RENDIMENTO E QUALIDADE DE FIBRA E FIO DO ALGODÃO COLORIDO BRS 200 CONSORCIADO COM FEIJÃO MACASSAR EM SISTEMA ORGÂNICO 1

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1 RENDIMENTO E QUALIDADE DE FIBRA E FIO DO ALGODÃO COLORIDO BRS 200 CONSORCIADO COM FEIJÃO MACASSAR EM SISTEMA ORGÂNICO 1 Melchior Naelson Batista da Silva 2, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão 3, Elenilson Saulo Batista Dantas 4, Gleibson Dionízio Cardoso 5, José Rodrigues Pereira 6, Tarcisio Marcos de Souza Gondim 7, Djail Santos 8. (1) Embrapa Mandioca e Fruticultura Rua da Embrapa, s/n Caixa Postal 007, Cruz das Almas, BA melchior@cnpmf.embrapa.br (3) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Caixa Postal , Campina Grande, PB. nbeltrao@cnpa.embrapa.br (4) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Caixa Postal , Campina Grande, PB, (5) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Caixa Postal , Campina Grande, PB, gleibson@cnpa.embrapa.br (6) Embrapa Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE. Av. José Bernardino, S/N Buriti, , Barbalha, CE, rodrigue@cnpa.embrapa.br, (7) Embrapa Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE. Av. José Bernardino, S/N Buriti, , Barbalha, CE, tarcisio@cnpa.embrapa.br (8) UFPB/CCA, Areia, PB. santosdj@cca.ufpb.br RESUMO O cultivo consorciado de uma ou mais culturas numa mesma área é prática muito freqüente no trópico semi-árido, destacando-se a associação algodão + feijão. Este experimento teve como objetivo avaliar o algodão colorido BRS 200 consorciado com feijão macassar em função de épocas de plantio e espaçamento entre fileiras no semi-árido nordestino, sob manejo orgânico. O experimento foi conduzido em Patos, Seridó Paraibano, no delineamento em blocos ao acaso com 4 repetições em esquema fatorial 2 x 4, sendo os fatores espaçamento entre fileiras (1 e 2 metros) e quatro épocas de plantio (0, 7, 14 e 21 dias após o plantio do algodão) adicionado pelo plantio isolado das duas culturas. A produtividade do algodão consorciado foi significativamente inferior ao plantio solteiro, com redução em média de 35% na produtividade do algodão. O rendimento do algodão no espaçamento de 1m entre fileiras foi superior ao de 2m. O desempenho produtivo do algodão consorciado com feijão macassar no espaçamento de 1m obedeceu a seguinte equação Y= - 3,7781X ,586X + 833,21, resultando numa produtividade máxima de 1153,62 kg/ha quando o feijão fosse plantado 9 dias após o algodão. A maioria das características tecnológicas de fibra não foi afetada pela INTRODUÇÃO O cultivo consorciado de uma ou mais culturas numa mesma área é prática muito freqüente no trópico semi-árido, onde predomina a exploração de pequenas propriedades rurais e a mão-de-obra familiar. Entre os sistemas mais utilizados no meio rural nordestino está o consórcio algodão + feijão, principalmente o macassar, base protéica da região (Bezerra Neto & Robichaux, 1996). O plantio consorciado utilizando-se épocas relativas de plantio diferentes é uma importante prática para as regiões de clima seco onde a estação chuvosa não é suficientemente larga para comportar dois cultivos sucessivos (Oelsligle et al, 1976). O algodão orgânico no Brasil é cultivado em sistema consorciado em pequenas propriedades rurais, empregando-se mão-de-obra familiar e colheita manual (ESPLAR, s.d.). Este experimento teve como objetivo avaliar o desenvolvimento do algodoeiro colorido consorciado com feijão macassar em função de épocas relativas de plantio e espaçamento entre fileiras no semi-árido nordestino, sob manejo orgânico. 1 Parte da Tese de Doutorado do Primeiro Autor

2 MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Patos, PB, pertencente à Embrapa Algodão, no Seridó Paraibano, utilizando-se a cultivar de algodão BRS 200 de fibra marrom, consorciado em fileiras alternadas com feijão Vigna unguiculata. A precipitação pluviométrica ocorrida durante todo o ciclo foi de apenas 354,7 mm. Os tratos culturais se restringiram a três capinas efetuadas por meio de enxadas. Não foi utilizada a fertilização da cultura, seja ela orgânica ou mineral. O controle do bicudo (Anthonomus grandis Boheman) foi realizado com Beauveria bassiana já que não pode ser utilizado defensivos comumente empregados na agricultura convencional. O experimento foi conduzido no delineamento em blocos ao acaso com 4 repetições em esquema fatorial 2 x 4, sendo os fatores espaçamento entre fileiras (1 e 2 metros) e quatro épocas de plantio (0, 7, 14 e 21 dias após o plantio do algodão) adicionado pelo plantio isolado das duas culturas. Foram avaliados o rendimento em caroço, número de capulhos por planta, altura de plantas, percentagem de fibra e peso médio de 1 capulho, além das análises e fibra e fio. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da análise de variância das variáveis agronômicas e tecnológicas de fibra estão dispostos nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. Na Tabela 3 verifica-se que a produtividade do algodão solteiro foi significativamente superior ao plantio consorciado. O consórcio reduziu em média 35% a produtividade do algodão. Sreenivas (1999) verificou redução de 21,9% na produtividade do algodão quando consorciado com a soja. O rendimento do algodão no espaçamento de 1m entre fileiras foi superior ao de 2m, enquanto o número de capulhos por planta teve comportamento inverso (Tabela 3). A produção do algodão em caroço é mais influenciada pelo espaçamento entre fileiras e as características tecnológicas de fibra pela densidade de plantio (Jones & Wells, 1997 citados por Lamas & Staut, 2001). As características tecnológicas de fibra (Tabela 3) comprimento da fibra e índice de fibras curtas também foram influenciadas pelo sistema de plantio. Em plantio solteiro, estas duas variáveis alcançaram os melhores desempenhos, fibras mais longas e menor índice de fibras curtas. O fator espaçamento entre fileiras também afetou o comprimento da fibra. No espaçamento mais estreito o comprimento foi superior (Tabela 4). Jost & Cothran (2000) afirmam que o comprimento de fibra tende a reduzir com o estreitamento do espaçamento entre fileiras. Assim a interação foi desdobrada, submetendo-se as épocas relativas de plantio a análise de regressão em seus componentes linear, quadrático e cúbico (Tabela 4). Verificou-se efeito significativo (p>0,05) para o componente quadrático quando o algodão foi plantado no espaçamento de 1 metro entre fileiras. Isto significa dizer que o plantio na mesma data prejudica o desempenho produtivo do algodão principalmente quando a competição entre os consortes é mais intensa (fileiras de 1m). O plantio tardio do feijão, após 14 dias, também reduziu a produtividade do feijão (Figura 1). O desempenho produtivo do algodoeiro colorido BRS 200 consorciado com feijão macassar no espaçamento de 1m obedeceu a seguinte equação Y= - 3,7781X ,586X + 833,21. Com base nessa equação, a produtividade máxima do seria de 1153,62 quando o feijão fosse plantado 9 dias após o algodão. Klansk et al. (1995) registram produtividades do algodão orgânico solteiro que variam de 720 a 1120 kg/ha.

3 CONCLUSÕES O rendimento do algodão no espaçamento de 1m entre fileiras foi superior ao de 2m; A produtividade máxima do algodão seria de 1153,62 kg/ha quando o feijão fosse plantado 9 dias após o algodão; A maioria das características tecnológicas de fibra não foi afetada pela consorciação. Tabela 1. Resumo das análises de variância do rendimento em caroço (kg/ha),número de capulhos/planta, altura de planta (cm), percentagem de fibra e peso de 1 capulho do algodão BRS-200 marrom consorciado com feijão macassar sob manejo orgânico, em função de arranjos e épocas relativas de plantio. Patos, PB, Fonte de Variação Rendimento Numero de Altura % de fibra Peso de 1 cap/planta capulho Fatorial vs test ,31** 0, ,97 7,70 0,22 Arranjo (A) ,38* 3,7213* 396,21 1,66 0,04 Época (E) ,50* 0, ,22 5,87 0,44 A X E ,67 0, ,23 0,13 0,13 Blocos ,12** 3,8653** 1327,84** 2,35 0,11 Resíduo ,62 0, ,41 3,21 0,34 CV (%) - 34,23 21,61 18,46 5,08 15,15 **: Significativo pelo teste F a nível de 1% de probabilidade Tabela 2. Resumo das análises de variância das características tecnológicas de fibra do algodão BRS- 200 marrom consorciado com feijão macassar sob manejo orgânico, em função de arranjos e épocas relativas de plantio. Patos, PB, Fonte de Variação LEN UNF SFI STR ELON MIC RD Fatorial vs test. 1 5,52* 4,67 14,89* 6,27 0,17 0,08 0,78 Arranjo (A) 1 3,85* 0,01 0,57 6,21 1,62 0,01 0,40 Época (E) 3 0,43 0,77 1,85 0,11 0,10 0,07 1,14 A X E 3 1,82 0,46 0,33 9,84 1,04 0,02 2,26 Blocos 3 0,44 2,04 2,15 2,15 0,25 0,12 1,52 Resíduo 24 0,74 2,32 3,37 4,90 0,49 0,10 1,89 CV (%) - 3,12 1,85 22,6 8,41 6,50 7,57 1,92 **: Significativo pelo teste F a nível de 1% de probabilidade

4 Tabela 3. Médias do rendimento em caroço, número de capulhos/planta, comprimento (LEN) e Índice de fibras curtas (SFI) de algodoeiro BRS 200 marrom consorciado com feijão macassar sob manejo orgânico em função do espaçamento entre fileiras. Patos, PB, Rendimento em caroço Numero de cap/planta LEN SFI Algodão solteiro 1217,6 a 17,04 a 28,77 a 6,30 b Fatorial consorciado 792,13 b 13,93 a 27,53 b 8,35 a Espaçamento 1m 915,95 a 11,29 b 27,87 a 8,21 a Espaçamento 2m 668, 32 b 16,57 a 27,19 b 8,48 a Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade Tabela 4. Análise de regressão das épocas relativas de plantio dentro dos arranjos nas variáveis rendimento em caroço (kg/ha),número de capulhos/planta, altura de planta (cm), percentagem de fibra e peso de 1 capulho do algodão BRS-200 marrom consorciado com feijão macassar sob manejo orgânico. Patos, PB, Fonte de Variação Rendimento N o de cap/planta Altura % de fibra Peso de 1 capulho Espaçamento 1m Linear ,46 0, ,52 0,14 0,51 Quadrático ,35* 0,4912 2,12 8,12 0,01 Cúbico ,06 0,2295 1,06 0,13 0,40 Espaçamento 2m Linear ,92 0, ,73 0,17 0,29 Quadrático ,29 1, ,26 9,45 0,72 Cúbico ,60 0, ,65 0,01 0,16 Resíduo ,62 0, ,41 3,22 0,34 Rendimento algodão(kg/ha) y = -3,7781x ,586x + 833,21 R 2 = 0,792 Configuração 1 Configuração 2 Testemunha Época relativa de plantio do feijão(dias) Figura 3. Rendimento do algodoeiro colorido BRS 200 em consórcio com feijão macassar sob manejo orgânico em função da época relativa de plantio do consorte feijão no espaçamento de 1m. Patos, PB, 2002.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEZERRA NETO, F.; ROBICHAUX, R.H. Spatial arrangement and density effects on na annual cotton/cowpea/maise intercrop. I. Agronomic efficiency. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília. v.31, n.10, p , ESPLAR: Centro de Pesquisa e Assessoria. Algodão orgânico. Fortaleza, [s.d.]. Folder JONES, M.A.; WELLS, R. Dry matter allocation and fruiting patterns of cotton grown at two divergent plant populations. Crop Science, Madison, v.37, n.3, p , JOST, P.H.; COTHREN, J.J. Growth and yield comparisons of cotton planted in conventional and ultranarrow row spacings. Crop Science, Madison, v.40, n.2, p , KLONSKY, K. et al. Production practices and sample costs for organic cotton: northern San Joaquin Valley. California: University of California Cooperative Extension, p. LAMAS, F.M.; STAUT, L.A. Espaçamento e densidade. In: EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE (Dourados). Algodão: tecnologia de produção. Dourados, p OELSLIE, D.D.; McCOLLUM, R. E.; KANG, B. T. Soil fertility manegement in tropical multiple cropping. In: AMERICAN SOCIETY OF AGRONOMY. Multiple cropping. Madison, p (ASA Special publications, 27) SREENIVAS, G. Studies on intercropping of cotton (Gossypium hirsutum L.) with legumes in vertisols under rainfed conditions. Journal of Research Angron., v.27, n.4, p , 1999.