POTENCIALIDADE DA GORDURA DE FRANGO COMO MATÉRIA PRIMA PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL
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- Bernardo Ximenes Olivares
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1 POTENCIALIDADE DA GORDURA DE FRANGO COMO MATÉRIA PRIMA PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL Kênia Ferreira Rodrigues 1 Antonio Carlos Fraga 2 Pedro Castro Neto 3 José Antonio da Silva Maciel 4 Osvaldo Candido Lopes 5 RESUMO A indústria avícola brasileira tem a necessidade de melhorar a qualidade das carcaças e cortes, visando ampliar a aceitação pelos consumidores. A retirada da gordura abdominal e da grande quantidade de pele, principalmente a cobertura do peito, são fundamentais para a melhoria da qualidade da carne de frango. Os resultados encontrados evidenciaram que o teor de gordura abdominal varia de 1,0 a 1,8% do peso do frango, e a pele do peito variou de 1,0 a 1,5%. Estes percentuais de gordura podem atender de 12 a 20% da necessidade de matéria prima para produção do biodiesel necessário para atender a legislação brasileira de biodiesel (B2). Palavras-chave: gordura animal, frango, pele, biodiesel. 1 INTRODUÇÃO A crescente expansão da produção de carne de frango no Brasil, coloca para a indústria avícola a necessidade de melhorar a qualidade das carcaças colocadas à disposição dos consumidores. Entendendo como qualidade o conjunto de atributos que condicionam a aceitação de um produto pelo consumidor, esta pode ser comprometida pela presença da gordura na carcaça, gordura abdominal encontrada na região próxima à cloaca ou a grande quantidade de pele, principalmente a cobertura do peito. O grande impasse seria qual o destino a ser dado a este material pelo abatedouro, já que a utilização de subprodutos de origem animal estão sendo atualmente retirados das dietas 1 Professora Assistente 1 da Fundação Universidade Federal do Tocantins UFT, rodrigueskf@uft.edu.br 2 Professor Titular, UFLA/DAG, fraga@ufla.br 3 Professor Titular, UFLA/DEG, fraga@ufla.br 4 Professor Doutor, Faculdade de Engenharia Agrícola UNICAMP amaciel@agr.unicamp.br 5 Doutorando da Faculdade de Engenharia Agrícola UNICAMP osvaldo.lopes@agr.unicamp.br 832
2 animais, se tornando um produto com potencial poluente. A utilização deste material como fonte para produção de energia, como biodiesel, aparece como uma excelente alternativa para a Indústria, com grande apelo quando se visa a conservação do meio ambiente. O teor de gordura em uma carcaça de frango de corte pode ser influenciado por diversos fatores, como origem genética (Littlefield, 1972; Merkley, Littlefield e Chaloupka, 1973); idade da ave (Edwards, Denman, Abov-Ashour e Nugara, 1973); sexo, as fêmeas tendo mais gordura do que os machos (Summers, Slinger e Ashton, 1965; Cotta e Delpech, 1990). Além destes, o teor de gordura ainda tem uma correlação positiva com o peso vivo da ave (Chambers e Fortin, 1983). As linhagens modernas vem sendo trabalhadas para um rápido ganho de peso e deposição protéica, sendo que quando há qualquer desbalanço no fornecimento dos nutrientes a deposição de gordura abdominal é aumentada. Esta gordura é gerada através da hipertrofia e hiperplasia das células adiposas (Hood, 1984) MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada a determinação do rendimento de carcaças comuns de quatro diferentes marcas comerciais, obtidas no mercado de Lavras-MG. Estas foram pesadas individualmente no momento da compra e, após, foram separadas as seguintes partes: cabeça, pescoço, pés, pulmões, vísceras comestíveis (fígado, moela, coração) e gordura abdominal (da região da cloaca). Em seguida estas carcaças foram seccionadas e pesadas para obtenção dos rendimentos das diversas partes. Procedeu-se a análise estatística num delineamento inteiramente casualizado com 4 marcas e 5 repetições. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dos rendimentos dos diferentes componentes da carcaça (%) em relação ao peso das aves, estão dispostos nas Tabelas 1 e 2. As dietas atuais a base de milho e soja, seguindo as recomendações das tabelas brasileiras levam a uma certa uniformidade em termos de produção de gordura abdominal. 833
3 Tabela 1: Rendimentos de diferentes componentes da carcaça (%) em relação ao peso na hora da aquisição Partes Marcas Médias A B C D Cabeça 2,5a 2,9a 3,2a 2,9a 2,9 Pescoço 3,5a 2,8a 3,9a 3,2a 3,4 Fígado 2,1a 2,3a 2,8a 2,5a 2,4 Moela 1,4a 1,3a 2,2a 1,1a 1,5 Pés 2,9a 3,9a 3,2a 5,7a 3,9 Gordura abdominal 1,1a 1,6a 1,0a 1,8a 1,4 Em cada linha, médias seguidas de letras iguais nas linhas são estatisticamente semelhantes (P>0,05) Tabela 2: Rendimentos (%) de diversos cortes em relação ao peso da carcaça na hora da aquisição de quatro marcas comerciais de frango Partes Marcas Médias A B C D Peito 16,3a 15,0a 14,9a 14,8a 15,3 Dorso 15,8a 16,1a 15,5a 15,9a 15,8 Sobre-coxa 9,5a 9,8a 9,1a 9,8a 9,6 Coxa 7,4a 6,9a 7,1a 7,8a 7,3 Asa 5,9a 6,3a 6,8a 6,7a 6,4 (Coxa+sobre-coxa) 16,9a 16,2a 16,2a 17,1a 16,6 Pele+osso do peito 2,5a 2,2a 1,6a 2,6a 2,2a Pele+osso da sobre-coxa 1,7a 2,1a 1,6a 1,9a 1,8a Pele+osso da coxa 3,4a 3,4a 3,4a 3,9a 3,5a Pele+osso da coxa+sobrecoxa 5,0a 5,0a 5,1a 5,3a 5,1a Em cada linha, médias seguidas de letras iguais nas linhas são estatisticamente semelhantes (P>0,05) Se considerarmos o peso médio das carcaças em torno de 2,4 kg, a gordura abdominal presente na carcaça, que será provavelmente descartada pelo consumidor será em torno de 34 gramas. Ao avaliar as diferentes marcas de frango, verificou-se um rendimento de gordura abdominal variando de 1% a 1,8%, o que daria uma variação de 24 a 43 gramas. Se 834
4 considerarmos que a produção brasileira no ano de 2004 se aproximou dos 8,5 milhões de toneladas (avisite.com.br, 2005), a produção de gordura abdominal chega a variar de ton a ton, material este que poderia ser utilizado como matéria prima para a produção de biodiesel, representando hoje cerca de 10 a 16% da necessidade do b2. A produção verticalizada da industria avícola traz um outro problema, com a produção de filets de carne de frango a pele se torna um resíduo problemático na indústria avícola. Esta pele pode perfazer também em torno de 2% daquela porção, considerando a tabela 2 isto renderia em torno de 1 a 1,5%, ou seja, de ton a ton, considerando que a indústria de produção de filets ainda é limitada no Brasil, vamos considerar que em torno de 15% da produção seja neste setor, teremos em torno de ton de pele, somado a da gordura abdominal, poderiam contribuir com 12 a 20% da necessidade de matéria prima para a produção de biodiesel, para atender a legislação de B2. CONCLUSÃO O teor de gordura abdominal variou de 1,0 a 1,8%, e não teve efeito de diferentes marcas de frango. A contribuição da gordura abdominal e da pele do peito de frango pode chegar a contribuir com 12 a 20% da necessidade de matéria prima para o biodiesel, para a utilização do B2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Chambers, J.R.; Fortin, A. Live body and carcass measurements as predictors of chemical composition of carcass of male broiler chickens. Poultry Science, Champaign, v.63, n.11, p , Nov Cotta, J.T.B.; Delpech, P. Efeitos do sexo e de diferentes níveis de proteína e lisina sobre a formação de gordura abdominal em frangos. A Hora Veterinária, v.10, n.54, p.24-26, set-out Edwards, H.M.; Denman, F.; Abov-Ashour, A.; Nugara, D. Carcass composition studies. I. Influence of age, sex and type of dietary fat supplementation on total carcass and fatty acid composition of chickens. Poultry Science, Ontário, v.52, n.3, p , May Littlefield, L.H. Strain differences in quantity of abdominal fat in broilers. Poultry Science, Ontário, v.51, n.5, p.1829, Sept
5 Merkley, J.W.; Littlefield, D.H.; Chaloupka, G.W. Abdominal fat, skin and subcutaneous fat from six broiler strain raised on the floor and in coops. Poultry Science, Ontário, v.52, n.5, p.2064, sept Summers, J.D.; Slinger, J.S.; Ashton, G.C. The effect of dietary energy and protein on carcass composition with a note on a method to estimating carcass composition. Poultry Science, Ontário, v.44, n.2, p , March acesso em junho/
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