DA CALCULADORA PARA O TABLET: ATIVIDADES INSTIGADORAS EM BUSCA DE UMA MATEMÁTICA SEDUTORA. Wagner Marques 1
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- Francisco Viveiros Martins
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1 DA CALCULADORA PARA O TABLET: ATIVIDADES INSTIGADORAS EM BUSCA DE UMA MATEMÁTICA SEDUTORA Wagner Marques 1 1 UFRRJ/PPGEduc, wagsm@ig.com.br Resumo Tendo em vista a possibilidade de utilização de novos recursos em sala de aula, graças ao avanço tecnológico que disponibiliza equipamentos mais sofisticados a preços mais acessíveis, sentimo-nos inclinados a elaborar um conjunto de atividades que partem do uso da calculadora comum (de bolso) em direção a dispositivos mais sofisticados como os tablets, na busca por uma matemática mais sedutora. A fim de que seja evitada a expectativa do aproveitamento apenas como novidade, mas no sentido de se concentrarem esforços em se fazer uma prática diferenciada, optaremos pela elaboração e implementação de atividades instigadoras, direcionadas à Educação Básica, especificamente ao segundo ciclo do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio. Como acreditamos no potencial das interações, a proposta consiste na realização das atividades em duplas ou trios. Aquiescendo que será inevitável a invasão das salas de aula por essas tecnologias, preocupa-nos a questão de estarmos preparados ou não para uma apropriação que favoreça o aprendizado, principalmente no trato com as contas, com os números, ou seja, com a Matemática. Desta forma, ficamos a imaginar sobre a possibilidade de trazer contribuições para o ensino da Matemática, através da proposição das atividades instigadoras com calculadoras e tablets na ministração dessas aulas. Palavras-chave: Calculadora. Tablet. Atividades Instigadoras. INTRODUÇÃO Inspirados em Bigode (2007), Marques (2012) e Marques e Bairral (2014) na abordagem sobre utilização da calculadora na álgebra, e em Domingues, Heitmann e Chinellato (2013), Silva (2014) e Bairral, Assis e Silva (2015) no trato dos tablets na geometria, apresentamos esta oficina que abarca possibilidades do uso da tecnologia em sala de aula, mediante a implementação de atividades instigadoras (MARQUES; BAIRRAL, 2014), com o objetivo de esclarecer que é possível explorar a potencialidade de um recurso tecnológico, sem que se torne um atrativo apenas pela novidade conferida ao mesmo e, mais ainda, que sua prática não se transforme numa rotina meramente mecânica. As tarefas têm sua aplicação voltada para a Educação Básica, especificamente para o segundo segmento do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, as quais serão realizadas em duplas ou trios, com o auxílio da calculadora comum (de bolso) e do tablet com dois aplicativos voltados para a Álgebra, uma vez que esses dispositivos têm sido usados mais frequentemente nas aulas de Geometria. Mas o que seriam as atividades instigadoras? ATIVIDADES INSTIGADORAS Conforme sinalizado por Marques e Bairral (2014), atividade instigadora é aquela que, associada ao cotidiano do aluno na perspectiva de enfrentar problemas reais, pode
2 estimular e despertar o interesse do mesmo em construir relações entre seus conhecimentos para poder aplicá-los diferentemente, criando a oportunidade para a construção do conhecimento a partir das descobertas. É também um tipo de atividade capaz de promover o desenvolvimento de competências de cálculo, principalmente em operar uma calculadora. Finalmente, uma atividade com caráter instigador pode promover uma reflexão no estudante, possibilitando a relativização de verdades matemáticas. Os estudiosos esclarecem que não é necessária a presença das quatro principais características (averigua o uso/aplicação de conhecimentos prévios; pode estimular e despertar o interesse para aprender; possibilita a construção do conhecimento a partir de descobertas; e desperta reflexão sobre a relativização de verdades matemáticas) para que uma atividade seja considerada instigadora, mas que ao menos uma seja identificada, o que não exclui a chance de serem observadas mais de uma, ou até mesmo todas. Tendo evidenciado assim as características de uma atividade instigadora, direcionamo-nos, então, para a apresentação das atividades que compõem esta proposta, utilizando-se primeiramente a calculadora comum (de bolso) e posteriormente o tablet. MÓDULO 1: INTRODUZINDO CALCULADORAS Atividade 1: Sabendo-se que dispõe de R$70,00 para preparar um almoço, observe o encarte a seguir (Figura 1), e relacione os itens de sua preferência com suas respectivas quantidades. Qual foi o valor gasto? Houve algum troco? Quanto? Compare sua composição com a dos outros participantes. Apresente aquela que concluíram ser a de melhor aproveitamento do dinheiro. Figura 1: Encarte de supermercado Fonte Disponível em: Acesso em: 26 jul 2015
3 Atividade 2: Você já usou as teclas de memória da calculadora num supermercado? Que tal refazer a atividade anterior com esta sugestão e usando nova composição de itens? Indique a solução que adotou com essas teclas. Não se preocupe, caso não saiba como utilizá-las, pois estamos aqui para lhe auxiliar. Perceba o que vai acontecendo e preencha o quadro a seguir (Quadro 1). Comparando as duas maneiras de resolução, com e sem o uso das teclas de memória, que observações podem ser realizadas? Quadro 1: Funcionamento das teclas de memória Tecla Visor O que a calculadora fez Acumulado na memória Fonte Marques e Bairral (2014). Atividade 3: O que acontece quando usamos a ordem de teclas = = = = na calculadora? E se invertermos a ordem (3 + 7 = = = = )? Utilizando a multiplicação 7 x 3 = = = =, o que se observa? Mudando para 3 x 7 = = = =, o resultado se altera? É possível relacionar esta atividade a algum conteúdo matemático? Caso afirmativo, a qual conteúdo? Atividade 4: Efetue a divisão 4000/0,5, primeiramente sem o uso da calculadora e depois com a mesma. Que possíveis equívocos podem ser cometidos? Que reflexão se permite com esta tarefa? Atividade 5: As tarefas realizadas até aqui foram planejadas como atividades instigadoras. Investigue se é possível identificar alguma(s) das características propostas por Marques e Bairral (2014) e assinale no quadro a seguir (Quadro 2). Quadro 2: Características das atividades instigadoras ATIVIDADE CARACTERÍSTICAS Averigua o uso/aplicação de conhecimentos prévios Pode estimular e despertar o interesse para aprender Possibilita a construção do conhecimento a partir de descobertas Desperta reflexão sobre a relativização de verdades matemáticas Fonte Elaborado pelos autores.
4 MÓDULO 2: AVANÇANDO COM TABLETS Atividade 6: Vamos trabalhar com o aplicativo MyScript Calculator 1, o qual permite a escrita na própria tela da operação que se deseja realizar. Manipule livremente para conhecer seus recursos. Nossa proposta consiste em descobrir quantas notas utilizaremos para pagar uma compra no valor de R$105,00, sabendo-se que só dispomos de notas de R$5,00. E se nossas notas forem apenas de R$10,00? Ou de R$20,00? Que indícios fazem com que esta atividade seja considerada instigadora? Ou não se trata deste tipo de atividade? Que conteúdo(s) matemático(s) pode(m) ser explorado(s)? Atividade 7: Agora é sua vez de produzir uma atividade instigadora. Converse com seu(sua) companheiro(a) e elabore uma atividade com a utilização do MyScript Calculator, evidenciando que aspectos a caracterizam como atividade instigadora. Fique à vontade para escolher o conteúdo. Atividade 8: Passando para o Truques matemáticos lite 2, que possui versão grátis com dez exercícios envolvendo multiplicação, divisão e potenciação, conheça primeiramente suas potencialidades. Agora, que tal realizarmos uma breve disputa e verificar quem conhece mais recursos ( macetes ) para efetuar determinadas contas de maneira ágil e precisa? CONSIDERAÇÕES Embora ainda exista grande resistência por parte de professores, estudantes e seus pais em relação à utilização de recursos tecnológicos em sala de aula, esforçamo-nos para elaborar atividades em que esses dispositivos sejam apropriados como instigadores do conhecimento, através de práticas matemáticas nas quais os objetivos não estão voltados para o simples ato de apertar teclas ou deslizar as mãos sobre uma tela touchscreen, mas pautados na percepção dos conceitos envolvidos em cada uma das operações realizadas. Desta forma, esperamos promover um debate acerca da utilização da tecnologia em sala de aula, elencando possíveis benefícios ou malefícios dessa prática, bem como abarcando novas ideias que possam emergir. REFERÊNCIAS BAIRRAL, M.; ASSIS, A.; SILVA, B. C. Mãos em ação em dispositivos touchscreen na educação matemática. Seropédica, RJ: Edur, BIGODE, A. J. L. Explorando o uso da calculadora no ensino de Matemática para jovens e adultos. In: VÓVIO, Cláudia; IRELAND, Timothy (orgs.). Construção coletiva: contribuições à educação de jovens e adultos. Coleção Educação para Todos. Brasília: MEC, DOMINGUES, N. S.; HEITMANN, F. P; CHINELLATO, T. G. Tecnologias em sala de aula: explorando as possibilidades do tablet na educação. In: Encontro Nacional de Educação Matemática, 11, 2013, Curitiba, PR. MARQUES, W., BAIRRAL, M. Na calculadora é ponto ou vírgula? Analisando interações discentes sob as lentes de Vygotsky e Bakhtin. Seropédica, RJ: EDUR, Disponível em 2 Disponível em
5 MARQUES, W. S. Calculadoras em aulas de matemática: perspectiva instigadora e interativa. In: Encontro Mineiro de Educação Matemática, 6, 2012, Juiz de Fora, MG. SILVA, B. C. C. C. Geometria na ponta dos dedos com o software Sketchometry. 65f. Monografia Curso de Licenciatura em Matemática. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro: Seropédica, 2014.
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