recursos naturais e o meio ambiente. 1.3 Justificativa
4 Devido a sua grande importância, a questão ambiental é um tema que ao longo das décadas vem dominando e deverá dominar muitos debates de âmbito mundial. E, neste novo cenário em que se encontram as organizações, é primordial para sua sobrevivência a busca por novos mercados consumidores. Neste sentido, é importante que o administrador busque novas estratégias, e, a NBR ISO é um trunfo para a melhoria da imagem da empresa e sua permanência no mercado. Em vista disso, o presente estudo contribui para mostrar de que forma o Sistema de Gestão Ambiental baseado na NBR ISO 14001/2004 é vantajoso tanto para as empresas, quanto para a sociedade como um todo. Como projeto científico, este estudo visa adquirir conhecimentos que auxilie a compreensão desse tema, que se inseriu definitivamente no mercado global. 1.4 Objetivo geral Analisar os aspectos organizacionais administrativos e a influência da Norma ISO na empresa EVOLUTI Tecnologia e Serviços Ltda. 1.5 Objetivos específicos Levantar referencial teórico pertinente ao tema; Analisar a importância da NBR ISO na organização; Descrever a utilização da NBR ISO na EVOLUTI; Identificar as mudanças comportamentais da organização após a certificação, levantando dados teóricos. CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Histórico da Gestão Socioambiental Ainda nos anos 1960, nos Estados Unidos, uma profunda mudança na atitude do povo americano com relação à necessidade de normas ambientais federais, suscitada em parte por Silent Spring (Primavera Silenciosa), de Rachel Carson, resultou em pressão para que os políticos agissem. A partir daí começaram a surgir diversas normas para regular as ações do homem sobre o meio ambiente. Com o surgimento de normas nacionais e de outras semelhantes em âmbito estatal, tornaram-se comuns as avaliações
5 quantitativas de impacto na atmosfera e na água, de níveis de toxidade e de normas de saúde. Esses desdobramentos combinados levaram ao que denominamos hoje de auditoria ambiental (Callenbachetl., 1993, p. 41). Cita Donaire (1995) que um dos motivos dessa mudança no modo de pensar foi o crescimento da consciência ecológica, na sociedade, no governo e nas próprias empresas, que passaram a incorporar essa orientação em suas estratégias. Foi a partir da década de 1960 que as pessoas começaram a ter consciência sobrea escassez dos recursos naturais, que são fundamentais para a sobrevivência da população e do sistema ecológico, como a água, petróleo, madeira e outros, preocupação esta com o crescimento desordenado da população, pois alguns autores (como Primavera Silenciosa Rachel Carson) previam o uso de Dicloro Difenil Tricloroetano(DDT) que era usado nas lavouras para combater as pragas, e também durante a segunda guerra mundial foi usado para combater o mosquito da malária, esse defensivo agrícola, além de matar inúmeras espécies de insetos, também interferia nas células humanas e dos animais, causando inúmeras doenças. A partir da década de 1970, com a conferência de Estocolmo realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que enfatizou a questão ambiental como prioridade, alguns dirigentes de países começaram a se preocupar na forma em como poderiam produzir evitando a exaustão dos recursos naturais. A Conferência do Estocolmo foi marcada por divergência entre dois blocos: o dos países desenvolvidos, que se preocupavam com a poluição e esgotamento dos recursos estratégicos; e dos demais países, que defendiam o direito de utilizar os recursos para o crescimento em busca de um padrão de bem estar ao nível dos países ricos. Segundo Barbieri (2007, p. 43), essa conferência teve avanços positivos, contribuindo para gerar um novo entendimento sobre os problemas ambientais. Sua principal contribuição foi a de colocar em pauta a relação entre o meio ambiente e formas de desenvolvimento, não sendo possível falar em um, sem considerar o outro. Após essa relação entre o meio ambiente e desenvolvimento, surgiu a necessidade de definir um conceito para desenvolvimento, que passou a ser considerado como desenvolvimento sustentável. Na década de 1980 começa a surgir uma espécie de "ambientalismo de livre mercado", que trocou a ênfase das regulações dos insumos e das atividades para os resultados. Os novos instrumentos de política ambiental mudaram as possibilidades de utilização das ações ambientais como instrumentos de marketing e estratégia competitiva pelas empresas (Menon e Menon, 1997, p. 76). Quando se fala em gestão socioambiental para Hoffman (2000, p. 28), os governos e ativistas sociais têm sido historicamente os mais proeminentes elementos a dirigirem as práticas ambientais corporativas. Durante as décadas de1970 e 1980, estas duas forças foram às condutoras predominantes das práticas ambientais corporativas. Na década de 1970, o governo foi incisivo no desempenho ambiental das empresas. Os administradores viam a relação entre meio ambiente e empresa como uma ação regulatória imposta pelo governo. Já na década de 1980, os grupos ambientalistas passaram a assumir um papel mais direto no direcionamento das estratégias ambientais corporativas. Estes grupos cresceram em poder e influência em função do crescimento no número de seus membros e de seus orçamentos, e da especialização e profissionalização de suas atividades.
6 Como havia muitas pressões sociais destes grupos, os administradores desenvolveram práticas ambientais como parte das responsabilidades sociais das empresas, com vistas a atender a sanções legais, penalidades civis e criminais quanto sociais redução na reputação e na imagem institucional. Na década de 1990 houve um grande impulso com relação à consciência ambiental na maioria dos países, aceitando-se pagar um preço pela qualidade de vida e mantendo-se limpo o ambiente. As empresas passaram a se preocupar com a racionalização do uso de energia e de matérias primas, além de maior empenho e estímulos à reciclagem e reutilização, evitando desperdícios. Assim a expressão qualidade ambiental passou a fazer parte do cotidiano das pessoas. Conforme Seiffert (2009): Em 1991 foi elaborada a norma internacional de proteção ambiental ISSO 14001, somente proposta como referência para o processo de gestão ambiental organizacional durante a ECO 92. A ISO criou o grupo Estratégico Consultivo sobre o meio ambiente (Seiffert, 2009, p. 16). Esse grupo tinha como objetivo promover uma abordagem comum à gestão da qualidade, aperfeiçoando a capacidade das organizações para alcançarem e medir melhorias no desempenho ambiental, bem como facilitar o comercio entre as nações. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), oficialmente denominada Cúpula da Terra, Eco 92ou Rio 92, realizou-se no Rio de Janeiro em 1992, reuniu 103 chefes de estado, deum total de 182 países, aprovando cinco oficiais internacionais: a) Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; b) Agenda 21 e os meios para sua implementação; c) Convenção Quadro sobre Mudanças Biológicas; d) Convenção sobre Diversidade Biológica; e) Declaração de Florestas. Essa conferência teve como objetivo discutir temas ambientais globais e sugerir soluções potenciais. Dois dos resultados que são valiosíssimos para a gestão ambiental foram a Agenda 21 que permite uma atuação em nível macro, através do estabelecimento de diretrizes gerais, para processos de gestão em nível federal, estadual e municipal, e as normas da ISO que apresentam importante função dentro de um contexto micro, em nível organizacional. A ISO 14001estabelece uma base comum para a gestão ambiental eficaz no mundo inteiro, sendo aplicável a organizações com os mais variados perfis. Segundo Seiffert (2009, p. 17), em 1995, realiza-se em Berlim a Primeira Conferência das partes a convenção sobre Mudanças Climáticas, em que se conclui que a abordagem escolhida, a de tornar a adesão voluntária, fracassa. A conferência resulta no mandato de Berlim, que convoca as nações industrializadas para estabelecer objetivos mais específicos para a redução das suas emissões.
7 Em junho de 1997, o G8 líderes dos oito países mais ricos do globo reúne-se na cidade de Denver (Colorado) para formular um acordo. Com a decisão dos Estados Unidos de não oferecer objetivos numéricos para a redução de emissões, representantes da União Europeia e ambientalistas declaram-se decepcionados com a decisão. Realizado no Japão em 1997, após discussões que se estendiam desde 1990 o Protocolo de Kyoto foi assinado na 6ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP6). Para discutir sobre providencias em relação ao aquecimento global, a conferência reuniu 166países. Para Seiffert (2009): O Protocolo funciona como uma espécie de adendo à Convenção do clima que estabeleceu como meta para 38 países industrializados reduzir as emissões de gases que contribuem para o efeito em 5,2%, no período de2008 até 2012, em relação aos níveis existentes em 1990 (Seiffert, 2009, p.17). De acordo com Seiffert (2009, p. 18), as questões ambientais estão sendo intensamente debatidas nesse início do século XXI. Em 2000, houve a escolha da Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável (CDS), como o órgão responsável pela organização da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (CMDS), mais conhecida como Rio + 10, que ocorreu em agosto de2002, em Johanesburgo, África do Sul. Essa conferência teve como principal objetivo averiguar sobre os progressos obtidos desde a CNUMAD. Seiffert (2009) destaca que um grande marco para as questões ambientais foi à assinatura do protocolo de Kyoto. Após quase dez anos da assinatura do Protocolo de Kyoto, o então presidente da Rússia Vladimir Putin, assinou em 2005, a ratificação do protocolo. O protocolo de Kyoto visa à redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa, os países que aderiram a esse acordo, e, que o descumprirem, estarão sujeitos a penalidades. Para a vigoração do protocolo, ele precisaria da ratificação de pelo menos 55% dos países responsáveis por essas emissões (Seiffert, 2009, p. 18). Em fevereiro de 2007 começaram a desenvolver as medidas adotadas pelo Painel Intergovernamental Panelof23 Climatic Changes IPCC). Os estudos dos Grupos de Trabalho do IPCC mostram a necessidade de implantação de um órgão mais presente e com normas mais rigorosas do que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), como menciona Seiffert (2009, p. 19) Questão internacional Após a Conferência de 1972, foi criado o PNUMA e a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento que em 1987 publicou o relatório Nosso Futuro
8 Comum o qual consagrou a expressão desenvolvimento sustentável, além de estabelecer com bastante clareza o papel das empresas na gestão ambiental. Segundo Seifert (2008, p. 15) um dos fatos que foi evidenciado com a evolução dos acordos da Rodada Uruguaia do Acordo Geral de Tarifas e Comércio(GATT) no período de 1986 a 1993, neste tratado foi descartado o uso oportunista e manipulatório da questão ambiental. A organização mundial do comércio previa que ocorreria um grande crescimento do comercio internacional e da independência comercial e financeiras dos países. Existe dessa forma a possibilidade de que a questão ambiental seja utilizada por grupos como um agente para o protecionismo econômico dos países, sendo utilizada principalmente para influenciar a opinião pública e outros. Segundo Lopes (2002, p. 85) a Agenda 21 FGJ um documento elaborado em 1992 na cidade do Rio de Janeiro que ficou conhecida como ECO-92representantes de 170 países estiveram presentes. A Agenda 21 defende a necessidade de investimento em programas de desenvolvimento sustentável. Nesse modelo de desenvolvimento considera-se que o avanço econômico e a conservação do meio ambiente são compatíveis e devem estar intimamente relacionadas. Os recursos naturais são suficientes para atender às necessidades de todos, desde que manejados ou de forma sustentável. Para isso, devem ser elaborados planos de manejos que não considerem apenas as características do meio ambiente, mas também a cultura, história e situação social da comunidade que depende de determinados recursos naturais. Outro fato importante é mencionado por Lopes (2008): Em 1997 houve uma reunião na ONU a Rio + 5 (que significa 5 anos após aeco-92) na qual ficou apontado algumas falhas em pontos que foram definidos na Agenda 21 que dificultava sua implantação. No mesmo ano aconteceu o encontro mundial na cidade de Kyoto no Japão onde foi elaborado um dos mais ambiciosos projetos de combate ao aquecimento global o Protocolo de Kyoto. O Brasil foi um dos primeiros países a assinar este protocolo (Lopes, 2008, p ). Os primeiros estudos feitos sobre o efeito estufa, causador das mudanças climáticas foram feitos 1827 por um filósofo francês chamado Fourier. Em 1896, Svanterrenhuis foi um dos primeiros a criar um modelo para estudar a influência do gás carbônico residente na atmosfera sobre a temperatura da terra. O climatologista David Keeling foi o responsável pelo primeiro estudo que revelava a curva de crescimento de dióxido a partir da Revolução Industrial através da análise de bolhas de gelo polar que puderam comprovar sua tese (Marcovitch, 2006, p. 27). Em 1987, foi aprovada por unanimidade pelas Nações Unidas a Comissão Brundtland, obteve o mais amplo consenso até aquele momento entre cientistas e políticos de todas as regiões do planeta essa comissão se converteu em um ponto de referência para todos os debates posteriores sobre problemas globais relativos ao desenvolvimento e ao meio ambiente. O Relatório Brundtland possui um novo estilo de desenvolvimento (desenvolvimento sustentável) que inclua uma reorientação nas próprias nações industrializadas e o consequente reordenamento das relações Norte-Sul em seu conjunto. Ao
9 contrário da política ecológica tradicional o relatório Brundtland ao fazer um diagnóstico impressionante da situação do planeta destaca a necessidade de atuar em uma escala global (Mármora, 1992, p. 25) Sistema de Gestão Ambiental Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é um instrumento organizacional que permite que uma empresa controle e avalie suas ações que possam ser prejudiciais ao meio ambiente, para a NBR ISO 14001:2004, o SGA é... parte de um sistema de gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais (NBR ISO 14001, 2004, p. 2). Para a implantação de um SGA, as organizações devem primeiramente, elaborar a política ambiental, para Almeida (2001, p. 257), ao elaborarem sua política ambiental, as empresas devem estabelecer métodos que serão utilizados para a redução dos impactos ambientais causados por suas atividades. Para Donaire (1995, p. 47), o equacionamento da questão ambiental na empresa é responsabilidade de todos os seus empregados, do presidente ao mais humilde trabalhador. Nesse mesmo sentido, Seiffert (2008, p. 22), ressalta: A importância do envolvimento da alta administração não só em termos de recursos, mas de comprometimento na implantação do SGA, deve ser demonstrado, com estímulo a realização de seminários e reuniões com o objetivo de esclarecer e incentivar os indivíduos da organização a participarem da implantação do Sistema de Gestão Ambiental. em questões ambientais, são: Segundo Seiffert (2008), os fatores que motivam as empresas a investirem 1) Atender o consumidor que prefere produtos ambientalmente corretos. 2) Melhorar a imagem da empresa perante a sociedade. 3) Adquirir novos mercados consumidores. 4) Minimizar riscos com multas e acidentes. 5) Melhoria e controle nas atividades organizacionais, informações confiáveis, delegação de atividades e rapidez na solução de problemas. 6) Ciclo de vida do produto mais longo. 7) Possibilidade de conseguir financiamentos à taxas menores. 8) Maneira de demonstrar consciência ambiental ao mercado (Seiffert,2008, p. 48).
10 Quando a gestão ambiental é integrada como uma parte da organização, percebe-se a sua importância, até mesmo, como uma forma de estratégia, Tachizawa (2004, p. 39), a gestão ambiental, enfim, torna-se um importante instrumento gerencial para capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja o seu segmento econômico. A forma com que as empresas lidam com as questões ambientais, é um fator determinante na corrida por clientes e mercados consumidores, conforme salienta Seiffert (2008): O comportamento do público consumidor/clientes representa o elemento central na determinação da estratégia a ser utilizada na organização, principalmente tendo-se em vista ser o cliente que, em última instância, sustenta pelas suas preferências a organização em seus recursos financeiros (Seiffert, 2008, p. 36). Para Donaire (1995, p. 108), o SGA possibilita as empresas ter uma visão global e não de forma isolada dos departamentos existentes, consequentemente devem andar de forma harmoniosa com suas responsabilidades econômicas, social e ambiental. Sendo assim, o principal objetivo da gestão ambiental é a incessante procura pela qualidade ambiental do ambiente de trabalho, produtos e serviços, essa busca incessante é que proporciona o aprimoramento contínuo do Sistema de Gestão Ambiental nas organizações. 2.2 NBR ISO As normas da séria ISO é resultado das diversas conferências realizadas desde a década de 1960 sobre as questões do meio ambiente e o desenvolvimento econômico, as quais buscam consolidar uma gestão ambiental efetiva dentro das organizações (Seiffert, 2008, p. 23). Valle (1995) lembra que: Com o intuito de uniformizar as ações que deveriam se encaixar em uma nova ótica de proteção ao meio ambiente, a Organização Internacional para Normalização International Organization for Standartization(ISO) decidiu criar um sistema de normas que convencionou designar pelo código ISO Esta série de normas trata basicamente da gestão ambiental e não deve ser confundida com um conjunto de normas técnicas (Valle, 1995,p. 54). A visão de Seiffert (2008, p. 23), é que a questão crucial para o surgimento dessas normas foi o aparecimento de um consumidor mais preocupado com as questões ambientais, essa mudança de hábitos foi o que levou a um despertar de uma consciência ambiental por parte das organizações.
11 2.2.1 Enfoques das normas ISO de gestão ambiental De acordo com Seiffert (2008, p. 29), as normas da série ISO se dividem em duas vertentes organização e produto processo. As normas cujo foco é a organização são: 1) ISO e ISO (Sistema de Gestão Ambiental): a norma ISO estabelece exigências mínimas para uma empresa implantar um SGA (Dias, 2006, p. 196). Seiffert (2008, p ) salienta que, essa norma é a única da série que pode ser certificada. Já a ISO é uma norma com objetivo de orientar a implantação da ISO 14001, que apresenta um caráter não certificável. 2) ISO (Auditoria de SGA): segundo Seiffert (2008, p. 30) essa norma estabelece diretrizes para auditorias e auditores de um SGA. 3) ISO (Avaliação de Desempenho Ambiental): Seiffert (2008, p. 30) diz que, essa norma direciona as empresas a avaliarem o seu desempenho ambiental dos processos, desde a entrada de matérias-primas até o descarte após o uso. As normas focadas no produto e sua produção são: 1) ISO 14020, ISO e ISO (Rotulagem Ambiental): Segundo Seiffert (2008, p. 30), essas normas estabelecem requisitos para a implantação de selos ambientais (textos, símbolos e gráficos) nos produtos. 2) ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042, ISO e ISO 14044(Avaliação de Ciclo de Vida): Conforme Seiffert (2008, p. 30 e 31), essas normas são ferramentas que auxilia a avaliação ao longo do ciclo de vida do produto, ou seja, matérias-primas, fabricação, embalagem, transporte, distribuição e descarte, por isso, esse ciclo é chamado de abordagem do berço ao túmulo. 3) ISO TR (Aspectos Ambientais em Normas e Produtos): Para Seiffert (2008, p. 31), essa norma tem o intuito de promover a redução dos impactos ambientais, através da orientação dos elaboradores dos produtos e normas A busca de certificação A normativa ISO tende a servir como um importante fator nas realizações de negócios para as organizações, sendo assim, um componente para qualificar a empresas perante aos clientes e fornecedores, conforme salienta Seiffert (2008): É importante considerar que uma das orientações básicas para a elaboração da norma ISO é sua aplicabilidade a todos os tipos e porte de organizações, em variadas condições geográficas, culturais e sociais, a qual permitirá um aprimoramento contínuo dos processos, através do comprometimento de todos os níveis organizacionais, como
12 forma de alcançar um equilíbrio entre proteção ambiental e necessidades socioeconômicas (Seiffert, 2008, p. 49). Com relação a sua forma de adoção, à medida que foram surgindo às certificações surgiram também algumas preocupações como, por exemplo, que em virtude do seu processo de implantação ser oneroso e seus critérios serem difíceis de serem alcançados, essa certificação poderia tornar-se um empecilho a algumas empresas localizadas em países desenvolvidos. Para Seiffert (2008, p. 49) embora a norma ISO seja flexível por não estabelecer padrões de desempenho ambiental, as empresas precisam cumprir os padrões mínimos locais. Assim o nível de dificuldade para obter a certificação será determinado pelo nível de restrições ambientais estabelecidas pela legislação da cidade, estado, região, ou país. 2.3 Preparando a implantação Norma NBR ISO e seus subsistemas A norma ISO estabelece orientações para o desenvolvimento e a melhoria contínua de um SGA. Essa norma apresenta sua concepção fortemente embasada no ciclo de PDCA (Planejar, Fazer, Verificar, Atuar Plan, Do, Check, Action). Esse ciclo visa à melhoria contínua dos processos e assegura que, a organização aprenda com os resultados, baseando-se no planejamento este deve ser difundido por todos os envolvidos. Este progresso acontece quando a alta administração está sensibilizada de que nenhuma etapa do programa deverá ser despercebida e, que o colaborador é o instrumento que vai operar e cumprir todas as metas, que foram exigidas. Seiffert (2008) destaca que: A lógica deste ciclo orientado para a solução de problemas apresenta importantes interfaces como outro método que, por sua vez, o desdobra com um enfoque extremamente prático e instrumental, ou seja, o Método de Análise e Solução de Problemas (MASP). Assim, enquanto a lógica do PDCA orientou a elaboração da ISO 14001, o MASP é uma ferramenta fundamental para sua operacionalização (Seiffert, 2008, p 78). O ciclo PDCA influencia a NBR ISO verificando suas ações através de uma análise crítica voltada para a melhoria contínua.
13 Figura 1 Ciclo PDCA e suas interfaces com o Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) SEIFFERT (2008, p. 79). Esse ciclo tem como função coordenar de forma contínua os esforços visando melhorar constantemente, por isso, é constituído de algumas fases que devem ser cuidadosamente planejadas. No contexto da ISO 14001, o ciclo de PDCA se desdobra em cinco subsistemas, que são eles: 1) Política Ambiental; 2)Planejamento; 3) Implementação; 4) Verificação e Ação Corretiva; 5) Revisão Crítica (Seiffert, 2008, p. 82). O ciclo de PDCA procura demonstrar que programas de melhoria contínua, devem iniciar com uma fase de planejamento. Ele representa o princípio da interação na resolução de problemas ao realizar melhorias por etapas e repetir o ciclo de melhorias por várias vezes, a fim de atingir níveis de desempenho cada vez mais altos (Campos, 1996, p. 266) Integração dos sistemas de gestão
14 Segundo Seiffert (2008, p. 86 e 87) um dos grandes fatores da integração dos sistemas da ISO e ISO 9001 estão no fato de se alcançar uma redução bastante representativa nos custo de implantação. Isso ocorre principalmente em virtude da redução de demanda de técnicos especializados para a elaboração de novos procedimentos, os quais poderiam em sua maioria, estar sendo simplesmente adaptados. As observações realizadas durante o desenvolvimento dos processos de implantação vivenciados são bastante coerentes com a observação de outros especialistas, em que a redução de custo é bastante evidente quando se realiza uma implantação integrada ISO , uma vez que isso reduz a necessidade de homens/horas gastas no desenvolvimento de um sistema de implantação de um SGA. A norma ISO apresenta alguns requisitos que não são comuns a norma ISO 9001: 1) Aspectos comuns a norma ISO 9001; 2) Requisitos legais e outros; 3)Objetivos e metas; 4) Planos de gestão ambiental; 5) Comunicação; 6) Preparação e resposta a emergência (Seiffert, 2008, p. 87). Porém nestes casos não existe nenhuma correspondência destes subsistemas com a norma ISO 9001, as normas de procedimento necessário para seu atendimento podem ser elaborados e integrados a este, adotando-se o mesmo padrão, fazendo assim para que esses subsistemas sejam únicos, e definidos mais nitidamente a busca da melhoria continua comparada a isso Cabe-se salientar aqui que estes requisitos materializam na prática a necessidade de prevenir a poluição que é o principal objetivo da implantação da ISO Seiffert (2008) salienta que os maiores benefícios de uma implantação de um sistema de gestão integrada ISO 9001 e numa a empresa são: o tempo economizado na pesquisa e na construção do sistema, economia de custos pela combinação das auditorias, possibilidade de multitarefa, economia de horas/homens, redução de amplitude de gerenciamento, redução de volume de papel gerado e custos operacionais (Seiffert, 2008, p.88). Considerando-se todos estes benefícios, se percebe a importância da implantação de um sistema de gestão integrada dentro de uma organização Plano de implantação Segundo Seiffert (2008, p. 90), o plano de implantação da ISO 14001quando solicitado, por empresa de médio e pequeno porte, o tempo de treinamento e menor, devido ao pequeno numero de funcionários. Existem três fatores que são fundamentais para que as empresas tenham a certificação da ISO 14001: 1) A empresa já é certificada pela ISO 9001 e deseja receber a da ISO 14001; 2) A empresa deseja implantar as duas normas conjuntamente; 3) A empresa está interessada em implantar apenas a ISO 14001(Seiffert, 2008, p.91) Segundo Seiffert (2008), as etapas para a implantação da ISO 14001são: 1) Nomeação de um comitê diretivo para supervisionar a implantação; 2) Diagnóstico da organização;
15 3) Redação da política do SGA; 4) Elaboração de um plano de ação baseado nas discussões da diretoria; 5) Atribuição de funções especificas a diretores específicos; 6) Elaboração e implantação de um conjunto de projetos com prazos definidos; 7) Revisão ou criação do manual de procedimentos ambientais (nível II)para refletir os requisitos da norma; 8) Seleção de uma entidade certificadora; 9) Ampliação ou redação das instruções de trabalho necessárias(nível II); 10) Organização de uma autoria interna de todo o sistema; 11) Preparação para auditoria externa, revisando todos os pontos do SGA; 12) Auditoria externa (adequação e conformidade); 13) Correção das não-conformidades identificadas nas auditorias (Seiffert, 2008, p.91) Seiffert (2008, p. 92) diz que, durante o plano de implantação, se diagnosticado algum gerenciamento de riscos, são usados princípios básicos das ferramentas PERT/CPM, e os riscos são classificados como: riscos do negócio, riscos técnicos e riscos de projeto. Para que o processo de implantação não perca continuidade, quando diagnosticado riscos, é necessário que um cronograma de implantação seja elaborado pela empresa, para que a certificação seja concluída no tempo determinado Política da qualidade e ambiental A Alta Direção garante que a Política da Qualidade e Ambiental é apropriada aos propósitos da EVOLUTI. A Política da Qualidade e Ambiental está disponível nas diversas localidades em local de fácil visualização e está no Manual da Qualidade e Ambiental sendo devidamente controlada pelo RD. A Política da Qualidade e Ambiental é avaliada durante a reunião de análise crítica pela direção e quando necessário é alterada e, posteriormente, aprovada. A Política da Qualidade e Ambiental da EVOLUTI está disponível para o público através do site e seus principais objetivos são: Assegurar a satisfação dos clientes fornecendo produtos e serviços de Qualidade; Cumprir os contratos, normas, leis e outros requisitos aplicáveis aos produtos e serviços; Executar os serviços com segurança, evitando acidentes de trabalho; Praticar coleta seletiva e outras ações para reduzir a poluição e o impacto ao meio ambiente; Melhorar continuamente o Sistema de Gestão da Qualidade e Ambiental. 4.3 Apresentação e análise dos resultados da pesquisa
16 Com o objetivo de analisar os aspectos organizacionais administrativos da Norma ISO na empresa EVOLUTI Tecnologia e Serviços Ltda. Foi realizada uma pesquisa e observação na empresa por meio de entrevista, checklist e questionário direcionado aos colaboradores, tendo como foco o sistema de gestão ambiental e a influência da ISO na empresa EVOLUTI. A seguir serão apresentados os resultados obtidos durante o estudo de caso Entrevista Durante a entrevista observou-se que o fator decisivo para que a empresa certificasse seu sistema de gestão ambiental através da NBR ISO 14001foi a consciência de que a responsabilidade ambiental é uma preocupação latente em todos os meios e, por isso, a EVOLUTI percebeu que os métodos propostos pelo SGA viriam a contribuir tanto com a estratégia da empresa quanto com o posicionamento que gostaria de estabelecer diante do mercado e de seu cliente. Nota-se que, após a implantação a empresa ainda foi surpreendida com a repercussão em lucros, gerada pela redução do desperdício. A implantação atendeu a todos os requisitos exigidos pela Norma NBRISO Desse modo, a implantação da NBR ISO na empresa permitiu que o SGA auxiliasse a organizar os processos que, por sua vez contribuíram para que os colaboradores tivessem acesso às informações de forma ordenada, o que culminou em conscientização ambiental. Como exemplo pode-se citar a elaboração da Política Ambiental por meio de seminários e reuniões de divulgação interna; a preocupação com os aspectos e impactos ambientais, antes inexistentes; a operacionalização através de pequenos atos como a coleta seletiva, reutilização de uniformes por meio de cooperativas, etc. Não se pode deixar de citar também que a certificação é um diferencial perante o mercado competitivo. Com a implantação da NBR ISO 14001, todos os setores envolvidos de alguma forma se beneficiaram, seja por meio do aumento da satisfação dos clientes, pela melhoria do clima organizacional devido à padronização dos procedimentos e, até mesmo, pelo aumento da motivação dos profissionais em função da certificação. Isso porque a NBR ISO é notoriamente eficaz em todos os processos de um modo geral e, em especial, nos processos ambientais, como por exemplo, a coleta seletiva. Para alcançar esses resultados foi necessário envolver todos os colaboradores através da conscientização quanto à importância da gestão ambiental tanto na rotina corporativa quanto em âmbito social. Os colaboradores são incentivados a manter o bom funcionamento do processo através de melhoria da qualificação em função dos cursos e treinamentos e premiações com base nas metas e objetivos. Os resultados alcançados devem ser avaliados constantemente para verificar a necessidade de novas ações, por isso, a empresa reavalia seus processos por meio de auditorias periódicas. Além dos aspectos citados, cabe destacar que a NBR ISO 14001emgrande importância na perspectiva mercadológica, uma vez que sua implantação trouxe um diferencial competitivo em relação à concorrência e maior confiança do cliente. E, ainda, contribuiu para a redução dos custos em função da diminuição do retrabalho, o que é essencial
17 para a EVOLUTI que tem um mix de serviços bastante extenso, pois permite manter um padrão de qualidade através da padronização dos processos Checklist Além da entrevista citada acima, também foi realizado um checklist para verificar o interesse ambiental da empresa com a implantação da NBR ISO 14001, bem como alguns pontos fortes e fracos. Com isso, observou-se que a empresa possui uma política ambiental expressa a partir de estrutura/organograma específico para tratar assuntos ambientais. Para a implantação da referida norma, foram desenvolvidos alguns programas, como de segurança no trabalho, prevenção de acidentes, treinamento e/ou conscientização para questões ambientais; redução, reutilização, reciclagem ou coleta seletiva de resíduos. Após todas essas medidas, a empresa celebrou o Termo de Ajustamento de Conduta (Código de Conduta e Ética), já que sua atividade requer licenciamento ambiental. Cabe destacar que a empresa consegue identificar seu posicionamento quanto à conformidade e desempenho ambientais e a importância desse reconhecimento para sua atuação no mercado, por isso, já conta com o comprometimento da direção para manter seu Sistema de Gestão Ambiental e está clara para os colaboradores a importância de manter o Sistema de Gestão Ambiental. Em contrapartida, a empresa não possui algum projeto de consumo de fontes alternativas/tradicionais de energia, nem mesmo algum projeto que prevê ouso consciente de energia e água. Falta ainda, algum mecanismo de controle de consumo de energia e água (desperdício), uma vez que esses fatores podem promover melhorias contínuas quanto às ações ambientais Questionários Com o objetivo de complementar a entrevista e o checklist realizados na EVOLUTI, foi aplicado aos colaboradores um questionário visando analisar seu conhecimento e opinião sobre a política ambiental da empresa. GRÁFICO I
18 Sexo De acordo com o gráfico 1, 73% dos entrevistados são do sexo feminino e 27% do sexo masculino. GRÁFICO II Do total de entrevistados, 50% possuem curso superior incompleto,41% nível superior completo, 5% têm o ensino médio completo e 4% possuem ensino fundamental incompleto, como demonstrado no gráfico 2.
19 Em relação ao tempo de serviço na empresa, o gráfico 3 aponta que 55% trabalham no local há pelo menos 1 ano, 18% entre 1 ano e 1 mês a 4 anos, e 27% dos entrevistados trabalham na empresa a mais de 4 anos. No gráfico 4, pode-se observar que 68% dos entrevistados conhecem apolítica ambiental da empresa, apenas 23% não conhecem essa política e, 9% não responderam à pergunta.
20 De acordo com o gráfico 5, 82% dos entrevistados acreditam que a gestão ambiental na empresa contribui para diminuir a poluição. Somente 18% dos colaboradores entrevistados não acreditam que isso seja possível. Dos entrevistados, 82% acreditam que a gestão ambiental na empresa pode contribuir para melhorar a qualidade do serviço oferecido. Apenas 18% dos colaboradores entrevistados não acreditam nessa possibilidade.
21 No gráfico 7, percebe-se que 82% dos entrevistados acreditam que a gestão ambiental na empresa pode contribuir para a diminuição do desperdício. Um total de 14% dos entrevistados não acredita que a implantação da gestão ambiental na empresa possa contribuir para essa redução de desperdício. Apenas 4% dos entrevistados não responderam a esse questionamento. 4.4 Discussão dos resultados Durante a pesquisa na empresa EVOLUTI observou-se que a certificação ISO foi motivada pela preocupação da empresa com os possíveis impactos ambientais que sua atividade produtiva poderia causar ao meio ambiente e a consciência de que a responsabilidade ambiental é uma preocupação latente em todos os segmentos sociais. Além disso, a empresa percebeu que esse processo poderia contribuir para preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, com suas estratégias para se estabelecer diante do mercado e de seu cliente. No entanto, cabe destacar que a empresa não possui algum projeto de consumo de fontes alternativas/ tradicionais de energia que prevê o uso consciente de energia e água. Esse processo é essencial, pois contribuirá para a redução do desperdício. A partir da pesquisa com os colaboradores notou-se que eles conhecem a política ambiental da empresa e contribuem com atitudes e sugestões para o bom funcionamento da gestão ambiental na empresa. Isso porque acreditam que a gestão ambiental na empresa contribui para diminuir a poluição, melhorar a qualidade do serviço oferecido e, ainda, para a diminuição do desperdício.
22 O processo de sensibilização e conscientização dos colaboradores é uma etapa essencial da implantação de uma política ambiental, pois os influenciará de forma positiva, promovendo uma mudança de hábitos e permitindo que eles levem toda a experiência vivenciada na empresa para sua rotina diária. CONSIDERAÇÕES FINAIS A preocupação com o impacto do processo produtivo tem levado muitas empresas a adotarem a gestão ambiental, que pressupõe a escolha de alternativas e criação de condições que controlem os impactos e atendam à legislação ambiental. Atualmente, as empresas estão deixando de lado a antiga visão de que a gestão ambiental é um custo. É comum observar que as empresas contemporâneas implantam a gestão ambiental devido à preocupação com o meio ambiente e sustentabilidade. Os impactos ambientais constituem hoje uma nova preocupação que deve estar presente nas decisões dos empresários, como observado ao levantar o referencial teórico. Nesse contexto, observa-se que a decisão da EVOLUTI em implantar a NBR ISO é uma das medidas mais importantes a serem tomadas para o sucesso de um sistema de gestão ambiental, pois expressa a real preocupação da empresa em reduzir os impactos ambientais do seu processo produtivo. A empresa deve estar atenta aos possíveis danos que seus processos produtivos podem causar tanto ao meio ambiente quanto à sociedade, além disso, os impactos negativos podem denegrir a imagem da empresa. Mas para isso, é essencial investir em treinamentos e programas de conscientização dos colaboradores. Durante o estudo observou-se que as medidas adotadas pela empresa para diminuir os impactos ambientais negativos dos seus processos produtivos evitam que maiores danos sejam causados ao meio ambiente e, consequentemente, contribuem para a consolidação de uma imagem positiva, oque vai de encontro a ideia de Seiffert (2008, p. 37) ao assinalar que, as empresas podem implantar a gestão ambiental para melhorar sua imagem, por exigência do governo, sociedade e clientes ou simplesmente para inovação de seus processos. Notou-se que o principal motivo para que a empresa implantasse a NBR ISO foi a iniciativa própria, cujo princípio norteador foi a preocupação com meio ambiente e com a diminuição dos danos causados por seus processos produtivos. Assim, cabe destacar que a conscientização, a identificação dos aspectos ambientais e a análise dos impactos associados é fundamental para a definição do programa de gestão ambiental. Por isso, é de extrema importância que a empresa defina quais aspectos considera importante no meio ambiente para que se estabeleçam as medidas a serem adotadas. As mudanças internas necessárias à implantação da gestão ambiental exigem a integração das áreas funcionais da organização, principalmente no que tange à comunicação, autoridade e fluxo de trabalho. Vale lembrar que a falta de uma boa gestão ambiental poderá ocasionar graves falhas de procedimentos, que além de causar danos ao meio ambiente, causarão uma imagem negativa da empresa perante o público externo. Nesse sentido, notou-se que a organização estudada mantém uma visão harmônica entre economia e meio ambiente, pois implantou a NBR ISO 14001devido à
23 preocupação com o meio ambiente e, em contrapartida, melhorou sua imagem institucional perante seus concorrentes para obter vantagem competitiva. Partindo dessas considerações, cabe destacar a relevância deste estudo para o aprendizado acadêmico, uma vez que permitiu ampliar os conhecimentos obtidos durante o curso de Administração. Mas é necessário ressaltar, também, que o trabalho não teve o objetivo de concluir este assunto, pois ele é amplo e uma área que vem crescendo cada dia mais por vários motivos como, por exemplo, o avanço tecnológico. Portanto, nos dias atuais, seria fundamental para a conclusão desse assunto outras pesquisas e levantamentos para aprofundar o conhecimento científico. Diante disso, o estudo sobre gestão ambiental e a influência da ISO na empresa EVOLUTI é fundamental e, por isso, espera-se que esta monografia possa servir como fonte de pesquisa e base para reflexão de muitos formandos, professores e alunos REFERÊNCIAS ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. Gestão ambiental: planejamento, avaliação, implantação, operação e verificação. Rio de Janeiro: Thex, p. ALMINO, João. Naturezas mortas: a filosofia política do ecologismo. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO Sistema de gestão ambiental: especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro: ABNT, NBR ISO Sistema de gestão ambiental: especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro: ABNT, ASSUMPÇÃO, Luiz F. J. Sistemas de gestão ambiental: manual prático para implementação de SGA e certificação ISO Curitiba: Juruá Editora, BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial. São Paulo: Editora Saraiva, Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 1 ed. São Paulo: Saraiva, Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2 ed. São Paulo: Saraiva, BERNA, Vilmar S. D. Gestão ambiental: a administração com consciência ecológica. In: Revista do meio ambiente. Ano I nº 2, edição 002, set CALLENBACH, Ernest, et al. Gerenciamento ecológico. São Paulo : Cultrix/Amana, CAMPOS, Lucila Maria de Souza. SGADA Sistema de gestão e avaliação de desempenho ambiental: uma proposta de implementação. Tese de doutorado. PPGEP UFSC: Florianópolis, CAMPOS, Vicente F. Gerenciamento pelas diretrizes. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, CAPRA, A. Teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.
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