SETOR CIBERNÉTICO NO EXÉRCITO BRASILEIRO Ricardo Henrique Paulino da Cruz 1. INTRODUÇÃO
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1 SETOR CIBERNÉTICO NO EXÉRCITO BRASILEIRO Ricardo Henrique Paulino da Cruz 1. INTRODUÇÃO A Estratégia Nacional de Defesa (END), aprovada pelo Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008, preconiza, dentre as ações de Segurança Nacional que: Todas as estâncias do Estado deverão contribuir para o incremento do nível de Segurança Nacional, com particular ênfase sobre: [...] o aperfeiçoamento dos dispositivos de segurança que reduzam a vulnerabilidade dos sistemas relacionados à Defesa Nacional contra ataques cibernéticos e, se for o caso, que permitam seu pronto restabelecimento, [...] As capacitações cibernéticas se destinarão ao mais amplo espectro [...] Incluirão, como parte prioritária, as tecnologias de comunicações entre todos os contingentes das Forças Armadas de modo a assegurar sua capacidade de atuar em rede. [...]. O desenvolvimento do setor cibernético, no âmbito da defesa, ficou sob a responsabilidade do Exército, conforme a Diretriz Ministerial 0014, de 09 NOV 09, que trata da Integração e Coordenação dos Setores Estratégicos da Defesa. O objetivo deste artigo é apresentar a visão do Exército Brasileiro sobre o setor cibernético. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. HISTÓRICO A aprovação da END criou os três setores estratégicos, o cibernético, o espacial e o nuclear. Desses somente o setor cibernético não estava claramente definido para qual força seria designado. O Ofício nº 035 do Comandante do Exército, de 03 de julho de 2009, o Comandante do Exército solicitou ao Ministro da Defesa que o exército fosse a principal força responsável pela condução do setor. A expedição da Diretriz Ministerial 0014 foi à materialização dessa solicitação pelo Exército. No dia 06 de agosto de 2010, foi ativado o Núcleo do Centro de Defesa Cibernética, tendo como sua atribuição à coordenação das atividades do setor cibernético no exército, bem como da promoção de ações que atendam ao preconizado na END, com ênfase na atuação em O autor é Coronel da arma de Comunicações, foi promovido em 30 Abril Atualmente é rede. adjunto da 2ª Subchefia do EME.
2 A criação dos projetos deu-se em 05(cinco) áreas de interesse: doutrina, inteligência, operações, recursos humanos e ciência e tecnologia. O setor cibernético está sendo implantado como um projeto estratégico da força terrestre, tendo como gerente o General de Divisão José Carlos e seguindo toda uma documentação de implantação com orientações emanadas do Estado-Maior do Exército (EME). 2.2 OBJETIVOS DO PROJETO Dentro das 05(cinco) áreas de interesse para o desenvolvimento do setor cibernético foram estabelecidos os seguintes objetivos gerais do projeto estratégico: - Disseminar, com as correspondentes medidas de salvaguardas, no âmbito do MD e das Forças Armadas (FA), as atividades do Setor Cibernético do EB. - Gerar capacidades e desenvolver doutrina que possibilitem o ingresso do EB no rol de exércitos que detêm capacidade de atuar no espaço cibernético, com os decorrentes benefícios para a atividade de Comando e Controle nos níveis estratégico, operacional e tático. - Ampliar e/ou adequar o arcabouço normativo existente para atender às novas necessidades geradas pela inserção do Setor Cibernético nos níveis estratégico, operacional e tático. - Implementar a gestão de recursos humanos para identificar, selecionar, capacitar e manter o pessoal para o Setor Cibernético. - Dotar o EB da infraestrutura necessária para desenvolver eficazmente todo o espectro de atividades cibernéticas, particularmente visando a proteger e defender os ativos de informação da Força Terrestre nas áreas de Segurança Cibernética, Defesa Cibernética e Guerra Cibernética. - Proporcionar condições para que o Sistema de Ciência e Tecnologia do EB realize a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), nas áreas de interesse do Setor Cibernético, visando à prospecção tecnológica e à pesquisa científica. - Conceber e implantar a estrutura organizacional do Centro de Defesa Cibernética do Exército, aproveitando, preferencialmente, as infraestruturas já existentes. - Desenvolver a cultura de Segurança da Informação e Comunicações (SIC) em todos os escalões do EB. - Promover a interação com projetos congêneres ou similares em desenvolvimento nas outras Forças, no MD, em nível governamental e também em instituições civis públicas e
3 privadas, bem como a interação com a comunidade acadêmica nacional e internacional, na área de SIC. - Implementar a estrutura de apoio tecnológico para atender às necessidades do Setor Cibernético. - Levantar as necessidades de recursos orçamentários para diversos projetos, estabelecendo um cronograma de desembolso. - Produzir os conhecimentos que se fizerem necessários à atividade de Inteligência para o EB. - Apoiar as operações de Força Terrestre com as atividades cibernéticas. 2.3 PROJETOS E RESPONSABILIDADES Os seguintes projetos e os respectivos responsáveis fazem parte do projeto estratégico: Estruturação de Capacitação, Preparo e Emprego Operacional, sob a responsabilidade do Comandante do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CComGEx); Planejamento e Execução da Segurança Cibernética, sob a responsabilidade do Chefe do Centro Integrado de Telemática do Exército (CITEx); Estrutura de Apoio Tecnológico e Desenvolvimento de Sistemas, sob a responsabilidade do Chefe do Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS); Estrutura de Pesquisa Científica na Área Cibernética, sob a responsabilidade do Comandante do Instituto Militar de Engenharia (IME); Rádio Definido por Software, sob a responsabilidade do Chefe do Centro Tecnológico do Exército (CTEx); Criação do Centro de Defesa Cibernética, Inteligência Cibernética, Gestão de Pessoal, Arcabouço Documental e da Rede Nacional de Segurança da Informação e Criptografia (RENASIC), sob a responsabilidade do Chefe do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber). A seguir, serão descritas as principais ações e objetivos de cada um dos projetos integrante do projeto estratégico do setor cibernético SEGURANÇA CIBERNÉTICA - Implantação da estrutura física e lógica para o tratamento de incidentes de segurança computacional.
4 - Implantação da estrutura física e lógica, nos Centro de Telemática de Área (CTA) e Centros de Telemática (CT), para prover serviço de acesso corporativo à internet para todas as OM do Exército. - Implantação da estrutura física e lógica para a realização de perícia forense nas OM do Sistema de Telemática do Exército. - Aperfeiçoamento da Infraestrutura de Chave Pública do EB. - Implantação de infraestrutura e processo para certificação de soluções de tecnologias das Informações e comunicações (TIC) CAPACITAÇÃO, PREPARO E EMPREGO OPERACIONAL - Adequação de cursos existentes e criação de novos cursos de extensão e de especialização para oficiais e sargentos. - Aquisição de simuladores para ensino de Guerra Cibernética no CIGE. - Instalação de laboratório para o treinamento de Defesa Cibernética. - Instalação de laboratório para o ensino de redes na EsCom. - Instalação de laboratórios para o ensino das tecnologias das informações e comunicações (TIC) para outras escolas da linha de ensino militar bélico. - Execução de exercício de simulação de combate de Guerra Cibernética. - Implantação de um Núcleo de Experimentação Operacional de Guerra Cibernética no CIGE. - Implantação de um Destacamento de Guerra Cibernética na 1ª Cia GE APOIO TECNOLÓGICO - Implantação da Divisão de Segurança da Informação e Comunicações no CDS, constituída das seguintes instalações: - Laboratório de Teste de Artefatos Maliciosos. - Laboratório de Análise de Técnicas de Invasão de Redes. - Seção de Desenvolvimento em Segurança da Informação e Comunicações (SIC). - Seção de Validação de Código. - Seção de Normatização. - Seção de Segurança em Software Livre. - Criação no CDCiber das seguintes atividades de apoio tecnológico: - Biblioteca Virtual Técnica. - Rede Virtual de Laboratórios.
5 - Portal de Informação Técnica PESQUISA CIBERNÉTICA - Plano de contratação temporária de pesquisadores e de técnicos em laboratório. - Criação de cursos de extensão universitária via ensino à distância(ead), presenciais e mistos, vinculados ao IME. - Criação de um campus avançado do IME em Brasília para realização de cursos de extensão. - Plano de condução de convênios na área científico-tecnológica entre o IME e outras instituições de ensino. - Proposição de temas de interesse do Setor Cibernético para a realização de teses de doutorado, dissertações de mestrado e monografias de cursos de extensão INTELIGÊNCIA CIBERNÉTICA - Modernização das atuais estruturas de Inteligência. - Proposta de capacitação de recursos humanos, no Curso de Guerra Cibernética, realizada mediante cooperação entre a EsIMEx e o CIGE. - Criação de estruturas de Inteligência voltadas para o Setor Cibernético. - Proposta da estrutura organizacional da Divisão de Inteligência do CDCiber ARCABOUÇO DOCUMENTAL - Elaboração e publicação da Norma de Referência do Setor Cibernético do Exército. - Elaboração e publicação do conjunto de novos documentos normativos necessários para regular as atividades de Segurança da Informação e Cibernética do Exército. - Elaboração e publicação das Instruções Provisórias relativas à Doutrina de Guerra Cibernética. - Revisão, elaboração e publicação de Instruções Gerais e Reguladoras sobre Segurança das Informações e Comunicações GESTÃO DE PESSOAL - Criação de Relatório de Análise Ocupacional. - Criação de Catálogo de Cargos e Atribuições.
6 - Criação de um Plano de Admissão de Pessoal Civil. - Mapeamento vocacional de militares. - Desenvolvimento de Sistema Informatizado para gerir o Plano de Movimentação para o Setor Cibernético. - Elaboração de Planos de Capacitação (no meio civil, no meio militar e continuada) CENTRO DE DEFESA CIBERNÉTICA (CDCiber) - Construção do prédio do CDCiber. - Proposta de Regulamento e de Regimento Interno experimental. - Proposta de Quadro de Cargos (QC) e de Quadro de Cargos Previstos (QCP) da OM de caráter experimental. - Proposta de Quadro de Dotação de Material (QDM) experimental. - Proposta de Sistemas de Informação do Setor Cibernético REDE NACIONAL DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E CRIPTOGRAFIA (RENASIC) Criado em Out 08 subordinada ao DSI/GSI-PR com apoio FINEP e transferido para o EB, sob a vinculação ao CDCiber no final de Estruturado em Comitê Diretor, Comitê Técnico-Científico e Equipe de Apoio Técnico e Administrativo. - Oito laboratórios virtuais (IME, ITA, CASOP e universidades civis) RÁDIO DEFINIDO POR SOFTWARE (RDS) Projeto de ciência e tecnologia (C&T ) criado com vista ao apoio FINEP, com o termo de referência aprovado pelo Ministério da Defesa (MD). Passou a incorporar ao Cibernético pela sua importância estratégica, sendo um projeto do MD sob gestão da Força e colaboração da Marinha e Força Aérea. 3. CONCLUSÃO O domínio do espaço cibernético constitui-se em um grande desafio no presente século, tornando-se uma nova fronteira a ser desbravada em razão de: ineditismo e assimetria. O ineditismo é devido à falta de modelos e referências, bem como da ausência de marcos legais; a assimetria onde o mais fraco pode levar vantagens. Isso pode conduzir a um novo
7 paradoxo, pois um maior desenvolvimento em todas as áreas implica no surgimento de novas vulnerabilidades. A Segurança e Defesa na área cibernética são temas que interessam a sociedade como um todo, havendo a necessidade de conscientização e colaboração, com o estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento do setor, mesmo no nível internacional. A criação e implantação do setor cibernético por meio de projeto no exército, sendo também o responsável no âmbito do Ministério da Defesa trouxe sinergia ao setor, bem como trará benefícios ao exército em curto espaço de tempo. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Defesa, Estratégia Nacional de Defesa. Brasília, Ministério da Defesa, Diretriz Ministerial 0014 Integração e Coordenação dos Setores Estratégicos da Defesa. Brasília, Exército Brasileiro, Portaria nº 05 Declarações de Escopo dos Projetos de Implantação do Setor Cibernético no Exército. Brasília, 2011.
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