ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA. MULHERES E DESPORTO FOLHA DE DADOS 2011

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1 ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA MULHERES E DESPORTO FOLHA DE DADOS 2011

2 02 FOLHA DE DADOS 2011 PRÁTICA DESPORTIVA FEDERADA Em 2010, o número de praticantes inscritas/os na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) correspondia a 28,5% do total de praticantes federadas/os nas diversas modalidades ( ). Segundo os dados [1] do Instituto de Desporto de Portugal (IDP), estavam inscritas/os na FPF praticantes, e destes, apenas mulheres que corresponde à taxa de feminização de 4,2%. (Ilustração 1). ILUSTRAÇÃO 1. Número de mulheres e homens inscritas/os na FPF/ comprova uma brutal disparidade entre o número de raparigas (655) e de rapazes (92.417) nos escalões de formação que determina a ínfima taxa de feminização de 0,7%. Nos escalões Júnior+Sénior o número de mulheres é 8 vezes superior (5.505) e a taxa de feminização de 10% é devida, sobretudo, à diminuição do número de homens para cerca de metade, (Ilustração 2). ILUSTRAÇÃO 2. Número de mulheres e homens inscritas/os nos escalões Até júnior e Júnior+Sénior na FPF/2010. Até Júnior Júnior+Sénior Mulheres Homens Mulheres Homens A desagregação do número de praticantes por escalão competitivo [2], Até Júnior (formação) e Júnior+Sénior (especialização), A diminuta taxa de feminização no futebol, quando comparada com as de outros desportos colectivos, também é devida ao reduzido número das praticantes Até Júnior. De facto, o peso das raparigas mais jovens no total das praticantes corresponde apenas a 10,6% (Ilustração 3).

3 FOLHA DE DADOS É necessário, e urgente, quebrar o ciclo perverso nos escalões de formação: «Os clubes não inscrevem porque não há competição não há competição porque os clubes não inscrevem!» ILUSTRAÇÃO 3. Percentagem de praticantes nos escalões femininos Até júnior e Júnior+Sénior na FPF/2010. Natação (4.893). E no que diz respeito ao número de praticantes inscritas nos escalões Júnior+Sénior, o Futebol sobressai como o desporto colectivo da preferência das mulheres, cujo valor excede a soma do número de praticantes dos três desportos colectivos com maior número de praticantes femininas, o Andebol com 832, o Basquetebol com 3.112, e o Voleibol com (Ilustração 4). Júnior+Sénior 89,4% ILUSTRAÇÃO 4. Número de mulheres inscritas no escalão Júnior+Sénior nas 6 federações de desportos colectivos/2010. Andebol 832 Até Júnior 10,6% Basquetebol Futebol Hóquei Rugby Esta é uma realidade muito particular. Comparativamente com outros desportos colectivos, verifica-se no Futebol uma grande disparidade entre o número de homens e mulheres praticantes [1]. As taxas de feminização no Voleibol (51,9%), no Hóquei (41,1%), no Basquetebol (40,2%) e no Andebol (38,4%) contrastam com as do Rugby (6,5%) e do Futebol (4,2%). Contudo, a taxa de feminização não traduz um afastamento das raparigas e mulheres do Futebol. Pelo contrário, outras modalidades com taxas de feminização muito superiores inscrevem praticantes em números semelhantes, como são os casos da Ginástica (6.546), do Atletismo (5.689) ou da Voleibol Inscrições na FPF/2010 [1]: Número de dirigentes: homens; mulheres (7,2%) Número de árbitros/as: homens; 185 mulheres (5,6%) Número de treinadores/as: homens; 91 mulheres (1,3%) Na última década (2001/2010), o número de praticantes inscritas/ os na FPF [1] aumentou de para , correspondendo a uma taxa de crescimento de 28,5%. O número de praticantes nos

4 04 FOLHA DE DADOS 2011 escalões femininos também aumentou, de para Este crescimento resultou, principalmente, de um aumento nos escalões Júnior+Sénior, mais praticantes, enquanto nos escalões Até Júnior o aumento foi de apenas 392 praticantes. Nos últimos 10 anos, a taxa de feminização Até Júnior manteve-se praticamente estagnada, entre 0,4% e 0,7%. Em oposição, nos escalões Júnior+ Sénior, subiu de 5,4%, em 2001, para 10%, em 2010 (Ilustração 5). ILUSTRAÇÃO 5. Evolução da taxa de feminização (%) nos escalões Até júnior e Júnior+Sénior na FPF, entre 2001 e ,4 8,4 9,4 Júnior+Sénior Até Júnior 10,0 crescimento foram mais elevadas. O Andebol inscreveu mais praticantes (136%), o Basquetebol mais (150%) e o Voleibol mais (249%), um crescimento evidente, sobretudo nos escalões Até júnior. (Ilustração 6). ILUSTRAÇÃO 6. Número de mulheres inscritas nos escalões Até júnior e Júnior+Sénior nas federações de 4 desportos colectivos, entre 2001 e Andebol Basquetebol Futebol Voleibol Andebol Basquetebol Futebol Voleibol Até Júnior Júnior+Sénior Neste período, o aumento do número das praticantes de Futebol correspondeu a uma taxa de crescimento de 84%. Contudo, o crescimento de praticantes nos escalões femininos foi inferior ao verificado em outros desportos colectivos, cujas taxas de EQUIPAS E JOGADORAS. FUTSAL, FUTEBOL 11 E FUTEBOL 7 Para conhecer, em detalhe, os dados da prática desportiva federada das raparigas/mulheres no Futebol e Futsal procedemos à recolha dos dados da prática desportiva [3], desagregados por modalidade, sexo, escalão competitivo e unidade territorial, na época desportiva 2010/2011.

5 FOLHA DE DADOS Foi apurado um total de praticantes, dos quais mulheres (3,9%). A taxa de feminização por modalidade alterna, essencialmente, entre 1,4 % para o Futebol/11 e 14,2 % para o Futsal. No Futebol/11 em 100 praticantes, 99 são rapazes/homens e apenas uma é rapariga/mulher. No Futsal a proporção é bem superior, em 100 praticantes 14 são raparigas/mulheres. No Futebol/7 e Actividades Lúdicas a taxa de feminização é de 2% e 1,6%, respectivamente (Ilustração 7). ILUSTRAÇÃO 7. Número de mulheres e homens inscritas/os, por modalidade, nas Associações Distritais de Futebol, em 2010/2011. Total Futebol 11 Futebol 7 Futsal Activ. Lúdicas Mulheres Homens cionais, e no escalão Sénior, o Futsal não tem paralelo. O número das suas praticantes é superior à soma de todos os outros desportos colectivos: Andebol (451), Basquetebol (609), Corfebol (174), Hóquei (143), Rugby (333) e Voleibol (801). O Futebol 11 reúne praticantes, 691 no escalão Sénior, 482 no Júnior e 35 no Infantil. O Futebol 7, apesar de não ter qualquer rapariga inscrita no escalão Infantil, é a única modalidade com praticantes inscritas no escalão Iniciado [3]. ILUSTRAÇÃO 8. Número de mulheres inscritas, por modalidade e escalão competitivo, nas Associações Distritais de Futebol, em 2010/ Futsal Futebol 11 Futebol 7 Acts. Lúdicas Sénior Júnior Inic.-Inf.-B-T-Pet. Talvez devida mais à contingência de acesso do que à preferência das raparigas/mulheres, as praticantes distribuem-se pelo Futebol 11, Futebol 7 e Futsal, em 4 dos 5 escalões possíveis. É patente um predomínio do Futsal com grande número de praticantes no escalão Sénior (2.538) e Júnior (1.329). Em termos na- Na época desportiva 2010/2011 estavam inscritas jogadoras, e destas, foram enquadradas em 357 equipas femininas nos dois escalões possíveis, Sénior e Júnior. As restantes 638 jogadoras,

6 06 FOLHA DE DADOS 2011 mais de 10%, inscritas no Futebol 11 e 7 (447) e Futsal (191) nos escalões Infantil, Benjamim, Traquina e petiz, terão sido enquadradas em equipas mistas, ou simplesmente, não tiveram possibilidade de aceder a competições regulares e oficiais. As equipas de Futsal (275) representam 77% do total de equipas femininas e disputam os Campeonatos Distritais. Idêntica organização competitiva para as 39 equipas do Futebol 7, no escalão Sénior (19) e Júnior(20). O Futebol 11 só integra equipas no escalão Sénior (43) e a maioria disputa as duas competições de âmbito nacional, o Campeonato Nacional e o Campeonato de Promoção (Ilustração 9). ILUSTRAÇÃO 9. Número de equipas inscritas, por modalidade e escalão competitivo, nas Associações Distritais de Futebol, em 2010/ Equipas Sénior Equipas Júnior Em Outubro de 1982, o jornal Expresso noticiava que o Futebol de 11 atravessava uma «fase de grande incremento cerca de atletas e 54 equipas». Os 10 clubes com maior número de jogadoras inscritas em 2010/2011. Centro Recreativo Cultural Quinta dos Lombos. Futsal: 54. Carcavelos, Cascais. Lisboa. Sociedade União 1º Dezembro. Futebol: 52. S. Pedro de Penaferrim, Sintra. Lisboa. Carnide Clube. Futsal: 49. Carnide, Lisboa. Lisboa. Sport Clube Salgueiros/08. Futebol: 45. Paranhos, Porto. Porto. Casa Benfica Alcochete. Futsal: 41. Alcochete. Setúbal. Associação Cultural Desportiva Che-Lagoense. Futsal: 40. Parchal, Lagoa. Faro. Escola Futebol Feminino de Setúbal. Futebol/Futsal: 39. S. Julião, Setúbal. Setúbal. Clube Sport Marítimo. Futebol: 38. Santo António, Funchal. Funchal. Sociedade Recreativa Estrelas do Feijó. Futsal: 38. Feijó, Almada. Setúbal. Vilaverdense Futebol Clube. Futebol: 34. Vila Verde. Braga Futsal Futebol 11 Futebol 7 Número de clubes que não inscreveu nenhuma jogadora: (70%) Número de clubes sem nenhuma equipa feminina: (85%)

7 FOLHA DE DADOS A distribuição geográfica das praticantes de futebol e futsal, e das respectivas equipas, no território nacional é bastante assimétrica. Cerca de 50% das praticantes de Futebol e Futsal convergiram nas Áreas Metropolitanas de Lisboa (1.066), do Porto (798) e nos distritos de Leiria (708) e Braga (369). Lisboa com 49 equipas, Leiria (48), Porto (43), Aveiro (32) e Braga (25) foram as Associações Distritais com maior número de equipas femininas inscritas, mais de 50% do total de equipas. Distrito com maior taxa de feminização: Leiria 6,5% Concelho com maior número de jogadoras inscritas: Leiria 234 Freguesia com maior taxa de feminização: Pombal 41,7% Na Região Autónoma dos Açores sobressaíram Angra do Heroísmo, com 11 equipas de Futsal, e Ponta Delgada com 10 equipas, 5 de Futsal e 5 de Futebol. A Região Autónoma da Madeira só reuniu 4 equipas de Futebol 11. À excepção de Beja, Portalegre e Madeira, todas as Associações Distritais de Futebol organizaram Campeonatos Distritais de Futsal no escalão Sénior (19) mas no escalão Júnior foram apenas 7. Nenhuma das Associações Distritais promoveu a organização simultânea, nos escalões Júnior e Sénior, dos Campeonatos Distritais de Futebol de 7. Oito das 22 Associações só organizaram um Campeonato Distrital numa única modalidade e num único escalão competitivo (Ilustração 10). ILUSTRAÇÃO 10. Número de equipas inscritas, por modalidade e escalão competitivo, nas 22 Associações Distritais de Futebol, em 2010/2011. Aveiro Beja Braga Bragança Castelo B. Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana C. Vila Real Viseu Angra H. Horta P. Delgada Madeira FUTS S FUTS J. FUT11 S. FUT7 S. FUT7 J.

8 08 FOLHA DE DADOS 2011 DESPORTO ESCOLAR O programa do Desporto Escolar aplica-se a todos os estabelecimentos de ensino dos 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário, sendo potenciais praticantes as/os alunas/os que os frequentam [4]. Os dados oficiais sobre a participação no Desporto Escolar não fornecem, infelizmente, informação sobre o número total de praticantes, facto que decorre da mera inventariação das inscrições em cada uma das modalidades desportivas. E como cada aluna/o se pode inscrever no máximo em duas modalidades desportivas [5], é assim impossível conhecer com exactidão o alcance e impacto da prática desportiva no conjunto da população escolar. No ano lectivo de 2010/2011 foram registadas, pelo Desporto Escolar, inscrições de alunas/os, das quais (19,4%) de raparigas, (30,2%) de rapazes e (50,4%) de praticantes sem desagregação por sexo [6], que se designam por mistos (Ilustração 11). ILUSTRAÇÃO 11. Número de inscrições de alunas e alunos registadas pelo Desporto Escolar. Ano lectivo 2010/ Raparigas Rapazes Mistos No Desporto Escolar as competições desportivas dirigidas às crianças e jovens, entre os 9 e 17 ou mais anos, estão distribuídas por 5 escalões etários que tendem a corresponder aos ciclos de escolaridade, Infantil A (9/10 anos), Infantil B (11/12 anos), Iniciado (13/14 anos), Juvenil (15/16 anos) e Júnior (17 ou mais anos), com taxas de feminização de, respectivamente, 30,6%, 24,7%, 37,5%, 40,2%, 45,7%, traduzindo, pelo menos nos números de inscrição [6], um equilíbrio crescente entre raparigas e rapazes com o aumento da idade, à excepção do decréscimo registado no escalão Infantil B. No ano lectivo 2010/2011, o número de alunos e alunas inscritos/as no Futsal representou 20,5% do total de inscrições no Desporto Escolar. No Futsal, tal como nos restantes

9 FOLHA DE DADOS desportos colectivos, as inscrições são desagregadas por sexo [6]. Foram registadas inscrições de rapazes e de raparigas, correspondendo à taxa de feminização de 24,8%, seis vezes superior à federada. (Ilustração 12). ILUSTRAÇÃO 12. Número de inscrições de alunas e alunos no Futsal registadas pelo Desporto Escolar. Ano lectivo 2010/2011. Comparativamente, a taxa de feminização do Futsal no Desporto Escolar (24,8%) foi a mais baixa das modalidades colectivas com maior número de inscrições. Contudo, em números absolutos, o Futsal foi a 2ª modalidade de eleição das raparigas, e correspondeu a um valor bem superior à soma das inscrições do Andebol, e do Basquetebol, (Ilustração 13). Júnior Juvenil Raparigas Rapazes ILUSTRAÇÃO 13. Número de inscrições de alunas e alunos em 4 modalidades colectivas registadas pelo Desporto Escolar. Ano lectivo 2010/2011. Iniciado Infantil B Infantil A Total Raparigas rapazes É interessante comparar, grosso modo, o número de raparigas inscritas até ao escalão júnior no Futsal pelo Desporto Escolar, cerca de 7.000, com o número das praticantes federadas nos escalões etários equivalentes, apenas 655! Consolida-se a ideia de que para a maioria das raparigas a escola constitui a única oportunidade de prática desportiva organizada, onde o acesso é mais facilitado, sobretudo nas idades mais precoces. Assim, nunca é demais realçar a importância do papel da escola pública de qualidade, com condições materiais e financeiras adequadas e elevado nível de enquadramento técnico-pedagógico para cumprir os imperativos constitucionais de efectivação dos direitos sociais e culturais na educação física e desporto de crianças e jovens, rapazes e raparigas. Andebol Basquetebol Futsal Voleibol

10 10 FOLHA DE DADOS 2011 FONTES E REFERÊNCIAS: (1) IDP. Estatísticas do Desporto, DEZ/2010. Não publicado, cedido em versão electrónica pelo IDP. Acessível em (2) FPF. Desde 2002, no futebol/futsal as raparigas integram o escalão júnior com 13 anos, e nos escalões Petizes, Traquinas, Benjamins e Infantis as equipas podem ser constituídas por praticantes de ambos os sexos. (3) APMD. Recolha de dados efectuada entre Abril e Junho de 2011, no registo de cada Associação Distrital através do sítio internet da Federação Portuguesa de Futebol, (4) DGIDC/GCDE. Regulamento Geral de Provas 2009/13; DL 95/91, de 26 de Fevereiro, art.º 5º. (5) GCDE/DGIDC. Programa do Desporto Escolar 2009/13. Junho (6) GCDE/DGIDC. Inscrições de alunos e professores 2010/11. Não publicado, cedido em versão electrónica pelo GCDE. A APMD agradece ao IDP e ao GCDE a disponibilização dos dados estatísticos.

11 FOLHA DE DADOS ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA MULHERES E DESPORTO O JOGO DAS RAPARIGAS. FOLHA DE DADOS/2011. Autoras: Isabel Cruz, Marisa Roque, Maria Martins. Revisão: Cristina Matos Almeida Design gráfico: CJORGE Design e Comunicação Associação Portuguesa Mulheres e Desporto, apmdesporto@netcabo.pt Tiragem: 1000 exemplares Impressão e acabamento: Regiset Data de impressão: Outubro, 2011 Depósito legal:.. ISBN: O conteúdo desta brochura pode ser reproduzido em parte, ou no seu todo, se for mencionada a fonte.

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