Direito Tributário. Parte V O Crédito Tributário
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- Branca Flor Mascarenhas Barata
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1 Direito Tributário Parte V O Crédito Tributário
2 1. Crédito Tributário Generalidades
3 ... É o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado, sujeito ativo, pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável, sujeito passivo, o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária objeto da relação obrigacional. Hugo de Brito Machado
4 Crédito Tributário (Conceito) Seu nascimento ocorre com o lançamento tributário (art. 142 do CTN). Lançamento é o instrumento que confere a exigibilidade à obrigação tributária, quantificando-a (aferição do quantum debeatur) e qualificando-a (identificação do an debeatur). O crédito tributário é a obrigação tributária tornada líquida e certa por intermédio do lançamento. Para haver lançamento e, assim, crédito tributário, é necessário que exista fato gerador e,portanto, obrigação tributária. O crédito tributário não surge com o fato gerador. Ele é constituído com o lançamento (artigo 142 do CTN). (STJ, REsp /DF, 1ª T., Rel. Min. Garcia Vieira, j. 06/06/2000).
5 2. Lançamento Conceito e Generalidades
6 Lançamento (Conceito) Art. 142 do CTN: Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
7 Lançamento (Funções) a) Verificar a ocorrência do fato gerador: descobrir se há adequação do fato em análise com o paradigma legal Funções do Lançamento b) Determinar a matéria tributável: felimitar as fronteiras exatas da incidência tributária no caso concreto (é caso de isenção, p. ex.) c) Calcular o montante do tributo devido: determinação da base de cálculo e da alíquota aplicável d) Identificar o sujeito passivo: nome da pessoa física ou jurídica que deve arcar com o ônus tributário, como contribuinte ou responsável e) Propor, se caso o for, a aplicação da penalidade cabível: verifica se é o caso de impor penalidades (multas)
8 Lançamento (Modalidades) O CTN prevê três modalidades de lançamento, a depender do maior ou menor auxílio do contribuinte no ato de constituição do crédito tributário. Direto: art. 149, I, do CTN (também chamado de ofício ou ex officio ); Misto: art. 147 do CTN (também chamado por declaração ); Por homologação: art. 150 (também chamado autolançamento ).
9 Lançamento (Modalidades: Direto) Aquele em que o Fisco, por meio da autoridade administrativa, dispondo de dados suficientes em seus registros para efetuar a cobrança do tributo, realiza-o, dispensando o auxílio do contribuinte. Art. 149 do CTN. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine. Não há qualquer colaboração do sujeito passivo.
10 Lançamento (Modalidades: Direto) Todos os atos que integram o procedimento do lançamento serão realizados no âmbito da Administração, prescindindo-se de auxílio externo. Ex.: IPTU, IPVA, taxas, contribuições de melhoria, contribuições corporativas (conselhos profissionais), etc. No IPVA, p. ex., o Estado mantém cadastro com todos os dados necessários à cobrança do imposto: ano e marca do veículo, potência, combustível, proprietário, domicílio, etc.
11 Lançamento (Modalidades: Misto) É aquele realizado com base na declaração do sujeito passivo, que presta à autoridade lançadora as informações necessárias à sua confecção. Ação conjugada entre Fisco e contribuinte, cabendo a este a prestação de informações faltantes, e àquele, a feitura do lançamento propriamente dito. Art. 147 do CTN. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação..
12 ... nem sempre a Administração disporá de dados bastantes para proceder ao lançamento, suprindo tal deficiência de informação com a declaração prestada pelo particular, em pleno cumprimento de uma obrigação acessória ou colateral [...]. o sujeito passivo informa ao Fisco matéria de fato na declaração prestada, e, com supedâneo nesta, a entidade tributante calcula o gravame e o notifica para pagar a exação tributária. Eduardo Sabbag
13 Lançamento (Modalidades: Misto) Modalidade em franco desuso e quase inexistente, nos dias atuais. Ex.: Podem ser o ITBI, II e IE. No caso do ITBI, é possível que determinado Município preveja que os contribuintes devem apresentar à autoridade tributária competente, em formulário próprio, informação sobre a venda do imóvel, indicando, inclusive, o valor do negócio. A partir destes dados, a autoridade irá apurar o valor devido, a título de ITBI, identificando o sujeito passivo e notificando-o a pagar o valor apurado.
14 Lançamento (Modalidades: Por Homologação) O contribuinte auxilia ostensivamente o Fisco na atividade do lançamento, recolhendo o tributo antes de qualquer providência da Administração, com base em montante que ele próprio mensura. A legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. A referida autoridade, após tomar conhecimento da atividade do contribuinte, pode (ou não) a homologar.
15 Lançamento (Modalidades: Por Homologação) Art. 150 do CTN: O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.. Após o pagamento antecipado pelo contribuinte, o Fisco procede à conferência do valor recolhido, homologando, expressa ou tacitamente, o procedimento adotado.
16 Lançamento (Modalidades: Por Homologação) É a modalidade mais observada no País. Ex.: ICMS, IPI, IR, ISS, etc. No caso do IR, o contribuinte informa os rendimentos e as fontes pagadoras (matéria de fato) e as enquadra como isentas, tributáveis ou sujeitas à tributação exclusiva (matéria de direito), bem como as despesas (matéria de fato) e as afere como dedutíveis ou não dedutíveis (matéria de direito). Isto poderá resultar em valor de pagamento para o contribuinte, que o recolherá até a data prevista. Após tal pagamento, a União verificará a exatidão das informações e as homologará.
17 Lançamento (Modalidades: Por Homologação) Art. 150, 1º, do CTN. O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.. Caso o pagamento não seja homologado, a extinção do crédito é desfeita e o Fisco cobrará a diferença. Caso o pagamento seja homologado, o crédito continua a ser tido por extinto.
18 Lançamento (Modalidades: Por Homologação) Art. 150, 4º, do CTN. Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.. Após o pagamento antecipado pelo contribuinte, o Fisco possui o prazo de 5 anos para sua conferência e homologação. Caso ultrapassado os 5 anos sem manifestação do Fisco, haverá homologação tácita, extinguindo-se definitivamente o crédito tributário.
19 Lançamento (Modalidades: Por Homologação) Declaração Homologação a) Fisco faz o lançamento com base nas declarações e calcula o valor devido; b) Contribuinte não paga antes de ser notificado do lançamento. a) Contribuinte é obrigado a apurar o valor do tributo; b) Contribuinte antecipa o pagamento respectivo.
20 Lançamento (Revisão) Até a notificação do devedor, a revisibilidade do lançamento é absoluta. Após a notificação oficial do devedor (aviso de lançamento ou carnê de cobrança), o lançamento só pode ser revisto nas hipóteses previstas em lei. Art. 145 do CTN. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I - impugnação do sujeito passivo; II - recurso de ofício; III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149..
21 Lançamento (Revisão: Impugnação do Sujeito Passivo) A defesa ou reclamação apresentada na órbita administrativa, caso o sujeito passivo discorde parcial ou totalmente do lançamento anteriormente efetuado. Decorrência dos princípios do contraditório e ampla defesa, previstos no art. 5º, LV, da CRFB.
22 Lançamento (Revisão: Recurso de Ofício) Possibilidade de rejulgamento da decisão de primeira instância, na órbita administrativa, que tenha trazido situação favorável ao reclamante e contrário ao Fisco. Recurso automático sempre que a decisão de primeira instância exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa ou deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens.
23 Lançamento (Revisão: Iniciativa de Ofício) Motivos que obrigam a Administração Tributária a corrigir os lançamentos eivados de erros ou omissões, sejam eles de quaisquer modalidades. Como a Administração Pública deve agir sempre em concordância com a lei, não pode deixar de agir para corrigir ato que fira a lei, devendo sanar os vícios e incorreções do lançamento, ainda que sem provação do interessado.
24 Lançamento (Revisão: Iniciativa de Ofício) Art. 149 do CTN. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial..
25 Lançamento (Revisão: Iniciativa de Ofício) Art. 149 do CTN. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; [lançamento de ofício] V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; [lançamento por homologação não pago ou recolhido a menor] VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; [devedor induz o Fisco ao erro] VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; [erro de fato] IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. [falta funcional da autoridade responsável].
26 3. Crédito Tributário Constituição, Suspensão e Extinção
27 Crédito Tributário (Constituição) A maior parte da doutrina e jurisprudência entende que o crédito tributário é constituído quando o lançamento tornou-se definitivo, insusceptível de modificação pelos órgãos incumbidos de fazê-lo. Significa dizer, ao final do processo administrativo (ou judicial), com a intimação do sujeito passivo a respeito da decisão irrecorrível.
28 Crédito Tributário (Constituição) A constituição do crédito, então, depende do comportamento do sujeito passivo frente ao lançamento: Sujeito Passivo x Lançamento Não impugna e nem paga: constituição definitiva Quita o débito: extinção Impugna o lançamento e perde: constituição definitiva Impugna o lançamento e ganha: extinção
29 Crédito Tributário (Constituição) Lançamento Inadimplência Impugnação Quitação Suspensão da Exigibilidade Decisão Favorável ao Fisco Julgamento Decisão Desfavorável ao Fisco Constituição Definitiva Extinção do Crédito
30 Crédito Tributário (Suspensão) Após a constituição do crédito tributário pelo lançamento, torna-se exigível a obrigação, determinando que o sujeito passivo realize seu pagamento, sob pena do Fisco executar a dívida. No entanto, há situações em que se suspendem as medidas de cobrança intentáveis pelo Fisco. A autoridade fiscal não fica impedida de realizar o lançamento, impedindo-se apenas a cobrança do débito. A suspensão não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias (art. 151, parágrafo único, do CTN).
31 Crédito Tributário (Suspensão) Art. 151 do CTN. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial VI o parcelamento..
32 Crédito Tributário (Suspensão: Moratória) Moratória é a dilação do prazo de vencimento do tributo. Pode ser concedida em caráter geral ou individual. É concedida em situações que atingem a capacidade de pagamento de certos segmentos econômicos (quebra de safras agrícolas, crises cambiais, calamidades etc.), e impede que o sujeito ativo proceda à cobrança do crédito durante o prazo adicional concedido ao sujeito passivo.
33 Crédito Tributário (Suspensão: Moratória) A moratória somente pode ser prevista em lei (art. 97 do CTN). Art A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I - o prazo de duração do favor; II - as condições da concessão do favor em caráter individual; III - sendo caso: a) os tributos a que se aplica; b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual; c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual..
34 Crédito Tributário (Suspensão: Moratória) Se a lei não dispuser diferentemente, só os créditos definitivamente constituídos ou com lançamento iniciado por notificação regular, à data da lei ou do despacho concessor, são atingidos pela medida (art. 154 do CTN). A moratória não aproveita as situações de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou de terceiro em seu benefício (art. 154, parágrafo único, do CTN).
35 Crédito Tributário (Suspensão: Depósito)... ato voluntário do sujeito passivo da relação tributária que pretenda suspender a exigibilidade do crédito tributário e, por isso mesmo, não depende de autorização do juiz, nem de qualquer outra autoridade (Hugo de Brito Machado). Bastante comum na via judicial, não sendo tão rotineiro, no entanto, na via administrativa. Para suspender o crédito, deve ser integral e em dinheiro (Súmula 112 do STJ). Ao final do processo em que houve depósito: Se vencedor o fisco, converte-se o depósito em renda; Se vencedor o sujeito passivo, levanta-se o depósito.
36 Crédito Tributário (Suspensão: Reclamações e Recursos) Decorrência do direito à ampla defesa e ao contraditório. Uma vez efetuado o lançamento, cabe defesa contra a exigência do fisco que verse sobre qualquer elemento que se entenda impugnável. Todas as defesas e recursos estipulados em lei, que venham a ser tempestivamente protocolizados na repartição pública, como forma de oposição ao lançamento tributário, têm efeito suspensivo.
37 Crédito Tributário (Suspensão: Decisões Judiciais) Concessão de medida liminar em mandado de segurança e a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação. Decisões judiciais provisórias, que suspendem o crédito tributário até resolução final da ação. Não impedem o lançamento, apenas a cobrança do débito.
38 Crédito Tributário (Suspensão: Parcelamento) Procedimento suspensivo do crédito, caracterizado pelo comportamento comissivo do contribuinte, que se predispõe a carrear recursos para o Fisco, mas não de uma vez (Eduardo Sabbag). Forte semelhança entre ele e a moratória. O direito ao parcelamento só ocorre após ser concedido pela autoridade administrativa que a lei fixa como competente para apreciá-lo (STJ, MS DF, 1ª T., Rel. Min. José Delgado, j. 10/11/1997).
39 Crédito Tributário (Extinção) Diretas (Independem de lei) Indiretas (Dependem de lei) Processuais a) Pagamento b) Homologação do pagamento antecipado c) Decadência d) Prescrição a) Compensação b) Transação c) Remissão d) Dação em pagamento de bens imóveis a) Conversão de depósito em renda b) Consignação em pagamento c) Decisão administrativa irrecorrível d) Decisão judicial definitiva
40 Crédito Tributário (Extinção: Pagamento) Adimplemento de obrigação pecuniária, em moeda nacional ou valor que nela se possa exprimir. No caso de cometimento de infrações, o valor destas soma-se ao do tributo, não sendo possível que o pagamento deste seja substituído pelo daquelas (art. 157 do CTN). O pagamento de um crédito não presume nem o pagamento de parcelas que o antecedem nem o de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos (art. 158 do CTN).
41 Crédito Tributário (Extinção: Pagamento) O crédito tributário deve ser adimplido na repartição competente do domicílio do credor. O tempo do pagamento é livremente fixado pela legislação; caso esta seja omissa, o vencimento deve ser considerado trinta dias após a data da notificação do lançamento (art. 160 do CTN). A legislação pode permitir desconto para os adimplementos antecipados (art. 160, parágrafo único, do CTN). O pagamento em atraso importa em: (a) juros de mora (1% a.m., se a lei não dispuser de forma diversa); (b) penalidades (multa moratória); (c) medidas de garantia previstas em lei (art. 161 do CTN).
42 Crédito Tributário (Extinção: Homologação do Pagamento Antecipado) Casos de lançamento por homologação. Na sistemática do lançamento por homologação, o pagamento é feito antes do próprio lançamento (antecipado, portanto). Daí a extinção não se operar no momento do pagamento, mas no da homologação (expressa ou ficta, como já estudado).
43 Crédito Tributário (Extinção: Decadência) Com a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, surge, para o fisco, o direito de constituir o crédito mediante lançamento. Tal direito, entretanto, não é eterno, estando sujeito ao decurso do tempo. A lei, então, impõe que tal direito seja constituído em um prazo extintivo, decadencial, sob pena de perda do próprio direito de crédito. O prazo decadencial é de cinco anos, mas seu termo inicial varia de acordo com as situações táticas descritas no próprio CTN:
44 Crédito Tributário (Extinção: Decadência) Regra Geral a) Do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN) Regras Especiais a) Da data da notificação de início da constituição do crédito tributário ou de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento (art. 173, parágrafo único, do CTN) b) Da data em que se tornar definitiva a decisão anulatória, por vício formal, do lançamento anteriormente efetuado (art. 173, II, do CTN) c) Da data do fato gerador, para os tributos sujeitos a homologação (art. 150, 4, do CTN).
45 Crédito Tributário (Extinção: Decadência) Regra geral: Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Ocorrido um fato gerador em qualquer período do ano de 2006, p.ex., o prazo decadencial inicia-se em 1º/01/2007 e vai até 31/12/2011. Regra Especial 1: Da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Atos administrativos do fisco que informam ao sujeito passivo que uma ação fiscal foi iniciada, visando apurar a ocorrência de fatos geradores e efetivar os lançamentos dos créditos tributários porventura devidos. Ex.: Termos de início de ação fiscal, por meio dos quais os agentes do fisco requisitam documentos contábeis e fiscais para auditá-los.
46 Crédito Tributário (Extinção: Decadência) Regra Especial 1: Da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. É uma regra antecipatória do início do marco decadencial, baseada, logicamente, no conhecimento do fisco a respeito da ocorrência de fatos geradores. Ex.: fato gerador ocorrido em 10/02/2006. Termo de Início de Ação Fiscal recebido pelo contribuinte em 15/04/2006, decadência em 14/04/2011.
47 Crédito Tributário (Extinção: Decadência) Regra Especial 2: Da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. O lançamento já foi efetuado, só que, por ter sido anulado por vício formal, abrese, novamente, mais um período de cinco anos para que o crédito seja constituído por meio de um lançamento substitutivo. Ex. de vícios formais: preterição do direito de defesa, incompetência da autoridade lançadora, etc.
48 Crédito Tributário (Extinção: Decadência) Regra Especial 3: Da data do fato gerador, para os tributos sujeitos a homologação. Regra especial à contagem do prazo decadencial geral, mais benéfica ao sujeito passivo, trazendo o início do prazo para a data do fato gerador da obrigação, tornando-o, portanto, mais curto que o da regra geral. Esse prazo especial somente é aplicado se houve pagamento antecipado e não tenha havido dolo, simulação ou fraude pelo devedor.
49 Crédito Tributário (Extinção: Prescrição) Caso se torne inadimplente, o sujeito passivo viola o direito de cobrança do fisco, causando-lhe uma lesão, possibilitando que a cobrança do crédito seja forçada, isto é, feita na via judicial. O início da inadimplência marca, também, o início do prazo prescricional que corre contra o fisco (art. 174 do CTN). Entre o fato gerador e o lançamento, o prazo é de decadência; após o lançamento, o prazo é de prescrição.
50 Crédito Tributário (Extinção: Prescrição) Prescrição Fato Gerador Lançamento Decadência
51 Crédito Tributário (Extinção: Prescrição) O prazo prescricional se inicia com a constituição definitiva do crédito tributário. Art. 174, parágrafo único, do CTN. A prescrição se interrompe: I pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor..
52 Crédito Tributário (Extinção: Prescrição) Caso ocorra qualquer uma das hipóteses previstas no art. 174, parágrafo único, do CTN, o prazo prescricional se reinicia. Ex.: crédito tributário constituído em 02/01/2006, a prescrição se daria em 1º/01/2011. Contudo, o devedor foi citado da execução fiscal deste crédito em 03/02/2009. Assim, se inicia um novo prazo prescricional de 5 anos, de forma que a prescrição somente ocorrerá em 02/02/2014.
53 Crédito Tributário (Extinção: Prescrição) Caso ocorra qualquer uma das hipóteses previstas no art. 174, parágrafo único, do CTN, o prazo prescricional se reinicia. Ex.: crédito tributário constituído em 02/01/2006, a prescrição se daria em 1º/01/2011. Contudo, o devedor foi citado da execução fiscal deste crédito em 03/02/2009. Assim, se inicia um novo prazo prescricional de 5 anos, de forma que a prescrição somente ocorrerá em 02/02/2014.
54 Crédito Tributário (Extinção: Compensação) Art. 170 do CTN. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.. Situações em que o contribuinte deve para o Fisco, mas o Fisco também deve para o contribuinte. O direito à compensação não é autoaplicável, depende de lei autorizativa que defina os casos em que o instituto será aplicado. Não havendo permissivo legal, o tributo recolhido em excesso dever ser objeto de pedido de restituição (art. 165 do CTN).
55 Crédito Tributário (Extinção: Transação) Art. 171 do CTN. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção de crédito tributário.. Acordo firmado entre o Fisco e o contribuinte. Deve ser conduzida nos estritos limites da lei autorizativa.
56 Crédito Tributário (Extinção: Remissão) É o perdão da dívida. Qualquer remissão relativa a impostos, taxas ou contribuições só poderá ser concedida por lei específica, que regule exclusivamente a matéria ou o correspondente tributo ou contribuição (art. 150, 6, da CRFB).
57 Crédito Tributário (Extinção: Remissão) A remissão pode ser autorizadas nas situações a seguir (art. 172 do CTN): Situação econômica do sujeito passivo; Ignorância/erro escusáveis quanto à matéria de fato; Diminuta importância do crédito tributário; Equidade relativa às características pessoais/materiais do caso; Condições peculiares das regiões do território da entidade tributante. A concessão da remissão pode ser anulada, caso se verifique que o remitido não satisfez ou deixou de satisfazer as condições, ou não cumpriu ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor.
58 Crédito Tributário (Extinção: Dação em Pagamento) Contribuinte dá bens imóveis ao Fisco, em vez de realizar o pagamento em moeda. É preciso lei do ente competente especificando a forma e as condições para a realização da dação em pagamento.
59 Crédito Tributário (Extinção: Conversão de Depósito) Depósito Fisco perde Fisco ganha Depósito é levantado pelo contribuinte Depósito é convertido em renda
60 Crédito Tributário (Extinção: Consignação em Pagamento) Um tipo de depósito efetuado por quem quer pagar o tributo, mas não consegue por culpa do Fisco. Art. 164 do CTN. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador..
61 Crédito Tributário (Extinção: Consignação em Pagamento) Ex. dos incisos I e II: É cabível a ação consignatória para pagamento dos valores devidos a título de IPTU, independentemente do recolhimento das taxas de coleta e remoção de lixo e de combate a sinistros, constantes dos mesmos carnês de cobrança, desde que o contribuinte entenda indevida a cobrança das referidas taxas e pretenda discuti-las judicialmente. (STJ, REsp , DJ 28/02/2005) Ex. do inciso III: IPI vs. ISS (recauchutagem de pneus); ICMS vs. ISS (serviços de valor adicionado em telefonia, provedores de internet); IPTU vs. ITR (dissenso quanto à localização do imóvel, se na área rural ou urbana), etc.
62 Crédito Tributário (Extinção: Consignação em Pagamento) A ação se inicia pelo depósito da quantia referente ao crédito que se quer pagar. Portanto, a rigor, durante a ação, o crédito fica suspenso. A extinção só se dá quando, ao final, a ação consignatória é julgada procedente. A ação não serve para discutir se o tributo é ou não devido.
63 Crédito Tributário (Extinção: Decisão Administrativa) Assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória (art. 156, IX, do CTN). É aquela proferida em impugnação ou recurso, por órgãos singulares ou colegiados, favorável à pretensão do sujeito passivo, porquanto fulmina total ou parcialmente o crédito tributário. É definitiva, irreformável, e desconstitutiva do lançamento.
64 Crédito Tributário (Extinção: Decisão Judicial) É aquela proferida favoravelmente ao sujeito passivo pelos órgãos jurisdicionais, não mais sujeita a recurso e, por isso mesmo, imutável e indiscutível pelas partes. É definitiva, irreformável, e desconstitutiva do lançamento.
65 4. Repetição de Indébito Conceito e Generalidades
66 Repetição de Indébito Na linguagem jurídica, repetir significa a restituição, a devolução de algo. A repetição de indébito tributário é restituição do pagamento indevido feito pelo contribuinte ao Fisco, seja porque ultrapassam o montante devido, seja porque não dizem respeito a nenhuma relação tributária havida entre Estado (sujeito ativo) e contribuinte (sujeito passivo). O instituto deriva de princípio geral de direito que veda o enriquecimento sem causa. Aquele que tem direito à restituição pode optar, obviamente, por compensar o crédito com outros devidos ao fisco.
67 Repetição de Indébito O direito à restituição do indébito prescreve em cinco anos, a contar da data (art. 168 do CTN): Da extinção do crédito tributário (incisos I e II do art. 165); Em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória (inciso III do art. 165).
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