1.2 A abertura da sessão pública do RDC em comento estava prevista para o dia , com prazo para apresentação de impugnação até
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1 ?J BANCO DO BRASIL Programa Serviços em Infraestrutura Brasília, 08 de maio de 2014 À JDJ PROJETOS LTDA Sr. (a) Representante, RDC Presencial 2014/04565 (4905) - Impugnação - Referimo-nos à Impugnação ao Edital em epígrafe, interposta por essa empresa em , para apresentar-lhe a análise das razões, conforme se segue. 1. Da tempestividade 1.1 A alínea "b" do inciso I do artigo 45 da Lei no12.462/2011 estipula o prazo de 5 (cinco) dias úteis antes da data de abertura das propostas, no caso de licitação para contratação de obras ou serviços, para que qualquer pessoa possa impugnar o ato convocatório do pregão. 1.2 A abertura da sessão pública do RDC em comento estava prevista para o dia , com prazo para apresentação de impugnação até A impugnação foi enviada, via e-mai!, em Em , foi publicado no Diário Oficial da União, Seção 3, Página 96, Aviso de Adiamento informando que a nova data para realização do Certame é dia Assim, observa-se que a presente merece ser conhecida, de modo que passamos à análise das razões impugnatórias. 2. Dos Fatos 2.1 Apresentamos síntese das principais alegações e do pedido da Impugnante: a) que o Edital, em seu item 1.16, exige que o PROPONENTE comprove Patrimônio Líquido igualou superior a 10% (dez por cento) do valor de sua proposta de preços após a fase de lances; b) que o Edital, em seu item 20, exige garantia contratual no valor equivalente a 5% (cinco por cento) do preço total do contrato, nos moldes do art. 56 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações);
2 ~ BANCO DO BRASIL c) que tal garantia do art. 56 supracitado não pode ser cumulativamente exigida com Patrimônio Líquido Mínimo, conforme o art. 31, parágrafo segundo da mesma Lei; d) que o art. 31 da Lei 8.666/93 é plenamente aplicável ao Regime diferenciado de Contratações Públicas - RDC, por força do art. 14 da Lei /2011; e) que o art. 31 da Lei 8.666/93 especifica que a escolha ALTERNATIVA entre as exigências é para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado; f) avoca, para sustentar sua insurgência, acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido de que a exigência concomitante de comprovação de patrimônio liquido mínimo, na fase de habilitação econômica financeira, com a garantia contratual estaria a infringir o 92 do art. 31 da Lei de Licitações; g) Pede, ao fim, no mérito, que a Administração proceda à alteração do edital de licitação para "a retirada da exigência de patrimônio liquido minimo, tendo em vista que já há exigência de garantia contratual no edital". 3. Análise das Razões 3.1 Importante esclarecer, para sequência da nossa análise, que o Edital 2014/4565 (4905) é regido pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas, instituído pela Lei no , de , regulamentado pelos Decretos no 7.581, de , e no8.080, de Nos termos do art. 14 da Lei /2011 e do art. 45 do Decreto no 7.581/2011, à fase de habilitação das licitações regidas pelo RDC será aplicado, no que couber, o disposto nos arts. 27 a 33 da Lei no 8.666/1993, em face dos quais pautam-se as presentes considerações, sob vênia do julgado trazido à colação pelo Impugnante. 3.3 Consigne-se, inicialmente, que a habilitação é a etapa da fase externa do processo de contratação que tem por finalidade aferir as condições pessoais dos interessados em contratar com a Administração. É o meio que permite verificar o atendimento das condições pessoais estabelecidas e selecionar quem as atende. 3.4 De acordo com Renato Geraldo Mendes 1 : "A existência de uma etapa destinada a analise das condições pessoais do licitante justifica-se na medida em que não é permitida a realização de um contrato sem que se reconheça a idoneidade do licitante e sua plena capacidade para suportar um encargo definido. Saber se o particular tem condições de executar o objeto nos moldes em que exige a administração é fundamental para a redução dos riscos envolvidos na contratação. É possível afirmar, então, que a verificação dos aspectos relativos à pessoa dos licitantes tem dupla função: identificar o titular da proposta potencialmente vantajosa sob o ponto de vista das condições pessoais, bem como minimizar os riscos da contratação por meio da t, Renato Geraldo Mendes, advogado e consultor jurídico na área de contratações pública, coordenador do ","c.,,""""_. "'_m. ~
3 ?J. BANCO DO BRASil verificação prévia das condições técnicas indispensáveis ao cumprimento da obrigação contratual" 3.5 No que pertine ao conceito de qualificação econômico-financeira, esta corresponderia, no escólio de Marçal Justen Filho, "á disponibilidade de recursos econômico-financeiros para a satisfatória execução do objeto da contratação", salientando o i. jurista, que, excetuadas "as hipóteses de pagamento antecipado, incumbirá ao contratado executar com recursos próprios o objeto de sua prestação" As exigências legais para a qualificação econômico-financeira encontramse disciplinadas no art. 31 da Lei de Licitações, abaixo reproduzido: "Art. 31 A documentação relativa á qualificação econômico-financeira limitar-seá a: I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social. já exigíveis e apresentados na forma da lei. que comprovem a boa situação financeira da empresa. vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios. podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta; /I - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa juridica, ou de execução patrimonial, expedida no domicilio da pessoa fisica; /li - garantia, nas mesmas modalidades e critêrios previstos no "caput" e fi 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação. fi 10 A exigência de indices limitar-se-á á demonstração da capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores minimos de faturamento anterior, indices de rentabilidade ou lucratividade. (Redação dada pela Lei no8.883, de 1994) fi 20 A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital minimo ou de patrimônio liquido minimo, ou ainda as garantias previstas no fi 10 do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado." 3.7 Tal artigo, em seus incisos I, II e 111, dispõe sobre a documentação pertinente à comprovação da qualificação econômico financeira da empresa licitante, deixando claro no!l 2 que a Administração poderá estabelecer, no instrumento convocatório, a exigência de apresentação de capital mínimo, ou de patrimônio líquido mínimo, ou garantia, para as hipóteses de licitações destinadas a compras para entrega futura ou para obras e serviços. 2 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 14 ed., São Paulo: Dialética, 2010, p.469
4 fj. BANCO DO BRASIL 3.8 Segundo interessante abordagem de Marçal Justen Filho, "a redação do s 2 comporta interpretação bastante razoável, em que as três alternativas ali indicadas seriam consideradas como equivalentes. Isso significaria que o particular poderia comprovar sua capacitação econômico-financeira por uma das t res vias. (),, Em sede editalícia, as exigências para habilitação do PROPONENTE constam do Anexo 02 do Edital 2014/04565, inclusive quanto aos documentos que devem ser apresentados para comprovação de sua qualificação econômicofinanceira, quais sejam: "1.14 Certidão negativa de pedido de falência, concordata ou recuperação judicial, expedida pelo distribuidor da sede do PROPONENTE que esteja dentro do prazo de validade expresso na própria certidão. Caso as certidões sejam apresentadas sem indicação do prazo de validade, serão consideradas válidas, para este certame, aquelas emitidas há no máximo 90 (noventa) dias da data estiputada para a abertura da sessão; Para as praças onde houver mais de um cartório distribuidor, deverão ser apresentadas tantas certidões quantos forem os cartórios, cada uma emitida por um distribuidor Balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercicio social, já exigiveis e apresentados na forma da legislação em vigor. acompanhado do demonstrativo das contas de lucros e prejuízos que comprovem possuir o PROPONENTE boa situação financeira; No caso de Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, a apresentação dessa documentação servirá tambêm para a comprovação de enquadramento nessa condição, de acordo com o Art. 3 da Lei Complementar no 123, de ; 1.16 O PROPONENTE deverá comprovar Patrimônio Líquido igualou superior a 10% (dez por cento) do valor de sua proposta de preços após a fase de lances, por meio da apresentação do balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, conforme art. 31, inc. I, da Lei no8.666/93; 1.17 A comprovação da boa situação financeira do PROPONENTE será baseada na obtenção de índices de Líquidez Geral (LG), Solvência Geral (SG) e liquidez Corrente (LC) resultantes da aplicação das fórmulas abaixo, sendo considerada habilitada a empresa que apresentar resultado maior do que 1 (um), em todos os índices aqui mencionados: LG = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo SG = Ativo Total Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo LC = Ativo Circulante Passivo Circulante 3 JUSTEN FilHO, Marçal. Op. Cil. p. 482
5 fj BANCO DO BRASIL 1.18 As empresas que apresentarem qualquer dos indices relativos à boa situação financeira igualou menor que 1,00 (um) deverão comprovar possuir patrimônio liquido igualou superior a 10% (dez por cento) do valor de sua proposta de preços após a fase de lances. A comprovação será feita mediante apresentação do balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercicio social, já exigiveis e apresentados na forma da legislação em vigor, exigidos no item Nota: Empresas em consórcio: I. Deverão apresentar os documentos mencionados nos itens 1.14 e 1.15, anteriores, referentes a cada consorciado. 11.Para a comprovação da boa situação financeira, item 1.17, no cálculo de todos os indices mencionados, cada empresa consorciada deverá apresentar resultado maior do que 1 (um). 111.Para comprovação do patrimônio líquido exigido nos itens 1.16 e 1.18, admitir-se-á o somatório do patrimônio líquido de cada empresa consorciada, na proporção de sua respectiva participação no consórcio. " 3.10 Ocorre que referidas exigências de qualificação econômico financeira não se confundem com o contido no Art. 56 da Lei 8.666/93, que prevê a possibilidade de prestação de garantia contratual daqueles que vierem a contratar com a Administração, com a finalidade de evitar prejuízos de eventual fracasso da execução do serviço. É a segurança prestada pelo contratado à Administração a fim de assegurar a execução do objeto pactuado. "Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras. S 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia: I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escriturai, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda; 11- seguro-garantia; 111- fiança bancária. S 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no parágrafo 3º deste artigo. S 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do contrato. S 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente.
6 ~ BANCO DO BRASIL S 5º Nos casos de contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens." 3.11 Marçal Justen Filho, ao comentar o citado art. 56, preambularmente esclarece: "Ao estabelecer requisitos de habilitação, a Administração Pública pretende cercar-se de todas as cautelas para evitar o insucesso da contratação. Presume-se que o sujeito que preenche os requisitos constantes da habilitação e cuja proposta é selecionada como vencedora disporá de total condição para executar satisfatoriamente o objeto do contrato. A garantia representa um outro instrumento de eliminar riscos de insucesso. (...) Sob um ângulo, a Administração deve cercar-se de todas as cautelas para evitar prejuizos ao patrimônio público. Isso significa exigir do particular o fornecimento de garantias de indenização de eventuais danos. Portanto, a prestaçâo da garantia é uma vantagem para a Administração.',4(grifos nossos) 3.12 Segundo o disposto no item 20 do Edital 2014/04565, a contratada se obriga a manter, durante toda a vigência do contrato, garantia contratual no valor equivalente a 5% do preço total contratado, devendo apresentar ao CONTRATANTE, conforme previsão contratual (Anexo 08 do Edital), o comprovante de uma das modalidades, conforme disposto no Art. 56 da mencionada Lei A esse respeito, vale dizer que a decisão pela imposição de garantia contratual é de natureza discricionária, cuja pertinência e adequação resultam da avaliação, por parte da Administração, da necessidade que se apresenta ao caso concreto. Daí não ser outro o entendimento exarado pelo Tribunal de Contas da União, Acordão n 801/2004: "A imposição de apresentação de garantial como condição para assinatura do contrato é decisão discricionária do Administrador, que estabelecerá a necessidade ou não de tal exigência, considerando o caso concreto, nos termos do Art. 56 Caput e S 1 0 e 2 0 da Lei 8.666/93." 3.14 Em outra senda argumentativa, a Lei 8.666/93 disciplina duas espécies de garantias: a garantia de proposta prevista no inciso 111do Art. 31 e a garantia I do Art. 56, que visa a assegurar a execução adequada do contrato e o cumprimento dos compromissos assumidos. Tratam-se de institutos distintos e que não podem ser confundidos A garantia prevista no art. 31, via de regra, não tem exigibilidade obrigatória pela Administração e não está relacionada ao contrato, mas ao procedimento Iicitatório, a qual, ao final, poderia ser devolvida aos licitantes, ou honrada pela Administração se o licitante, tendo sido habilitado e tido proposta classificada, por qualquer razão não mantiver o compromisso de contratar com a Administração. 4 JUSTEN FILHO, Marçal, Op. Cit. p.718
7 ~ BANCO DO BRASIL 3.16 Assim, o fundamento jurídico que dá amparo à garantia da proposta encontra-se, como dito alhures, no inc. 111do art. 31, diverso da garantia contratual, prevista, já para a fase de contratação, no art. 56, sendo ofertadas em momentos distintos, o que nos leva a concluir ser legalmente viável a convivência de ambas num único procedimento Iicitatório O TCU, através do Acórdão no 988/2008-Plenário, pacifica o tema ao esclarecer que os requisitos de qualificação econômica-financeira e a exigência de garantia contratual não são auto-excludentes: "136. Consideramos, então, que exigência de capital social minimo encontra-se inserida entre os pressupostos Iimitrofes da habilitação, no quesito qualificação econômico-financeira (item 3.6 do Edital - fi. 18), enquanto que a exigência de garantia contratual (ítem 17 do Edital) só é necessária após a adjudicação e homologação da licitação, quando já conhecida logicamente a empresa vencedora, e antes da assinatura do contrato." 3.18 No mesmo sentido, a Corte de Contas da União, por meio do Acórdão 1905/ Plenário, admitiu a coexistência da garantia contratual com a exigência do patrimônio líquido mínimo, para efeito de demonstração da qualidade econômico-financeira do licitante, porquanto revestidos de naturezas diversas. Vejam-se os seguintes trechos da decisão: "(",) Além disso, como já observado anteriormente, concomitantemente à exigência de prestação de garantia para fins de habilitação no certame, foi exigida dos licitantes a comprovação de patrimônio líquido igualou superior a 10% do valor previsto no orçamento de referência da licitação (item ), procedimento que vai de encontro ao já mencionado 9 2 do ar!. 31 da Lei no 8.666/93 e à jurisprudência consolidada deste Tribunal, que aponta no sentido de que, na correta exegese do dispositivo legal em foco, é vedada, nas licitações, a exigência simultânea da garantia a que se refere o art. 31, inciso 111, e de capital ou patrimônio líquido mínimos, que são mutuamente excludentes. Inclusive, sobre a matéria, cabe trazer as seguintes considerações feitas pelo Ministro Benjamin Zymler, em Voto proferido no Acórdão no808/2003-plenário: "11. A Lei de Licitações e Contratos permite que a Administração exija dos licitantes, para fins de comprovação de qualificação econômico-financeira nos casos de compras para entrega futura e na execução de obras e serviços, capital minimo ou patrimônio liquido mínimo, alternativamente em relação à prestação das garantias previstas no 9 1 do art. 56 da mesma Norma (caução em dinheiro, titulas da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária), no valor máximo de 1% do valor estimado do objeto a ser contratado. (...) 18. Referido dispositivo deixa três alternativas ao administrador assegurar-se de que os licitantes terão condições financeiras minimas para executar o ajuste a ser celebrado: a) capital social mínimo; b) patrimônio liquido mínimo ou c) prestação de garantia, limitada a 1% do valor estimado para o contrato. Tais hipóteses não são cumulativas, mas permitem uma atuação discricionária do gestor na escolha da melhor forma de comprovar a qualificação econômicofinanceira dos licitantes. Não podem ser utilizadas de forma concomitante, sob
8 g. BANCO DO BRASIL pena de transformar a discricionariedade legítima em arbitrariedade vedada por lei. 19. Como bem ressaltado pela Unidade Técnica, ademais, o eminente Ministro Humberto Guimarães Souto, ao relatar a Decisão no681/98 - Plenário, deixou assente que, na hipótese acima, o legislador cuidou de fornecer alternativas e não o somatório das hipóteses que indicou. Não resta dúvida que, se assim o fez, foi para evitar que fossem efetuadas imposições demasiadas, que porventura ensejassem a inibição do caráter competitivo do certame." (Voto do Relator, Ministro Benjamin Zymler, proferido no Acórdão no808/ Plenário) No mesmo sentido, cabe mencionar ainda as Decisões nos581/ Plenário, 1.521/2002 -Plenário e os Acórdãos nos 1.664/2003-1a Cãmara, 108/ Plenário, 102/ Plenário, 1.694/ Plenário e 2.640/ Plenário. Em sua manifestação, o gestor buscou justificar tal ato sustentando que não houve desrespeito à vedação constante do ar!. 31, S 2, da Lei no8.666/93, uma vez que o referido dispositivo legal diz respeito única e exclusivamente aos requisitos de qualificação econômico-financeira e que, no edital do certame, a garantia de proposta não integra tais requisitos, não havendo, portanto, em seu entendimento, qualquer tipo de irregularidade. Ora, independentemente da maneira como foi prevista a mencionada garantia, seja como requisito de qualificação econômico-financeira ou como requisito autônomo de habilitação, o fato é que tal garantia não pode ser exigida dos licitantes em certames que já prevejam exigências de comprovação de patrimônio liquido ou capital social mínimos. Buscar interpretar os 2 do art. 31 da referida lei de outra forma ou, ainda, desmembrar a garantia dos demais requisitos de qualificação econômico-financeira e exigi-ia concomitantemente à comprovação de percentual mínimo de patrimônio liquido ou capital social, seria esvaziar de todo sentido a finalidade buscada pela norma, que é, exatamente, a de fornecer alternativas à Administração na busca da melhor forma de comprovar a qualificação econômico-financeira dos licitantes, mediante a utilização de um dos critérios ali previstos e não o seu somatório. Outrossim, os demais argumentos do gestor, no sentido de que a [...] ao não exigir a prestação da garantia de proposta estaria sujeita à aplicação de sanções por parte do agente regulador [...], em caso de eventual inadimplemento contratual por parte do futuro contratado, também não merecem prosperar. Isso porque, para tal finalidade, a Lei no8.666/93 prevê, em seu art. 56, a possibilidade de a Administração exigir do contratado a prestação de garantia no valor de 5% do contrato, nas contratações de obras, serviços e compras, a qual, inclusive, já é prevista na cláusula 32 da minuta do contrato. Aqui, mais uma vez, cumpre relembrar que a garantia habilitatória prevista no inciso 111do art. 31 da Lei no 8.666/93, comumente chamada de "garantia de proposta", destina-se, exclusivamente, a comprovar a boa situação financeira das empresas licitantes, como os demais requisitos de qualificação econômico-financeira elencados no mesmo dispositivo legal, e não a resguardar a Administração de possiveis prejuizos em caso de eventual inadimplemento contratual, para a qual a lei já prevé a prestação da garantia prevista em seu art. 56, pelo contratado." (grifos nossos)
9 fj BANCO DO BRASIL 3.19 Corroborando esse entendimento, o consultor jurídico Renato Geraldo Mendes, no livro Leí de Licitações e Contratos Anotada 5, escreve: "Sobre o preceito, assevera Carlos Ar! Sundfeld: "A garantia, prevista no art. 31, inc. 111,será exigida na habilitação para assegurar o cumprimento da proposta, permitindo o recebimento da multa pela Administração na hipótese do licitante não honrá-ia, embora vencedor do certame. Essa garantia não se confunde com a do contrato, a ser oferecida quando da celebração da avença (art. 56). Seu valor está limitado a 1% do valor estimado do objeto da licitação. Poderá ser prestada nas mesmas modalidades indicadas pelo art. 56, caput e fi 1., para a garantia contratual a saber: caução em dinheiro ou titulas da divida pública, seguro garantia ou fiança bancária." 3.20 No contexto do edital ora impugnado, a garantia exigida no item 20 não se presta à finalidade almejada pelo 9 2 do art. 31, cujo objetivo é comprovar, ainda na fase de habilitação, a qualificação econõmico-financeira dos licitantes; sua previsão, sob guarita do art. 56, visa tão somente a assegurar a satisfatoriedade da execução contratual Por outro lado, consta expressamente no Edital a exigência apenas de apresentação de patrimõnio líquido, igualou superior a 10% da proposta de preço, para fins de demonstração da qualificação econômica e financeira Essa previsão coaduna-se ao entendimento de que a Administração poderá exigir a comprovação relativa à qualificação econômica financeira, estabelecendo no instrumento convocatório da licitação a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou da garantia prevista no Art. 31 inciso III da Lei 8.666/93, não havendo impedimento de qualquer dessas exigências vir a ser cumulativa com a exigência de garantia contratual O que fica vedado à Administração é a exigência cumulativa de capital mínimo e patrimônio líquido mínimo e da garantia prevista no Art. 31, inciso 111, da citada Lei, para fins de qualificação econõmico financeira, não sendo esse o caso em tela Sobre o tema, a jurisprudência do Tribunal sedimenta o entendimento de que a Administração não pode exigir, para a qualificação econômico-financeira das empresas licitantes, a apresentação de capital social ou patrimônio líquido mínimo concomitante com prestação de garantia para participação no certame (Acórdãos 383/2010-TCU-2a Câmara, 556/201O-TCU-Plenário, 2.098/2010-TCU- 1a Câmara, 107/2009-TCU-Plenário, 1.102/2009-TCU-1a Câmara, 1.265/2009- TCU-Plenário, 2.073/2009-TCU-Plenário, 6.613/2009-TCU-1 a Câmara, 1.039/2008-TCU-1a Câmara, 701/2007-TCU-Plenário, 1.028/2007-TCU- Plenário). Esse entendimento encontra-se consolidado na Súmula 275 do TCU, com o seguinte teor: "para fins de qualificação econômico-financeira, a Administração pode exigir das licitantes, de forma não cumulativa, capital social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou garantias que assegurem o 5 Lei de Licitações e Contratos - Notas e Comentários á Lei 8.666/93, Coordenador Renato Geraldo Mendes, 9 a Edição, Editora Zênite, fevereiro de 2013, p ~ Q ~
10 fj BANCO DO BRASIL adimplemento do contrato a ser celebrado, no caso de compras para entrega futura e de execução de obras e serviços" Inegável, portanto, a licitude das disposições editalícias, por atenderem às disposições legais e revelarem a salvaguarda dos interesses da Administração, sob a primazia e respeito aos princípios regentes do procedimento licitatório. 4. Conclusão 4.1 Diante dos argumentos aqui articulados e demonstrados somos por conhecer da impugnação ao Edital do RDC Presencial 2014/04565 (4905) e no mérito negar provimento ao exposto pela Impugnante, mantendo-se as disposições do Edital inalteradas. Banco do Brasil S.A Programa Serviços em Infraestrutura Di -f/aljicún-ydl).~' Patrícia Pereira de Andrade Bosi Presidente da Comissão ~eael~q 6~~~ Bárbara Elionora Oliveira de Souza Membro da Comissão
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