PROTOCOLO DE INTENÇÕES
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- André Sabrosa Osório
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1 O Estado Atual das Políticas Educacionais no Âmbito do Mercosul 1. Com a assinatura do Tratado do Mercado Comum do Sul, em Assunção Paraguai, em 26 de março de 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai firmaram um compromisso de integração que reconhecia três pontos centrais: a) a livre mobilidade de bens, serviços e fatores produtivos; b) a adoção de uma política comercial única e o decorrente estabelecimento de uma tarifa externa comum; e c) a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais nas áreas agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, aduaneira e de transportes, e de comunicações. Em junho de 1996, foram firmados os Acordos de Complementação Econômica com o Chile e a Bolívia, que estabeleceram a associação de ambos os países ao MERCOSUL. 2. O Setor Educacional não estava explicitamente incluído no Tratado de Assunção. Percebeu-se, porém, desde o princípio das negociações no âmbito do Mercosul, que a educação era instrumento central dos Estados Parte para a superação das disparidades regionais, a consolidação da democracia, o desenvolvimento econômico e social e a integração regional. Os objetivos do Tratado de Assunção necessitavam de condições culturais e educacionais para serem atingidos. Dessa forma, logo se iniciou um processo de conversas preliminares e reuniões formais e informais entre os responsáveis em cada país por aquele Setor. 3. Em dezembro de 1991, o Conselho do Mercado Comum criou a Reunião de Ministros da Educação dos Países Membros do MERCOSUL, órgão encarregado da coordenação das políticas educacionais da região. A Reunião de Ministros da Educação é assessorada por um Comitê Coordenador Regional, presidido de maneira rotativa pelos países membros a cada seis meses, e por Comissões Técnicas Regionais sobre temas específicos. 4. Ainda em 1991, em sua primeira reunião, os Ministros da Educação assinaram um PROTOCOLO DE INTENÇÕES, cujos termos originaram o primeiro PLANO TRIENAL PARA O SETOR EDUCAÇÃO DO MERCOSUL.
2 5. O Plano Trienal, implementado a partir de junho de 1992 e prorrogado até junho de 1998, era composto dos seguintes programas e subprogramas: Formação de Consciência Social Favorável ao Processo de Integração I. Informação e reflexão sobre o impacto do processo de integração do Mercosul. II. Aprendizagem dos idiomas oficiais do Mercosul. Capacitação de Recursos Humanos para Contribuir para o Desenvolvimento I. Educação Básica e Média. II. Formação Técnico-profissional. III. Formação e Capacitação de Recursos Humanos de Alto Nível. IV. Pesquisa e Pós-graduação. Compatibilização e Harmonização dos Sistemas Educacionais 2 I. Harmonização acadêmica, jurídica e administrativa. II. Sistema de Informação. 6. No ano de 1996, aprovou-se o documento MERCOSUL 2000: Desafios e Metas para o Setor Educacional, instrumento que enfatiza a questão da qualidade nas políticas educacionais da região, renovando as áreas prioritárias a considerar no momento de definir programas e projetos de alcance regional. As áreas destacadas nesse documento são as seguintes:? renovação educacional;? avaliação educacional;? educação e trabalho;? cooperação universitária;? sistema de informação; e? temas multidisciplinares especiais (transversais). 7. O Plano Trienal e o MERCOSUL 2000 estabeleceram o quadro referencial para as ações desenvolvidas no setor educacional do MERCOSUL. Em junho de 1998, foi aprovado o novo PLANO TRIENAL PARA O SETOR Eliminado: Eliminado:
3 EDUCACIONAL DO MERCOSUL As áreas contempladas nos dois documentos anteriores foram retomadas, complementadas e aprofundadas. Os eixos orientadores relativos à integração e qualidade da educação permanecem como metas a serem alcançadas pelo Setor. 8. O novo Plano Trienal, define as seguintes áreas prioritárias de atuação para o triênio, cada uma com suas respectivas linhas programáticas: Área I: Desenvolvimento da identidade regional, por meio do estímulo ao conhecimento mútuo e a uma cultura de integração. Linhas Programáticas:? Criação de condições que facilitem e promovam a mobilidade de estudantes e professores, por meio da elaboração de programas específicos.? Estímulo à construção de redes e programas de cunho regional, nos diversos níveis compreendidos nos sistemas educacionais.? Favorecimento da aprendizagem dos idiomas oficiais do MERCOSUL, mediante a aprovação de políticas adequadas, o aproveitamento do currículo escolar e o desenvolvimento de programas não convencionais de ensino.? Introdução da perspectiva regional na formação de docentes e de administradores educacionais.? Difusão e fomento da literatura e das artes regionais, por meio de sua adequada consideração nos currículos escolares e por meio de iniciativas de educação não formal.? Implementação de programas que privilegiem a perspectiva regional na aprendizagem da História e da Geografia.? Elaboração e aplicação de programas de formação em valores, que fomentem a convivência democrática no quadro da integração regional. Área II: Promoção de políticas regionais de capacitação de recursos humanos e melhoria da qualidade da educação. 3
4 4 Linhas Programáticas:? Realização de estudos estratégicos para identificar as necessidades de formação profissional e técnica na região, segundo sua evolução política, social, econômica e cultural, facilitando, assim, a definição de políticas regionais.? Fomento à cooperação intra-regional, com vistas a favorecer a transferência de conhecimentos e tecnologias e o intercâmbio de estudantes, docentes e pesquisadores, no quadro dos protocolos existentes.? Favorecimento da incorporação de tecnologias avançadas no ensino, facilitando a construção ou aquisição de aprendizagens significativas pelos alunos e a modernização da docência.? Otimização dos processos de formação do professorado e dos administradores educacionais.? Estímulo ao aproveitamento dos espaços de integração pelos diversos atores que integram o cenário dos sistemas educacionais, visando melhorar a qualidade e a equidade na Educação e criando, para tanto, os mecanismos adequados nos níveis político, de coordenação e de execução.? Promoção de uma cultura da avaliação, que inclua o intercâmbio de experiências e o estímulo ao estabelecimento de indicadores comuns, possibilitando conhecer a evolução da educação no MERCOSUL. 9. De forma a facilitar o cumprimento dos objetivos definidos no Plano Trienal , os Ministros da Educação estabeleceram, no documento Compromisso de Brasília, metas a serem atingidas até o ano 2000, em consonância com as linhas de ação e as áreas prioritárias traçadas para orientar o desenvolvimento do setor educacional do MERCOSUL. 10. Em seus 8 oito anos de existência, o Setor logrou avanços consideráveis em diversas áreas. É possível considerar como um dos avanços mais significativos alcançados, a assinatura de diversos Protocolos relacionados à compatibilização acadêmica e jurídica dos sistemas educacionais dos países membros, que facilitarão o reconhecimento de
5 estudos e a mobilidade de estudantes e docentes. Nesse sentido, foram firmados os seguintes acordos:? Protocolo de Integração Educacional para o Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não- Técnico. (Buenos Aires, 4 de agosto de 1994)*.? Protocolo de Integração Educacional para a Revalidação de Diplomas, Certificados, Títulos e de Reconhecimento de Estudos de Nível Médio Técnico. (Assunção, 28 de julho de 1995)*.? Protocolo de Integração Educacional para o Prosseguimento de Estudos de Pós-graduação nas Universidades dos Países Membros do Mercosul. (Montevidéu, 30 de novembro de 1995)*.? Protocolo de Integração para a Formação de Recursos Humanos no Nível da Pós-graduação entre os Países Membros do Mercosul. (Montevidéu, 30 de novembro de 1995)*.? Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Países Membros do Mercosul. (Assunção, 28 de maio de 1999). 5 (*) já aprovados e ratificados pelo Congresso Nacional 11. Cumpre ressaltar que os acordos assinados referem-se apenas ao reconhecimento de estudos para fins acadêmicos e de prosseguimento de estudos. Não habilitam, portanto, para o exercício profissional. Eliminado: 12. No que se refere ao reconhecimento de estudos de graduação, os Ministros da Educação assinaram o Memorando de Entendimento sobre a Implementação de um Mecanismo Experimental de Credenciamento de Cursos para o Reconhecimento de Títulos de Graduação Universitária nos Países do Mercosul, com o objetivo de implementar, em caráter experimental e voluntário, um sistema de credenciamento de cursos superiores, apoiado num processo de avaliação de pares, com a participação de especialistas dos países membros do Mercosul, obedecendo padrões de avaliação fixados segundo critérios técnicos de mérito, acordados entre os países signatários do Memorando. O principal benefício do credenciamento,
6 será o reconhecimento automático do diploma de curso superior credenciado, sem qualquer vínculo automático, porém, com o exercício profissional. 13. Em dezembro de 1998, os Ministros da Educação selecionaram as áreas de Agronomia, Engenharia e Medicina para iniciar o processo de credenciamento. Espera-se que até o início do ano 2000, possam, os países, por meio de Agências Credenciadoras, estar em condições de receber e processar candidaturas das instituições de ensino superior para o credenciamento de qualquer dos três cursos já mencionados. 14. No tocante à pós-graduação, firmou-se, em 1995, o Protocolo de Integração para a Formação de Recursos Humanos no Nível da Pósgraduação entre os Países Membros do Mercosul. Tal protocolo tem como objetivos centrais a formação e o aperfeiçoamento de docentes universitários e pesquisadores e o apoio à implementação de cursos de caráter de especialização em áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento regional. Visa, igualmente, ao estabelecimento de sistema de intercâmbio entre Instituições Federais de Ensino Superior, pelo qual docentes e pesquisadores, trabalhando em áreas comuns de pesquisa, desenvolvam projetos conjuntos específicos. 15. No campo da formação profissional, o avanço mais importante, além da assinatura e ratificação do Protocolo de Integração Educacional para a Revalidação de Diplomas, Certificados, Títulos e de Reconhecimento de Estudos de Nível Médio Técnico, reflete-se nos debates sobre a certificação de competências e a definição de competências básicas de trabalho comuns aos países membros. A Organização dos Estados Americanos (OEA) tem apoiado um projeto regional sobre educação e trabalho voltado para o estabelecimento dessas competências básicas, por meio da compatibilização de perfis de cursos profissionalizantes. 16. Ademais da assinatura do Protocolo de Integração Educacional para o Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico, o tema do ensino de História e Geografia tem sido o eixo central dos trabalhos relacionados à educação básica. Inicialmente idealizado apenas sob a perspectiva de garantir uma formação histórico-geográfica mínima, para facilitar as transferências de um país a outro, o tema logo alcançou proporções mais profundas e menos operacionais. A partir da definição de conteúdos nacionais mínimos e de bibliografia de apoio docente, passou-se a discutir o redimensionamento do 6
7 ensino e da produção de conhecimentos históricos e geográficos em um contexto de integração regional, bem como seu papel na formação de cidadãos com visão e consciência integracionista e cooperativa. 17. Assim como a questão do ensino da História e da Geografia, o estímulo à aprendizagem dos idiomas oficiais do MERCOSUL está intrinsecamente relacionado à sensibilização social para a integração. Nesse sentido, o Setor Educacional do Mercosul conta com um Grupo de Trabalho de Políticas Lingüísticas, com o objetivo de identificar ações prioritárias com vistas à difusão do idioma dos países do MERCOSUL. Curioso é perceber, entretanto, que, independentemente das ações implementadas no âmbito da Reunião de Ministros e dos Ministérios da Educação, a oferta do ensino de Português e Espanhol nos países do MERCOSUL vem crescendo de maneira significativa, em atenção às próprias demandas sociais verificadas. 18. A sensibilização social para a integração é considerada, sem dúvida alguma, o ponto chave para o sucesso do MERCOSUL. É o cimento que dará consistência e solidez ao bloco. Sendo assim, os Ministérios da Educação de cada país têm empreendido esforços nesse sentido, seja por meio da publicação de boletins informativos sobre o tema, seja pela participação em debates e mesas redondas, seja pelas discussões curriculares sobre o ensino de História, Geografia, Português e Espanhol. 19. Todos esses avanços, além de informações gerais e específicas sobre a educação nos países da região, estão sendo sistematizados e incorporadas ao Sistema de Informação e Comunicação do Setor Educacional do MERCOSUL. O Sistema visa oferecer, em meio eletrônico, informações sobre as atividades que vêm sendo realizadas pelos países, informações sobre as negociações no âmbito da Reunião de Ministros da Educação, além de informações educacionais básicas dos países membros (estatísticas, legislação e documentos). Contará, ainda, com espaços destinados à interação e à comunicação dos diversos atores que atuam do Setor. 20. Finalmente, cabe destacar que todos esses avanços logrados no campo da cooperação intergovernamental são apenas uma parte da integração que se pretende alcançar. A função dos Ministérios da Educação dos países membros nada mais é do que articuladora e de fomento. A integração real e efetiva no plano educacional só pode ser atingida com o apoio e o envolvimento dos governos locais, das instituições educacionais e, sobretudo, dos cidadãos do MERCOSUL. 7
8 8 Eliminado: Assessoria Internacional do Gabinete do Ministro Ministério da Educação Em 23/9/99
9 Sala de Lectura del Programa Educación y Trabajo de la OEI Principal de la OEI
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