CIRCULAR TÉCNICA. Vazio sanitário do algodoeiro em Mato Grosso: principais pontos da Instrução Normativa 001/2016 do INDEA-MT
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- Gonçalo Duarte Carreiro
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1 CIRCULAR TÉCNICA Nº24 / 2016 Julho de 2016 Publicação periódica de difusão científica e tecnológica editada pelo Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) e dirigida a profissionais envolvidos com o cultivo e beneficiamento do algodão. Diretor executivo Álvaro Salles Contato imamt@ imamt.com.br Tiragem 2000 exemplares Vazio sanitário do algodoeiro em Mato Grosso: principais pontos da Instrução Normativa 001/2016 do INDEA-MT Edson Ricardo de Andrade Junior 1, Marcio Souza 2 (1) Pesquisador do Instituto Mato- -grossense do Algodão, Primavera do Leste-MT. edsonjunior@imamt.com.br (2) Coordenador de projetos e difusão de tecnologias do Instituto Mato-grossense do Algodão, Cuiabá-MT. O algodoeiro, como espécie originalmente perene, tem a tendência de retomar o seu desenvolvimento mesmo após a colheita. Os múltiplos nós que permanecem na haste aumentam a habilidade da planta em produzir novas estruturas vegetativas e reprodutivas, principalmente em condições favoráveis de temperatura e umidade. A eliminação dos restos culturais do algodoeiro após a colheita, também conhecida como destruição de soqueira, é recomendada como medida profilática para reduzir a população de pragas e doenças que se desenvolvem nas plantas rebrotadas. Bicudo e as principais lagartas que atacam a cultura são alvos importantes dessa prática. A essencialidade dessa medida e a necessidade técnica de que seja adotada por todos os cotonicultores tornaram obrigatório por lei no estado de Mato Grosso o vazio sanitário do algodoeiro, por meio da Instrução Normativa (IN) de número 005 de Trata-se de um período do ano durante o qual não pode haver plantas de algodoeiro vivas nas propriedades produtoras. Caso o agricultor não destrua os restos culturais do algodoeiro após a colheita, ele poderá sofrer penalidades, como multa e isenção de incentivos fiscais por ocasião da comercialização da fibra. Porém, com o passar dos anos, houve mudanças no sistema de produção algodoeiro no estado, entre elas a migração da cultura para a segunda safra, e a IN n o 005/2009 passou a ser obsoleta e difícil de ser seguida no panorama atual, colocando assim em risco a prática do vazio sanitário, bem como a longevidade do próprio cultivo do algodoeiro. A partir de uma reunião técnica sobre destruição de restos culturais envolvendo toda a cadeia produtiva (produtores, gerentes de fazenda, consultores, pesquisadores), INDEA-MT, AMPA e IMAmt ini-
2 ciaram as discussões para alteração da normativa que rege o vazio sanitário. Assim, em maio de 2016, foi publicada a nova normativa do vazio sanitário do algodoeiro, a INSTRU- ÇÃO NORMATIVA CONJUNTA SEDEC/INDEA- -MT nº 001/2016 (texto completo em anexo), substituindo a Instrução Normativa nº 005 de 2009 e escrita após diversas reuniões e discussões com representantes de toda a cadeia produtiva do algodoeiro de Mato Grosso. Seguem os principais pontos alterados: Alvo da fiscalização: anteriormente, o alvo de fiscalização eram plantas vivas ; a partir da nova Instrução Normativa (IN 001/2016), o alvo passou a ser plantas com risco fitossanitário, que são plantas tigueras do algodoeiro acima do estádio V3 (do final de V2 até que a nervura central da quarta folha verdadeira atinja 2,5cm), e plantas rebro- Figura 1. Tiguera em V3 planta sem risco fitossanitário (Foto: Edson Andrade Junior). 1 2 Figura 2. Soqueira com até 4 folhas por broto planta sem risco fitossanitário (Foto: Edson Andrade Junior). Figura 3. Broto (provenientes de soqueira), onde: (a) broto de uma soqueira sem risco fitossanitário (até 4 folhas por broto) e (b) broto de uma soqueira com risco fitossanitário (mais 4 folhas por broto) (Foto: Edson Andrade Junior). Figura 4. Broto (provenientes de soqueira), apesar de possuir apenas 3 folhas, já apresenta estrutura reprodutiva planta com risco fitossanitário (Foto: Edson Andrade Junior). 3 4 a b
3 tadas (soqueiras) com mais de 4 (quatro) folhas por broto ou com a presença de estruturas reprodutivas. Data limite de plantio: conforme a IN 001/2016, o plantio poderá ser feito até o dia 28 de fevereiro de cada ano em todo estado de Mato Grosso. Período do vazio sanitário: atendendo a demanda dos núcleos, a IN 001/2016 dividiu o estado de Mato Grosso em duas regiões: Região 1: Núcleo Sul (Rondonópolis e região), Núcleo Centro (Campo Verde e região) e Núcleo Centro Leste (Primavera do Leste e região), com início do vazio sanitário em 1 de outubro e fim do vazio sanitário em 30 de novembro. Região 2: Núcleo Norte (Sorriso-Lucas do Rio Verde e região), Núcleo Médio-Norte (Campo Novo do Parecis e região) e Núcleo Noroeste (Sapezal e região), com início do vazio sanitário em 15 de outubro e fim do vazio sanitário em 14 de dezembro. Durante o vazio sanitário devem ser eliminadas as plantas do algodoeiro com risco fitossanitário presentes nas propriedades rurais, rodovias federais, estaduais, municipais, carreadores, ferrovias, portos, aeroportos, no entorno dos armazéns e algodoeiras, unidades de deslintamento, esmagadoras de caroço de algodão ou em qualquer outra área que não tenha sido semeada (artigo 12). Durante o período de vazio sanitário as instituições concessionárias ou administradoras de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos ficam obrigadas a manter as áreas de seus domínios livres de plantas do algodoeiro com risco fitossanitário (artigo 13). A destruição dos restos culturais deve iniciar-se até 15 (quinze) dias após o início da colheita, avançando na mesma proporção desta, de modo que a destruição dos restos culturais esteja concluída com ausência de plantas com risco fitossanitário antes do início do vazio sanitário. Durante o vazio sanitário, se o fiscal do INDEA verificar a presença de bicudo em áreas com planta fora do risco fitossanitário, o proprietário, arrendatário ou detentor a qualquer título de áreas cultivadas com algodoeiro ficará obrigado a fazer o tratamento da área com inseticidas registrados para o mesmo. Caso seja constatada a praga em plantas com risco fitossanitário, o proprietário, arrendatário ou detentor a qualquer título de áreas cultivadas com algodoeiro deverá fazer o tratamento das plantas com inseticidas registrados e a eliminação das plantas. Com relação ao transporte, as cargas de produtos algodoeiros deverão ser acondicionadas adequadamente, de forma a não permitir seu derramamento nas rodovias ou vias públicas durante o transporte. O acondicionamento adequado das cargas de produtos algodoeiros é de responsabilidade dos transportadores e dos estabelecimentos de origem dos produtos algodoeiros. Para o transporte dos fardões, rolinhos e caroço de algodão, os mesmos devem ser acondicionados e enlonados adequadamente, evitando perda de produto no transporte, não espalhando sementes viáveis que poderão produzir plantas de algodão voluntárias às margens de rodovias e estradas vicinais. No enlonamento dos fardões, além da lona que cobre os fardões, é necessário utilizar uma saia que cubra a parte de baixo dos fardões, a fim de se ter um envelopamento completo. Já nos rolinhos, deve-se utilizar uma tela lateral que os proteja no transporte até a usina de beneficiamento. No transporte dos caroços, deve-se evitar o excesso de carga e a mesma deve ser perfeitamente enlonada. Figura 5. Cargas bem enlonadas (Fotos: IMAmt - ATRs).
4 Figura 6. Plantas de algodão em lavouras de soja, mesmo fora do vazio sanitário, está em desacordo com o artigo 27 (Foto: Jean Belot). O plantio excepcional de algodão durante o período do vazio sanitário é permitido apenas para fins de pesquisa (melhoramento genético e avanço de gerações), produção e multiplicação de sementes pré-genéticas de variedades de algodoeiro pelas instituições de pesquisa estabelecidas no estado de Mato Grosso, caso seja de interesse público. Ficam sujeitas à inspeção de observação da IN 001/2016 propriedades rurais, rodovias federais, estaduais, municipais, carreadores, ferrovias, portos, aeroportos, entorno dos armazéns e algodoeiras, unidades de deslintamento, esmagadoras de caroço de algodão ou qualquer outra área com presença de plantas do algodoeiro (inclusive confinamentos que usam caroço de algodão na alimentação bovina). As áreas plantadas com outras culturas, assim como rodovias federais, estaduais, municipais, carreadores, ferrovias, portos, aeroportos, entorno dos armazéns, algodoeiras, unidades de deslintamento, esmagadoras de caroço de algodão ou qualquer outra área, deverão permanecer livres de plantas do algodoeiro com risco fitossanitário em qualquer período do ano (artigo 27). Por exemplo, áreas de cultivo de soja com plantas de algodão provenientes de tiguera ou soqueira mal destruída serão autuadas mesmo após o final do vazio sanitário (Figura 6). O não cumprimento das disposições estabelecidas nessa Instrução Normativa sujeitará os infratores às penalidades dispostas na Lei nº 8.589, de 19 de dezembro de 2006, e seu Decreto nº 1.524, de 20 de agosto de 2008, não os isentando de qualquer outra responsabilidade civil e penal prevista em lei.
5 Anexo. INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA SEDEC/INDEA-MT nº 001/2016
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