UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
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- Benedito César Benke
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE A DO CAMPEONATO BRASILEIRO Arthur Henrique Lopes Bicalho Diamantina 2013/2
2 UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE A DO CAMPEONATO BRASILEIRO Arthur Henrique Lopes Bicalho Orientador: Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação Física, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do curso. Diamantina 2013/2
3 CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE A DO CAMPEONATO BRASILEIRO Arthur Henrique Lopes Bicalho Orientador: Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação Física, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do curso. APROVADO em 10 / 02 / 2014 Prof. Msc. Fernando Joaquim Gripp Lopes - UFVJM Prof. Msc. Leandro Batista Cordeiro - UFVJM Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim - UFVJM
4 Dedico este trabalho à minha família pelo amor, confiança e dedicação. Especialmente aos meus pais Deli e Vanda por me apoiarem a cada minuto no momento mais difícil desta caminhada...
5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força para seguir em frente e pelas oportunidades concedidas. Em especial ao orientador, Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim, por ter me concedido esta oportunidade apoiando e acreditando no trabalho, e também por me conceder um crescimento profissional. Minha Gratidão, Admiração e Respeito. Ao clube da primeira divisão do campeonato brasileiro e sua equipe de fisiologistas, pela recepção e por terem acreditado no trabalho. Aos professores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, por terem me concedido vastas experiências acadêmicas. A Jéssica, pelo apoio, companheirismo e amizade durante essa longa caminhada em Diamantina. Aos amigos acadêmicos e os amigos de república (República JaNelas), por termos vivenciados momentos bons e ruins, sempre ajudando uns aos outros e incentivando a persistir nesta caminhada.
6 RESUMO CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE A DO CAMPEONATO BRASILEIRO No futebol profissional, o desempenho é determinado pelas capacidades técnicas, táticas, fisiológicas e psicológicas dos atletas. A deficiência de uma destas capacidades pode influenciar a operacionalização de outras. De forma geral, a demanda física imposta em partidas de futebol é alta, já que o atleta necessita realizar exercícios prolongados intermitentes com momentos de exigências de alta intensidade (ex. Sprints) e/ou de força (saltos e chutes). Adicionalmente, as informações disponíveis em relação aos parâmetros físicos de deslocamentos combinado com a acelerometria em partidas de futebol são limitadas e focam somente em atletas adultos. Sendo assim, este estudo tem como objetivo quantificar a distância percorrida, a velocidade de corrida e a aceleração destes atletas. A amostra foi constituída por 9 atletas da categoria júnior de um clube da primeira divisão do campeonato brasileiro durante três partidas oficiais, em que se utilizou o Sistema de Posicionamento Global (GPS), 15 Hz. Após a análise dos dados não encontramos diferenças nas variáveis observadas em relação à distância percorrida e aceleração. O pico de corrida no segundo tempo foi menor do que no primeiro tempo (p<0,05). Assim podemos concluir que esses atletas mantiveram o ritmo da partida. Palavras chave: Futebol. Sobrecarga Física. Sistema de Posicionamento Global.
7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO OBJETIVO MÉTODO AMOSTRA PROCEDIMENTO ANÁLISE ESTATÍSTICA RESULTADOS DISCUSSÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS AUTORIZAÇÃO... 23
8 8 1. INTRODUÇÃO O futebol de campo é um esporte praticado em quase todo o mundo com presença em mais de 200 países. No site da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) mostra que a Federação Internacional de Futebol (FIFA) considera que mais de 265 milhões de pessoas, entre crianças, homens e mulheres de diversas idades, praticam o futebol. Com essa difusão e participação, o esporte acaba atraindo uma atenção muito forte para si 1 (FIFA). No futebol profissional, o desempenho é determinado pelas capacidades técnicas, táticas, fisiológicas e psicológicas dos atletas (Bangsbo, 1993). A deficiência de uma destas capacidades pode influenciar a operacionalização de outras. Por exemplo, uma baixa capacidade física poderá resultar em baixo desempenho técnico e tático do atleta. De forma geral, a demanda física imposta em partidas de futebol é alta, já que o atleta necessita realizar exercícios prolongados intermitentes com momentos de exigências de alta intensidade (ex. Sprints) e/ou de força (saltos e chutes). Em relação ao deslocamento, análises prévias realizadas em partidas oficias de futebol de campo reportam distâncias médias percorridas por atletas profissionais (exceto goleiros) de aproximadamente 8,5 km (Soares, 2000 apud Simplício Filho, 2012). Por outro lado Tumilty, (1993 apud Simplício Filho, 2012), refere que a média da distância total percorrida há duas décadas se manteve em 10 km. Os autores observam que o método desta análise mudou, sendo mais precisa nos dias atuais, gerado pelo grande avanço das tecnologias, mas não podemos descartar a evolução sofrida no futebol tanto nas sobrecargas das partidas quanto nas tecnologias usadas para quantificar estes dados. Estudos mais recentes reportam que atletas percorrem em média km durante uma partida completa. Estes dados podem variar dependendo de alguns fatores, como: o clima, o nível do oponente, a posição do atleta, a importância da partida, entre outros (Di Salvo, 2007 apud Bonin, 2011). Essas distâncias totais percorridas durante uma partida de futebol são diferentes quando avaliamos as posições dos atletas. Vários estudos demonstram que os atletas que percorrem a maior distância são os meio campistas. Para Bangsbo, (1991 apud Simplício Filho, 2012), este fato deve-se principalmente pelas grandes distâncias percorridas em baixa intensidade que é característica tática da posição. Em seguida vem os zagueiros, depois os atacantes e, por último, os goleiros. Nesse sentido, Rienzi, (2000 apud Simplício Filho, 2012) 1 FIFA. Disponível em:< Acesso em: 20 ago
9 9 reportou em seu estudo que os meio campistas percorrem em média m, os defensores m e os atacantes m. Já Bangsbo (1991 apud Simplício Filho, 2012) reporta que os atacantes e os zagueiros percorrem uma distância aproximadamente igual, mas menor que os meio campistas, sendo m, m e m, respectivamente. Ainda analisando as distâncias percorridas em uma partida podemos observar que a maior distância é percorrida no primeiro tempo de jogo. Bangsbo (1991 apud Simplício Filho, 2012) reporta uma queda de 5% do primeiro para o segundo tempo. Maciel (2011) em seu estudo com atletas do sexo feminino teve a mesma porcentagem de diferença em seu achado, sendo que no primeiro tempo foram percorridos 5,9 km e no segundo tempo essa distância foi de 5,2 km. As distâncias descritas acima são realizadas intermitentemente em diferentes distâncias, intensidades e eixos (Santo Soares, 2001 apud Spigolon, 2007), como os de baixa, média e alta intensidade, os nãos ortodoxos (correr de costas, deslocamento lateral), entre outros. Esta dinâmica do futebol resulta em uma demanda metabólica com cerca de 12% da energia fornecida pela via anaeróbica e os outros 88% do metabolismo aeróbico (Gorostiaga 2004 apud Maciel, 2011). Embora o metabolismo aeróbico forneça a maior parte da demanda energética durante uma partida de futebol, as ações decisivas são dependentes da via anaeróbica. Como exemplo podemos citar os sprints curtos, saltos, dribles, roubadas de bola e chutes. Nesse sentido, Mohr (2003 apud Spigolon, 2007) relata que atletas de futebol realizam em média 110 ações de alta intensidade em distâncias de 5 a 30 m, sendo 39 delas em sprint. Os autores relatam também que, em atletas profissionais, os zagueiros percorrem uma distância considerável em alta intensidade e em Sprint. Os atacantes percorrem uma distância em alta intensidade igual aos zagueiros e meio campistas, porém realizam um número maior de sprints. Nessa análise, os autores utilizaram os seguintes parâmetros de classificações para as velocidades observadas: parado (0 km h -1 ), andando (<6 km h -1 ), caminhada (<8 km h -1 ), corrida leve (<12 km h -1 ), corrida moderada (<15 km h -1 ), corrida intensa (<18 km h -1 ), sprinting (<30 km h -1 ) e corrida de costas (10 km h -1 ) (Mohr, 2003 apud Simplicio Filho, 2012). Avanços recentes na tecnologia de análise de deslocamentos, através da utilização de aparelhos de posicionamento global (GPS) com acelerômetros, permite medir as distâncias e as informações de velocidade e aceleração em modalidades esportivas que ocorrem a céu aberto. Análises de deslocamentos (ex. distância total) sem a aquisição da informação das características dos mesmos (ex. velocidade e aceleração) dificulta uma análise aprofundada
10 10 das demandas físicas específicas de determinadas modalidades. A utilização da medida de aceleração difere sobre a de velocidade, pois os conceitos são diferentes. A velocidade significa o tempo que o corpo gasta para se deslocar de um lugar para outro (km/h ou m/min), já a aceleração se refere às mudanças de velocidade gasto pelo corpo para se deslocar de um ponto ao outro (m/s -2 ). Em termos práticos, um atleta não consegue atingir a sua velocidade máxima em um sprint curto (<30 m), no entanto ele pode atingir a sua aceleração máxima. Estes procedimentos reduzem a oferta de informações precisas às comissões técnicas das equipes aumentando a chance de erros na seleção das cargas e volumes de treinamento, assim como dos períodos de recuperação. Um estudo realizado recentemente por Wehbe e colaboradores (2013), com uma equipe da liga profissional de futebol australiano, teve bastante colaboração para novos estudos nesta área. Os autores coletaram dados de 19 jogadores da categoria profissional durante oito partidas da pré-temporada totalizando 95 dados, usando o GPS (SPI-Pro GPSports, Canberra, Austrália) de 5 Hz. Para comparação o autor dividiu por posições, sendo seis defensores, nove meias e quatro atacantes. Sendo assim ele analisou a distância e a velocidade percorrida em cada tempo da partida e fatores situacionais que ocorrem durante o jogo, como, se a equipe está ganhando ou perdendo e o que ocorre durante os cinco minutos anteriores e posteriores a que um gol foi marcado. Primeiramente ele cita que as atividades de baixa intensidade aumentam do primeiro tempo para o segundo 90,62% e 91,71% respectivamente, e que os valores de alta intensidade diminuem 9,38% e 8,29% de um tempo para o outro. Já se referindo à distância os atletas atingiram em média metros por jogo, sendo metros no primeiro tempo e metros no segundo tempo. Nas acelerações também ocorreram uma diferença significativa em que os números de acelerações médias diminuíram do segundo tempo em relação ao primeiro (56 para o 1º tempo e 50 para o 2º tempo), fato que não ocorreu no número de aceleração máxima (4 no 1º tempo e de 3 no 2º tempo). As informações disponíveis em relação aos parâmetros físicos de deslocamentos combinado com a acelerometria em partidas de futebol são limitadas. Além disso, os estudos publicados focam somente em atletas adultos. No entanto, a informação com a medida destes parâmetros em atletas das categorias de base dos clubes (sub-15, sub-17 e sub-20) é inexistente. Sendo assim, a aquisição destas informações podem ser importantes para avaliar a carga física dos atletas nas partidas de futebol e fornecer informações para o planejamento dos treinamentos de atletas destas categorias.
11 11 2. OBJETIVO Avaliar, através da utilização de um equipamento de GPS com acelerômetro, a distância total percorrida, a velocidade de corrida e a aceleração de atletas durante três partidas oficias de futebol na categoria sub-20 de um clube da primeira divisão do Brasil.
12 12 3. MÉTODO Delineamento experimental O presente estudo segue um delineamento retrospectivo transversal descritivo, onde variáveis dependentes foram adquiridas através da utilização de um equipamento de GPS durante três partidas oficiais de futebol de campo da categoria sub-20 masculina durante o ano de Esses jogos foram validos pelo hexagonal final do campeonato estadual, pela taça BH de futebol júnior e o outro jogo pela Copa do Brasil sub-20. Essas partidas foram contra equipes sub-20 de clubes que participam da primeira divisão do futebol profissional brasileiro. A coleta de dados foi realizada pela equipe técnica do clube (fisiologista do exercício e coordenador da preparação física das categorias de base) e disponibilizados aos pesquisadores para análise apresentada no presente trabalho AMOSTRA A amostra foi composta por nove atletas de futebol do sexo masculino (três zagueiros, dois laterais, dois meio campistas e dois atacantes) da categoria sub-20, vinculados a um clube que participa da primeira divisão do futebol profissional brasileiro. Estes atletas foram escolhidos por terem completado os dois tempos regulares de uma partida. Embora a análise dos dados tenha ocorrido com 9 atletas, os pesquisadores forneceram informações antropométricas de 6 atletas. Os dados antropométricos destes atleta estão na tabela abaixo: Tabela 1 Dados antropométricos de 6 atletas em que os dados foram analisados. Idade (anos) Estatura (cm) Peso corporal (kg) % de Gordura 18,8 ± 0,7 177,2 ± 5,9 71,0 ± 9,3 9,0 ± 0,1
13 PROCEDIMENTO Antes do início das partidas de futebol, 10 unidades de um GPS comercial (SPI Elite; Sistemas GPSPORTS) foram alocadas em coletes designados para tal fim e vestidos pelos atletas (figura 1). Os dados do sistema de posicionamento global foram registrados em 15 Hz. Figura 1: Suporte para o GPS Fonte: (Google) Figura 2: GPS (SPI PRO X II) Fonte: (Google) Os dispositivos de GPS foram ativados 15 minutos antes do início das partidas, de acordo com as instruções do fabricante. Os dados gravados (distância percorrida, velocidade e aceleração) foram transferidos para um computador e analisados, usando o software do próprio fabricante do sistema de GPS. Após esta transferência, estes dados foram tratados estatisticamente utilizando o software Excel (Microsoft 2010). Durante estas partidas algumas variáveis foram coletadas através do GPS com o acelerômetro como a distância total percorrida nos dois tempos. Iniciando a contagem no inicio do primeiro tempo, zerando o aparelho no intervalo da partida para iniciar novamente a contagem do segundo tempo, assim obtendo a distância total, também foi medido através do mesmo aparelho a velocidade máxima que os atletas atingiram. A análise do movimento ocorreu através da definição do tempo gasto nas seguintes faixas de velocidade: correndo (13 a 16 km/h); alta velocidade (16 a 20 km/h) e Sprint (> 20 km/h), as definições para as faixas foram adaptadas da planilha analisada dos atletas oferecidas pelo clube. A frequência de sprints foi determinada quando os atletas atingiam valores iguais ou superiores a 2,5 m/s 2 de aceleração. Estas variáveis foram determinadas para o primeiro e segundo tempo das partidas de futebol. Nós apresentamos os valores de deslocamento durante o período de aquecimento.
14 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os resultados estão apresentados como média ± desvio padrão. Testes t pareados foram utilizados para comparar as variáveis dependentes: distância percorrida total, nas faixas de velocidades e frequência das acelerações entre o primeiro e segundo tempo das três partidas de futebol. A significância estatística adotada foi p<0,05.
15 Distância (m) RESULTADOS No gráfico 1 estão apresentados os valores médios e desvio padrão da distância percorrida pelos atletas durante o aquecimento, no primeiro e segundo tempo e o total dos dois tempos. A comparação entre a distância percorrida entre o primeiro (5.195 ± 418 m) e o segundo tempo (5.151 ± 395 m) não foi diferente (P = 0,27). Esta diferença entre o primeiro e segundo tempo foi menor que 1% Aquecimento 1º tempo 2º tempo Total 0 Aquecimento 1º tempo 2º tempo Total Gráfico 1 Gráfico1 - Distância média percorrida durante o aquecimento, 1º e 2º tempo. No Gráfico 2 estão apresentadas as distâncias percorridas pelos atletas em faixas de velocidade no primeiro e o segundo tempo das partidas. A análise entre as distâncias percorridas dentro de uma mesma faixa de velocidade indicou que não há diferença entre o primeiro e segundo tempo (p>0,05). Estes resultados sugerem que os dois tempos foram realizados em demandas de intensidade de corrida similares.
16 Distância (m) º tempo 13 a 16 km/h 2º tempo 13 a 16 km/h º tempo 16 a 20 km/h 2º tempo 16 a 20 km/h 1º tempo 20 km/h + 2º tempo 20 km/h Faixas de Velocidade Gráfico 2 Distância percorrida em diferentes faixas de Velocidade no 1º e 2º tempo Na tabela 2 apresentamos o pico de velocidade, a soma da distância percorrida acima dos 13 km/h e a porcentagem da distância total percorrida em velocidade acima dos 13 km/h. A comparação entre o primeiro e segundo tempo mostra que o pico de velocidade atingiu valores menores no segundo tempo (p>0,05). Este dado indica que os atletas no segundo tempo não alcançaram a mesma velocidade máxima nos sprints.
17 17 Tabela 2 Comparação entre o 1º e o 2º tempo do Pico de velocidade, a soma das distâncias das 3 faixas de velocidade e a porcentagem da distância total percorrida. Pico de Velocidade (km/h) (n=14) Soma das distâncias das 3 velocidades > 13km/h (m) (n=14) % da distância total percorrida > 13km/h (%) (n=14) 1º tempo 2º tempo Média Maior Menor Média Maior Valor valor Valor Menor valor Valor do p 31,2 ± 3,1 35, ,4 ± 0, ,2 *0, ± ± , ± ± ,404 * Indica diferença estatística entre o pico de velocidade alcançado no 1º tempo e o pico de velocidade alcançado no 2º tempo (p<0,05). Na tabela 3 estão apresentados os valores de aceleração máxima, os valores médio das acelerações, a distância total dos sprints (>2,5 m/s2) e a frequência de acelerações no primeiro e no segundo tempo. A comparação entre o primeiro e segundo tempo indica que as demandas físicas de atividades em alta intensidade não foram reduzidas no segundo tempo (p>0,05), embora os atletas pudessem estar mais cansados pelo desgaste físico do primeiro tempo das partidas.
18 18 Tabela 3 Compara o 1º e o 2º tempo da aceleração máxima, a média das acelerações acima de 2,5 m/s 2, a distância total dos sprints o número de acelerações e a frequência da mesma. Aceleração Máxima (m/s 2 ) (n = 14) Média das Acelerações > 2,5 m/s 2 (n = 14) Distância total Sprints (n = 14) Números de acelerações >2,5 m/s 2 (n = 14) Frequência Aceleração por minuto (m/s 2 ) (n = 14) 1º Tempo 2º TEMPO Valor do p 3,9 ± 0,1 3,8 ± 0,2 0,147 3,0 ± 0,1 3,0 ± 0,1 0, ,6 ± 105,0 371,4 ± 97,2 0,114 46,2 ± 6,5 48,6 ± 8,8 0,206 1,0 ± 0,2 1,0 ± 0,3 0,406
19 19 5. DISCUSSÃO O presente estudo avaliou, através da utilização de um equipamento de GPS com acelerômetro, a distância total percorrida, a velocidade de corrida e aceleração de atletas durante três partidas oficias de futebol na categoria sub-20 de um clube da primeira divisão do Brasil. Este é o primeiro estudo a apresentar estes parâmetros em partidas oficiais de deslocamento com o equipamento em questão e em atletas das categorias de base. Os resultados encontrados neste estudo indicam que as demandas físicas para estes atletas são similares entre o primeiro e o segundo tempo e que independente do desgaste físico imposto na primeira etapa, os atletas mantém o ritmo no segundo tempo das partidas. No presente estudo nós observamos que os atletas percorreram aproximadamente metros em média por partida, distribuídas entre metros no primeiro e metros no segundo tempo. Em um estudo publicado recentemente, Wehbe e colaboradores (2013), utilizando o mesmo equipamento do presente estudo em partidas não oficiais (amistoso de pré-temporada) em atletas profissionais da Liga A Australiana de Futebol Profissional, observou que os atletas percorreram em média metros em cada jogo, sendo metros no primeiro tempo e metros no segundo tempo. Os autores indicaram uma queda na distância entre os dois tempos, fato que não foi constatado com os dados do presente estudo. Esta queda de um tempo para o outro também foi encontrado por Maciel (2011), em que as atletas de um time da cidade de Pelotas/RS atingiram metros na primeira etapa e metros na segunda etapa, porém este estudo não utilizou o GPS e sim o pedômetro que registra quantos passos foram realizados durante o tempo previsto. Um estudo feito através da análise cinematográfica (utilizando-se de vídeo e computador), Ananias (1998) também reportou diferença comparando os tempos, em que no primeiro a distância percorrida foi de metros comparados a metros percorridos na segunda etapa. Este estudo foi realizado com seis atletas de futebol profissional e o dado acima foi coletado através de uma partida. O valor encontrado comparando às distâncias percorridas no primeiro e no segundo tempo diferem dos resultados encontrados pelos outros autores que trabalharam com atletas do profissional, em que a distância percorrida do segundo tempo diminuía em relação a do primeiro tempo. Isso nos remete que mesmo ocorrendo o desgaste da etapa inicial os atletas da categoria sub-20 mantiveram o ritmo. Uma das hipóteses a ser discutida é o fato de que os atletas do profissional não podem usar o aparelho GPS em partidas oficiais, sendo assim todas as coletas de dados foram
20 20 colhidas em amistosos, ao contrário da categoria júnior em que as medições ocorreram em partidas oficiais e oponentes de níveis técnicos e táticos semelhantes. Sendo assim inferimos que o caráter competitivo (hexagonal final, semifinal) das partidas analisadas no presente estudo foram maiores do que as apresentadas nos estudos citados acima. Em relação à velocidade de deslocamento em diferentes faixas, nós reportamos que os atletas mantiveram a distância percorrida nas zonas de estudo (Gráfico 2) entre os dois tempos das partidas. Um fato a destacar é que o resultado final obtido pela equipe analisada ao final das partidas foram empate ou vitórias por diferença de 1 gol. Este fato sugere que a competitividade entre as equipes foi alta, já que não houve placares elásticos nas partidas analisadas. Sendo assim, a diferença encontrada entre o presente estudo e o de Wehbe e colaboradores (2013), pode ter sido em relação ao placar, qualidade da equipe adversária e empenho dos atletas nas partidas. Por último analisamos as acelerações realizadas durante a partida, em que, quando comparamos as duas etapas de jogo, podemos perceber que não houve diferenças estatísticas entre as mesmas. No estudo realizado por Wehbe e colaboradores (2013) os números de acelerações médias diminuem quando comparado os dois tempos da partida (56 para o 1º tempo e 50 para o 2º tempo), fato que não ocorre quando comparado às acelerações máximas entre o primeiro e o segundo tempo (4 no 1º tempo e de 3 no 2º tempo). Comparando com os resultados encontrados em nosso estudo (tabela 3), que foi realizado com atletas do júnior, com os outros estudos realizados com os atletas profissionais percebemos que os da categoria sub-20 mantém um ritmo parecido entre os tempos enquanto os profissionais deixam esse ritmo cair. Vale ressaltar que os atletas profissionais no estudo de Wehbe apresentam uma média de idade de 26,0 ± 4,7 anos, enquanto nosso estudo apresenta uma média de 18,8 ± 0,7 anos. Uma das dificuldades encontradas nas análises de acelareação é que a literatura atual não contempla estudos que tenham analisado este parâmetro dificultando a comparação com outras categorias e equipes. No entanto, esta tecnologia está popularizando e, possivelmente, observaremos mais estudos descrevendo este parâmetro em um futuro próximo. Por fim, apesar deste estudo ter sido realizado apenas em três partidas e com o número de nove jogadores, o resultado apresentado pode servir de subsídio para novas pesquisas na área com o objetivo de melhorar o entendimento da sobrecarga imposta durante uma partida de futebol e para que a comissão técnica tenha parâmetros para elaboração dos treinamentos. Desta forma, o atleta consiga responder melhor às demandas apresentadas pela modalidade durante os dois tempos da partida de futebol.
21 21 6. CONCLUSÃO O presente estudo demonstrou que atletas da categoria júnior de um clube brasileiro da primeira divisão mantiveram as demandas físicas entre o primeiro e segundo tempo nas partidas de futebol oficial. Esta observação pode estar relacionada ao nível competitivo das partidas observadas. Adicionalmente, através das comparações realizadas pelos artigos de referência podemos inferir que a demanda física entre atletas profissionais e juniores são próximas.
22 22 REFERÊNCIAS ANANIAS, Glydiston. Et al. Capacidade funcional, desempenho e solicitação metabólica em futebolistas profissionais durante situação real de jogo monitorados por análise cinematográfica. Revista Brasileira Medicina Esporte, Vol. 4, Nº 3, Mai/Jun, BANGSBO, Jens. The physiology of soccer: with special reference to intense intermittent exercise. Edição 619. Published for the Scandinavian Physiological Society by Blackwell Scientific, BONIN, Fernando da Silva. SCHUTZ, Gustavo Ricardo. UTILIZAÇÃO DO GPS NO FUTEBOL. Disponível em: < Acesso em: 11 jun FIFA. 265 milhões de pessoas jogam futebol no mundo inteiro. Disponível em:< Acesso em: 20 ago MACIEL, Wagner. Et al. DISTÂNCIA PERCORRIDA POR JOGADORAS DE FUTEBOL DE DIFERENTES POSIÇÕES DURANTE UMA PARTIDA. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p , abr/jun SIMPLICIO FILHO, Samuel. DESEMPENHO AERÓBIO E ANAERÓBIO EM JOGADORES DE FUTEBOL: COMPARAÇÃO ENTRE JUVENIS E PROFISSIONAIS Disponível em: < >. Acesso em: 25 jun SPIGOLON, Leandro. Et al. POTÊNCIA ANAERÓBIA EM ATLETAS DE FUTEBOL DE CAMPO: DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS. Disponível em:< ca_categorias.pdf>. Acesso em: 25 jun WEHBE, George M. Et al. MOVEMENT ANALYSIS OF AUSTRALIAN NATIONAL LEAGUE SOCCER PLAYERS USING GLOBAL POSITIONING SYSTEM TECHNOLOGY. Journal of Strength and Conditioning Research Publish Ahead of Print. DOI: /JSC.0b013e3182a35dd1, jul
23 23 AUTORIZAÇÃO Autorizo a reprodução e/ou divulgação total ou parcial do presente trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, desde que citada à fonte. Arthur Henrique Lopes Bicalho arthur@yahoo.com.br Nome da Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Endereço institucional: Rua da Glória 187; Centro, Diamantina-MG; CEP Telefax (38)
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