SALA DE SENSIBILIZAÇÃO COMO METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO DO PIBID NA ESCOLA. PALAVRAS - CHAVE: Educação Física Escolar; Família; Percepção Sensorial.

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1 SALA DE SENSIBILIZAÇÃO COMO METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO DO PIBID NA ESCOLA PALAVRAS - CHAVE: Educação Física Escolar; Família; Percepção Sensorial. INTRODUÇÃO O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) surge da constatação do enfraquecimento dos cursos de licenciatura e da necessidade da aproximação da formação inicial com a experiência profissional. O programa "é uma iniciativa para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica" (CAPES, 2014). Os projetos tem como princípio a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica, para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob a orientação de um docente da licenciatura e com a contribuição de um professor supervisor da escola. Em uma das iniciativas de aproximação com uma das escolas-campo, num espaço de planejamento coletivo em que um dos temas era a Festa da Família, que é um evento previsto no calendário da Secretaria Municipal de Educação (SME), o coletivo de professores apresentou como demanda a realização de oficinas que tivessem como objetivo a aproximação da família com os alunos e com a escola. A partir dessa demanda o coletivo restrito (formado pelos 10 bolsistas, 2 supervisores e o coordenador do PIBID) se utilizou da Sala de Sensibilização como um instrumento de intervenção e pesquisa 1. O objetivo deste trabalho é justamente refletir sobre a esta ação como intervenção do PIBID na escola. A Sala de Sensibilização é um instrumento criado pelo coletivo PIBID do subprojeto de Educação Física anterior ( ) e que tem como objetivo provocar a reflexão sobre a relação entre os integrantes da família por meio da inversão da responsabilidade da ação, questionando os papéis na relação de pais e filhos. A sala consiste num circuito de objetos que oferecem uma variada gama de experiências, envolvendo variados sentidos e provocando diferentes sensações que provocam a insegurança. Durante a experiência os particpantes tem sua visão restringida e são conduzidos por seus filhos. Como a sala de sensibilização visava instigar as sensações dos participantes, a retirada da visão se justifica pelo fato de que ela é o sentido que está mais ligado as formulações objetivas. Sobre esse aspecto Brito (2012, p.33) afirma que as sensações visuais e auditivas 1 Pesquisa produzida a partir do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), Financiado pela CAPES. 1

2 estão voltadas para o que é objetivo. Outro objetivo da experiência é a identificação das percepções que os responsáveis familiares obtinham do que estavam vivendo. A partir dos autores da psicologia histórico-cultural 2, entende-se que a percepção não é a mera junção dos processos sensitivos a nível biológico. Pelo contrário, entende-se que a percepção humana está intimamente ligada à prática social e a experiência anterior do sujeito, comparando ou confrontando as informações que chegam às concepções anteriores (BRITO,2012, p.34). A análise da percepção portanto, é um dos caminhos para a investigação da relação do responsável familiar com os filhos a partir de uma situação que possibilitava a inversão de papéis no que diz respeito a responsabilidade e ao direcionamento das ações. OBJETIVO GERAL Refletir sobre a ação da sala de sensibilização como intervenção do PIBID na escola. OBJETIVO ESPECÍFICO Analisar qual o impacto da sala de sensibilização nos participantes; Identificar a compreensão de percepção; Verificar as reações provenientes da troca de papéis durante a dinâmica; Analisar as influências da dinâmica na relação familiar. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo. Realizada por meio de entrevistas. O diálogo com os pais/responsáveis, realizado logo após a dinâmica na sala de sensibilização, foi fundamental para compreender como eles se sentiam passando por uma experiência capaz de tirá-los da zona de conforto, visto a inversão de papéis entre pai e filho vivenciada durante a atividade. O diálogo foi estabelecido através de uma entrevista, realizada por meio de um questionário semi-estruturado, entendendo que esse tipo de entrevista: [...] parte de questionamentos básicos, fundamentado nas teorias e nas hipóteses que interessam à pesquisa, oferecendo-lhe uma diversidade de interrogativas a partir das respostas dos entrevistados (informantes) [...] (TRIVIÑOS, 1987, p.146). 2 São os autores da chamada Escola de Vigotski, que desenvolveram estudos sobre psicologia na União Soviética pós-revolucionária. 2

3 Foram entrevistados dezessete (17) participantes, sendo estes pais/responsáveis. O questionário foi composto por três (3) perguntas, voltado para a experiência/sensação decorrente da atividade realizada na sala da sensibilização, foram realizadas as seguintes perguntas: Como foi à experiência de ter sido guiado(a) pelo (a) seu (a) filho (a)? Como foi à experiência/sensação de passar pelos obstáculos com os olhos vendados? Você acha que a sensação seria diferente se pudesse utilizar a visão? Para Thiollent (2009, p.65), a concepção de questionário é intimamente relacionada com o tema e os problemas que forem levantados nas discussões iniciais e com as hipóteses e diretrizes correspondentes. Nesse contexto buscamos elaborar as perguntas de maneira que os entrevistados tivessem a oportunidade de expressar as sensações obtidas nessa experiência e relacionar as respostas com os respectivos objetivos apresentados como norteadores da dinâmica proposta pela sala da sensibilização. ANÁLISE E DISCUSSÃO Através da análise das entrevistas nota-se que a maioria dos participantes relataram sentir medo/insegurança durante a passagem pelos obstáculos. No entanto, essa sensação não foi expressa como algo negativo pelos participantes, visto que grande parte dos entrevistados avaliaram a dinâmica como boa/interessante, quando questionados sobre a experiência de ter o filho guiando-os pelos obstáculos. Alguns pais relataram também que a atividade proporcionou um momento de aproximação com os filhos. A relação familiar que compõe um dos objetivos da sala da sensibilização é destacada no seguinte depoimento (Sujeito 4): Foi maravilhoso, é bom estar sempre ao lado dos filhos, é gostoso né? Nem sempre a gente tá podendo estar com eles, trabalha muito, correria danada, então quanto tem isso é gostoso, é muito bom! Além da relação familiar, notamos que a utilização da visão, foi um fator constantemente enfatizado pelos participantes como algo essencial na realização de atividades diárias e por isso um elemento desestabilizador durante a realização da dinâmica na sala de sensibilização. O medo desencadeado pelas diversas sensações provocadas pelo tato foi constantemente demonstrado durante a passagem pelos obstáculos. Através da percepção de cada individuo, percebemos que as reações variavam de acordo com aquilo que eles acreditavam estar tocando/sentindo. Essas sensações só são possíveis, devido às vivências dos sujeitos, que resgatam a percepção de uma realidade já construída que vai do imaginário para o concreto. Essa percepção da 3

4 realidade é entendida como a construção completa de uma imagem ou cena por meio de suas singularidades, sendo esta única e relacionada com experiências anteriores (BRITO, 2012). Através da análise das entrevistas, percebemos que a sala da sensibilização além de despertar percepções singulares nos sujeitos, como visto na última fala, despertou também um novo olhar frente à dificuldade de estar impossibilitado de utilizar a visão. A inversão de papéis no que diz respeito à responsabilidade e ao direcionamento das ações realizadas sob a condução dos filhos, foram enfatizados em alguns momentos nos depoimentos. No entanto, o medo de passar pelos obstáculos desprovidos da visão, foi o fator que mais apareceu durante as falas dos participantes. O que nos leva a realizar uma nova reflexão e reavaliar o método empregado ou o sentido da sala de sensibilização quanto aos objetivos a que pretendemos alcançar com essa atividade. CONCLUSÃO O desenvolvimento desta experiência com a Sala de Sensibilização como uma forma de intervenção e pesquisa do PIBID foi bastante proveitosa tanto para o coletivo restrito, quanto para os sujeitos envolvidos na pesquisa, quanto para a escola-campo. Isso porque além da atividade ter sido demandada pela escola, e avaliada como positiva pelos sujeitos, ela trouxe apontamentos objetivos no que diz respeito a relação entre pais/responsáveis e filhos. Principalmente por se realizar num contexto bastante oportuno, de uma atividade cultural que tem como tema justamente a família, é também um instrumento que pode ficar para os sujeitos da escola como um espaço que atribui ainda mais sentido ao evento, para que este não se cristalize como uma mera tradição de confraternização. Outro ponto importante a se destacar diz respeito a própria relação familiar que hoje, com a velocidade imposta pela lógica do trabalho e da produção, está caindo cada vez mais na superficialidade. Momentos que poderiam ser simples, como o propiciado pela experiência, com a aproximação dos pais/responsáveis e filhos e a inversão da responsabilidade da ação, acabam por ser raros e por colocar os envolvidos a pensar sobre sua relação com seus entes próximos. Vale destacar também que a ênfase dada pelos sujeitos da pesquisa na questão da visão, possa ser fruto dos instrumentos utilizados na metodologia, assim como da preparação do ambiente da sala de sensibilização. Com a experiência acumulada, talvez um questionário um pouco mais detalhado e com a experimentação da sala pela criança antes da condução dos pais/responsáveis, além de algum instrumento que faça com que a criança também se 4

5 expresse, consiga captar de forma um pouco mais elaborada qual a percepção da inversão de papéis nos sujeitos da pesquisa. Como sugestão para estudos posteriores, ficam estudos mais específicos e aprofundados no que diz respeito a própria percepção de relação familiar dos sujeitos que constroem a escola (alunos, professores e servidores administrativos). Nesse sentido seria interessante e pertinente também se aprofundar no domínio afetivo no intuito de entender suas relações com as sensações e percepções. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRITO, P. G. A perspectiva histórico-cultural de Luria e suas contribuições para a Educação Física infantil f. Monografia (Graduação em Educação Física Licenciatura) Faculdade de Educação Física, Universidade federal de Goiás. Goiânia, GO, 2011 Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Disponível em: < Acesso em: 13 de julho de THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. 17 ed. Cortez. São Paulo, TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Pró-Reitoria de Graduação. Edital PIBID/PROGRAD/UFG N 80/2013. Anexo II, subprojeto de Licenciatura em Educação Física. 5

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