UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O INQUÉRITO POLICIAL E A POLÍCIA JUDICIÁRIA BRASILEIRA Por: Patricia Batista Areias Orientador: Prof. Francis Rajzman Rio de Janeiro 2010

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE 2 O INQUÉRITO POLICIAL E A POLÍCIA JUDICIÁRIA BRASILEIRA Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito e Processo Penal. Por: Patricia Batista Areias

3 3 AGRADECIMENTOS À minha querida avó por todo crédito, amor, confiança e dedicação.

4 4 DEDICATÓRIA Aos professores, familiares e amigos que sempre se fizeram presentes ao longo dessa trajetória árdua, porém, vitoriosa.

5 5 RESUMO O presente trabalho trata do valor e importância do inquérito policial e da polícia judiciária no processo penal brasileiro. O destinatário imediato do inquérito policial é o Ministério Público ou o ofendido, para formação da opinio delicti que poderá redundar no oferecimento da denúncia ou queixa, respectivamente. A pesquisa tem como objetivo geral discutir o verdadeiro valor do inquérito policial, na sua forma de investigar e a função da polícia judiciária no processo penal brasileiro. Há polêmica no estudo quanto a indisponibilidade ou dispensabilidade do inquérito e sobre a investigação presidida direto pelo Ministério Público. Discute-se ainda, a respeito da necessidade e importância do inquérito policial, principalmente quando nosso modelo é comparado ao de outros países que possuem juizado de instrução. Ao analisarmos a exposição de motivos do CPP, percebe-se a preferência do legislador pela investigação quando é preconizado que o juízo de instrução, que importaria em limitar a função da autoridade policial a prender criminosos, averiguar a materialidade dos crimes e territórios sejam fáceis e rapidamente superáveis. O presente estudo é de fundamental importância face ao aumento das controvérsias e polêmicas envolvendo o inquérito policial. PALAVRAS CHAVE: Inquérito, Polícia Judiciária, Investigação

6 6 METODOLOGIA Para tal estudo, propomos uma pesquisa de cunho bibliográfico. Utilizamos livros de autores renomados, assim como Fernando Capez, Aury Lopes Júnior, Paulo Rangel, que dissertem sobre o assunto em questão, bem como artigos e periódicos jurídicos, dentre outras fontes literárias.

7 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO O INQUÉRITO POLICIAL Base Histórica Conceito Notitia Criminis Persecutio Criminis Natureza Jurídica Finalidade Sujeitos Características Escrito Inquisitivo Sigiloso Oficialidade Obrigatoriedade Indisponibilidade Dispensabilidade Incomunicabilidade O Advogado No Inquérito Policial Inquérito Extrapolicial Princípio Do Contraditório E Da Ampla Defesa Instauração Em caso de Ação penal Pública Incondicionada Em caso de Ação penal Pública Condicionada Em caso de Ação penal Privada Portaria O Inquérito Policial E A Lei 9.099/ Prazos Prazos especiais Contagem de prazo Encerramento Arquivamento Do Inquérito Policial Arquivamento implícito Arquivamento indireto Revisão do arquivamento pelo Procurador de Justiça Desarquivamento A POLÍCIA JUDICIÁRIA BRASILEIRA Divisão Deveres-Poderes Da Autoridade Policial A INVESTIGAÇÃO DIRETA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO CONCLUSÃO

8 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 67

9 9 INTRODUÇÃO O presente trabalho visa definir e apresentar as principais características do inquérito policial à luz da Constituição da República de 1988, sua finalidade, princípios, meios de instauração, prazos, recursos, encerramento e aplicabilidade no processo penal bem como seu procedimento. Também tem o escopo de abordar a sua instauração nas ações penais públicas condicionadas e incondicionadas além das privadas, bem como seu procedimento quanto ao arquivamento e desarquivamento. Muito se tem discutido acerca da constitucionalidade do inquérito policial em razão de sua natureza inquisitorial e pela ausência do contraditório e da ampla defesa. O presente estudo visa abordar alguns questionamentos com entendimento doutrinário e jurisprudencial nesse sentido. O aparelho repressivo de segurança pública na esfera federal é a polícia federal e na esfera estadual é a polícia civil do estado, cujo resultado final de seu trabalho é catalogado e documentado, dando origem ao inquérito policial ou termo circunstanciado de ocorrência, este, reservado aos crimes de menor potencial ofensivo e as contravenções penais. A polícia civil cabe, fundamentalmente, conforme constitucionalmente previsto, a indispensável e importantíssima tarefa de consolidar as informações probatórias que servirão para instruir o inquérito policial, objetivando instrumentalizar o processo penal. Mas não é somente essa a sua tarefa, pois, além dessa atribuição, a polícia civil funciona como uma espécie de freio às ações delituosas, no momento em que inicia as investigações. Inibe significamente a atuação daqueles que vivem do crime, especialmente em se tratando dos delitos contra o patrimônio. É necessário esclarecer, ainda, que, somente através das investigações, muitas vezes dispendiosas, custosas, é

10 que será possível cumprir os mandados de prisões. 10 Também merece destaque à aplicação do inquérito policial no processo penal, haja vista a sua característica de ser meramente peça de informação para eventual oferecimento da denúncia ou queixa-crime. Muitos defendem a idéia de que o inquérito policial é uma peça informativa e por isso irrelevante, chegando a ponto de afirmar ser ele dispensável, até mesmo conforme previsto no próprio Código de Processo Penal Brasileiro, em seu artigo 39, 5º. Quem mais aduba esse pensamento são alguns ilustres representantes do Ministério Público, entendendo, eles, que o trabalho da polícia civil é em vão. A sustentação usada é que este não foi recepcionado pela Carta Magna de Entretanto, observa-se que essa concepção é equivocada. Muitos delitos requerem a presença física ao local da ocorrência, como é o caso dos crimes contra a vida e, em especial, o homicídio. É no local do crime que se buscam as informações importantes para a elucidação dos fatos, já que lá se encontram os detalhes essenciais. É atribuição da polícia civil e da polícia militar isolar o local da ocorrência de um crime, para preservar os elementos indispensáveis à colheita das provas que serão catalogadas para fazer parte integrante do inquérito policial. A perícia criminal se faz presente no local do crime para realizar seu importante papel de vasculhar o local e colher as informações essenciais, entretanto, a maioria das localidades ainda não conta com o apoio da Criminalística e o trabalho de perícia e coleta de dados é feito pela polícia civil, destacando-se à frente dos trabalhos a importante figura dos Delegados de Polícia e de seus investigadores e não pelos Juizes de Direito, Promotores de Justiça, ou quaisquer outros operadores do direito. Cabe ao Delegado de Polícia presidir o inquérito policial, pois ele é o operador do direito preparado e capacitado para o exercício dessa árdua tarefa de buscar in locu as informações; ora pessoalmente, ora através de seus investigadores, enfrentando diariamente toda espécie de malfeitores, muitos destes sem nada a perder, dispostos a matar ou morrer. A partir da Constituição Federal de 1988, mais do que nunca, o Delegado de Polícia deve adequar-se aos princípios constitucionais,

11 11 processuais penais que revestem o sistema processual penal, buscando conscientizar seus inspetores, investigadores e oficias de cartório do valor da investigação e da postura a ser adotada para que o trabalho seja pautado nos princípios basilares da administração pública, quais sejam dentre eles: moralidade, impessoalidade, verdade real, legalidade, publicidade e eficiência dos atos policiais, e assim, de forma imparcial, possa subsidiar a propositura da ação penal, isento de quaisquer atos abusivos, arbitrários, dignos, portanto de credibilidade e de valor probatório para o fim a que se destinam. Este trabalho, portanto, tem o condão de retomar a origem do inquérito policial, discutir os sistemas representativos da atividade processual penal, demonstrando as tendências atuais do inquérito policial no Brasil.

12 12 CAPÍTULO I O INQUÉRITO POLICIAL 1.1 Base Histórica Desde a remota antiguidade sempre houve o processo investigatório para apuração de diversos delitos, suas circunstâncias e seus autores. Em Atenas já começava a nascer uma espécie de inquérito para apurar a probidade individual e familiar daqueles que eram eleitos pelos magistrados. Era uma sindicância de cunho investigatório, ou seja, era um procedimento, na esfera administrativa, com o objetivo de descobrir a ocorrência de um fato e sua autoria. O imperador Dom Pedro II, em 03 de maio de 1871, na assembléia nacional, fez um discurso contundente e peremptório no sentido de reformar a legislação judiciária daquela época, pelo fato do Código de Processo Penal de 1832 refletir o liberalismo que dominava os espíritos, sendo que esses princípios liberalistas mostravam-se ineficazes na repressão das desordens e dos crimes, que se alastravam por vários pontos do país, gerando uma anarquia nacional. Em São Paulo e Minas Gerais no ano de 1842, a repulsa continuou, sendo que Barbacena em Minas Gerais foi o centro de onde se expandiu a revolta, que teve com maior defensor o Dr. Teófilo Benedito Otoni. Essa rebelião foi sufocada pela forte atuação de Luiz Alves de Lim e Silva e Barão de Caxias que conseguiram voltar com a paz nas duas cidades. Esse fato foi decisivo para a modernização da legislação do processo penal, especialmente

13 com a Lei nº 2033/71 regulamentado pelo Decreto nº 4824/ Diversas nomenclaturas teriam sido utilizadas ao longo dos tempos até chegar ao atual inquérito policial, assim como também a atribuição ou competência veio sofrendo alterações até que, no Brasil, o inquérito policial, passou a atribuição dos Delegados de Polícia. No Brasil, o procedimento investigatório como o nome juris Inquérito Policial, surgiu com a reforma processual penal ocorrida em 1871, pelo Decreto Regulamentar nº 4824, de 22 de novembro daquele mesmo ano. O inquérito policial aparece de forma expressa no artigo 42 do Decreto Regulamentar 4824/1871, que regulamentou a Lei nº 2.033, do mesmo ano, trazendo a seguinte definição: O inquérito policial consiste em todas as diligências necessárias ao descobrimento de fatos criminosos, de suas circunstâncias e dos seus autores e cúmplices; deve ser reduzido a termo. Ficando esclarecido, entretanto, que mesmo não tendo tal denominação, o inquérito foi introduzido pela Lei nº 261 de 03 de dezembro de A Lei nº 261 de 1841, em seu artigo 2º previa que: Os Chefes de Polícia serão escolhidos entre os Desembargadores e Juizes de Direito; os Delegados de Polícia e Subdelegados, dentre quaisquer Juizes e Cidadãos serão todos amovíveis e obrigados a aceitar. Observa-se, portanto, que os dirigentes das organizações de polícias eram selecionados entre os magistrados. Mudando, entretanto, com o passar do tempo em razão das naturais dificuldades administrativas, sendo necessário desvincular a organização policial da magistratura, conservando a denominação POLÍCIA JUDICIÁRIA, justificando assim a sua origem. São até hoje consagradas pela legislação processual penal brasileira vigente no seu art. 4º, o Inquérito Policial, obedecendo à base estrutural estabelecida pela Lei e pelo Decreto-Lei de O Inquérito Policial foi mantido pelo atual Código de Processo Penal

14 pelos motivos expressados na sua exposição dos motivos: 14 Foi mantido o Inquérito Policial como processo preliminar ou preparatório da ação penal, guardando as suas características atuais. O ponderando estudo da realidade brasileira, que não é apenas a dos centros urbanos, senão também a dos remotos distritos das comarcas do interior, desaconselha o repúdio do sistema vigente. É interessante enfatizar o destaque que a Constituição Federal de 1988, deu a segurança pública, no artigo 144, incluindo a Polícia Civil e o Delegado de Polícia de carreira, imprescindíveis à política de segurança pública. Com o advento da Constituição Federal de 1988, a polícia brasileira está mudando a sua forma de investigar, procurando adequar-se às garantias constitucionais dos cidadãos, buscando valorar a prova na investigação, evitando-se injustiças e apurações distorcidas da realidade, através da implementação de técnicas de interrogatório, agindo com inteligência e transparência, em face do Estado Democrático de Direito e não mais com o emprego da força bruta, cujos resultados eram duvidosos. 1.2 Conceito A palavra inquérito deriva do latim inquisitu, inquerre que significa inquisição, ato ou efeito de inquirir, ou seja, ato ou efeito de procurar informações sobre algo, portanto inquérito policial é o conjunto de atos com o objetivo de procurar informações sobre o fato tipificado como delito. Delito, infração e crime são sinônimos que significam uma atitude positiva ou negativa realizada por um ser humano que é prevista em lei uma sanção penal. Observa-se que nem todo comportamento do homem constitui delito, apenas aquele que for previsto em lei. Isso ocorre em face do princípio da reserva legal, previsto no art. 1º do Código Penal. Além de apurar crimes o inquérito policial pode apurar também as Contravenções Penais que são crimes de menor potencial ofensivo, por exemplo, o jogo do bicho.

15 15 Pode-se definir o inquérito policial, segundo a melhor doutrina, como um procedimento investigatório prévio 1, constituindo por uma série de diligências, cuja finalidade é a obtenção de provas para que o titular da ação penal possa propô-la contra o autor da infração penal. Assim, cometido um delito, deve o Estado buscar provas iniciais acerca da autoria e da materialidade, para apresentá-las ao titular da ação penal (Ministério Público ou querelante), a fim de que este, avaliando-as, decida pelo oferecimento ou não da denúncia ou da queixa-crime. Essa investigação inicial composta de uma série de diligências é chamada de Inquérito Policial. Segundo Aury Lopes Jr. o inquérito policial pode ser assim conceituado: A atividade desenvolvida pela polícia judicial com a finalidade de averiguar o delito e sua autoria. 2 Trata-se de procedimento persecutório de caráter administrativo, segundo Capez: instaurado pela autoridade policial que tem como destinatários imediatos o Ministério Público, titular da ação penal pública (CF, art. 129, inciso I), e o querelante, titular da ação penal privada (CPP, art. 30); como destinatário mediato tem o juiz, que se utilizará dos elementos de informação nele constantes, para o recebimento da peça inicial e para formação do seu convencimento quanto à necessidade de decretação de medidas cautelares 3. No dizer de Tourinho, o inquérito policial é assim explicado: Não temos no Brasil a figura do instrutor. A fase processual propriamente dita é procedida de uma frase preparatória, em que a autoridade policial procede a uma investigação não contraditória, colhendo, a maneira do juiz instrutor as primeiras informações a respeito do fato infringente da norma da respectiva autoria 4. 1 REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Sinopses Jurídicas processo penal parte geral. v. 14. São Paulo: Saraiva. 1999, p LOPES JR, Aury. Sistema de investigação preliminar no processo penal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, p CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, p TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, p. 75.

16 16 No Brasil o meio mais comum para o colheita e apuração do delito é o inquérito policial, contudo ele não é exclusivo. Para Walter P. Acosta: O inquérito policial, in genere, é todo procedimento legal destinado à reunião de elementos acerca de uma infração penal. É a instrução extrajudicial. Esse conceito, em sua amplitude, compreende também o flagrante, ou autos de flagrante que assim se denomina por resultar da circunstancia de surpreender-se o agente na prática do ilícito, mas que nem por isso deixa de equiparar-se ao primeiro procedimento citado, como elemento informador, é, pois, genericamente, o inquérito. 5 No ordenamento jurídico brasileiro, existe diferença entre a polícia preventiva e a polícia judiciária. A primeira é a ativa, pois prega sua vigilância em proteger a sociedade e seus membros, em assegurar seus direitos, evitando perigos, prevenindo delitos, e finalmente mantendo a ordem e o bem estar público, essa é a polícia militar. Já a polícia judiciária, também chamada de polícia civil, tem o encargo de rastrear e descobrir os crimes que não puderam ser prevenidos, colher e transmitir às autoridades competentes os indícios e provas, indagar quais sejam seus autores e cúmplices, e concorrer eficazmente para que sejam levados ao tribunal. Portanto a polícia administrativa tem caráter preventivo, evita a prática de crimes, garante a ordem pública e impede a prática de fatos que possam levar ou por em perigo os bens individuais ou coletivos; enquanto a polícia judiciária tem caráter repressivo, inicia-se após a prática do delito, pois ela investiga os crimes para eventuais sanções penais. O artigo 4º, caput do Código de Processo Penal Brasileiro, prescreve que A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e de sua autoria. No âmbito estadual a polícia judiciária é atribuída às polícias civis. O art. 144, 4º, da Constituição Federal de 1988, estatui que: Às polícias civis,

17 17 dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Como o inquérito policial se constitui numa fase pré-processual da ação penal e a Polícia Civil é o órgão de auxílio e apoio da Justiça, na prestação jurisdicional do Estado e dessa forma está investida na condição de polícia judiciária, quando apura infrações penais. Na esfera federal as funções de polícia judiciária são exercidas, com exclusividade, pela Polícia Federal, conforme expressa disposição do inciso IV do 1º do art. 144 da CF/88. Concluído, o inquérito policial vem a ser uma peça meramente instrumental, inquisitória, escrita, presidida por autoridade policial competente, de caráter sigiloso, sendo uma medida preparatória para a ação penal, contudo dispensável a propositura da mesma. O inquérito policial encontra-se disciplinado nos arts. 4 a 23 do Código de Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689, de ). 1.3 Notitia criminis É com a notitia criminis que a autoridade policial dá início às investigações. Dá-se o nome notitia criminis (notícia do crime) ao conhecimento espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, de um fato aparentemente criminoso. Essa notícia do crime pode ser de cognição imediata, de cognição mediata ou de cognição coercitiva. A notitia criminis de cognição direta ou imediata, também chamada de notitia criminis espontânea ou inqualificada, ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento direto do fato infringente da norma por meio de suas atividades rotineiras, de jornais, da investigação feita pela própria polícia judiciária, por comunicação feita pela polícia preventiva ostensiva, pela 5 ACOSTA, Walter P. O Processo Penal. 20ª ed. Rio de Janeiro: ed. do autor, p. 30.

18 18 descoberta ocasional do corpo do delito, por meio de denúncia anônima etc. A delação apócrifa (anônima) é também chamada de notícia inqualificada, recebendo, portanto, a mesma designação do gênero ao qual pertence. A notitia criminis de cognição indireta ou mediata, também chamada de notitia criminis provocada ou qualificada, ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento por meio de algum ato jurídico de comunicação formal do delito, como, por exemplo, a delatio criminis (art. 5º, II e 1º, 3º e 5º do CPP), a requisição da autoridade judiciária, do Ministério Público (art. 5º, II do CPP) ou do Ministro da Justiça (art. 7º, 3º, b, e art. 141, I, c/c o parágrafo único do art. 145 do CP), e a representação do ofendido (art. 5º, 4º do CPP). A notitia criminis de cognição coercitiva ocorre no caso de prisão em flagrante, em que a notícia do crime se dá com a apresentação do autor (cf. art. 302 e incisos do CPP). É modo de instauração comum a qualquer espécie de infração, seja de ação pública condicionada ou incondicionada, seja de ação penal reservada à iniciativa privada. Por isso, houve por bem o legislador tratar dessa espécie de cognição em dispositivo legal autônomo (art. 8º do CPP). Tratando-se de crime de ação pública condicionada, ou de iniciativa privada, o auto de prisão em flagrante somente poderá ser lavrado se forem observados os requisitos dos 4º e 5º do art. 5º do Código de Processo Penal. 1.4 Persecutio Criminis Com o passar dos tempos o legislador (na esfera penal) observa a sociedade e percebe que um determinado comportamento deve ser proibido, pois está em descompasso com a paz e a tranqüilidade social exigidas. Então o legislador edita uma norma geral e abstrata que observa a todos, indistintamente. Quando alguém comete um ato ilícito, transgride a norma penal proibitiva, nascendo para o Estado o jus puniendi. Desta forma, surge a persecutio criminis (persecução penal), que é exercida pela polícia judiciária e pelo Ministério Público.

19 19 Verifica-se que a persecutio criminis apresenta dois momentos distintos: o da investigação e o da ação penal. Esta consiste no pedido de julgamento da pretensão punitiva, enquanto que a primeira é atividade preparatória da ação penal, de caráter preliminar e informativo. A pretensão punitiva decorre do direito concreto de punir que surge para o Estado após a prática do crime. É a exigência de que o jus puniendi do Estado prevaleça sobre o direito de liberdade do autor da infração penal, com a sujeição deste à pena cabível na espécie. A persecução penal tem início com a notitia criminis. A noticia do crime dá lugar a informatio delicti, ou a atividade investigatória da persecução penal. O inquérito policial, portanto, é o meio que se vale o Estado, através da polícia, órgão integrante da função executiva, para iniciar a persecução penal com controle das investigações realizadas do Ministério Público. 1.5 Natureza Jurídica Muitas vezes se confunde a natureza jurídica de um instituto com seu conceito, este com suas características. Conforme José Cretella 6 [...] dar a natureza jurídica de um instituto é localizá-lo de modo perfeito, no sistema de direito a que pertence esse instituto. O inquérito é medida preparatória para o exercício da ação penal e, por sinal, dispensável, desde que o titular da ação penal tenha elementos que o autorizem a ingressar em juízo. Com relação à natureza jurídica Polastri conceitua assim: é de procedimento administrativo, pré-processual, autônomo e instrumental 7. No mesmo pensamento, o professor Paulo Rangel conceitua a natureza jurídica como um procedimento de índole meramente administrativa, de 6 CRETELLA JR, José. apud RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 8ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, p LIMA, Marcellus Polastri. Curso de Processo Penal. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2002.p.82.

20 caráter informativo, preparatório da ação penal Ainda também acerca do mesmo assunto José Lisboa da Gama Malcher fala que o inquérito policial é um procedimento administrativo, com caráter persecutório e de instrução provisória, documentando o fato em todos os seus elementos, destinado a preparar a ação penal. 9 Portanto, entende-se que o inquérito policial é um procedimento administrativo, pré-processual, preparatório da ação penal. 1.6 Finalidade O direito de punir pertence ao Estado. Este, contudo, não pode autoexecutá-lo devido às imposições constitucionais que o impedem. Assim, coarctado na sua liberdade de auto-executar o jus puniendi, em face dos limites constitucionais, o Estado, para fazer valer o seu direito de punir, quando há transgressão da norma penal, deve, tal qual o particular, dirigir-se ao Estado- Juiz e dele reclamar a aplicação da sanctio júris. Quando uma autoridade policial tem ciência de que em sua circunscrição ocorreu uma infração penal, ela desenvolve intensa atividade visando à elucidação do fato, isto é, procura colher dados a respeito da natureza da infração, sobre quem tenha sido o autor, e, após as investigações, que formam os autos do inquérito policial, ela os remete à autoridade judiciária e esta fará que cheguem as mãos do Parquet. É o Promotor de Justiça na esfera estadual e o Procurador da República na esfera federal que devem analisar o inquérito e, então, tomar dentre outras, uma das seguintes providências: a) requerer o arquivamento do inquérito; b) requerer a devolução dos autos a polícia para novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia; c) requerer a extinção da punibilidade; d) oferecer a denúncia. A finalidade do inquérito policial é de apurar o delito no sentido de colher 8 RANGEL, Paulo. op. cit., p MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de Processo Penal. 3ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, p. 96.

21 21 todas as informações possíveis a respeito do fato criminoso como o dia, local, hora, maneira de execução, vítima e testemunhas. No caso da autoria, o delegado deve desenvolver a necessária atividade visando descobrir o verdadeiro autor do fato infringente da norma. Os elementos introdutórios do inquérito policial são precipuamente destinados ao órgão da acusação pública para instaurar a persecutio criminis in judicio (persecução penal em juízo), que vem a ser a soma da atividade investigadora com a ação penal promovida pelo Ministério Público ou ofendido. Nesse entendimento a jurisprudência manifesta-se dizendo que: O inquérito policial destina-se a apurar a notícia de um crime em tese, reunindo as provas indiciárias suficientes para que o Ministério Público ofereça a denúncia 10. Outro entendimento jurisprudencial acerca do inquérito policial diz que: O inquérito policial é um procedimento administrativo, visando apurar uma infração penal e sua autoria e fornecer ao órgão da acusação os elementos necessários à propositura da ação penal. 11 Portanto, a causa finalis do inquérito policial não é reunir provas para viabilizar a condenação, e sim, reunir elementos de convicção que possibilitem ao Ministério Público oferecer a denúncia ou o ofendido oferecer a queixacrime. Os elementos de convicção devem ser relativos à existência do crime e a sua autoria, no sentido de possibilitar ao titular da ação ingressar em juízo com a ação penal. Sendo que esses dados fornecidos pelo inquérito policial são valorados pelo juiz processante e contribuem, de forma poderosa, para uma definição judicial. O inquérito policial é apenas informativo, pois sua finalidade é fornecer ao Ministério Público ou ao ofendido, dependendo da natureza da infração, os elementos necessários para a propositura da ação penal. Ademais tudo o que esta no inquérito não passou pelo princípio do contraditório, que está inserido 10 STJ- HC 6859 Rel. Edson Vidigal j DJU , p.123

22 na fase judicial Sujeitos Quem preside o inquérito policial é a autoridade policial, isto é, o Delegado de Polícia que é a maior autoridade em uma delegacia. Tem autoridade superior de direcionar os trabalhos da polícia e são bacharéis em direito aprovados em concurso público. Portanto, o inquérito policial é presidido por um delegado de polícia de carreira. A atribuição administrativa desta autoridade é, como regra geral, determinada em razão do local de consumação da infração (ratione loci). Nada impede, entretanto, que se proceda à distribuição da competência em função da natureza da infração penal (ratione materiae), como ocorre em alguns estados, onde existem delegacias especializadas na investigação de determinados crimes (DRF, DRE, DAS etc.). O território dentro do qual as autoridades policiais têm competência para desempenhar suas atribuições é denominada circunscrição (não se deve utilizar a expressão jurisdição, uma vez que as atribuições das autoridades policiais são exclusivamente administrativas). Jurisdição é o poder-dever de dizer o direito conferido aos juízes. Conforme o art. 22 do CPP, nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, e no Distrito Federal, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições. O sujeito passivo do inquérito policial é o indiciado que é o agente do delito que está sendo investigado por meio do inquérito policial. Difere-se de acusado, pois esta terminologia só usa-se quando o sujeito do delito já está sendo processado por meio de uma ação penal, que se inicia com a citação válida. O indiciado sofre um indiciamento, ou seja, é feita uma imputação ao 11 TACRIM-SP-AP- Rel. Camargo Aranha JUTACRIM SP 27/486

23 suspeito do crime que está sendo investigado no inquérito policial. 23 O inquérito policial nas ações penais públicas terá como destinatário imediato o Ministério Público. Nas ações penais privadas o destinatário imediato será o ofendido. O destinatário mediato do inquérito policial é o juiz de direito, uma vez que o inquérito fornece subsídios para que ele receba a peça inicial e decida quanto à necessidade de decretar medidas cautelares (prisão provisória, quebra sigilo telefônico), sendo que tais medidas tornam-no prevento na eventual ação penal. Os sujeitos do inquérito policial são vítimas e testemunhas, sendo que elas possuem suma importância para inquérito policial, pois as mesmas prestam declarações e informações sobre o fato delituoso, facilitando as investigações policiais, e sendo corroboradas em juízo possuem máximo valor probatório se estiverem em harmonia com as demais provas colhidas nos autos. 1.8 Características O inquérito policial possui características muito próprias e peculiares de sua natureza jurídica. Ele caminha apenas em uma única direção, que é apuração das infrações penais, logo a autoridade policial não pode emitir nenhum juízo de valor sobre o inquérito quando estiver elaborando a sua conclusão. Como diz Paulo Rangel Há relatórios que são verdadeiras denúncias e sentenças. É o ranço do inquisitorialismo no seio policial 12. Portanto, aqui se procura ater apenas as principais características do inquérito policial para que se possa entender seu real objetivo Escrito O inquérito policial é escrito porque todas as suas peças serão reduzidas a escrito ou datilografadas. Escrito significa caligrafado; datilografado. 12 RANGEL, Paulo. op. cit., p. 91.

24 24 Modernamente, as peças do inquérito são datilografadas, evitando-se problemas relacionados à perda de tempo, ou à necessidade de analisar, ou até de descobrir o que realmente foi escrito pelo escrivão. Está previsto no artigo 9 do Código de Processo Penal e determina que todas as peças do inquérito policial serão, num só processo, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. Exige-se, no entanto, algum rigor formal, especialmente na comprovação da materialidade do delito, no interrogatório e no auto de prisão em flagrante, por isso a necessidade de ser escrito ou datilografado (digitado) e rubricado pela autoridade policial Inquisitivo O caráter inquisitivo dá a autoridade policial à discricionariedade de iniciar as investigações da forma que melhor lhe aprouver 13. Desta forma, pode-se afirmar que o inquérito é livre, não havendo regras previamente determinadas para iniciar-se uma investigação. A autoridade policial tem essa liberdade, contudo deve-se respeitar a norma do art. 107 do Código de Processo Penal que estabelece que não poderão opor suspeição às autoridades policiais nos autos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas quando ocorrer motivo legal. A autoridade policial pode, a seu critério, indeferir os pedidos de diligências feitos pelo ofendido ou pelo indiciado conforme estabelece o art. 14 do Código de Processo Penal. Todavia, as requisições feitas pelo Promotor de Justiça deverão ser cumpridas, em face que a requisição é uma ordem e o Parquet faz um controle externo das atividades policiais. No aspecto legal, ao artigo 6 do CPP, alude que a autoridade policial, tão logo tenha conhecimento da prática da infração penal, deverá tomar as providências que visam colher maiores informações sobre o fato ocorrido. 13 Idem. p. 89.

25 25 Não é possível dar ao acusado o direito de defesa, pois ele não está sendo acusado de nada, porém está sendo objeto de uma pesquisa feita pela autoridade policial. Percebe-se que o procedimento inquisitorial veda o princípio do contraditório e da ampla defesa, pois este é próprio do processo penal, em que se apresentam acusação e defesa. Sempre se discutiu a possibilidade do contraditório no inquérito policial. Com o advento da nova Carta Constitucional, sobretudo com base no art. 5º, LXIII e LV, tal discussão veio mais à tona. O entendimento majoritário é no sentido de que a falta do contraditório e da ampla defesa não ofende a Constituição. Frederico Marques versa que: Aquelas garantias constitucionais são dadas a acusados, e não a indiciados, que é o que existe no inquérito policial Sigiloso Sigiloso é uma derivação do substantivo sigilo, que significa segredo, logo, sigiloso é algo em segredo. O inquérito policial deve assegurar o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do investigado, nos termos do art. 5º, X, da CF/88. Não se deve esquecer que milita em favor de qualquer pessoa a presunção de inocência enquanto não sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (CF, art. 5º, LVII). O sigilo que deve ser adotado no inquérito policial é aquele necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Muitas vezes, a divulgação pela imprensa, das diligências que serão realizadas durante o curso de uma investigação, frustra seu objetivo primordial, que é a descoberta da 14 MARQUES, Frederico. O Inquérito Policial e a Instrução Criminal Contraditória. Campinas: Bookseller, p. 64.

26 26 autoria e comprovação da materialidade, pois a sua publicidade poderia causar prejuízos à investigação como o desfazimento dos vestígios deixados pelo autor do delito dificultando os trabalhos de elucidação. O art 20 do Código de Processo Penal, diz que a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Conforme diz Romeu de Almeida Salles Junior: Não se adota no inquérito policial o chamado princípio da publicidade. Este se harmoniza com o processo penal e não no inquérito. No processo penal a publicidade, como regra, é um princípio que se afina com a garantia de ampla defesa do acusado, muito embora, em algumas situações, no próprio processo penal seja mantido o sigilo. 15 Para exemplificar, podemos citar o momento em que os jurados votam os crimes submetidos ao Tribunal do Júri. Essa característica difere-se do principio da publicidade contido na fase de processo, como a uma garantia de ampla defesa do acusado. Em razão da presunção de inocência, o simples fato de uma pessoa possuir contra si um inquérito instaurado não pode ser mencionado pela autoridade policial na emissão de atestados de antecedentes criminais. Entretanto, se o requerente do atestado possuir condenação penal anterior, poderá ser mencionado em seu atestado de antecedentes a instauração de inquéritos. Essa regra consta literalmente do parágrafo único do art. 20 do CPP, como se lê in verbis: Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior. 15 SALLES JUNIOR, Romeu de Almeida. Inquérito Policial e Ação Penal. 7ª ed. São Paulo Saraiva, p. 6

27 27 Para Paulo Rangel, o sigilo imposto ao advogado na investigação policial é plausível, pois ele entende que a Lei 8.906/94, no art 7º, III e XIV, não permite a intromissão durante a fase de investigação que está sendo feita sob sigilo para que a inquisitoriedade não fique prejudicada, bem como a própria investigação. Ele ainda comenta que o advogado tem o direito previsto no Estatuto da Ordem, mas somente quando a investigação estiver sendo conduzida sem sigilo 16. Por ser de natureza inquisitiva, veda ao advogado qualquer intromissão no curso do inquérito. A consulta aos autos na fase do inquérito (cf. art. 7º, XIV da Lei 8.906/84) é para poder o advogado melhor se preparar para eventual acusação feita na ação penal ou, se for o caso, pra adoção de qualquer providência judicial visando resguardar direito de liberdade. Nunca para se intrometer no curso das investigações que estão sendo realizadas em face de um fato que é indigitado a seu cliente e não imputado. 1.9 Oficialidade Como a repressão criminal é função essencial do Estado, deve instituir órgão que assegure a persecução criminal. É o princípio da oficialidade. A oficialidade do inquérito policial significa que somente órgãos de direito público podem realizar o inquérito policial, que são as Delegacias de Polícia, Promotorias e o Poder Judiciário competente. Ainda quando a titularidade da ação penal é atribuída ao particular ofendido, no caso de crimes de a ação penal privada, não cabe a este a efetuação dos procedimentos investigatórios. O inquérito deve sempre ser presidido por uma autoridade pública, no caso, a autoridade policial (delegado de polícia de carreira) dentro dessa característica o princípio da autoritariedade. O delegado de polícia que o preside, jamais acusa, como também não defende, pois se busca uma autoridade imparcial. Caso não ocorresse dessa forma, as investigações deixariam de ser 16 RANGEL, Paulo. op. cit., p. 92.

28 28 imparciais, pois se o ofendido pude-se realizar exclusivamente as investigações, logicamente que estas provas seriam a favor dele e consubstanciadas de fraudes, ocorrendo um prejuízo ao indiciado ou réu. Este princípio, porém, não é absoluto face às ações penais privadas, públicas condicionadas e privadas subsidiárias da pública, no caso de inatividade do promotor de justiça Obrigatoriedade Por ser indispensável que os delitos não fiquem impunes, ocorrendo à infração penal é necessário que o Estado promova o jus puniendi, sem que se conceda aos órgãos encarregados da persecução penal poderes discricionários para apreciar a conveniência e oportunidade de apresentar a pretensão punitiva ao Estado-juiz. Pelo principio da obrigatoriedade a autoridade policial é obrigada a instaurar o inquérito policial e o Ministério Público a promover a ação penal, em se tratando de ação pública incondicionada (art. 5º, 6º e 24 do CPP) ou a ação penal pública condicionada a representação ou requisição do Ministro da Justiça, quando presentes, respectivamente, a representação e requisição. A autoridade policial, na posso de informações que justifiquem a instauração do inquérito, não pode negar-se a fazê-lo, obviamente tratando-se de ação pública incondicionada ou condicionada. Também é obrigatória a persecução, a iniciativa de investigação, para colheita das informações necessárias. No dizer de Tourinho: Se a autoridade policial não investiga o fato nem procura saber quem o cometeu, dificilmente se poderá instaurar um processo contra o criminoso. 17 Este princípio, o mais difundido entre as legislações modernas, contrapõe-se ao da oportunidade, utilizando por algumas. No Brasil, o princípio 17 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. v. I. 22 ª ed. São Paulo: Saraiva, p. 198.

29 29 da oportunidade fica restrito aos crimes de ação penal privada e pública condicionada, quando é exercido pelas partes. Por outro lado, a Constituição de 1988, permitindo a transação (art. 76 da Lei nº 9.099/95), não institui a oportunidade, na medida em que não logrado êxito na transação da pena, o Ministério Público é obrigado a oferecer a denúncia Indisponibilidade Decorre do princípio da obrigatoriedade. Vigora inclusive no inquérito policial. Uma vez instaurado, não pode ser paralisado indefinidamente ou arquivado na Delegacia. A lei prevê prazos de conclusão. O Delegado de Polícia pode, ao relatar o inquérito policial, representar para que o mesmo seja arquivado. O Ministério Público igualmente requer o arquivamento ao juiz que poderá concordar ou não. (vide regra do art. 28 do CPP). Não se aplica à ação penal privada e à pública condicionada, antes do oferecimento, respectivamente, da queixa e denúncia (neste caso, uma vez presente a representação, não pode haver paralisação do feito). A paralisação, no entanto, pode ser verificada no caso de deferimento de hábeas corpus preventivo (quando ocorre o trancamento da ação penal ou da persecução penal). Vale destacar a criação das chamadas VPI S (verificação preliminar de inquérito) antes da instauração dos inquéritos, com o objetivo de investigações preliminar, conforme dispõe o art. 5º, 3º do CPP. Entende-se ser uma evolução investigatória a criação das verificações preliminares, a fim de se evitar instaurações sem o mínimo lastro probatório ou mesmo a justa causa. Entretanto, cabe ao Ministério Público o controle externo das atividades policiais para se evitar arquivamentos sumários acima dos interesses da sociedade Dispensabilidade O inquérito policial é peça meramente informativa. Nele se apuram a

30 30 infração penal com todas as suas circunstâncias e a respectiva autoria. Tais informações têm por finalidade permitir que o titular da ação penal seja o Ministério Público, seja o ofendido possa exercer o jus persequendi in judicio, isto é, possa iniciar a ação penal. Se o titular da ação penal tiver em mãos os elementos imprescindíveis para ingressar em juízo com a denúncia ou queixa, o inquérito policial tornarse-á dispensável. Conforme leitura do art. 12 do CPP, é possível a apresentação da denúncia ou da queixa mesmo que estas não tenham por base um inquérito policial. O referido artigo fala que O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Há, também, outro dispositivo na lei adjetiva penal que mostra a não obrigatoriedade do inquérito policial para a apresentação da denúncia ou da queixa. É o art. 27 do CPP que estabelece que Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Explicitamente acerca desse assunto é o art. 39 do CPP, em seu 5º, que tratando da representação nas ações penais públicas condicionadas, diz in verbis: o órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias. Sobre a dispensabilidade, veja os artigos 12; 39 5º; 46, 1º todos do CPP e mais o art. 77 da Lei 9.099/ Incomunicabilidade Incomunicabilidade é a qualidade de incomunicável. Quando se diz que o indiciado está incomunicável, quer dizer que o indiciado não pode se comunicar com quem quer que seja, salvo, com as próprias autoridades

31 31 incumbidas das investigações. A incomunicabilidade destina-se a impedir que a comunicação do preso com terceiros venha a prejudicar a apuração dos fatos, podendo ser imposta quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. O art. 21 do CPP traz uma regra que grande parte da doutrina considera não recepcionada pela Constituição de Assim fala este dispositivo: Art. 21 A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 (três) dias, será decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no art. 89, III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 4.215, de 27 de abril de 1963). (Redação dada pela Lei nº 5.010, de ). A incomunicabilidade, evidentemente, era medida severa e, por isso mesmo só poderia ocorrer quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação estivesse a exigi-la. A Constituição de 1988, no Capítulo destinado ao Estado de Defesa e ao Estado de Sítio, proclama, no art. 136, 3º, IV que é vedada a incomunicabilidade do preso. Parece evidente que se a Constituição proíbe a incomunicabilidade até mesmo na vigência de um estado de exceção não sendo nada razoável admiti-la em condições normais como conseqüência de um simples inquérito policial. Além disso, a incomunicabilidade é incompatível com as garantias esculpidas no art. 5º da CF/88, nos incisos LXII 18 e LXIII 19. Há aqueles que sustentam quem o art. 21 do CPP ainda é vigente. Vale 18 LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 19 LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada à assistência da família e de advogado;

32 32 ressaltar que a incomunicabilidade não se estende ao advogado, conforme art. 7º, III, do Estatuto da OAB O Advogado no Inquérito Policial É direito do advogado segundo o que preceitua o inciso XIV do artigo 7º da Lei 8.906/94: examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos. Cuidou o legislador de especificar o direito do advogado de examinar os autos de flagrante e inquéritos. A especificação fez-se necessária diante da manifesta resistência dos policiais em permitirem o acesso dos advogados a estes procedimentos em razão do sigilo que os grava, mais exatamente em razão do disposto no art. 20 do CPP, com relação aos inquéritos policiais, que assim preceitua: A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Vale lembrar que o legislador dispensou a necessidade do instrumento de procuração, tudo como fito de facilitar o exercício da advocacia, e ademais, proteger o direito à ampla defesa do acusado. Não se pode negar ao advogado vista de inquéritos ou autos a pretexto de estarem conclusos à autoridade, ardiloso recurso utilizado por vezes pelos policiais para dificultar o acesso do advogado aos autos. Assim, se o inquérito estiver à disposição da autoridade, deverá esta dar imediato acesso ao advogado, sob pena de incidir no abuso de autoridade. Certo, portanto, que o advogado poderá extrair copias e tomar apontamentos de peças de inquéritos e autos de flagrante; não poderá jamais retirar das repartições policiais os autos dos aludidos procedimentos, enquanto em andamento, mercê de sua peculiar natureza. Estabeleceu-se, ainda, nos termos do inciso XVI do art. 7º do novo Estatuto, ser direito do advogado: retirar autos de processos findos, mesmo

33 sem procuração, pelo prazo de dez dias. 33 Ora, para os policiais, importa, na espécie, a retirada de processos de natureza sancionadora, dado que os demais procedimentos que se desenvolvem na polícia ali não se findam, como por exemplo, os inquéritos policiais que não podem ser arquivados na polícia. Nada obsta, entretanto, que tendo a repartição policial cópia de inquéritos policiais findos, forneça-os ao advogado, desde que este faça prova de que o referido inquérito já se prestou às suas finalidades em juízo. Polastri resume o entendimento de forma objetiva: Portanto, inexiste para o advogado o sigilo dos atos formais e de provas já produzidas, presente no inquérito ou outro procedimento investigatório, tendo o mesmo livre acesso a tais elementos para possibilitar a realização da defesa técnica; porem continua em pleno vigor o sigilo da conduta investigatória nos casos necessários, não sendo assegurado ao advogado a presença no ato da colheita probatória ou o contraditório em fase de investigação. 20 Paulo Rangel diz que existe o sigilo para o advogado durante uma investigação policial, porém, quando esta estiver gravada sob sigilo. Quando a mesma estiver sem o aludido sigilo, por direito, o advogado poderá ter acesso ao inquérito. 21 A consulta aos autos é para que se houver realmente uma ação penal, o advogado possa preparar uma melhor defesa. Ademais, torna-se incontestável esse direito do advogado, com a edição da Súmula Vinculante de número 14, aprovada em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal em 02/02/2009, onde reza que: Súmula Vinculante 14 É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado 20 LIMA, Marcellus Polastri. op. cit., p RANGEL, Paulo. op. cit., p. 92.

34 34 por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa Inquérito Extrapolicial O inquérito elaborado pela polícia judiciária não é a única forma de investigação criminal. O parágrafo único 22 do art. 4º do CPP dita outras formas de inquérito tais como: os inquéritos policiais militares (IPM) realizado pelas autoridades militares para a apuração de infrações de competência da justiça militar; o inquérito judicial, presidido pelo juiz de direito da vara empresarial em que tramita o processo de falência, visando à apuração dos crimes falimentares; as Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI S), para procederem nas investigações de maior vulto; o inquérito civil público, instaurado pelo Ministério Público tendo como objetivo colher elementos para propor a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa Contraditório, é algo que envolve contradição; incoerência. Este princípio é a possibilidade de contraditar uma informação e defender-se da mesma. A Constituição Federal de 1988 o consagra no art. 5º LV, dizendo que aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com meios e recursos a ela inerentes. Inicialmente, a garantia do contraditório e da ampla defesa consagravase na Constituição revogada, aplicando-se apenas ao processo penal. Sendo que com a promulgação da Carta Magna de 1988, foi alargado a todos processos administrativos disciplinares e processos judiciais. Se o inquérito 22 Art. 4º [...]. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

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