SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS
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- Arthur Gabeira Neves
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1 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS Desde dia 1 de janeiro de 2010 passou a ser obrigatória, para todos os edifícios, a existência de um plano de segurança, apesar de se tratar de uma lei com cerca de dois anos a maior parte dos edifício continua sem cumprir esta exigência, e ainda mais grave, a desconhecer-se a obrigatoriedade da mesma. Até à publicação do Decreto-Lei nº 220/2008 de 12 de novembro, sobre a Segurança contra Incêndios a legislação relativa a esta matéria encontrava-se dispersa por vários diplomas de «desigual valor hierárquico» desde Resoluções do Conselho de Ministros, decretos-lei, decretos regulamentares e portarias, algumas delas com conteúdo minucioso, outras não passando de um plano muito genérico. De referir também que caso não existissem regulamentos específicos, o que acontecia para um elevado número de edifícios, era aplicado o Regulamento Geral das Edificações Urbanas, que data de 1951, e que para além de desatualizado é manifestamente insuficiente para a salvaguarda da segurança contra incêndio. Esta disseminação legislativa muitas vezes com conteúdos divergentes, ou até mesmo contraditórios, dificultava uma visão sistematizada por parte das entidades responsáveis pela aplicação da lei. Para além da necessidade de sistematização contribuíram para a publicação deste decreto: Criação do Serviço Nacional de Bombeiros e Proteção Civil. Criação da Autoridade Nacional de Proteção Civil, autoridade nacional com atribuições na área da segurança contra incêndio em edifícios, com competência para propor medidas legislativas e regulamentares consideradas necessárias neste domínio. Adoção das decisões da Comissão das Comunidades Europeias nº 2000/147/CE e 2003/632/CE relativas à classificação da reação ao fogo de produtos de construção, e nº 2000/367/CE e 2003/629/CE, respeitantes ao sistema de classificação de resistência ao fogo. Decreto-Lei nº 220/2008 de 12 de novembro A aplicação deste diploma visa reduzir ao mínimo a probabilidade de ocorrência de incêndio e na eventualidade do mesmo ocorrer limitar o seu desenvolvimento e minimizar os seus efeitos, nomeadamente, no que diz respeito à propagação do fumo e gazes de combustão e facilitar a evacuação e o salvamento dos ocupantes em risco. Âmbito de aplicação: Edifícios e frações autónomas, qualquer que seja a sua utilização. Os edifícios de apoio a postos de abastecimento de combustíveis, tais como estabelecimentos de restauração, comerciais e oficinas. 1
2 Os recintos. Não estão incluídos neste diploma: Os estabelecimentos prisionais e os espaços classificados de acesso restrito das instalações de forças armadas ou de segurança. Os paióis de munições ou explosivos e as carreiras de tiro. Na eventualidade de existência de feridos devem estar criados os meios necessários para facilitar a evacuação e o salvamento dos ocupantes em risco. Tipos de edifícios O Decreto classifica os edifícios em 12 categorias diferentes, agrupados segundo as suas características comuns e as finalidades a que se destinam. São estes os seguintes: «Habitacionais»: corresponde a edifícios ou frações autónomas destinadas à habitação, onde estão também incluídos os espaços comuns de acessos e áreas não residenciais reservadas ao uso exclusivo dos residentes. «Estacionamentos»: corresponde a edifícios ou parte de edifícios destinados à recolha de veículos e seus reboques, fora da via pública, ou recintos delimitados ao ar livre, se o fim for o mesmo. «Administrativos» - corresponde a edifícios e partes de edifícios onde se desenvolvem atividades administrativas como por exemplo: repartições públicas, escritórios e tribunais. «Escolares»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios onde se ministram ações de educação, ensino e atividades lúdicas ou educativas para crianças e jovens. «Hospitalares e lares de idosos»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios que recebem público e estão destinados à execução de ações de diagnóstico ou à prestação de cuidados na área da saúde com ou sem internamento ou ao apoio de pessoas idosas. «Espetáculos e reuniões públicas»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios recintos itinerantes ou provisórios e ao ar livre que recebam público, destinados entre outros, espetáculos, reuniões públicas exibições de meios audiovisuais, bailes, jogos e conferências. «Hoteleiros e restauração»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios, que recebam público, fornecendo alojamento temporário ou exercendo atividades de restauração e bebidas em regime de ocupação exclusiva ou não, nomeadamente os destinados a empreendimentos turísticos alojamento local, dormitórios entre outros ficam excluídos deste tipo os parques de campismo e caravanismo. «Comerciais e gares de transporte»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios, recebendo público, ocupados por estabelecimentos comerciais onde se exponham e vendam materiais, produtos, equipamentos ou outros bens, destinados a ser consumidos no exterior do estabelecimento, ou ocupados por gares destinados a aceder a meio de transporte. 2
3 «Desportivos e de lazer»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios, recebendo ou não público, destinados a atividades desportivas e de lazer, nomeadamente estádios picadeiros, hipódromos campos de jogos, velódromos, autódromos, campos de jogos, piscinas, pistas de patinagem entre outros. «Museu e galerias de arte»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios, recebendo ou não público, destinados à exibição de peças de património histórico e cultural ou a atividades de exibição, demonstração e divulgação de carácter científico, cultural ou técnico, nomeadamente museus, galerias de arte, oceanários, aquários, instalações de parques zoológicos e botânicos. «Bibliotecas e arquivos»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios, recebendo ou não público, destinados a arquivo documental, podendo disponibilizar os documentos para ou visualização no próprio local ou não, nomeadamente bibliotecas, mediatecas e arquivos. «Indústrias, oficinas e armazéns»: corresponde a edifícios ou partes de edifícios, ou recintos ao ar livre, não recebendo habitualmente público, destinados ao exercício de atividades industriais ou ao armazenamento de matérias, substâncias, produtos ou equipamentos, oficinas de reparações e todos os serviços auxiliares ou complementares destas atividades. De acordo com esta classificação deverão ser aplicadas um conjunto de medidas comuns de segurança para cada um dos grupos de edifícios de acordo com o risco que representam. TIPO DE RISCO risco A risco B risco C CLASSIFICAÇÃO DOS LOCAIS QUANTO AO RISCO REQUISITOS Local que não apresenta riscos especiais. As atividades nele exercidas ou os produtos, materiais e equipamentos que contêm não envolvem riscos agravados de incêndio. Local acessível ao público ou ao pessoal afeto ao estabelecimento. As atividades nele exercidas ou os produtos, materiais e equipamentos que contêm não envolvem riscos agravados de incêndio. Local apresenta riscos agravados de eclosão e desenvolvimento de incêndio devido quer às características nele desenvolvidas quer às características dos produtos, materiais ou equipamentos nele existentes designadamente à carga de incêndio. LOCAIS Efetivo não exceda 100 pessoas. Efetivo de público não exceda 50 pessoas. Mais de 90% dos ocupantes não se encontrem limitados na mobilidade ou nas capacidades de perceção e reação a um Efetivo superior a 100 pessoas ou um efetivo superior a 50 pessoas. Mais 90% dos ocupantes não se encontrem limitados na mobilidade ou nas capacidades de perceção e reação a um Oficinas de manutenção e recuperação: Sejam destinados a carpintaria Sejam utilizadas chamas nuas, aparelhos envolvendo projeção de faíscas ou elementos incandescentes em contacto com o ar associados à presença de materiais facilmente inflamáveis. Farmácias, laboratórios, oficinas e outros locais onde sejam produzidos, depositados, armazenados ou manipulados líquidos, inflamáveis em quantidade superior a 10L Cozinhas em que sejam instalados aparelhos, ou grupos de aparelhos, para confeção de alimentos ou sua conservação, com potencial total superior a 20kW, com exceção das incluídas no interior das habitações. Lavandarias e rouparias com área superior a 50m2 em que sejam instalados aparelhos, ou grupos de aparelhos, para lavagem, secagem, ou engomagem, com potência total útil superior a 20kW. Instalações de frio para conservação cujos aparelhos - possuam potência total útil superior a 70kW. Arquivos depósitos, armazéns e arrecadações de produtos ou material diverso com volume superior a 100m3. 3
4 TIPO DE RISCO risco C risco D risco E risco F CLASSIFICAÇÃO DOS LOCAIS QUANTO AO RISCO REQUISITOS Local apresenta riscos agravados de eclosão e desenvolvimento de incêndio devido quer às características nele desenvolvidas quer às características dos produtos, materiais ou equipamentos nele existentes designadamente à carga de incêndio. um estabelecimento com proeminência de pessoas acamadas destinados a receber crianças com idade não superior a seis anos ou pessoas limitadas na mobilidade ou nas capacidades de perceção e reação um um estabelecimento destinado a dormida, em que as pessoas não apresentem as limitações indicadas nos locais de risco D. Local que possua meios e sistemas essenciais à continuidade de atividades sociais relevantes, nomeadamente os centros nevrálgicos de comunicação, comando e controlo. LOCAIS Reprografias com área superior a50m2. Locais de recolha de contentores ou de compactados de lixo com capacidade superior a 10m3. Locais afetos a serviços técnicos em que sejam instalados equipamentos elétricos, eletromecânicos ou térmicos com potência total superior a 70kW, ou armazenando combustíveis. Locais de pintura e aplicação de vernizes. Centrais de incineração. Locais cobertos de estacionamento de veículos com área compreendida entre 50m2 e 200m2, com exceção dos estacionamentos individuais, em edifícios destinados à recolha exclusiva de veículos e seus reboques. Outros locais que possuam uma densidade de carga de incêndio modificada superior a 1000MJ/m2 de área útil associado à presença de materiais facilmente inflamáveis e os que comportem risco de explosão. Quartos nos locais afetos à execução de ações de diagnóstico ou à prestação de cuidados na área da saúde com ou sem internamento. Enfermarias ou grupos de enfermarias e respetivas circulações horizontais exclusivas. Salas de estar, de refeições e de outras atividades ou grupos dessas salas e respetivas circulações horizontais exclusivas, destinadas a pessoas idosas ou doentes em locais afetos à execução de ações de diagnóstico ou prestação de cuidados na área da saúde. Salas de dormida, de refeições e de outras atividades destinadas a crianças com idade inferior a 6 anos ou grupos dessas salas e respetivas circulações horizontais exclusivas em locais afetos a locais em que se ministrem ações de formação ou exerçam atividades lúdicas para crianças e jovens. Quartos e suites em espaços afetos à utilização de alojamento temporário ou exercendo atividades de restauração. Quartos afetos à utilização superior a 6 anos ou grupos dessas salas e respetivas circulações horizontais exclusivas em locais afetos a locais em que se ministrem ações de formação ou exerçam atividades lúdicas para crianças e jovens. Espaços turísticos destinados a alojamentos, incluindo os afetos a turismo do espaço rural, de natureza e habitação. Camaratas ou grupos de camaratas e respetivas circulações horizontais exclusivas. Centros de controlo de tráfego rodoviário, ferroviário, marítimo ou aéreo. Centros de gestão, coordenação ou despacho de serviços de emergência, tais como centrais 112, centros de operações de socorros e centros de orientação de doentes urgentes. Centros de comando e controlo de serviços públicos ou privados de distribuição de água, gás e energia elétrica Centrais de comunicações das redes públicas. Centros de processamento e armazenamento de dados informáticos de serviços públicos com interesse social relevante. Competência para assegurar o cumprimento do regime de SCIE Cabe à Associação Nacional de Proteção Civil (ANPC) assegurar o cumprimento do regime de segurança contra incêndios em edifícios, sendo também da sua competência atribuir a credenciação de entidades para a realização de vistorias e de inspeções das condições de Segurança contra Incêndios em Edifícios. 4
5 No caso de edifícios e recintos em fase de projeto e construção são responsáveis pela aplicação e verificação das condições de segurança os seguintes intervenientes: Os autores dos projetos e os coordenadores de projetos de operações urbanísticas. A empresa responsável pela execução da obra. O diretor da obra e o diretor de fiscalização da obra. Os edifícios frações ou recintos estão sujeitos à realização de inspeções regulares a realizar pela ANPC ou por entidade por ela credenciada que visam verificar as condições de SCIE e da execução das medidas de autoproteção. Medidas de autoproteção As medidas de segurança e autoproteção são da responsabilidade dos respetivos proprietários com exceção das partes comuns do edifício (Edifícios Habitacionais) que são da responsabilidade do administrador do condomínio, de quem detiver a exploração do edifício ou do recinto, ou das entidades gestoras no caso de edifícios que dispunham de espaços comuns (Restantes grupos de Edifícios). As medidas de autoproteção consagram as seguintes ações: Medidas preventivas que assumem a forma de um conjunto de procedimentos a seguir para prevenir o risco de incêndio. Medidas de intervenção que em caso de incêndio assumem a forma de procedimentos de emergência ou de planos de emergência interna. Registo de segurança é de primordial importância, porque nele constam o registo de todas as vistorias e inspeções realizadas relacionadas com o SCIE. Formação em SCIE ações de formação destinadas a todos os funcionários e colaboradores das entidades, ou formação especifica, destinada aos delegados de segurança e outros elementos que lidam com situações de risco contra incêndio. Simulacros que visam preparar os ocupantes para eventuais situações de incêndio estes exercício são realizados com a periodicidade a seguinte periodicidade prevista no regulamento técnico que estabelece as condições técnicas gerais e específicas de SCIE. Plano de segurança O Plano de Segurança é um conjunto de normas e regras que é constituído pelo Plano de Prevenção pelo plano de emergência interna e pelos registos de segurança. As entidades responsáveis pela implementação destas medidas são, a Autoridade Nacional de Proteção Civil, os municípios na sua área territorial e à Autoridade de Segurança Alimentar. A violação do disposto no presente regime jurídico é punida com coima desde os 379 para as pessoas singulares até aos para as pessoas coletivas. 5
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