Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 7860
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- Alícia Lacerda Arruda
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1 Curva de absorção de água em sementes de coentro Miquéias de Oliveira Assis 1 ; Bruno Rafael Alves Rodrigues 1; Andreia Marcia Santos de Souza David 1 ; Lucas Vinícius de Souza Cangussú 1 ; Wagner Ferreira da Mota 1 1 Unimontes Universidade Estadual de Montes Claros., 2630, Bico da Pedra, Caixa Postal 91. CEP: janaúba MG,miqueiasagronomia@yahoo.com.br,rafabrunoalves@hotmail.com, andreiamssdavid@yahoo.com.br, lucasvscagro@hotmail.com, wagner.mota@unimontes.br. RESUMO Em sementes de coentro a germinação é lenta e a emergência desuniforme. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar a curva de absorção de água de sementes de coentro, submetidas a diferentes métodos de embebição, que consistiram em: sementes entre papel e sobre papel mata-borrão embebidas em água destilada acondicionada em caixa tipo gerbox e método padrão, sementes sobre papel mataborrão embebido em água destilada acondicionada em caixa tipo gerbox. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições de 50 sementes por tratamento. Para realização das curvas, as sementes foram pesadas secas antes do início do experimento, e posteriormente pesadas úmidas até completar 156 horas de avaliação, sendo que o nível de absorção foi medido nos seguintes intervalos: 0,0; 6,0; 12,0; 24,0; 36,0; 60,0; 84,0; 108,0; 132,0 e 156,0 horas. A curva de absorção de água das sementes de coentro segue um padrão trifásico de embebição, nos dois métodos estudados. PALAVRAS CHAVE: Coriandrum sativum L, padrão trifásico, germinação. ABSTRACT Absorption curve of water coriander seed In coriander seed germination is slow and uneven emergence. Thus, this study aimed to characterize the water absorption of coriander seeds submitted to different methods of soaking, which consisted of: on seeds between paper and blotting paper soaked in distilled water stored in gerbox and standard method, seeds on blotting paper soaked in distilled water stored in gerbox. The experimental design was completely randomized with four replications of 50 seeds per treatment. To perform the bends, the seeds were weighed dry prior to the experiment, and then weighed wet to 156 hours for complete evaluation, whereby the level of absorption was measured at the following intervals: 0,0, 6,0, 12,0, 24,0, 36,0, 60,0, 84,0, 108,0, 132,0 and 156,0 hours. The curve of water absorption of coriander seeds follows a standard three-phase imbibition in two methods. Keywords: Coriandrum sativum L, three-phase pattern, germination. O coentro (Coriandrum sativum L.) é uma olerícola da família Apiaceae, de considerável valor e importância, no entanto suas sementes apresentam germinação lenta e emergência desuniforme. Suas sementes têm grande valor e importância comercial, por tratar-se de planta condimentar largamente utilizadas no Brasil. Dificuldades relacionadas ao baixo vigor das sementes e ao estabelecimento da cultura, além da presença de doenças são uma constante nesta espécie, e as pesquisas realizadas Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 7860
2 a esse respeito ainda são escassos na literatura. O desempenho das sementes comercializadas é muito importante para a obtenção de um estande desejável bem como colheita de plantas mais uniforme. O processo de embebição de água pela semente desencadeia uma sequência de mudanças metabólicas que culminam com a protrusão da radícula, quando se refere às sementes viáveis e não dormentes (Carvalho & Nakagawa, 2000). O período inicial da embebição, quando o embrião começa a absorver água (fase I), apresenta-se meramente como uma hidratação das paredes celulares e coloides citoplasmáticos (Osborne, 1983). A segunda fase (fase II) é caracterizada por uma baixa absorção de água; aparentemente um platô dirigido pelo potencial osmótico. Neste período, as células das sementes não podem mais absorver água porque não podem mais expandir e são ativados os processos metabólicos requeridos para o crescimento do embrião e a conclusão do processo germinativo (Castro et al., 2004). A semente volta a absorver água com intensidade na fase III, concomitantemente com a protrusão da radícula. Curvas de embebição de sementes podem ser utilizadas como subsídios para a elaboração de metodologias de osmocondicionamento que possibilitem o aumento da resistência das plântulas a estresses ambientais (Cunha et al., 2010). Para certas culturas, como o coentro, pelo fato de ainda serem poucos estudadas, algumas metodologias para a determinação de percentuais de germinação ainda não foram estabelecidas. Nesse caso, testes preliminares necessitam ser realizados, a fim de se determinar condições iniciais de ensaios (Brasil, 2009). Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi caracterizar a curva de absorção de água de sementes de coentro, submetidas a diferentes métodos de embebição. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Ciências Agrárias (DCA) da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, campus Janaúba MG, no período de fevereiro a março de Foram utilizadas três lotes de sementes de coentro da cultivar Palmeira, produzidas no ano agrícola de 2011, na região norte de Minas Gerais. Para caracterizar a curva de absorção das sementes, foram testados dois métodos: sementes entre papel e método do teste-padrão. No método entre papel, as sementes foram colocadas entre folhas de papel Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 7861
3 mata-borrão umedecidas com água destilada, na quantidade equivalente a 2,5 vezes o peso do papel seco e acondicionadas em caixas tipo gerbox (Brasil, 2009). No método do teste-padrão, as sementes foram semeadas sobre uma folha de papel mata-borrão umedecidas com água destilada na quantidade referente a 2,5 vezes o peso do substrato seco (Brasil, 2009). Inicialmente, as sementes foram pesadas, distribuídas nos tratamentos e acondicionadas em câmaras tipo B.O.D., sob temperatura de 20ºC constante, conforme Brasil (2009). Após intervalos de tempo predeterminados as sementes foram pesadas úmidas até completar 156 horas de avaliação, sendo que o nível de absorção foi medido nos seguintes intervalos: 0,0; 6,0; 12,0; 24,0; 36,0; 60,0; 84,0; 108,0; 132,0 e 156 horas, até a observação da germinação visível, com emissão de 1 mm de raiz primária. Para tal procedimento, as sementes de cada tratamentos, eram retiradas e secadas superficialmente com papel toalha, pesadas, contadas e colocadas novamente nos tratamentos e retornadas a B.O.D, segundo método descrito por Baskin & Baskin (2001). O teor de água inicial das sementes de cada lote foi determinado conforme metodologia prescrita nas Regras para Análise de sementes (Brasil, 2009), utilizando-se o método da estufa, a o C, durante 24 horas, com quatro repetições de 3,5 g de sementes por lote, sendo os resultados expressos em porcentagem. O teor de água absorvida em cada tempo foi calculado pela seguinte expressão: % de água absorvida: [(Pf Pi) / Pi ] * 100 Sendo: Pi: peso inicial das sementes em cada intervalo citado Pf: peso final das sementes em cada intervalo citado Utilizou-se o Sistema de Análise de Variância - SISVAR (Ferreira, 2000) para avaliação dos resultados. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado (DIC), com dois tratamentos, sendo cada tratamento composto por quatro repetições de 50 sementes. Os resultados foram submetidos à análise de variância e regressão em nível de 5% pelo teste F. As estimativas dos parâmetros da regressão foram avaliadas pelo teste t em nível de 5% de significância. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 7862
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO As Figuras 1 e 2 apresentam os resultados de absorção de água pelas sementes de três lotes de coentro, nos dois métodos estudados. Na construção da curva de embebição pelo método sobre papel foi possível observar do inicio ao fim a fase I sendo esta caracterizada por uma embebição de água bastante significativa. De acordo com Carvalho & Nakagawa (2000) a fase I do processo de embebição tem duração de uma a duas horas. Entretanto, as sementes de coentro atingiram está etapa após o período de 60 horas para todos os lotes estudados, sendo este o ponto de mudança da fase I para a fase II (Figura 1). A longa duração da fase I nas sementes de coentro corrobora com Coll et al.(2001) que explicam que a velocidade de embebição varia com a natureza e a composição do tegumento das sementes e com Rodrigues et al.(2008) que observaram em sementes de Petroselinum crispum pertencentes a mesma família do coentro, o inicio da fase II, entre 64,6 e 73,0 horas. A fase II denominada estacionária ou repouso fisiológico, teve duração de 72 horas, para os lotes 1 e 3. Após este período a curva apresentou apenas um discreto incremento até o final do experimento (156 horas), culminando com a protrusão radicular, caracterizando a fase III (Figura 1). De acordo com Bewley & Black (1994), é necessária uma diminuição da absorção de água para a mobilização das substâncias que foram desdobradas na fase I da região de reserva para os tecidos meristemáticos, com o objetivo de promoverem o crescimento embrionário. Por meio da Figura 2 verifica-se que para o lote 2, foi possível observar um maior ganho de água e bem como a protrusão da radícula na passagem da fase II para a fase III seguindo o padrão trifásico proposto por Bewley & Black (1994). Para a curva de absorção pelo método entre papel pode-se observar um acréscimo rápido no teor de agua (%) em relação ao inicial caracterizando a fase I. Sendo que para o lote 1 verificou-se uma duração de aproximadamente 60 horas com um aumento de 194% em relação ao peso inicial. Para os lotes 2 e 3 a fase I teve duração de aproximadamente 60 horas e com um aumento de 123,54 e 129,03% respectivamente (Figura 2). Na fase II o nível de absorção é mantido relativamente constante, ou aumenta pouco e muito lentamente por um período conhecido como intervalo ou fase de preparação e ativação do metabolismo. É nessa fase que as sementes de espécies que possuem dormência diferem das que não possuem. Na fase II as sementes de coentro Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 7863
5 demonstraram apresentar dormência em suas sementes, caracterizada por um longo período de estabilização da curva de absorção. Para o lote 1 no método entre papel, a fase II prolongou-se por 72 horas com um aumento de aproximadamente 211,9% de umidade, após esse período de reduzida embebição, as sementes voltaram a absorver água, culminando com a protrusão radicular caracterizando a fase III. Foi evidenciado nos lotes 2 e 3 respectivamente um acréscimo aproximado de 123 e 129 % na umidade das sementes e uma duração de 48 horas (Figura 2). De acordo Ferreira & Borghetti (2004), as sementes que contém dormência, apresentam essa fase prolongada. Após esse período de reduzida absorção, as sementes voltaram a ganhar umidade, culminando com a protrusão radicular. Durante o processo germinativo a água atua como um agente estimulador e controlador, uma vez que, além de promover o amolecimento do tegumento, favorecendo a penetração do oxigênio, e aumentar o volume do embrião e dos tecidos de reserva, estimula as atividades metabólicas básicas, favorecendo o crescimento do eixo embrionário (Marcos Filho, 1986). A partir de aproximadamente 132 horas, iniciou-se a fase III de embebição, tal fase é marcada pela retomada do crescimento da raiz através dos processos de elongação e divisão celular, onde foi observada o início do processo de germinação das sementes dos lotes 2 e 3 (Figura 2). A curva de absorção de água das sementes de coentro segue um padrão trifásico de embebição, nos dois métodos estudados. REFERÊNCIAS BASKIN CC; BASKIN JM Ecology, biogeography, and evolution of dormancy and germination. New York: Academic Press, 666p. BRASIL Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNAD/DNDV/CLAV. 365p. BEWLEY JD; BLACK M Seeds: Physiology of development and germination. 2 ed. New York: Plenum Press. 445p. CARVALHO N M; NAKAGAWA J Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4a ed. Jaboticabal: FUNEP. 588p. CASTRO RD; BRADFORD KJ; HILHORST HWM Embebição e reativação do metabolismo. In: FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, p. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 7864
6 COLL JB; RODRIGO GN; GARCIA BS; TAMES RS Fisiologia vegetal. Madrid: Ediciones Pirámide. 566p. CUNHA JR; RIBEIRO LMP; ASEVEDO KCS; MACÊDO CEC; MAIA JM; VOIGT EL Germinação de girassol sob estresse hídrico induzido por PEG In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, João Pessoa- PB, p FERREIRA AG; BORGHETTI F Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed. 323p. FERREIRA DF Análise estatística por meio do SISVAR (Sistema para Análise de Variância) para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45. São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar. p MARCOS FILHO J Germinação de sementes. In: CICERO SM; MARCOS FILHO J; SILVA WR (Coord.) Atualização em produção de sementes. Campinas: Fundação Cargill, p OSBORNE DJ Biochemical control systems operating in the early hours of germination. Canadian Journal of Botany, v.61, n.12, p RODRIGUES APDC; LAURA VA; CHERMOUTH KS; GADUM J Absorção de água por semente de salsa, em duas temperaturas. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 1, p AGRADECIMENTOS A Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes, pelo suporte técnico, e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo apoio financeiro. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 7865
7 Figura 1. Curva de absorção em sementes de coentro, pelo método sobre papel. Figura 2. Curva de absorção em sementes de coentro, pelo método entre papel. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 7866
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