MELHORAMENTO GENÉTICO EM PÊSSEGO. Eng. Agra. MSc. Mayra Cristina Teixeira Caetano RESUMO
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1 1 MELHORAMENTO GENÉTICO EM PÊSSEGO Eng. Agra. MSc. Mayra Cristina Teixeira Caetano RESUMO O programa de Melhoramento Genético de Pessegueiros no Brasil tem, entre seus objetivos, a obtenção de cultivares produtoras de frutas para consumo in natura, com características que façam às exigências dos consumidores. Melhorar a qualidade do fruto é um dos principais objetivos dos programas de melhoramento genético, buscando obter plantas produtivas, com frutos grandes e firmes, com ótimo sabor e coloração. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre os caracteres avaliados e melhorados nestes programas. Os atributos qualidade do fruto, resistência à doença, maturação precoce e redução da necessidade de horas de frio, são os mais utilizados pelos pesquisadores, entretanto ainda é necessário a obtenção de cultivares adaptadas às regiões mais quentes do Brasil, para que assim possa ter expansão da cultura nestas áreas. INTRODUÇÃO A cultura do pessegueiro (Prunus persica L. Batsch) vem crescendo em todo o mundo pelo aumento no consumo de frutos in natura e pela sua utilidade para industrialização e comercialização sob forma de sucos e enlatados. O grande número de cultivares disponível garante uma produção qualitativa, além de adaptar-se para o cultivo em regiões de clima temperado e subtropical. Os programas de melhoramento do pessegueiro desenvolvidas no Brasil são responsáveis por cerca de 90% das cultivares plantadas no país; sendo que os primeiros
2 2 programas desenvolvidos no Brasil foram criados pelo Instituto Agronômico, em Campinas (SP), e pela Embrapa - Centro de Pesquisa Agropecuário de Clima Temperado, em Pelotas (RS), com início em 1947 e 1953, respectivamente. Estes programas são até hoje considerados de maior importância nacional, pois trouxeram as maiores contribuições ao cultivo desta espécie no país. A contribuição da pesquisa até o presente foi da mais alta relevância, pois, além de modernizar as técnicas de cultivo, estendeu de 20 para cerca de 100 dias a época de colheita, através da criação de diversas cultivares, principalmente de maturação precoce. Contudo, o pêssego aqui produzido, embora de ótimo sabor, não raro deixa a desejar em tamanho, aparência, firmeza e conservação, quando comparado aos padrões internacionais. Entre as mais variadas características, a resistência à doença, sabor e firmeza e cultivares com menor necessidade de frio, possuem prioridades nos programas de melhoramento genético para o pessegueiro. OBJETIVO Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo, revisar sobre o melhoramento genético da cultura do pêssego, apresentando os caracteres de maior importância para o melhoramento. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - Cultivares com menor necessidade de frio Existem dois fatores principais que determinam a adaptação de fruteiras de clima temperado em regiões quentes, sendo o primeiro a capacidade de uma
3 3 determinada cultivar brotar, florescer, produzir frutos, crescer satisfatoriamente, naturalmente ou sob práticas especiais, e, segundo, a habilidade de produzir frutos de qualidade em temperaturas, na maioria das vezes, superiores à ótima. O primeiro fator é determinado, principalmente, pela necessidade de frio da espécie/cultivar. Em ambos os casos, geralmente, existe variabilidade que pode ser recombinada através do melhoramento genético (RASEIRA, LEGUA & HERNANDOZ; 2012). A existência de variabilidade genética para a necessidade de frio é fator determinante para o sucesso dos programas de melhoramento que visam a criar cultivares adaptadas às condições de inverno subtropical. Neste sentido, o conhecimento da necessidade de frio de determinado genótipo, juntamente com informações da temperatura da região onde o mesmo será implantado, são fundamentais para o sucesso do cultivo do pessegueiro. Corroborando com este fato, Wagner Júnior et al. (2009), após trabalhar com 180 genótipos pertencentes a 25 populações de pessegueiro, concluíram que a cultivar Real mostrou-se eficiente na obtenção de pessegueiros com baixa necessidade de frio hibernal, quando utilizada como genitor feminino, podendo ser usada nos programas de melhoramento. As cultivares BRS Libra, Bonão, BRS kampai e Rubimel, obtidas em programas de melhoramento genético, evidenciaram que a expressão de um dado caráter é uma interação do genótipo com o meio ambiente, pois este exerce influencia sobre as características empregadas no código genético da planta (RASEIRA, LEGUA & HERNANDOZ; 2012). A cultivar BRS Kampai, obtida de um cruzamento entre Chimarrita e Flordaprince, alia a baixa necessidade de frio, em torno de 200 horas, o que é uma vantagem em regiões subtropicais, à boa aparência dos frutos e com sabor superior a qualquer um dos parentais (RASEIRA et al., 2010).
4 4 - Porta-enxerto e qualidade dos frutos A identificação de cultivares de frutíferas tem sido baseada em características morfológicas e agronômicas dos genótipos. Tratando-se de porta-enxertos, a identificação de caracteres morfológicos é ainda mais difícil após a enxertia, além do que estes caracteres são geralmente influenciados por fatores ambientais e pelo estádio de crescimento da planta. O conhecimento da distância genética entre porta-enxerto (genótipos de umezeiro) e a cultivar-copa (cv. Aurora-1 de pessegueiro) pode auxiliar nos estudos sobre compatibilidade de enxertia e ausência de sintomas de incompatibilidade; esta similaridade genética foi observada entre o porta-enxerto Okinawa e Aurora-1 (MAYER et al; 2008). A cultivar Nagano Wild, apresenta similaridade genética de 55% com a cultivar Aldrighi, que tem como característica de interesse a boa adaptação às condições climáticas da região Sul do Brasil (PAULA, BIANCHI, FACHINELLO, 2012). Outro item de suma importância nos programas de melhoramento genético é a qualidade do fruto. Diante disso, após 20 anos de pesquisas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou uma variedade de pêssego chamada BRS Fascínio, no qual foi obtida através do cruzamento do pessegueiro chimarrita com a nectarina. Do pessegueiro veio a polpa branca, o caroço pequeno e o doce da fruta. A nectarina conferiu ao Fascínio o tamanho e a firmeza de polpa (RASEIRA & NAKASU, 2012). - Maturação precoce Recentemente, os programas de melhoramento genético, tem dado ênfase ao desenvolvimento de frutos de maturação precoce e qualidade dos frutos. Por isso, a Embrapa lançou, a cultivar BRS Âmbar, sendo o tempo de maturação começando até
5 5 o final de novembro ou os primeiros dias de dezembro; e também lançou a cultivar BRS Libra que amadurece muito cedo e foi testado sob a Conservação seleção 1125 (RASEIRA & NAKASU, 2012). - Resistência à doença A podridão parda, causada por Monilinia fructicola, é a mais importante doença fúngica do pessegueiro, principalmente em áreas quentes e úmidas, como a região produtora de pêssegos no Sul do Brasil. A resistência genética é a forma mais eficiente de controle da doença, além de reduzir o custo de produção e o impacto ambiental. A seleção Conserva 930 e a cultivar Jubileu foram as que tiveram maior nível de resistência nas flores (SANTOS, RASEIRA, ZANANDREA, 2012). As características de Okinawa, Seleção UFPel e Montclar são destacadas quando analisados seus genótipos; o primeiro genótipo apresenta resistência a Meloidogyne spp., o segundo é bem adaptado as condições climáticas da região sul do país, e o terceiro apresenta boa uniformidade de plantas e elevado vigor de sementes, características desejáveis para o melhoramento de porta-enxertos de pessegueiro (PAULA, BIANCHI, FACHINELLO, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os programas de melhoramento genético para a cultura do pêssego, embora já tenha lançado cultivares com características agronômicas superiores como, resistência à doença, cor e sabor da fruta, maturação precoce, entre outras, ainda torna-se necessário cultivares para utilização como porta-enxerto, e também cultivares adaptados para as regiões quentes do Brasil, pois só assim poderá ter expansão desta cultura nestes locais.
6 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAYER, N.A; LEMOS, E.G.M; PEREIRA, F.M; WICKERT, E. Caracterização de três genótipos de umezeiro (Prunus mume Sieb. et Zucc.) por marcadores RAPD. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal-SP. v.30, n.4, p , PAULA, L.A; BIANCHI, V.J; FACHINELLO, J.C. Caracterização molecular e variabilidade genética entre porta-enxertos de pessegueiro com base em marcadores codominantes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília. v.47, n.2, p , RASEIRA, M.C.B; NAKASU, B.H. Breeding peaches for mild winters: Recent results of the non-melting peach breeding program of Embrapa, in southern Brazil. Acta Horticulturae. n. 962, p , RASEIRA, M.C.B; NAKASU, B.H; UENO, B; SCARANARI, C. Pessegueiro: Cultivar BRS Kampai. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal-SP. v.32, n.4, p , RASEIRA, M.C.B; LEGUA, M.P; HERNANDOZ, G.F. Brazilian peach cultivars growing on the site of origin and in Spain: a comparative study. International Journal of Agrocultural Sciences. vol. 2, p , SANTOS, J; RASEIRA, M.C.B; ZANANDREA, I. Resistência à podridão parda em pessegueiro. Bragantia, Campinas. vol.71, n.2, p , 2012.
7 7 WAGNER JÚNIOR, A; BRUCKNER, C.H; CANTÍN, C.M; SÁNCHEZ, M.A.M; SANTOS, C.E.M. Seleção de progênies e genitores de pessegueiro com base nas características dos frutos. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal SP. v.33, n.1, p , 2011.
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