2 Fase conceptual da investigação Objectivos e perguntas de partida
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- Leonor Madureira Marques
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1 2 Fase conceptual da investigação 2.1. Objectivos e perguntas de partida
2 Investigação científica Deve iniciar-se com a formulação de um problema O objectivo da investigação é a solução desse problema. O problema deve ser levantado como uma proposição interrogativa, é uma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar solução (Soares, 2003) 2 In Metodologia Científica
3 Os objectivos da investigação e as suas questões e hipóteses A formulação do objectivo do estudo, das questões de investigação e das hipóteses estabelece a ponte entre o problema e o desenho, os métodos de colheita dos dados e as análises O objectivo do estudo num projecto de investigação é um enunciado declarativo que precisa a orientação da investigação segundo o nível dos conhecimentos estabelecidos no domínio em questão; precisa as variaveis-chave, a população-alvo e a orientação da investigação 3 In O processo de Investigação
4 Os objectivos da investigação e as suas questões e hipóteses Nível I Explorar o domínio e o conceito para extrair dele todas as manifestações com vista a descrever o fenómeno Descrever ; Explorar. Nível II Descobrir relações e descrevê-las, existindo já teorias sobre o assunto que suportem a questão Descrever as relações entre - Uma vez descobertas e descritas as relações, o investigador deseja frequentemente explorar a natureza das relações entre as variáveis. O objectivo será Explorar a relação entre e 4 In O processo de Investigação
5 Os objectivos da investigação e as suas questões e hipóteses Nível III Examinar a força e direcção das relações; determinar o grau de influencia duma variável sobre a outra e como esta influencia contribui para explicar a variação desta variável. Considerando que neste nível o estado dos conhecimentos é suficientemente avançado para formular hipóteses, o objectivo será verificar a natureza da relação entre as variáveis de modo a poder explicar esta relação Determinar ; examinar 5 In O processo de Investigação
6 Os objectivos da investigação e as suas questões e hipóteses Nível IV Os conhecimentos estabelecidos no domínio permitem predizer os resultados dum estudo. Formula-se uma hipótese, a qual presume que existem relações entre variáveis X provoca efeito em Y O objectivo do estudo será: Avaliar os efeitos. ; avaliar a eficácia de 6 In O processo de Investigação
7 1 2 INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA INVESTIGAÇÃO CORRELACIONAL INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL 1- estudos exploratórios/descritivos (nível I, II) 2- estudos explicativos/preditivos (nivel III, IV) 7 In Processo de Investigação
8 INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA tipos de estudos -Estudo fenomenológico: Descrever o universo perceptual de pessoas que vivem uma experiência que interessa do ponto de vista clínico. O trabalho do investigador consiste em aproximar-se desta experiência, descrevê-la da forma mais fiel possível e em comunicá-la. Este estudo encontrase muito divulgado na prática da enfermagem. -Estudo etnográfico: Explicita os modos de vida e as visões do mundo dos grupos etnoculturais. Apoia-se no conceito de cultura e procura compreender um sistema cultural do ponto de vista daqueles que partilham essa cultura 8 In Processo de Investigação
9 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA Objectivo: Descobrir e caracterizar os fenómenos, procurando descrevê-los, classificá-los los e interpretá- los. A realidade é interpretada sem ser modificada. Antecedem os estudos de associação Na maior parte dos casos satisfaz pelo menos dois princípios: -A descrição dum conceito relativo a uma população (estudo descritivo simples, estudo de caso de tipo descritivo) 9 -Descrição das características duma população no seu conjunto (inquérito) In Processo de Investigação
10 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA métodos e análise ESTATÍSTICA DESCRITIVA Dados nominais: frequências e moda Dados ordinais: frequências, amplitude de variação e mediana Dados métricos: frequências; mediana, média e moda, desvio padrão e variância 10 In Processo de Investigação
11 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA tipos de estudos -Estudo descritivo simples -Estudos de caso -Inquéritos 11 In Processo de Investigação
12 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA tipos de estudos Estudo descritivo simples Descreve simplesmente um fenómeno ou um conceito relativo a uma população, de maneira a estabelecer as características dessa população ou da sua amostra. A descrição dos conceitos ou variáveis conduz a uma interpretação da significação teórica dos resultados do estudo e à descoberta das relações entre os conceitos, como etapa preparatória para a formulação de hipóteses 12 In Processo de Investigação
13 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA tipos de estudos Estudo de caso É uma investigação aprofundada dum indivíduo, duma família, grupo ou organização Útil para verificar uma teoria, estudar uma doença rara, explicar relações de causalidade entre a evolução dum fenómeno e uma intervenção O nº limitado de sujeitos facilita a realização de estudos em profundidade em que se acumulam dados sobre um caso particular Pode incluir experimentação 13 In Processo de Investigação
14 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA tipos de estudos Estudo de caso Valor científico: - Validade interna: exige um controlo sobre variáveis estranhas; intensidade da análise do fenómeno; múltiplas informações; simetrias dos comportamentos tipo; construção das explicações; triangulação das fontes de dados - Validade externa: generalização analítica de resultados em casos semelhantes através da teoria 14 In Processo de Investigação
15 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA tipos de estudos Inquéritos Toda a actividade no decurso da qual são colhidos dados junto duma população ou porções desta a fim de examinar as atitudes, opiniões, crenças ou comportamentos desta população O inquérito serve para colher informação junto de populações ou amostras; os dados podem ser colhidos por: - entrevista face a face - entrevista telefónica - questionários enviados pelo correio 15 In Processo de Investigação
16 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA tipos de estudos Inquérito- tipos - Comparativo: a mesma informação é colhida junto duma amostra representativa de 2 grupos de sujeitos; procura estabelecer-se diferenças entre os grupos em relação a certas características; não há manipulação de variáveis independentes - Epidemiológicos: a classificação varia com os autores. Segundo Jeniceck e Cléroux (1982) os estudos epidemiológicos classificam-se segundo o tempo; flutuação dos sujeitos no interior dos grupos e segundo os objectivos. Assim, segundo o tempo temos os estudos: - Prospectivos - Retrospectivos 16 - Transversais In Processo de Investigação
17 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA tipos de estudos -Estudos epidemiológicos - prospectivos (coorte): um grupo de sujeitos (coorte) é seguido a fim de estudar os fenómenos que os afectam ao longo do tempo (follow-up). Um grupo foi exposto a um factor e o outro não foi exposto (controlo). Compara-se no tempo a ocorrência dum acontecimento. As observações são colhidas a partir de quando começa a investigação. Estes estudos são geralmente longos e dispendiosos - retrospectivos (caso-controlo): o investigador tenta ligar um fenómeno presente no momento do inquérito a outro fenómeno que lhe foi anterior; os factos são colhidos a posteriori. Divide-se a amostra em 2 grupos, os que detém determinada condição (casos) e os que não detém essa condição (controlo) 17 In Processo de Investigação
18 Estudos analíticos observacionais - Indicados para doenças frequentes e/ou que levam à selecção dos mais saudáveis - Não indicado para doenças raras e as associações podem ser afectadas por variáveis de confusão Ausência da doença Exposição ao Factor de Risco Expostos Presença da Doença Doentes População Amostra Tempo Não Doentes Não Expostos Doentes Não Doentes Desenho de um estudo de coorte
19 Estudos analíticos observacionais - Permite estudar doenças raras e comuns e, se forem de base populacional, podem descrever a incidência e características da doença Exposição ao Factor de Risco Expostos Não Expostos Expostos Não Expostos Investigação Tempo Presença de Doença Amostra de Doentes (Casos) Amostra de Não Doentes (Controlos) Desenho de um estudo de casos e controlos População em Risco
20 INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA tipos de estudos -Estudos epidemiológicos - transversais: Examinar um ou vários coortes em relação com fenómenos presentes num dado momento do inquérito; serve para recolher informação relativa à frequência de problemas de saúde no momento do inquérito 20 In Processo de Investigação
21 Estudos analíticos observacionais - Doenças comuns e de duração relativamente longa Selecção da Amostra População Amostra Determinação da Exposição e da Presença de Doença Expostos e Doentes Expostos e Não Doentes Não Expostos e Doentes Não Expostos e Não Doentes G.C. Desenho de um estudo transversal
22 2.2. Escolha e construção do problema C1 Relações Causais Exposição Factor Variável indedependente (Ex: Factores de risco, Factores de prognóstico; Intervenções) C2 C3 C4 C 5 C6 E Estado Resultado Variável dependente (Ex: Doença, Morte, Cura) C7 22
23 2.2. Escolha e construção do problema INVESTIGAÇÃO CORRELACIONAL Objectivo: Examinar relações entre variáveis 1) Explorar relações entre variáveis 2) Verificar a natureza das relações entre variáveis 3) Verificar modelos teóricos 1) Estudo descritivo-correlacional 2) Estudo correlacional (explicativo ou preditivo) 3) Estudos de verificação de modelos teóricos In Processo de Investigação
24 INVESTIGAÇÃO CORRELACIONAL tipos de estudos Ordem hierárquica dos estudos de investigação correlacional Explorar e descrever relações entre variáveis Descritivocorrelacional Explicar ou prever relações entre as variáveis Verificar modelos teóricos Correlacional Verificação de modelo causal hipotético In Processo de Investigação
25 INVESTIGAÇÃO CORRELACIONAL tipos de estudos Estudo descritivo-correlacional correlacional O investigador tenta explorar e determinar a existência de relações entre variáveis, com vista a descrever essas relações Objectivo: descoberta de factores ligados a um fenómeno Nesta etapa, não se aplicam os termos variável independente e variável dependente Vantagem: permite considerar simultaneamente várias variáveis com vista a explorar as suas relações; permite descrever as relações que foram detectadas entre variáveis In Processo de Investigação
26 INVESTIGAÇÃO CORRELACIONAL tipos de estudos Estudo correlacional Verifica-se a natureza das relações que existem entre determinadas variáveis; estas relações presumidas apoiam-se em trabalhos anteriores ou em bases teóricas As variáveis são examinadas sem serem manipuladas As variáveis são escolhidas em função dum quadro teórico e da variação ou da mudança que podem exercer uma na outra Nesta etapa, colocam-se hipóteses acerca da natureza das relações previstas entre variáveis mas não se determina a causalidade das variáveis In Processo de Investigação
27 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL Objectivo: Estudo de relações de causalidade 1) Experimentais verdadeiros 2) Quasi-experimentais 3) Desenhos pré-experimetais - A aleatoriedade da amostra - Manipulação da variável independente - Grupo controlo In Processo de Investigação
28 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL Validade científica Validade interna: O investigador deve construir o seu desenho de maneira a introduzir uma variável independente e a observar os efeitos desta manipulação; a validade interna é assegurada se nenhum outro factor entra em jogo ou se outros factores de invalidade são neutralizados (Robert, 1988) Validade externa: Depois de verificada a validade interna os resultados podem ser generalizados a outras pessoas, a outros contextos In Processo de Investigação
29 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL Características Objectivo: Estudo de relações de causalidade - Uma intervenção X que se presume produzir um efeito Y, é introduzida numa situação e controlada pelo investigador - Considerem-se 2 grupos de objectos (sujeitos): o grupo experimental (aplica-se a intervenção) e o grupo controlo ou testemunho (não se aplica a intervenção) - Designa-se por grupos equivalentes os grupos que saíram da mesma população ou de populações equivalentes (sujeitos idênticos compõem os dois grupos) In Processo de Investigação
30 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL tipos de estudos Desenhos experimentais verdadeiros 1) Desenho somenteapós com grupo testemunho 2) Desenhoantes-após com grupo testemunho 3) Desenho de 4 grupos de Solomon 4) Desenho factorial 5) Ensaio clínico aleatório ou randomizado In Processo de Investigação
31 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL experimental verdadeiro 1) Desenho somente após com grupo testemunho - Pelo menos 2 grupos de sujeitos (GE e GC) - Repartição aleatória dos indivíduos em cada grupo antes da intervenção - só o GE recebe intervenção - No final os 2 grupos são avaliados em relação à variável dependente Com tratamento Distribuição aleatória dos sujeitos R X O 1 R O 2 Observação da Sem tratamento variável dependente In Processo de Investigação
32 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL experimental verdadeiro 2) Desenho antes-após após com grupo testemunho - Inclusão de uma medida antes da introdução do tratamento experimental -A avaliação é feita 2 vezes; Medição antes avalia a equivalência dos grupos edepois avalia o efeito sobre a variável dependente - Permite controlar outros factores que podem afectar a validade interna Com tratamento Distribuição aleatória dos sujeitos R O 1 X O 2 R O 3 O 4 Observação da Sem tratamento variável dependente Medição antes In Processo de Investigação
33 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL experimental verdadeiro 3) Desenho de4grupos de Solomon R (G 1 ) O 1 X O 2 R (G 2 ) O 3 - O 4 R (G 3 ) - X O 5 R (G 4 ) - - O 6 - Particularmente útil para verificar os efeitos da medida antes do tratamento - Permite considerar um factor de validade externa, ou seja, os efeitos da interacção entre a intervenção e a medida In Processo de Investigação
34 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL experimental verdadeiro 4) Desenho factorial Ex: Nível de tocar terapêutico Nível de relaxamento sim não Sim A B Não C D (GC) A: permite avaliar o efeito conjunto; B e C: permite avaliar o efeito individual; D: permite avaliar o controlo In Processo de Investigação
35 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL experimental verdadeiro 5) Ensaio Clínico Randomizado(aleatório) - Usado em epidemiologia para avaliar os efeitos de tratamentos novos de carácter clínico - Os desenhos antes-após e somente após são os mais usados - Objectivo: verificação duma intervenção ou tratamento clínico e dos resultados clínicos previstos - Necessitam de grande número de sujeitos (GE e GC) In Processo de Investigação
36 Estudos analíticos experimentais Definição da população e amostragem Atribuição aleatória da intervenção Seguimento Determinação do resultado Grupo Experimental Com o resultado esperado População de doentes Amostra de doentes Grupo de controlo Tempo Sem o resultado esperado Com o resultado esperado Sem o resultado esperado Desenho de um ensaio clínico randomizado
37 5) Ensaio Clínico Randomizado Ensaio clínico - Metodologia Seleção de uma amostra da população, dividida em grupos de forma aleatória Exposição controlada ao evento Mede-se o evento prospectivamente
38 5) Ensaio Clínico Randomizado pacientes G.E. Factor experimental Comparação dos resultados G.C. In Elementos da pesquisa cientíifca em Medicina
39 5) Ensaio Clínico Randomizado Desenho antes-após G.E. G.C. Antes Teste inicial (T 1 ) Teste inicial (T 1 ) Depois Teste final (T 2 ) Teste inicial (T 2 ) Comparações (estatística) G.E.= T 2 - T 1 = R G.C. =T 2 T 1 = R Possíveis resultados R=R R<R R>R In Introdução ao Projeto de Investigação Científica
40 5) Ensaio Clínico Randomizado Possíveis resultados R R Não se pode afirmar a causalidade da variável independente sobre a variável dependente R>R (significativamente) Pode-se afirmar a causalidade da variável independente sobre a variável dependente, ou seja: A variável independente X provoca o efeito Y NOTA: As comparações entre T 2 e T 1, T 2 e T 1, R e R realizam-se através da aplicação de técnicas estatísticas, cuja escolha e utilização dependem das particularidades de cada projecto In Introdução ao Projeto de Investigação Científica
41 Os objectivos da investigação e as suas questões e hipóteses O objectivo do estudo é também afectado pela natureza da investigação Desenvolvimento da teoria O investigador enuncia uma questão em relação a um fenómeno e evolui no seu processo para a verificação dos conceitos e das ligações que levarão eventualmente ao seu desenvolvimento Verificação da teoria O investigador formula uma hipótese a partir duma proposição teórica, que verificará com a ajuda de testes estatísticos a fim de rejeitar ou de confirmar a sua hipótese 41 In O processo de Investigação
42 Causalidade X causa Y Relação observada Interpretação A) X implica Y X causa Y mas Y pode ter outras causas B) Y implica X Só X pode causar Y mas nem sempre o causa; deve ser associado a outras variáveis para produzir Y C) implicação recíproca entre X e Y X causa sempre Y e X é a única causa possível de Y A) e B) dão explicações aproximativas C) dá explicações científica (relação simétrica) 42
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